Leituras: Jr 20,10-13; Sl 68(69); Rm 5,12-15; Mt 10,26-33
POESIA
O EVANGELHO VENCE O MEDO
Pregar o Santo Evangelho,
Não é status e honraria,
Mas um mandato exigente,
Que se vive a cada dia,
Muitas vezes vem o medo,
Que espanta a alegria.
Com Cristo vencemos o medo,
Das garras da perseguição,
Dos fortes maltratos terrenos,
Consequência da missão,
Dos fracassos e da morte
Que causam a desilusão.
Como discípulos amados
Queremos seguir em frente,
Vencer as tantas barreiras,
Que enfrenta o povo crente,
Porque Evangelizar,
É tarefa exigente.
Ser discípulos do Senhor,
Exige-se a doação,
Entregar-se a uma causa,
A favor da salvação,
Pregando sempre a verdade,
Com coragem e decisão.
Caminhar como cristão,
Com Cristo Nosso Senhor,
Vence-se o medo e a dúvida,
E afasta-se o temor,
Segue-se na segurança,
Numa trilha de amor.
A consequência do anúncio,
É também perseguição,
Pois o mundo distorcido,
Traz desprezo e opressão,
E assim os missionários,
Sofrem também a repressão.
Olhemos para os profetas,
Que foram ignorados,
Por pregarem a verdade,
Muitos foram torturados,
E nos reinos poderosos,
Os seus sangues derramados.
Quem quiser ser um profeta,
Nesta pós-modernidade,
Deve vencer todo o medo,
Pra viver na lealdade,
Não ter medo da derrota,
E pregar sempre a verdade.
Que a Santa Comunhão,
Forte e vivo alimento,
Do discípulo caminheiro,
Seja sempre o alimento,
Dando força à vida inteira,
Em todos os seus momentos.
HOMILIA
Não ter medo de anunciar
“Não tenhais medo dos homens… Não há nada que esteja escondido que não seja revelado” (Mt 10 26). É isso que nos fala o evangelho de Mateus, neste 12º domingo do tempo comum. Os poderes do mundo tentam esconder suas tramas e seus planos, mas o Evangelho é luz na escuridão, pois ilumina e faz aparecer a verdade que está escondida. Por isso pregar o Evangelho em favor da justiça e da lealdade, pode causar medo e insegurança. Neste sentido teremos que estar sempre iluminados e alimentados por Cristo para vencer nossos temores e enfrentar as trevas que tentam escurecer a vida humana.
As consequências da pregação missionária nem sempre são as multidões em louvores, as igrejas cheias, os ginásios e estádios lotados. Muitas vezes pregar o evangelho é viver em meio ao medo e às fugas. E então, precisamos buscar a coragem no Espírito Santo para seguirmos firmes e iluminados. Ser um discípulo de Cristo é muitas vezes viver o desprendimento, a entrega total da vida e caminhar também ao encontro da morte do corpo material. Os primeiros cristãos viveram esta experiência. E durante a nossa história cristã, muitos entregaram seu corpo através do batismo de sangue (martírio), por que colocaram toda sua esperança e força em Cristo.
Pregar a Palavra de Deus é apresentar a proposta do Reino Divino que nem sempre agrada a todos, que nem sempre produz o elogio. Em diversos momentos podemos até encontrar a hostilidade e a perseguição como resultado deste anúncio. Pois a Palavra semeada, em muitas ocasiões e lugares traz provocações contra as ideologias de opressão, de alienação, de manipulação e do relativismo.
A liturgia deste domingo vem nos mostrar este outro lado da vida do cristão, o qual nem sempre costumamos dar atenção. Ou seja, viver o Evangelho, também traz o sacrifício e a entrega da vida em favor de um propósito, de um projeto. Construir o bem também pode trazer desafios e sofrimentos. Deixar que a luz da Palavra ilumine a vida das pessoas para não serem manipuladas, pode causar a intriga e a perseguição por parte dos que alienam e massificam a ideologia da opressão em favor de interesses unicamente materiais e desumanos.
A primeira leitura nos apresenta um exemplo do destino daqueles que lutam pelo o bem comum das pessoas. O profeta Jeremias é sensível à realidade de sofrimento de seu povo, quando se encontra para ser invadido pela Babilônia. Diante da opressão ele grita e lamenta: “Eu ouvi as injúrias de tantos homens e os vi espalhando o medo em redor: denunciai-o, denunciemo-lo” (Jr 20, 10). Este texto expressa a realidade concreta do Evangelho proclamado. Ser profeta é perceber a realidade de sofrimento de uma nação e denunciá-la, sem medo. É ser porta voz da Palavra de Deus.
Somos chamados a viver a missão do anúncio do Evangelho, que se dá, sobretudo, pela denúncia das injustiças e das estruturas políticas, econômicas e ideológicas desumanas que causam medo às pessoas. Não podemos ficar alheios ao chão que pisamos, ao mundo que nos circunda. A palavra de Deus deve nos ajudar, iluminando nossas consciências, para que sejamos sensíveis aos que sofrem e precisam de uma palavra de defesa.
Devemos denunciar os frutos do pecado iniciados com o primeiro homem, Adão. Pelo pecado entrou a morte (cf. Rm 5,12). Em Cristo somos inseridos na vida e na luta contra a morte eterna, a qual provoca nossos medos. Por isso, quem está com Cristo deve vencer o medo da morte.
Na comunidade cristã deve reinar um ambiente de segurança e de coragem, pois quando nos reunimos em Cristo, a alegria do Evangelho e a sua força devem está presentes. Por isso devemos ter cuidado em nossos prejulgamentos moralistas, os quais causam medo nas pessoas. Devemos sim apresentar a misericórdia de Deus como o sinal de salvação.
Portanto, fiquemos atentos ao que o Senhor nos aconselha no Evangelho desta liturgia: “O que vos digo na escuridão, dizei-o à luz do dia; o que escutai ao pé do ouvido, proclamai-o sobre os telhados!” (Mt 10,27). Ou seja, o que aprendemos na experiência com a Palavra e na oração, na vida de intimidade com o Senhor, devemos proclamar ao mundo no dia a dia de nossa missão.
E nos momentos de nossas aflições e inquietações, fruto do nosso apostolado, do sofrimento injusto do irmão ou de nossas angústias, elevemos nossa oração de confiança e entrega a Deus como nos reza o salmo 68: … “Elevo para vós minha oração, neste tempo favorável, Senhor Deus! Respondei-me pelo vosso imenso amor, pela vossa salvação que nunca falha! Senhor ouvi-me, pois suave é vossa graça, ponde os olhos sobre mim com grande amor.” Amém.