Festa da Sagrada Família, Jesus, Maria e José

Leituras: Eclo 3,3-7.14-17a; Sl 128(127); Col 3,12-21; Mt 2,13-15.19-23

 

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⇒ HOMILIA ⇐

Família Sagrada: testemunho de amor em meio aos desafios da vida

Mt 2,13-15.19-23

Celebramos neste domingo a Festa da Sagrada Família. Dentro do clima do tempo do Natal, Jesus, Maria e José nos ajudam a entendermos o sentido mais profundo da encarnação do Verbo de Deus.

O Evangelho para esta liturgia é de Mateus (cf. 2,13-15.19-23). Este texto narra a fuga de José com Maria e Jesus, para o Egito, depois, o retorno a Israel e, num terceiro momento, a ida da Sagrada Família a Nazaré, para lá morar. A narração de Mateus coloca o anjo de Deus o qual aparece três vezes a José nos momentos de fuga, de retorno a Israel e da decisão da Sagrada Família morar em Nazaré.

Através deste texto de Mateus podemos aprender que o verdadeiro Natal de Jesus não foi uma realidade tão tranquila como muitas vezes nós imaginamos. Jesus já nasceu sendo rejeitado pela humanidade. Seus pais nutrícios, Maria e José, não foram acolhidos em Belém, não havia lugar para hospedagem (Lc 2,7b), pois isso, nasceu nos arredores da cidade, num curral, foi colocado numa manjedoura (recipiente que se coloca comida para gado ou cavalos) e somente os pastores, pessoas sem prestígio social, inicialmente, souberam do acontecido. Depois, o Menino Deus, foi perseguido pelas autoridades, teve que fugir para o Egito, com seu e pai e sua mãe, ficando longe da perseguição de Herodes.

Esta história de Jesus nos lembra também Moisés que foi colocado no rio (cf Ex, 2,1-10), foi preservado da morte e se tornou o libertador de Israel. Jesus é o novo Moisés que, quando criança, também se livrou da morte e se tornou o libertador do povo da nova aliança. Ele veio ficar junto dos pobres, restaurar a dignidade das pessoas, veio transformar a vida dos sofredores, curar os doentes, e a muitos converteu, anunciou e trouxe a salvação a todos os homens.

Toda a vida de infância de Jesus foi no seio da família, na casa santa de Nazaré, vivendo a obediência, no amor e na união com seus pais. Maria e José se mantiveram sempre unidos, mesmo em meio as grandes dificuldades que as envolveram, nas fugas da morte, na vida de seu lar, no trabalho, pois havia o amor perfeito deste casal, a harmonia e o cuidado em viver segundo a vontade de Deus.

O livro do Eclesiástico nos traz grandes orientações espirituais para que a família possa viver a santidade: “Aquele que respeita o pai obtém o perdão dos pecados, o que honra sua mãe é como quem ajunta um tesouro.” (Eclo 3,3-4).

Numa sociedade em que se percebe a fragilidade da estrutura e dos valores da família, é muito importante vislumbrar a importância que devemos dar ao amor e atenção, aos conselhos e as experiências de quem dedicou a sua vida aos filhos.

Quanto ao cuidado aos pais na velhice e o carinho, nas suas limitações, nem sempre é uma realidade nas atitudes dos filhos no mundo de hoje. São Paulo, na Carta aos Colossenses, aconselha que sejamos revestidos de sincera misericórdia, bondade, humildade, mansidão e paciência… (cf. Cl 3,12). Esta veste da qual nos fala São Paulo é exatamente necessária para que se cuide de forma humana dos idosos, dos enfermos e dos mais frágeis, com suas limitações físicas e psicológicas.

Os pais, por sua vez, também tem a missão de serem referencial de amor, de acolhimento e de maturidade, primeiramente com o testemunho do cuidado e da proteção aos filhos no que se refere à educação, à vida de oração, ao convívio social e a outras dimensões da existência humana.

Não devemos esquecer que as chagas da sociedade são consequências de certa displicência, no cuidado, na presença e na formação junto às crianças, adolescentes e jovens. Há a necessidade de presença, de amor, de acolhimento e de compreensão por parte dos pais e cuidadores, pois se trata da missão própria de quem respondeu a Deus o chamado de gerar ou cuidar e ajudar na formação de pessoas nas etapas de desenvolvimento de sua vida.

