VI DOMINGO DO TEMPO COMUM, ANO A – MATEUS

Leituras: Eclo 15,16-21; Sl 118(119); 1Cor 2,6-10; Mt 5,17-37

POESIA

A LEI PERFEITA

A Tua Palavra, Senhor,
É lei perfeita,
Vem do alto para nos santificar,
É uma luz que não se apaga,
O amor perfeito a nos orientar
Sinal divino a nos iluminar.

A Tua Palavra, Senhor,
É verdadeira,
Não há falsidade e nem contradição,
É Pura, plena e abrangente,
Conselho perfeito para a santidade
Ensinamento de lealdade.

Tua Palavra, Senhor,
É liberdade,
Não se impõe e nem quer oprimir,
Está além da letra e do moralismo
Quer nos ensinar e nos redimir
Ensinando o caminho a prosseguir.

Tua Palavra, Senhor,
E só bondade,
Orienta a vida com nossos irmãos,
São preceitos santos e preciosos,
Fazendo-nos discípulos em missão,
Pelo “sim” de verdade à salvação.

Tua Palavra, Senhor,
É a lei maior,
Maior que nossas tantas ambições,
Além de nossos desejos e interesses,
Porque não nos causa decepções,
Porque habita nossos corações.

Tua Palavra, Senhor,
É encarnação,
Vida concreta em cada dia,
Que nos educa para a irmandade,
E banquete santo de alegria,
É encontro de paz, é Eucaristia.

HOMILIA

 A lei verdadeira, além da letra

Jesus continua na montanha, pregando para os seus discípulos e à multidão: “Não penseis que vim abolir a Lei e os Profetas. Não vim para abolir, mas para dar-lhes pleno cumprimento” (Mt 5,17). Depois de falar para os discípulos, dizendo que eles são sal e luz do mundo, Jesus ensina, dando orientações exigentes e profundas sobre o cumprimento da lei, a qual, deve ser vivida além a letra.

Há uma grande divergência entre os grupos da época no que se refere à relação com a lei de Moisés e dos profetas. Jesus vem para ensinar à plenitude da lei segundo a vontade do Pai. A lei de Moisés e dos profetas ainda incompleta. Por isso, para os discípulos, é importante que se observe os mandamentos, além do que está escrito nos códigos morais do farisaísmo.

O seguimento a Jesus faz com que as pessoas superem toda a lei formal e fundamentalista, que era fardo para os pobres, os quais não tinham tempo para observar tantas normas, mas era privilégio para os poderosos e mestres da lei, os quais estavam disponíveis para estudar os mais de seiscentos códigos.

Os discípulos de Jesus já não terão os mandamentos como obrigação, mas têm que aprofundarem como meta para vivenciar a exigente experiência de caminhada com o seu Mestre. A justiça dos discípulos tem que ser maior do que a dos mestres da Lei. Pelo contrário, não entrarão no reino dos Céus (cf. Mt 5,20).

A justiça dos discípulos deve ser completa porque vem de Deus. A justiça dos fariseus vem apenas dos homens e da letra. Faz-se necessário uma complementação. Por isso, Jesus não vem abolir, mas aperfeiçoar. O Ensinamento de Jesus é sobre a plenitude da lei, preceito que liberta o ser humano através do amor e da misericórdia divina, “porque é Feliz o homem sem pecado em seu caminho, que na lei do Senhor Deus vai progredindo” (Sl 118/119).

Jesus cita alguns dos mandamentos da lei de Moisés para explicar e levar os discípulos e, também o povo, a avançarem na compreensão destes preceitos. A lei é necessária, mas precisa ser vivida além do formalismo e da obrigatoriedade. Portanto, não basta “não matar”, mas evitar as maldades que levam à morte. Para que se cumpra plenamente o quinto mandamento (não matar), só isso não basta. Faz-se necessário que as pessoas vivam como irmãos, na fraternidade, na solidariedade, no perdão e na justiça, evitando o ódio e a discórdia entre si.

Jesus também cita o nono mandamento, não deseja a mulher do próximo (cf. Mt 5,27). O adultério era resultado do desejo de posse sobre a mulher fruto do machismo e dos privilégios dos homens da época de Jesus. Ao cristão de hoje, é necessário entender que o amor, o perdão, o respeito, a fidelidade e a igualdade entre homem e mulher é uma atitude de amor onde se cumpre a lei do Senhor. De modo geral, não terá sentido um seguidor do Senhor que tenha domínio sobre o outro, nas relações humanas e conjugais.

Quanto ao jurar falso (8º mandamento), Jesus pede que se alargue a vivência deste mandamento fundamentado na verdade, na integridade, na honestidade e na ética, porque a falsidade não é somente quanto a lei, mas na ausência da dimensão total da pessoa que vive em sintonia com a Palavra do Senhor.

Portanto os que querem viver de acordo com a lei perfeita devem abraçar a sabedoria de Deus, devem escolher a vida e o bem como fala a primeira leitura desta liturgia, “a sabedoria do Senhor é imensa, ele é forte e poderoso e tudo vê continuamente” (Eclo 15,16-21). Porque “o que Deus preparou para os que o amam é algo que os olhos jamais viram nem os ouvidos ouviram nem coração algum jamais pressentiu” (1Cor 2,9b).

Que o Senhor nos abençoe e o seu Espírito nos ensine a vivermos a lei que supera todas as regras e códigos humanos, a lei mais completa e mais perfeita: a lei do amor, que tudo supera e que tudo suporta… Amém.

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