XIV DOMINGO DO TEMPO COMUM

Leituras: Zc 9,9-10; Sl 144(145); Rm 8,9-11.13; Mt 11,25-30

POESIA

O DESCANSO COM O SENHOR

“Vinde a mim os que estão cansados”,
Diz o Senhor a nos acolher,
Pois sua Palavra é luz a nos fortalecer,
Faz nascer a esperança e traz o ardor,
Quer que vençamos as fadigas a nos invadir,
Para superarmos o cansaço e assim prosseguir,
Nesta vida alimentada pela fé e o amor.

“Aprendei de mim que sou manso e humilde”,
Outro convite que nos vem ressoar,
Porque sua mensagem nos vem libertar,
Tirando o cansaço que a vida quer nos trazer,
Para caminharmos rumo a libertação,
Vivendo a cura do nosso coração,
Que no Senhor quer se converter.

Tomai sobre vós o meu julgo,
É a promessa segura que vem do Senhor,
Julgamento realizado pelo seu amor,
Que alivia o peso da condenação,
Pois sua lei é para a liberdade,
Realiza-se pelo cuidado e pela caridade,
Buscando tirar todos nós da perdição.

Sou manso e humilde de coração,
Esta é a atitude do Mestre a nos ensinar,
Ação do Santo Espírito a nos iluminar,
Que mora em nós e nos dá a vida,
Porque o que atrai é a humildade,
Prática de quem busca a santidade,
E quer ser um porto de acolhida.

Só no Senhor o repouso completo,
Que nos preenche e nos dá sentido,
Deixando nosso ser fortalecido,
Quando nas labutas da peregrinação,
Precisamos parar em nossa estrada,
E quando vem o cansaço da jornada,
Consequência do caminhar na missão.

Seja o Senhor o alimento procurado,
Quando paramos para nos abastecer,
Acolhendo a Palavra a nos preencher,
Sentando-se à mesa da fraternidade,
Para partilhar da santa refeição,
Comida e bebida que gera união,
Que sustenta a vida da comunidade.

HOMILIA

A Palavra de Jesus é um jugo suave

As palavras do Evangelho deste 14º Domingo do Tempo Comum vêm ressoar em nossos ouvidos o chamado libertador de Cristo: “Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso.” (Mt 11,28). Diante deste convite do Senhor, podemos nos questionar: Que Deus maravilhoso é o nosso, que em vez de nos impor obrigações, leis e tecer julgamentos, ele nos chama a descansar, e a buscar refúgio nele. Neste sentido o Senhor nos leva também a uma perguntar: Quais os nossos cansaços e nossas cargas? Quais nossos fardos?

Naquele tempo, na Galileia, Jesus percebeu o cansaço e o sofrimento do povo oprimido com o peso dos fardos das rígidas leis, criadas pelo sistema político do Império, como também as normas religiosas dos fariseus e doutores, as quais julgavam os trabalhadores da roça, os empregados, os pescadores, as mulheres e as crianças. Era o povo simples das margens sociais e econômicas que sofriam e eram julgados pelo peso das tantas normas religiosas e políticas.

A mensagem do Mestre chegava àquelas pessoas. Elas entendiam as palavras simples pronunciadas por Jesus, porque ele compadecia no seu coração o cansaço e os pesados fardos de seu povo. Suas palavras curavam, aliviavam o sofrimento das pessoas, faziam muita gente a tomar uma nova direção em suas vidas. Muitos mudaram de vida e encontraram o sentido dos seus caminhos.

Hoje também nós sentimos, muitas vezes, nosso cansaço como consequência da correria do dia a dia. O tempo é pouco na nossa rotina, o que nos impossibilita o descanso e o alimento do Espírito e das nossas motivações. E assim, muitas vezes, as nossas férias não oferecem descanso e relaxamento. Somos oprimidos e sufocados por tantas obrigações às quais nos impedem do encontro restaurador conosco, com Deus e com o outro. Precisamos buscar no Senhor o nosso repouso para podermos ter vida de verdade. Muitas vezes fugimos destas possibilidades e nos afogamos no ativismo e no barulho que nos impede de rezar e de meditar sobre o sentido de nosso existir.

Outro aspecto que podemos refletir inspirado neste Evangelho é que, na atualidade também sentimos o peso das leis de morte e de opressão que maltrata os pobres (pequeninos) colando o fardo da fome, o aumento da pobreza, do desemprego, da desigualdade social. E a corrupção que traz muitas consequências, massacrando grande parte da população mundial. Diante disto, o papa Francisco nos diz que os pobres são os primeiros a sentir efeitos da corrupção.” [1]

Diante da mensagem, meu jugo é suave e o meu fardo é leve (cf. Mt 11,30), entendemos que a primeira e a principal lei de Cristo é amor e a misericórdia, porque, primeiramente, ele acolhe a pessoa como ela é, nas suas fragilidades, na sua história e nas suas angústias para depois propor um caminho liberador e salvador. O jugo leve é esta forma de Jesus pregar o Reino no mundo, primeiramente no seu acolhimento amoroso e cheio de cuidado, para depois ir curando das feridas e restaurando os que o buscam ou os que são chamados por ele.

Os discípulos de Cristo foram os primeiros a serem cuidados por ele e iniciaram um processo de caminhada nova. Eles são os pequeninos a quem Jesus se dirige e quer que encontrem segurança e repouso. Pois foram pessoas tiradas do meio do povo, homens simples, mas abertos à mensagem do reino.

Olhando para Jesus, na sua ação messiânica, podemos ver a concretização daquilo que falou o profeta Zacarias: “Eis que vem teu rei ao teu encontro, ele é justo, ele salva; é humilde e vem montado num jumento, um potro, cria de jumenta” (Zc 9,9). Esta cena nós constatamos e até fazemos parte na ação ritual do domingo de Ramos. Os batizados tem o Espírito de Cristo (cf. Rm 8,9), vivem na certeza de que o nosso Deus é amor e humildade e nos ensina a vivermos neste caminho. Também como cristãos somos agraciados pela força do Senhor que nos deu vida nova. Nele, aliviamos nossos fardos diários, quando somos alimentados pela Palavra e pela Eucaristia. Porque o Senhor “sustenta todo aquele que vacila e levanta todo aquele que tombou” (Sl 144,14). Amém.

[1] PAPA FRANCISCO. Papa: os pobres são os primeiros a sentir efeitos da corrupção. Disponível em: <http://br.radiovaticana.va/news/2017/06/30/papa_os_pobres_s%C3%A3o_os_primeiros_a_sentir_a_corrup%C3%A7%C3%A3o/1322324>. Acesso em: 7 jul. 2017.
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2 Comments

  1. Maria Divina dos santos

    Amém! Sua palavra é luz a nós fortalecer, faz nascer a esperança e traz o ardor.????

  2. “Meu julgo é doce é meu fardo é leve’…

    Glória a vós senhor…??

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