Rezemos pedindo à Sagrada Família que ajude a tantas famílias, migrantes pelo mundo, refugiados, fugindo da morte, da fome, das guerras, que não tem casas, que falta emprego, comida, justiça e paz. Peçamos a Jesus, Maria e José, que ajude os lares a se tornarem um ambiente de fraternidade, de amor, de escuta, de oração, acolhimento e compreensão. Família, uma Igreja doméstica que viva a missão de semear paz e a perseverança, dentro e fora da casa, mesmo que venham tantas dificuldades e desafios próprios desta vocação suscitada por Deus. Amém.

 

***

⇒ POESIA ⇐

A família santa de Nazaré

Mãe que escuta e a Deus se entrega,
Para viver um plano de amor exigente,
Que questiona, porém consente,
O peso da imensa missão,
Meditando no seu coração,
O amor de Deus e de sua gente.

Pai terreno e obediente ao Pai do Céu,
Discreto no seu silêncio orante,
Que nas dúvidas segue avante,
Ao anjo em sonho escutou,
E firmemente acreditou,
Postura de homem Santo suplicante.

Filho, Deus que desce a este mundo,
Presente no meio da multidão,
Rosto de Misericórdia e perdão,
Que traz aos homens a esperança,
A vida eterna como herança,
Ressuscita e nos dá a ressurreição.

Família, modelo para chegarmos ao Céu,
Santa desde a sua fundação,
Referência para cada lar cristão,
Conduz-nos a evangelizar,
Fazendo-nos firmemente acreditar,
Que o Reino se constrói pela missão.

E agora pedimos um auxílio santificador,
Para construirmos uma Igreja em nosso lar,
E ao mundo podermos testemunhar,
Uma vida de cuidado e comunhão,
Marcada pela evangelização,
Para as chagas do mundo poder curar.

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, refugiado pequenino no Egito, ilumine o seu caminho! ***

IV Domingo do Advento, Ano A, São Mateus

Leituras: Is 7,10-14; Sl 23(24); Rm 1,1-7; Mt 1,18-24

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⇒ HOMILIA ⇐

Ele está conosco, Ele é nossa salvação

Mt 1,18-24

Na liturgia da Palavra do IV domingo do Advento temos como figuras centrais Maria e José. Eles deram a resposta a Deus em favor da salvação do mundo, quando disseram sim diante do chamado que veio do Céu.

Maria, diante do anjo de Deus, tentou compreender como tudo aconteceria, se ela não convivia com homem algum (cf. Lc 1,34). José, sabendo da gravidez de Maria e não querendo denunciá-la queria abandoná-la em segredo, mas o anjo de Deus lhe encoraja a não deixar sua esposa, porque está nos planos de Deus aquele acontecimento e não nos planos humanos (cf. Mt 1,19-21).

José desperta para o projeto divino e também diz sim (cf. Mt 1,24). Sua esposa gerou no ventre o Verbo que veio comunicar o amor misericordioso de Deus. Esta promessa já era antiga, pois está na primeira leitura, retirada da profecia de Isaías: “Eis que uma virgem conceberá dará à luz um filho, e lhe porá o nome de Emanuel” (Is 7,14).

Deus virá visitar o seu povo para lhe trazer a salvação. Não é necessário mais o intermédio dos profetas, ele ficará conosco, ele próprio vem trazer a redenção do homem, como homem perfeito. José e Maria, figuras principais do presépio, depois de Jesus, foram os acolhedores do Senhor que veio habitar no nosso meio.

José e Maria trouxeram Jesus para nós pela obediência e escuta a Deus. Por causa deles, Cristo está em nosso meio. Jesus está conosco na sua Palavra, na Eucaristia, na assembleia reunida, na simplicidade e na caridade aos irmãos. O Natal é a prova concreta de que Deus veio ficar conosco. A missão de Jesus foi curar as pessoas de suas doenças, fazer os cegos recuperarem a vista, os paralíticos andarem, limpar os leprosos, os surdos ouvirem, os mortos ressuscitarem e os pobres serem evangelizados para poderem entender a vontade de Deus (cf. Mt 11,5).

Precisamos aprender de José e Maria a escuta e a obediência, no silêncio de Deus e no nosso. Os barulhos impedem de escutarmos Deus. Quando lamentamos muito, sem uma reflexão dos significados das situações, há uma dificuldade de entender a vontade divina. Não há, portanto, espaço para Deus falar e agir. José e Maria, inicialmente, tiveram dificuldade de entender o que Deus queria, mas foi pela escuta atenta, pela fé, pelo silêncio e pela obediência que eles se entregaram de forma total ao projeto do Reino.

