ANO NACIONAL MARIANO

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Mensagem à Igreja Católica no Brasil

ANO NACIONAL MARIANO

 

Na imagem de Nossa Senhora Aparecida “há algo de perene para se aprender”. 
“Deus ofereceu ao Brasil a sua própria Mãe”
(Papa Francisco)

 

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, em comemoração aos 300 anos do encontro da Imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, nas águas do rio Paraíba do Sul, instituiu o Ano Nacional Mariano, a iniciar-se aos 12 de outubro de 2016, concluindo-se aos 11 de outubro de 2017, para celebrar, fazer memória e agradecer.

Como no episódio da pesca milagrosa narrada pelos Evangelhos, também os nossos pescadores passaram pela experiência do insucesso. Mas, também eles, perseverando em seu trabalho, receberam um dom muito maior do que poderiam esperar: “Deus ofereceu ao Brasil a sua própria Mãe”. Tendo acolhido o sinal que Deus lhes tinha dado, os pescadores tornam-se missionários, partilhando com os vizinhos a graça recebida. Trata-se de uma lição sobre a missão da Igreja no mundo: “O resultado do trabalho pastoral não se assenta na riqueza dos recursos, mas na criatividade do amor” (Papa Francisco).

A celebração dos 300 anos é uma grande ação de graças. Todas as dioceses do Brasil, desde 2014, se preparam, recebendo a visita da imagem peregrina de Nossa Senhora Aparecida, que percorre cidades e periferias, lembrando aos pobres e abandonados que eles são os prediletos do coração misericordioso de Deus.

O Ano Mariano vai, certamente, fazer crescer ainda mais o fervor desta devoção e da alegria em fazer tudo o que Ele disser (cf. Jo 2,5).

Todas as famílias e comunidades são convidadas a participar intensamente desse Ano Mariano.

A companhia e a proteção maternal de Nossa Senhora Aparecida nos ajude a progredir como discípulas e discípulos, missionárias e missionários de Cristo!

 

Brasília-DF, 1º de agosto de 2016

 

Dom Sergio da Rocha                                              Dom Murilo S. R. Krieger

Arcebispo de Brasília-DF                                           Arcebispo de S. Salvador da Bahia-BA

Presidente da CNBB                                                     Vice-Presidente da CNBB

 

Fonte: CNBB

Papa Francisco institui o “Dia Mundial dos Pobres”

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No âmbito da Carta Apostólica ‘Misericordia et misera’, apresentada nesta segunda-feira dia 21 de novembro no Vaticano, o Papa Francisco decidiu instituir o “Dia Mundial dos Pobres” a ser celebrado no penúltimo domingo do ano litúrgico.

Este dia recolhe a sua inspiração no Ano Santo da Misericórdia, que teve o seu encerramento oficial no passado domingo dia 20 de novembro e, em particular, no ‘Jubileu das Pessoas Socialmente Excluídas’, que se realizou no Vaticano no dia 13 de novembro.

“Intuí que, como mais um sinal concreto deste Ano Santo extraordinário, deve-se celebrar em toda a Igreja, na ocasião do XXXIII Domingo do Tempo Comum, o Dia Mundial dos Pobres” – é o que escreve Francisco na sua Carta Apostólica ‘Misericordia et misera’, que marca o final do Jubileu da Misericórdia.

O Santo Padre afirma ainda que este ‘Dia Mundial dos Pobres’ é uma “digna preparação para bem viver a Solenidade de Cristo Rei do Universo”, que encerra o ano litúrgico. Uma forma para promover a identificação da Igreja com os “mais pequenos e os pobres”.

Francisco observa que “não poderá haver justiça nem paz social” enquanto “Lázaro” jaz “à porta da nossa casa”.

Desta forma, segundo o Papa, o “Dia Mundial dos Pobres” é para ajudar as comunidades e cada batizado a “refletir como a pobreza está no âmago do Evangelho”.

“Não podemos esquecer-nos dos pobres: trata-se de um convite hoje mais atual do que nunca, que se impõe pela sua evidência evangélica” – declara o Santo Padre na sua Carta Apostólica.

Ir ao encontro dos que padecem de fome e de sede para “renovar o rosto da Igreja” – afirma Francisco apelando para que a Igreja seja “testemunha da misericórdia” dando respostas concretas em campos como as migrações, as doenças, as prisões, o analfabetismo e a ignorância religiosa.

O Papa recorda ainda os desempregados, os sem-abrigo, os sem-terra, as crianças exploradas e todas as situações que exigem uma “cultura de misericórdia” que combata a indiferença e a desconfiança entre seres humanos.

