XV DOMINGO DO TEMPO COMUM

ANO NACIONAL DO LAICATO

Leituras: Am 7,12-15; Sl 84; Ef 1,3-10; Mc 6,7-13

 

POESIA

MISSÃO, PROFECIA E UTOPIA

Ide missionários, dai a minha paz,
Vão onde precisam do meu amor,
Vão sem acúmulos e sem as riquezas,
Ide trabalhar para expulsar a dor,
Caminhai atentos pelas estradas da vida,
Aceitai aqueles que te dão acolhida,
E não levai nada, nem traga rancor.

Ide profetas do amor divino,
Dispensem as tuas tantas bagagens,
Deixai o corpo leve para caminhar,
A verdade será a tua mensagem.
Pregai com tua discreta humildade,
Vivei na tua simplicidade,
Trazei em teu rosto a minha imagem.

Caminhai dois a dois por onde fores,
Para não caíres no egoísmo,
Partilhai as tristezas e as alegrias,
Expulsai de vós o individualismo,
Formai um povo em comunidade,
Plantai a paz e a fraternidade,
E não esquecei o teu profetismo.

Falai a todos do Reino do Pai,
Testemunhai antes mesmo de falar,
Vivendo a entrega e o desapego,
Pois é a tua vida que deve falar,
Deixando que meu amor possa agir,
E que minha palavra possa fluir,
Sem tuas bagagens a sufocar.

Agindo assim tudo será novo,
A beleza das flores então surgirá,
Mundo diferente nós todos veremos,
E o amor infinito então brotará.
Cessará a violência, virá a comunhão,
As grades e cadeias ausentes estarão,
E a fraternidade todos a vivenciar.

 

HOMILIA

A missão e a profecia no mundo

A liturgia deste 15º Domingo do Tempo Comum fala direto ao nosso coração: que saiamos do comodismo e do nosso egoísmo para partirmos em missão aonde for preciso anunciar o Reino de Amor que Deus nos pede. Contemplamos, portanto, o chamado e o envio dos discípulos de Jesus, segundo o evangelista Marcos.

“A Igreja peregrina é, por sua natureza, missionária, visto que tem a sua origem, segundo o desígnio de Deus Pai, na ‘missão’ do Filho e do Espírito Santo”, diz o decreto Ad Gentes, n. 2[1]. É neste sentido que iremos refletir nesta homilia. Quando falamos de natureza missionária, lembramos os textos do evangelho nos quais Jesus envia seus discípulos.

Mateus, Marcos e Lucas falam desta atividade, cada um na sua versão. Esta ação tão necessária para o crescimento da Igreja. O que devemos está atentos e refletir com profundidade são as orientações que o Senhor dá para os que ele envia: primeiro envia dois a dois para que ninguém se sinta sozinho, para que partilhem entre si, das alegrias e tristezas que a caminhada poderá apresentar. Depois, que não levem bagagens (cf. Mc 6,7-8), para que as preocupações não sejam desviadas para os bens materiais, mas sim para o objetivo principal que é anunciar o evangelho. O desprendimento é primordial para que o missionário possa exercer seu ministério de evangelizador com firmeza. Sem bagagens materiais e sem acúmulos de interesses pessoais, o discípulos estará mais livre e leve para seguir o caminho e o mandato que lhe foi confiado.

Outro ponto importante, é que valorizem a acolhida dos que os receberem e que fiquem ali até a partida para que os vínculos do amor e do encontro com Cristo sejam fundamentados. E se alguém não quiser os escutar, deixe-os e sigam em frente porque a adesão ao Senhor não deve ser imposta por ninguém, mas livre (cf. Mc 6,10-11).

Estes pontos acima nos fazem pensar nos dias de hoje quando também somos convocados a uma ação missionário na caminhada de todos os dias, a todo instante e em todos os lugares. É interessante que de acordo com o que Jesus nos fala, evangelizar e/ou fazer missão, é muito mais do que decorar versículos e tentar convencer as pessoas quase que impondo uma religião ou um modo de vida. Fazer missão está muito mais no testemunho, nas atitudes e no desprendimento de nossas bagagens materiais e intelectuais.

O importante da vida do discípulo missionário de Jesus é a sua posição de profeta em meio ao povo. O enviado de Cristo também deve falar a verdade e denunciar a idolatria do poder, do acúmulo das riquezas e do vínculo com o poder político que muitas vezes oprime e engana o povo. E isso deve ser feito pela postura de quem vive a missão, além das palavras, ou seja, numa vida coerente com aquilo que se prega.

Na primeira leitura desta liturgia temos o exemplo do profeta Amós. Ele, que é agricultor e vaqueiro, é chamado por Deus para anunciar a Palavra em Israel, mas lá é advertido por Amasias, sacerdote do templo. Amasias é pago pelo rei e por isso teme que falem a verdade contra as ações do rei. Amós por sua vez é livre e poderá denunciar o poder político e religioso que se aproveita do dinheiro dos impostos, e por isso comete injustiças e opressão contra os pobres. O missionário é também profeta, ele deve está livre das atitudes que são convenientes a quem governa o povo de forma alienante e opressora.

Pensemos em nós cristãos de hoje: como se dá a nossa missão? Estamos coerentes com as orientações de Jesus que nos envia em missão? Às vezes nos dá a impressão de que estamos muito distantes do projeto de Jesus. Por isso não mudamos o mundo e cresce cada vez mais o individualismo, o acúmulo, as injustiças e os atentados contra a vida.

Podemos também nos perguntar: Quais as nossas bagagens que pesam e nos impedem de seguir a vida cristã com mais leveza e coerência? Quais os bastões de apoio temos? E com quem seguimos o caminho na missão de ser sal da terra e luz do mundo?

Ser missionário e ser profeta é exatamente estar sintonizado com Deus e viver tudo o que refletimos sobre a liturgia de hoje. Devemos estar sempre focados no amor e no louvor a Cristo, como nos fala são Paulo: Ele nos abençoou com toda a bênção do seu Espírito em virtude de nossa união com Cristo, no céu. Nele também vós ouvistes a palavra da verdade, o evangelho que vos salva” (Ef 1,3.13). Que possamos crescer cada vez na esperança e na fé de Jesus ressuscitado que, pelo batismo, nos resgata, nos santifica e nos envia a sermos profeta, reis e pastores. Amém.

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[1] Decreto do Concílio Vaticano II, sobre a Atividade Missionária da Igreja. Disponível em: <http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_decree_19651207_ad-gentes_po.html>. Acesso em: 13 jul. 2018.

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2 Comments

  1. Às vezes faço essa mesma pergunta e acho que muitas vezes estamos distante da missão a que Jesus nos propõe . Esquecemos que devemos ser desprendidos daquilo que não nos impulsiona a seguir adiante , nos apegamos facilmente às coisas e pessoas e não queremos nos desvincular disso . Pra mim a palavra chave é desapego , e acho que preciso aprender muito com Jesus

  2. Estrofe linda!!👏👏👏

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