De Maria aprendemos o dialogar com Deus, perguntar e ficarmos dispostos a ouvir o que ele quer nos falar e nos propor. De José apreendemos a escuta silenciosa e obediente pela fé. Como José, no silêncio e na escuta, e totalmente entregues a proposta desconhecida e incomum de Deus, somos chamados a seguir a orientação que o Senhor nos dá.

Escutar a voz de Deus através das circunstâncias, acontecimentos e pessoas é talvez o grande desafio dos cristãos. O nosso mundo de barulhos e conceitos predefinidos, muitas vezes nos deixam indecisos e marcados pelo medo. Em alguns momentos queremos abandonar a nossa missão, mas o anjo de Deus vem e nos comunica o que ele quer de nós e nos orienta como devemos fazer.

Deus caminha conosco, seu nome é Jesus (Deus salva), ele é Emanuel (Deus conosco). O mundo precisa ser salvo do mal das corrupções, da violência, da falta de comunhão. A luz da salvação deve invadir o nosso coração no lugar das imensas árvores do império do dinheiro e das riquezas materiais que tentam as pessoas a comprarem sem necessidades.

Precisamos reacender o verdadeiro sentido do Natal para que deixemos o menino Jesus nascer em nossas casas, em nossas redes sociais. É preciso deixar de novo que a manjedoura de Belém nos ensine sobre a simplicidade de Deus. Jesus quer nascer em nossos corações, em nosso agir e em nossa missão para que a estrela da noite dos pastores ilumine o mundo. Faz-se necessário colocar a Sagrada Família no centro de nosso lar e de nossa vida.

São Paulo nos exorta dizendo: É por ele (Cristo) que recebemos a graça da vocação para o apostolado, a fim de podermos trazer à obediência da fé a todos os povos pagãos, para a glória de Deus. Entre esses povos estais também vós, chamados a ser discípulos de Jesus Cristo (cf. Rm 1,5-6). Em meio a tantas distorções do verdadeiro sentido do Natal, precisamos apresentar para o mundo o testemunho da verdadeira festa da encarnação do Verbo de Deus através do nosso discipulado.

***

⇒ POESIA ⇐

O Sim de José

Contemplemos o sim de José,
Que no silêncio respondeu,
Ao chamado do Altíssimo,
A Deus Pai obedeceu,
Foi firme e perseverou,
A Maria muito amou,
E a ela engrandeceu.

José do sim no silêncio,
Homem santo e obediente,
Despertou para o plano divino,
Foi fiel ao Onipotente,
Ao anjo soube escutar,
Só rezando e sem falar,
Calou e seguiu em frente.

Contemplou os sinais do Céu,
Ao lado da sua amada,
Acolheu a Deus criança,
E seguiu a caminhada,
Foi firme e foi fiel,
Adotando o Emanuel,
Foi sua vida abençoada.

Deus veio morar conosco,
Pra trazer a salvação,
Mostrou-nos o amor do Pai,
Seu amor é libertação,
Um Deus humano e divino,
Nos trazendo o destino,
Que é a nossa redenção.

Deus está sempre conosco,
Em todos os nossos momentos,
Nos chamando e enviando,
Dando força e sustento,
E o silêncio de José,
Ensina o caminho da fé,
Quando nos vem os tormentos.

E Maria, mãe do Céu,
Que a Deus se entregou,
Viveu com seu santo esposo,
e com carinho o cuidou,
Os dois viveram a esperança,
Fiéis ao Deus da Aliança,
Que o profeta anunciou.

Seja a Sagrada Família,
O auxílio em nossos dias,
Ensina-nos a obediência,
Pela fé e alegria,
Maria Sacrário Santo,
E José com o seu manto,
Sejam nossa companhia.

Do Altar da Eucaristia,
Jesus vem nos encontrar,
Ele é Pão da união,
Que quer nos alimentar,
Sua Palavra é forte,
Nos tira o medo da morte,
Quando estamos a lutar.

Este é o nosso Deus,
Que não nos deixa sozinhos,
Quer sempre está com a gente,
Ele quer ficar pertinho,
Faz conosco a caminhada,
Quer os pés firmes na estrada,
Mesmo que haja espinhos.