Na sua Carta Apostólica Francisco convoca os cristãos para uma “revolução cultural” dos pequenos gestos “a partir da simplicidade” e afirma que estamos a viver “o tempo da misericórdia”.

Fonte: Rádio Vaticano

Moisés e a murmuração do povo libertado

Por Marcelo Francisco*

 

Moisés, que quer dizer “nascido das águas”, liderava o povo de Deus no deserto. Era o primeiro deserto do povo de Deus, mas não o seu. Ele já tinha enfrentado um deserto antes, quando saiu pela primeira vez do Egito. Não teve alternativa.

O povo estava enfrentando o deserto, uns lamentavam, outros murmuravam. Era seu primeiro deserto, a transição da escravidão para a liberdade. Um deserto cheio de armadilhas e tentações. O povo tinha alternativa.

Moisés foi o instrumento de Deus que ouviu o clamor do seu povo feito escravo pelos egípcios, cujos reis, os faraós, consideravam-se deuses que oprimiam os estrangeiros, os filhos da Jacó. Deus se revelou a Moisés depois de seu primeiro deserto, quando servia à comunidade de Jetro, seu sogro e sacerdote em Midiã. Foi através do fogo numa sarça. O fogo de Deus queimava na sarça, mas não a consumia. A revelação indicava o quê Moisés deveria fazer. Seu coração sentia que não tinha alternativa.

Passada a libertação do Egito, a travessia a pé enxuto pelo mar Vermelho e muitos anos no deserto, o povo estava reunido aos pés do Horeb. Os que murmuravam, lembravam do Egito como lugar seguro, que tinha trabalho e comida. Disso eles lembravam. Tinham esquecido da opressão, da falta de humanidade nas relações com os nativos, das leis que os proibiam de ter filhos homens. No esquecimento, os murmuradores também esqueceram que tinham alternativa.

Naquele dia Moisés tinha que transmitir a verdadeira alternativa, as instruções de Deus. Mas ele tinha um grande adversário: a murmuração do povo. A murmuração impede a escuta, impede que o coração se alimente. Mas Deus estava com ele e também estava contra a murmuração. Israel ainda não era um povo consolidado e os que murmuravam diziam que outros eram melhores que eles. Tinham terra, muralhas, habitações fixas, carros de guerra. Tinha tudo. Eles não tinham nada. Nem alternativa.

Moisés tinham que transmitir, tinha que combater a murmuração. A mensagem não era dele, mas de Deus, com quem encontrou-se face a face. Ele sabia que outros povos podiam ter muito, mas não tinham o principal: a Palavra de Deus, que alimenta e orienta, a lei que verdadeiramente orienta para a sabedoria com o próximo. Era a alternativa.

O povo, que viveu como escravo, ainda era cheio de más intenções, maldades, inveja, calúnia. Ainda tinham um coração duro, uma cerviz dura. Mas Moisés viveu na corte egípcia, viveu como príncipe. Ele sabia que, para entrar na terra prometida, o povo precisava ouvir e guardar no coração a Palavra de Deus. Não tinham alternativa.

A Palavra de Deus não era condição para entrar na terra prometida. Não. Era condição para viver na terra prometida. São Palavras de vida. São Palavras do Deus vivo. Não poderiam resistir às tentações dos deuses dos povos vizinhos sem um coração de carne e firme. As Palavras estabeleceriam os limites para uma convivência sem sincretismo, de como amar ao próximo sem se vender ao próximo. Era a alternativa.

Moisés transmitia ao povo que a verdadeira terra, a verdadeira muralha, as verdadeiras habitações, os verdadeiros carros de guerra seriam construídos na base da verdadeira sabedoria, que emana do Deus vivo. A sabedoria de Deus daria a eles dignidade frente a outros povos. Dignidade para tomar posse da terra prometida, para comprar e vender o que fosse fruto do trabalho humano. Sem opressor, nem oprimido. Sem sacrifícios humanos, seja a mando de deuses, de humanos, de totalitarismos, de tradições. A alternativa os levaria à dignidade humana.

O povo precisava silenciar a murmuração, abrir os ouvidos, exercitar a escuta e guardar a Palavra de Deus transmitida por Moisés, o nascido das águas. No Egito, lamentaram, gritaram, clamaram e foram atendidos. Agora é escolher, optar e viver a alternativa de amar a Deus de todo o coração e amar ao próximo como a si mesmo.

 

 * Marcelo Cunha é colaborador do blog Palavra e Poesia e está inserido na Comunidade São José da Paróquia São Sebastião (Gama/DF).
E-mail:
marcelocunha.gama@gmail.com.