XIX DOMINGO DO TEMPO COMUM

Leituras: 1Rs 19,9a.11-13a; Sl 84(85); Rm 9,1-5; Mt 14,22-33

POESIA

A TRAVESSIA DO MAR DA VIDA

No remar da nossa vida,
Nas noites das tempestades,
Nas chegadas e partidas,
Em nossas fragilidades,
Procuremos o Senhor,
Que nos dá tranquilidade.

E ao fazermos a travessia,
Nos mares da insegurança,
Busquemos a harmonia,
Nossa força e esperança,
Com o olhar fixo em Cristo,
Ele nos dá segurança.

Nas nossas noites escuras,
Nossa fé, fortifiquemos,
Quando vem as amarguras,
Em Deus todos confiemos,
Para seguirmos no mar,
Sem que nós nos afundemos.

Nossos medos e tristezas,
Não nos venha apavorar,
Não nos tire a beleza,
Da vida e do caminhar,
Para vivermos a missão,
Firmes e sem vacilar.

Que a barca do Senhor,
Vença as tribulações,
E que a força e o amor,
Traga paz entre as nações,
Nossa Igreja a remar,
Vencendo as contradições.

Que a mesa da alegria,
Reúna todos os irmãos,
Com a paz e harmonia,
Sangue e corpo, comunhão,
Que chama à fraternidade,
Destino à ressurreição.

HOMILIA

Chamados e enviados a remar com o Senhor

Irmãos e irmãs, hoje, 19º Domingo do Tempo Comum, o evangelista Mateus nos apresenta Jesus que após a multiplicação dos pães ordena aos discípulos a entrarem na barca e seguirem para o outro lado do mar (cf. Mt 14,22). Depois do milagre material do Pão, Jesus chama e ordena que seus discípulos sigam em frente.

Caminhar é preciso, mesmo em meio aos desafios da vida, quando as tribulações e a insegurança os apavoram. Precisam avançar na missão pelo Reino de Deus. Do outro lado há necessitados da salvação e da misericórdia de Deus.

Jesus procura um lugar para sua oração pessoal com o Pai (cf. Mt 14,23). Isto para mostrar a sua sintonia com o Pai. A sintonia que os seus discípulos precisam ter com Deus através da oração. Para quando navegarem nas ondas tempestuosas de suas vidas no mundo, dentro da grande barca de Cristo, a Igreja, poderem fortificar a sua fé e seguirem remando em frente para anunciar a esperança ao mundo.

É madrugada escura e os discípulos estão no alto mar. A barca está agitada pelos ventos contrários ao percurso dos remadores. Os discípulos pescadores, sem Jesus na barca, são invadidos pela insegurança e pelo medo de afundarem antes da travessia. Jesus vem ao encontro dos seus seguidores para acalmá-los (cf. Mt 14,25). Inicialmente, têm dificuldade de reconhecer Jesus e, por isso, em suas mentes, pensam se tratar de um fantasma. E Jesus os tranquiliza: “Coragem! Sou eu. Não tenhais medo!” (Mt 14,26-27).

A cena prossegue e Jesus os chama para que o encontrem mesmo em meio a tempestade. Pedro desceu da barca e começou a andar sobre a água, em direção a Jesus. Mas, quando sentiu o vento, ficou com medo e começando a afundar, gritou: ‘Senhor, salva-me!’ Jesus logo estendeu a mão, segurou Pedro, e lhe disse: ‘Homem fraco na fé, por que duvidaste?” (Mt 14,29-30)Sair da barca e deixar os outros não foi uma boa opção para Pedro, ele começa a andar mas afunda. Jesus entra na barca e devolve o devolve ao grupo e a calmaria retorna.

Quantos ensinamentos podemos colher das cenas deste Evangelho. Falando em ondas e tempestades, refletimos que aquele acontecimento no mar de Tiberíades ficou marcado na mente e no coração dos discípulos, principalmente na pessoa do apóstolo Pedro o qual, depois da ressurreição, enfrentou muitas perseguições do Império Romano.

Nós cristãos na atualidade também enfrentamos a insegurança e a falta de fé quando navegamos nas águas do mar da vida e corremos o risco de nos faz afundar. As vezes queremos caminhar sem Jesus, e fora da comunidade dos irmãos, e é então que somos invadidos pelo medo que nos faz afundar em nossa insegurança e falta de fé.

Somos chamados a servir ao Senhor, e quando não caminhamos sobre a força e a alegria de seu Evangelho, a verdade é que o ignoramos. Porque a presença de Cristo em nosso caminhar também nos desafia a ir ao seu encontro pela nossa fé. Precisamos sempre ir ao encontro do Senhor para fazer a travessia na confiança e na esperança.

A fé é que nos faz ter segurança diante das tempestades da vida. A fé que nos faz reconhecer o Cristo como aquele que tem o total poder sobre as tribulações e tempestades causadas pelos poderes do mal. Os cristãos seguem Jesus na barca que é a Igreja, e às vezes caminham sobre as águas (realidades) das superficialidades da vida, das ideologias relativistas e das injustiças que só os causam insegurança e uma mentalidade fantasiosa da existência humana.

Por isso que a presença de Deus em nosso caminhar deve ser reconhecida e acolhida no espírito de simplicidade, como foi a experiência de Elias. E depois do fogo ouviu-se um murmúrio de uma leve brisa. Ouvindo isto, cobriu o rosto com o manto, saiu e pôs-se à entrada da gruta” (1Rs 1,13a). É na brisa suave da vida que encontramos Deus e deixamos ele fazer parte de nossa experiência de fé. É na suavidade que encontramos Deus em nossa existência.

Na tempestade do mar da Galileia, o evangelista Mateus nos fala: “Assim que subiram no barco, o vento se acalmou” (Mt 14,32). Quando deixamos Jesus entrar na barca da nossa vida, as coisas se calmam e podemos seguir a travessia. É na calmaria que podemos encontrar a direção da nossa existência. É na confiança da presença de Deus que somos impedidos de afundar na insegurança e no medo de avançar em nosso caminhar.

Os momentos de encontro com o Senhor nos faz seguir pelo mar da vida, vencendo as tempestades junto com os nossos irmãos e irmãs. Confiemos nossa travessia de discípulos ao Cristo que nos oferece sua mão protetora para o retorno à barca. Ele é quem nos salva dos naufrágios da vida. Rezemos com o refrão do salmo 84(85): Mostrai-nos, ó Senhor, vossa bondade, e a vossa salvação nos concedei!” Amém.