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, filho nutrício de São José, ilumine o seu caminho! ***

III Domingo do Advento, Domingo da Alegria, Ano A

Leituras: Is 35,1-6a.10; Sl 145(146); Tg 5,7-10; Mt 11,2-11

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⇒ HOMILIA ⇐

Esperar com alegria

Mt 11,2-11

Estamos no 3º Domingo do Advento, o altar já está mais iluminado com as três velas da coroa do Advento acessas, os paramentos, neste domingo, podem também ser de cor rosa, pois a alegria se torna mais forte, porque está próximo o grande momento, o grande dia, a celebração da encarnação do Filho do Altíssimo, o Natal do Senhor, Deus que veio ficar perto de nós para nos ensinar sobre o seu amor e sua misericórdia. Está chegando para alegrar o mundo com sua luz e sua mensagem e ação de vida e esperança para todos os povos.

O Evangelho de Mateus (cf. 11,2-11) nos apresenta um cenário de realidades e situações que nos fazem pensar como aconteceu a vinda do filho de Deus: João Batista, já tem notícias dos sinais referentes ao que Jesus anunciou e, por isso, enquanto está prisioneiro, o precursor envia alguns de seus discípulos para certificar-se se é mesmo o Messias que está no meio do povo.

A resposta de Jesus aos mensageiros de João sinaliza a certeza da presença de Deus feito homem no mundo. Pela sua presença e ação “os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e os pobres são evangelizados.” (Mt 11,5).

Muitos já desfrutaram da ação milagrosa e salvadora do Filho de Deus, porque sentem a realização do Reino em suas vidas. Jesus ainda faz um elogio a João Batista: “Em verdade vos digo, de todos os homens que já nasceram, nenhum é maior do que João Batista. No entanto, o menor no Reino dos Céus é maior do que ele.” (Mt 11,11).

O Reino de Deus agora está no meio dos homens, a preparação desta vinda custou a condenação de João Batista, pois assim, também, foi o destino de quase todos os profetas no Antigo Testamento. Os verdadeiros profetas, na caminhada de Israel, foram sempre anunciadores das realidades de Deus, seja da alegria, no anúncio da justiça ou na denúncia da opressão e morte contra o povo.

O profeta Isaías proclama o que irá se cumprir em Jesus: “Alegre-se a terra que era deserta e intransitável, exulte a solidão e floresça como um lírio. Germine e exulte de alegria e louvores.” (Is 35,1-2). E os cristãos podem cantar esta realização, pois a salvação já se faz presente por meio de Jesus que trouxe a libertação, a alegria, a justiça, o amor, a fraternidade e a misericórdia em favor de todo o mundo.

São Tiago, na sua carta, nos encoraja a continuarmos firmes nesta espera, como o agricultor, que nos desafios da seca, espera firme o tempo das chuvas para molhar a terra e ver germinar a semente sepultada no chão. E diz ainda que a vinda do Senhor está próxima, por isso é necessário manter-se na espera sem desanimar (cf. Tg 5,7-8).

Viver o Advento, portanto, é fazer a experiência da espera do Senhor em nossas vidas, é querer caminhar com perseverança, alimentados pela Eucaristia, mesmo que os dias sejam de grandes sofrimentos. É ouvir a Palavra, mesmo que os nossos ouvidos estejam um pouco surdos, e muitas vezes poluídos pelos barulhos do mundo que afetam nossas consciências com palavras de desânimo e que destrói o otimismo e a fé. Mas nossa fé e nossa esperança é em Deus que nos enche de alegria, otimismo e paz.

Abençoai Senhor o caminhar do povo de Deus e de tantos irmãos e irmãs que esperam dias de restauração em suas vidas e seus lares. Protegei os que anunciam a verdade do Evangelho da vida e os que mesmo nas perseguições por causa do Reino, como João Batista, permanecem firmes e corajosos. Amém.

***

⇒ POESIA ⇐

A alegria na espera

Onde está a nossa alegria?
Que tanto nós almejamos,
Que na paz a gente busca,
E que em Deus nós esperamos,
A alegria mais completa,
A ânsia da nossa meta,
Que todo dia sonhamos.

Está no canto e nas santas cores,
Nas luzes, nas árvores e no altar,
Nos presépios, nas ruas e praças,
Nas casas, e no nosso lar
Nos corações orantes,
Nas celebrações vibrantes,
Na assembleia a celebrar.

Está também na profecia,
Na palavra viva ecoando,
No caminhar com os irmãos,
Na espera do novo nos alegrando,
No pão do encontro e do amor,
Eucaristia: força e vigor,
A cada dia nos alimentando.

