XVI Domingo do Tempo Comum, Ano B, São Marcos

 

 Ano de São José (2020/2021) ⇐

 

Leituras: Jr 23,1-6; Sl 23(22); Ef 2,13-18; Mc 6,30-34

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

O Senhor nos Ensina sobre a Compaixão

Mc 6,30-34

 

Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal do XVI Domingo do Tempo Comum nos motiva a contemplar o olhar pleno de compaixão do Bom Pastor com os cansados e necessitados da Misericórdia de Deus. E o Evangelho desta Liturgia está em Mc 6,30-34.

No Domingo passado, nós vivenciamos o envio apostólico. Hoje, temos os frutos do trabalho missionário. E os frutos deste trabalho missionário são as multidões que vieram atrás dos missionários, dos apóstolos, de Jesus, pois a missão parte de Jesus e retorna novamente a Ele.

Os missionários são os continuadores da mensagem do Reino, mas a missão necessita de oração e de deserto, para ruminar a experiência e manter-se atento ao horizonte. Agora, os discípulos continuarão com Jesus, vivendo de forma mais intensa o Seu ministério e a barca ainda será instrumento de pesca (o trabalho), mas também de travessia das margens (missão).

O evangelista Marcos nos apresenta ainda Jesus comovido: “Jesus viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor.” (Mc 6,34). A frase “ovelhas sem pastor” nos leva a pensar também nos dias de hoje, quando muitos rebanhos estão também sem pastoreio, pois muitos estão mais preocupados com estruturas normativas do que com o sofrimento das pessoas.

Neste sentido, o Papa Francisco nos alertava em 2013: “Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de agarrar às próprias seguranças”(1). E agora nos perguntamos: até que ponto nós [catequistas, ministros da Eucaristia, membros de pastorais, grupos jovens, animadores de comunidades, os diversos grupos da Igreja e inclusive os ministros ordenados (diáconos, padres e bispos)] carregamos no nosso coração a compaixão de Jesus pelo sofrimento das pessoas?

E o Evangelho de hoje nos leva a refletir, profundamente, sobre esta questão que é, por sinal, a missão principal da Igreja: de buscar, de cuidar e de alimentar as ovelhas que estão perdidas no mundo. Vivemos cada vez mais ocupados em dar conta da correria do dia a dia e impedimos que Deus nos proporcione condições para darmos atenção, cuidado e escuta ao próximo, ao outro…

Ainda falando sobre pastor e ovelhas, na primeira leitura desta Liturgia, o profeta Jeremias nos exorta: “Ai dos pastores que deixam perder-se e dispersar-se o rebanho de minha pastagem, diz o Senhor!” (Jr 23,1). Jeremias se refere aos governantes também como pastores, que devem cuidar do bem-estar, da justiça, dos direitos e da dignidade do povo. Olhando o cenário político do mundo, também vemos o descaso e a indiferença destes pastores escolhidos para servir o povo. Tanto Jeremias quanto Jesus fazem observações sobre o passado e deixam conselhos de sabedoria para o hoje.

Portanto, irmãos e irmãs, esta Liturgia nos motiva a ter novas atitudes diante do Evangelho. Em alguns momentos como responsáveis por um grupo e em outros como ovelhas necessitadas da compaixão do Bom Pastor, mas o que deve concretizar o Reino de Deus é o amor de Cristo que nos une.

São Paulo nos diz na segunda leitura desta Liturgia: “Ele veio anunciar a paz a vós que estáveis longe, e a paz aos que estavam próximos” (Ef 2,17). É importante a convicção de que somos todos irmãos em Cristo, sendo próximos ou não. Isso nos leva a participar da mesma mesa do Senhor, o Pastor Eterno, onde há a paz e a dignidade. Ele nos conduz por caminhos seguros [cf. Sl 23(22)] e iluminados por sua luz. Que Ele tenha compaixão de nós.

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(1)
Exortação Apostólica Evangelii Gaudium. A alegria do Evangelho: sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual. 2013, nº 49. Disponível em: <https://w2.vatican.va/content/francesco/pt/apost_exhortations/documents/papa-francesco_esortazione-ap_20131124_evangelii-gaudium.html>. Acesso em: 21 jul. 2018.

 

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⇒ POESIA ⇐

A Compaixão de Jesus

 

Coração que acolhe,
Que tem atenção,
Que dispensa o descanso,
Que dá proteção,
Que tem tanto amor,
Vê no povo o clamor,
Da sua missão.
*
Coração que contempla
Que vem abraçar,
Que olha as ovelhas,
Sem as desprezar
Pastor santo e forte,
Que expulsa a morte,
Para a vida ofertar.
*
Coração solidário,
Com olhar sempre atento,
Para os desprezados,
Sendo altar e alimento.
Aos que vem ao convívio,
Traz a todos o alívio,
Saciando os sedentos.
*
Coração que ensina,
E nos chama atenção,
Pelos tantos desprezos,
E ausência da missão,
De alguns dos pastores,
Que não são protetores,
Por faltar compaixão.
*
Coração que alerta,
Sobre o nosso egoísmo,
Quando buscamos bem-estar,
Somente no individualismo,
Esquecemos os sofridos,
Abandonamos os feridos,
E vivemos o cinismo.
*
Abrasai ó Senhor,
Nosso ser, nossa vida,
Tocai nossa memória,
Às vezes adormecida.
Ensinai a compaixão,
Para vivermos a ação,
Na missão assumida.

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Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, compassivo com os necessitados da Misericórdia de Deus, ilumine o seu caminho!