XXX DOMINGO DO TEMPO COMUM

ANO NACIONAL DO LAICATO

Leituras: Jr 31,7-10; Sl 125(126); Hb 5,1-6; Mc 10,46-52

 

POESIA

UM CERTO BARTIMEU

Bem a beira do caminho
Tinha um certo Bartimeu
Que gritava com insistência,
Sendo filho de Timeu.
O seu grito foi ouvido,
Por Jesus foi atendido,
Pois a cura aconteceu.

No caminho de Jesus
Aquele homem foi seguindo
Tornou-se um discípulo seu,
Missionário foi agindo.
Proclamou a sua fé
Sempre disposto e de pé
Mundo novo construindo.

Nos caminhos do Senhor
Precisamos de coragem,
Viver a perseverança,
Partir para outras margens
Passos firmes a caminhar,
A fé sempre professar
Para levar a mensagem.

Precisamos estar atentos
Para o mundo em que estamos,
Ouvir o grito dos pobres,
Que nem sempre escutamos
Viver fé e caridade,
Construir fraternidade
No chão onde nós pisamos.

Nosso olhar, olhar de Deus.
Para as questões sociais,
Não ser pedra de tropeço,
Mas ser sempre um a mais
Que ajude a levantar
Os que estão a tropeçar,
Por causa dos capitais.

Jesus, mestre querido,
Sacerdote, eterno amor,
Curai todos os sofredores
Que padecem muita dor,
Mudai os acomodados,
Abri os olhos fechados,
Pois só vós, sois o Senhor.

 

HOMILIA

O caminho de Jesus à conversão e ao discipulado

O Evangelho deste domingo nos traz uma profunda reflexão sobre a ação de Jesus em nossa vida e na nossa busca de encontrá-lo, enxergá-lo e segui-lo. A caminho de Jerusalém, passando por Jericó, Jesus é seguido de uma grande multidão e também de seus discípulos. Alguém está à beira do caminho e é identificado como filho de Timeu, de nome Bartimeu. Sua condição social: cego e mendigo (cf. Mc 10,46). Sua postura: está atento ao Senhor que passa, e grita, confessando insistentemente: “Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim!”. Embora muitos queriam calá-lo. O seu grito perseverante chega aos ouvidos de Jesus que manda chamá-lo. O interessante é que o chamado é feito por um grupo de pessoas as quais empregam dois imperativos: “coragem levanta-te, Jesus te chama!”. Diante desta palavra aquele cego “joga o manto para trás” e vai até Jesus (Mc 10,5). Diante do milagre de Jesus, Bartimeu torna-se seu discípulo.

Esta narrativa de Marcos nos traz um leque de reflexões para a nossa vida pessoal, e, sobretudo, para a dimensão coletiva da vivência dos cristãos. Na dimensão pessoal podemos dizer que muitas vezes precisamos que o Senhor nos faça enxergar os seus caminhos para depois segui-lo.

Precisamos neste seguimento abrir os olhos para as situações de opressão, que colocam muitos irmãos e irmãs à beira do caminho, e as nossas misérias interiores, que nos trazem consequências que atrapalham o nosso discipulado. Quando se trata de uma atitude coletiva, podemos dizer que sem um olhar iluminado pelo Senhor não conseguimos perceber e ouvir os diversos gritos na nossa caminhada cristã. Muitas vezes queremos calar as pessoas, dizendo que a vida é assim e precisamos nos conformar e, por isso, não devemos lutar por uma vida digna como Deus sonhou.

Quantas vezes desencorajamos ou criticamos os irmãos que estão lutando por dignidade humana; quantos cristãos, irmãos e irmãs, que não conhecem e não sabem o que significa as ações sociais da Igreja (grito dos excluídos, comissão justiça e paz, povo da rua, Cáritas etc) e, por isso, criticam os que estão envolvidos nesta causa.

Bartimeu é a figura dos que gritam e não desistem mesmo diante das repreensões dos outros que caminham com Jesus; ele nos apresenta a conversão para seguir Jesus. No gesto do jogar o manto para trás e também é exemplo de fé no verdadeiro messias que veio para implantar o Reino e não somente curar e fazer milagres, por isso, acreditando segue o caminho de Jesus.

Este texto também nos convida a jogar o manto, ou seja, desfazer de tudo aquilo que nos impede de seguir o Senhor, também nos convida a professarmos a confiança em Deus: “Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim!” (Mc 10,47). A ação salvadora de Jesus já era a promessa desde a antiga aliança como fala o profeta Jeremias na 1ª leitura: “Eis que eu os trarei do país do Norte e os reunirei desde as extremidades da terra; entre eles há cegos e aleijados, são uma grande multidão os que retornam. Eles chegarão entre lágrimas e eu os receberei entre preces; eu os conduzirei por torrentes d’água, por um caminho reto onde não tropeçarão…” (Jr 31,8-9). Deus salva os que sofrem e os conduz pelos seus caminhos.

Em Hebreus 5,6 podemos ver que Jesus é o sacerdote eterno que viveu como homem, porém a sua natureza humana não tinha inclinação para o pecado, portando veio para conduzi todos os homens na recriação, ou seja, a salvação.

Peçamos ao Senhor a graça de abrir os nossos olhos para ver o mundo e a vida com o olhar de Deus. Agradeçamos, pois Ele nos chama e nos traz a alegria e realização completa e digamos como o salmo responsorial desta liturgia dominical: “Maravilhas fez conosco o Senhor, exultemos de alegria!”. Amém.

 

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