A nossa espera é orante,
Como uma espera de alegria,
Pois já não se tem dúvidas,
Do tempo que se anuncia
Pois o novo esperamos,
Ouvimos e também pregamos,
O Natal, o grande dia.

Sejamos também precursores,
Desta alegria abençoada,
Dos frutos e dos milagres
Da redenção esperada,
Do amor do Deus Menino,
Do louvor que se faz hino,
Que brota da mesa sagrada.

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, testemunha do ministério de João Batista, ilumine o seu caminho! ***

Solenidade da Imaculada Conceição de Nossa Senhora

 

Leituras: Gn 3,9-15,20; Sl 97(98); Ef 1,3-6.11-12; Lc 1,26-38

 

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⇒ HOMILIA ⇐

Um sim para a nossa salvação

Lc 1,26-38

 

A Solenidade de Nossa Mãe Imaculada sempre acontece dentro do tempo do Advento. Maria foi a primeira a viver o advento santo de Nosso Salvador. Ela esperou em Deus, no silêncio, na oração e na serenidade.

Esta verdade de fé, sobre a Imaculada Conceição de Maria, foi declarada pelo Papa Pio IX, no dia 8 de dezembro de 1854, através da bula Ineffabilis Dei. No número 41, o Santo Padre declara: “Esta doutrina sustenta que a beatíssima Virgem Maria, no primeiro instante da sua Conceição, por singular graça e privilégio de Deus onipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha de pecado original, essa doutrina foi revelada por Deus, e por isto deve ser crida firme e inviolavelmente por todos os fiéis.”

A Mãe Imaculada nos ajuda a vivermos este tempo litúrgico do advento de forma mais profunda, pois foi por ela e através dela que o mundo pôde conhecer o Salvador esperado, aquele que é salvação para todos. Maria viveu intensamente e de forma particular a espera do Deus Menino. O seu advento foi o mais completo e perfeito, por que ela colocou em Deus toda a sua espera e confiança.

No Evangelho de Lucas (cf. 1,26-38) podemos aprender de Maria como responder a Deus no momento e que Ele nos chama. Nem sempre devemos ser passivos quando o chamado vem, pois faz necessário perguntar com fez Maria: Como acontecerá isso? (cf. Lc 1,34). A resposta divina virá, os caminhos se abrirão, Deus nos falará… E o Mensageiro de Deus, o anjo, falou à Maria: “O Espírito Santo virá sobre você e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra…” (Lc 1,35). Diante do esclarecimento divino, haverá a entrega, a disponibilidade, o “sim” definitivo da Mãe Imaculada, em favor do plano salvador de Deus.

Maria, mãe de Deus e nossa, ensina-nos como proceder na santidade, pois todas as suas ações, a sua escuta e sua resposta fiel ao chamado do Senhor é para nós a direção do caminho ao Céu. Devemos ser fiéis em nossos propósitos quando sentimos que é Deus que nos chama e nos quer colaboradores do seu Reino, quando nos quer discípulos e missionários seus. Devemos dialogar com Deus, quando não o entendemos, deixando que Ele nos fale do seu projeto para nós.

Maria é a Cheia de Graça, frase que a Igreja eternizou e que rezamos todos os dias na oração da Ave Maria, mesmo sem perceber tamanha importância. Nesta frase do Anjo temos a certeza de que Nossa Senhora tem muito a nos ensinar e também interceder por nós com o seu santo amor maternal.

Mulher Santa e Fiel, da concepção até à Cruz, caminhou e esperou cada realização que Deus lhe prometeu, pois esperou no silêncio e na oração, guardando tudo em seu coração, para poder agir na esperança e na confiança. Mãe imaculada, ou seja, sem a mácula do pecado original, porque Deus não poderia se encarnar num ventre com a mancha do pecado, com as fraquezas humanas que muitas vezes dificultam a resposta ao plano Deus.

Sem pecado, Maria, como a nova Eva, esmaga o mal e destrói a desobediência que existiu no início da Criação (cf. Gn 3,15). Imaculada, cuidou do seu filho Santo em Nazaré, caminhou com ele pela Galileia. Como discípula, se tornou também nossa mãe, pois na Cruz o próprio Jesus Cristo nos apresenta para que ela cuide com amor de todos nós.

Que neste Advento possamos interiorizar os sinais que Deus nos mostrar para vivermos como seus servos. Meditar no silêncio, principalmente quando encontramos a Cruz e a sentimos mais pesada do que antes.

Esperar o Natal é sobretudo esperar a coisas novas que nascerão em nossa vida para o nosso bem e para o bem do mundo, pois o menino nasce para todos. Ele vem ao nosso encontro para nos dizer e nos mostrar que Deus tem um rosto como o nosso e quer que o nosso seja igual ao dele. Amém.

 

***

⇒ POESIA ⇐

Mulher do sim

 

Visitada pelo anjo,
A escolhida perturbada:
Escuta o mensageiro,
Acolhe-o, desconcertada,
Questiona-o, mas aceita,
E diz sim por ser amada.

Acolherá o Verbo de Deus,
Para o mundo, esperança.
Ele será grande e Justo
Rei diferente em bonança
Reinando para sempre,
Deus fiel da aliança.

A Mulher do sim sem limites,
A Santa e Imaculada,
A Mãe de amor verdadeiro,
A mais pura e amada,
Ensina-nos a perseverança,
E a fé na caminhada.

Esperemos o Senhor,
Aprendendo com Maria,
Perseverando nas lutas
Seja noite ou seja dia,
Mesmo na dúvida e na cruz,
Seja Deus o nosso guia.

Olhando o seu rosto Santo,
Aprendamos sua lição,
De sempre escutar a Deus
Na alegria e na aflição,
Vivendo o santo silêncio,
Pra acolher a salvação.

Mãe de Deus e nossa Mãe,
Cheia da graça divina,
Modelo de santidade,
Que intercede e que ensina,
Que ama e protege os filhos,
Amor que afaga e ilumina.

Que na Santa Eucaristia,
Preparemos um lugar,
Um sacrário em nosso ser,
Pra Jesus poder estar,
Como fez também Maria,
Quando Deus veio nos salvar.

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, concebido da Virgem Maria, ilumine o seu caminho! ***

 

 

I Domingo do Advento, Ano A, São Mateus

 

Leituras: Is 2,1-5; Sl 121(122); Rm 13,11-14; Mt 24,37-44

 

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⇒ HOMILIA ⇐

Esperemos alegres o Senhor que vem!

Mt 24,37-44

 

Com o tempo do Advento iniciamos um novo ano na liturgia da Igreja. Trata-se de um tempo de espera, quando o ambiente da Igreja muda para um clima de espera e vigilância, com as cores roxas nos paramentos e nas alfaias. Próximo ao local do Altar, está a coroa do Advento, na qual, a cada domingo, uma vela é acesa para marcar o nosso caminhar na espera do Senhor que vem. Os cantos também expressam o que estamos celebrando no ritmo diário e semanal. As letras e os refrãos dos cantos deste tempo litúrgico nos introduzem no clima de espera alegre e esperança, pois suas melodias anunciam que algo novo vem e nos alegrará. O Advento é esta espera alegre e confiante no Senhor no caminhar de nossa vida.

Neste primeiro Domingo do Advento, do ano A, acolhemos os textos de Mateus no início da espera vigilante e alegre para nascimento do Menino Deus. Este evangelista escreve para os novos cristãos, vindos do judaísmo. Nesta liturgia podemos ver, primeiramente, que o evangelista nos fala sobre a vinda do Senhor para julgar a terra. O segundo tema é sobre a vigilância, que é a atitude que os cristãos devem ter para esperar a justiça divina.

Portanto, ficai atentos, porque não sabeis em que dia virá o Senhor” (Mt 24,42). Ficar atento às nossas atitudes, no que se refere às nossas fraquezas, ao nosso comodismo, egoísmos e a nossa indiferença à Palavra de Deus. Ficar vigilantes é estar preparado para o dia em que o Senhor virá julgar os homens. Não é necessário nos separarmos da realidade em que estamos inseridos, mas continuarmos atentos ao nosso testemunho entre os outros, com as pessoas, pois aqueles que viverão de acordo com a lei de Deus, serão levados para o Senhor na sua glória (cf. Mt 24,40).

Diante destas reflexões não devemos ficar apavorados, com medo, mas fazer a experiência da escuta sempre atenta da Palavra e, ao mesmo tempo, numa atitude de alegre espera, confiando na justiça do Senhor. Devemos caminhar como discípulos que anuncia a esperança num mundo onde a vida nova deverá nascer para todos, certos de que a salvação e o julgamento de Deus virá. Por isso a vida de oração e vigilância caracteriza a nossa preparação para celebrarmos o nascimento de Jesus e, ao mesmo tempo, estarmos atentos a cada momento de nossa vida para a segunda vinda do Senhor.

O profeta Isaías nos faz o convite para vivermos esta alegre espera: Vinde, todos da casa de Jacó, e deixemo-nos guiar pela luz do Senhor” (Is 2,5). Deixar guiar pela luz do Senhor nos dá a segurança e a certeza de que caminhamos para a vida eterna e que estamos iluminados e orientados por sua Lei. Neste sentido, o apóstolo Paulo nos exorta a revestirmo-nos do Senhor Jesus Cristo (cf. Rm 13,11-14). Revestir-se do Senhor é deixar de lado tudo aquilo que tira nossa dignidade e desfigura a nossa imagem de filhos de Deus.

Portanto é na Eucaristia e no encontro com a Palavra que devemos viver o Advento. A penitência e a oração são de suma importância para vivermos bem este tempo litúrgico. No encontro com os irmãos, partilhando o mesmo pão, partilhando também a Palavra e a vida, nas novenas de Natal em família, na reza do Terço e na contemplação do Presépio. Todas estas práticas e atitudes espirituais (e outras mais) nos colocam no clima da espera e da vigilância que o tempo do Advento nos propõe.

Que alegria, quando ouvi que me disseram: ‘vamos à casa do Senhor!’” O salmo 121(122) nos faz compreender que é na casa do Senhor que melhor poderemos aprender sobre a experiência do seu amor e sua misericórdia. Nessa Casa (Igreja) encontramos o alimento completo (Palavra e Eucaristia) e a razão de sermos filhos e imagem do Deus que nos criou e nos quer presentes no seu reino eterno: Amém!

 

 

***

⇒ POESIA ⇐

Espera atenta e ativa

 

Atentos à voz do Senhor
Trazendo-nos a redenção,
A este mundo em conflitos,
Carente de reconciliação
E as dores sufocando
Toda a nossa criação.

 Atentos à Palavra Santa,
Que vem nos comunicar,
A perfeita alegria de Deus
Chegando a nos despertar,
E das trevas nós fujamos,
Firmes sempre a caminhar.

 Atentos à Luz verdadeira,
Clareando o espaço sagrado,
E às flores que perfumam,
O nosso tempo esperado,
Do Verbo que sempre vem,
Nosso Deus muito amado.

 Que vença o amor de Deus,
Em toda a humanidade,
E espalhando o diálogo,
No lugar da maldade
E em todos os corações,
Renasça a fraternidade.

 Pés firmes na longa estrada,
E em nosso bom Senhor,
Que renasça a alegria,
Sem o medo e o rancor,
E que se acenda chama,
Da vida e do esplendor!

 Sejamos também presentes
Do Deus eterno amor,
Supremo, Verbo, vida
Menino, santo e Senhor.
E na santa comunhão,
Esperemos o Salvador.

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, o Filho do Homem, ilumine o seu caminho! ***

 

 

SOLENIDADE DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, REI DO UNIVERSO

ANO NACIONAL DO LAICATO

Leituras: Dn 7,13-14; Sl 92(93); Ap 1,5-8; Jo 18,33b-37

 

POESIA

ESTE REI NÃO É DESTE MUNDO

 

Este Rei é Divino,
Ele vem das alturas,
Desceu com ternura,
Para nos libertar.
Ele é mensageiro,
Para os caminheiros,
Vem anunciar.

É um Rei diferente,
De natureza humana,
A nós se irmana,
Pra poder chegar.
Seu reino é amor,
Faz-se servidor,
É assim, seu reinar.

Não vem com soldados,
Vive a mansidão,
Não tem opressão,
Só vem para amar.
Chama à conversão,
Envia em missão,
Pra outros chamar.

Ele não tem fama,
Tem simplicidade
Sem publicidade,
Sem triunfalismo.
Seu reino é semente,
Na vida da gente,
Sem popularismo.

Ele é nosso mestre,
Sempre a ensinar,
A quem quer escutar,
Com perseverança.
Quer sempre acolher,
A quem quer lhe ver,
Pois ele é esperança.

Reinai ó Senhor,
Em nossa existência,
Dai-nos a clemencia,
Tua salvação.
Pois se a ti seguimos,
Contigo partimos
Para a redenção.

 

HOMILIA

Ele é o Alfa e Ômega, o começo e fim…

O Evangelho de João nos traz o encontro de dois Reis. Um é o Rei Herodes que tem um exército, é rico, age pela frieza, pelo poder perverso, pelo autoritarismo e o popularismo. O segundo rei, Jesus, é pobre, o homem manso, cheio de misericórdia, sem armas e sem soldados. Seu Reino não é deste mundo, pois vem do alto e está acima dos poderes terrenos.

A realeza de Jesus está marcada pela caridade e acolhimentos aos que sofrem e querem a salvação eterna. Também estão presentes neste reino a verdade, a justiça, o serviço e o amor incondicional pela fidelidade à missão que Deus Pai confiou a Ele.

Por não ser deste mundo, este Rei não se afasta das realidades humanas e das situações de injustiças e domínios perversos contra os homens e mulheres. Ele se importa e sente as dores das situações de opressão, de politicagens, sofrimentos interiores e exteriores dos humanos; os que seguem este Rei são inseridos nele para viver a missão de propagar a realeza divina no meio da humanidade.

A primeira leitura, do livro de Daniel, se refere ao Rei e ao seu Reino: “Foram-lhe dados poder, honra e realeza, e todos os povos, nações e línguas o servem; seu poder é eterno que não lhe será tirado, e seu reino, um reino que não se dissolverá” (Dn 7,14).

Os reinos da terra e dos homens, portanto são finitos e se dissolvem ao mesmo tempo em que são marcados pela imposição e pela ordem cega. Quanto à segunda leitura, tirada do Apocalipse, nos fala sobre o Rei divino: “Jesus Cristo é a testemunha fiel, o primeiro a ressuscitar dentre os mortos, o soberano dos reis da terra” (Ap 1,5). O poder de Cristo está além da dimensão humana, pois é marcado pela fidelidade, vence a morte, traz a ressurreição e resgata os errantes pela misericórdia.

Agora vem a reflexão: como vejo Cristo e seu reinado na minha vida e na vida da Igreja? É importante lembrar que a nossa postura e nossa ação como cristãos no mundo e no apostolado, depende de como estamos concebendo Cristo através de nossas opiniões particulares. Para uns, ser cristão é ser soldado a serviço de ordens irrevogáveis, sem poder dizer não. Para outros é obedecer a um rei intolerante, que está a toda hora castigando àqueles que não cumprem suas determinações.

É importante que vejamos a relação de Jesus com seus discípulos e sua postura diante daqueles que o busca. Primeiramente ele não tem exércitos para mandar, mas discípulos que o seguem por amor e adesão livre. Depois ele não impõe ordens e nem obriga ninguém a segui-lo, ensina-os com amor, coloca os critérios, os riscos consequentes dos que o acompanham e depois os chama para serem discípulos e não soldados.

O reinado de Jesus é marcado pela alegria e gratidão, pois no seu nascimento os anjos cantam de alegria diante dos pastores da noite de Belém. “Cegos recuperam a vista, paralíticos andam, leprosos são purificados e surdos ouvem, mortos ressuscitam e aos pobres se anuncia a Boa-Nova” (Lc 7,22). Todas estas ações milagrosas de Jesus são posteriormente marcadas pela alegria dos que foram curados. Muitos destes tornaram-se discípulos para sempre. E o coroamento da alegria mais completa é a sua própria ressurreição, na mais linda e alegre das manhãs dos discípulos e das mulheres que seguiam o Senhor.

Portanto, fazer parte deste Reino é viver a alegria, a fraternidade, a justiça, o sonho de um mundo de paz e o pé na estrada para a vida definitiva. É buscar a santidade, vivendo na escuta da Palavra e se alimentando do corpo do Senhor, sendo também corpo, membros em comunhão, rezando e cantando como o salmo 92: “Verdadeiros são os vossos testemunhos, refulge a santidade em vossa casa, pelos séculos, dos séculos, Senhor!”.

 

XXXIII DOMINGO DO TEMPO COMUM

ANO NACIONAL DO LAICATO

II DIA MUNDIAL DOS POBRES

Leituras: Dn 12,1-3; Sl 15(16); Hb 10,11-14.18; Mc 13,24-32

 

POESIA

PALAVRAS ETERNAS

 

Palavras eternas são as do Senhor,
Semeadas nos corações dos homens,
Como sinal que germina o seu amor,
Como lâmpada no seu caminhar,
Como vida para partilhar,
Como ação do Criador.

Eterna é a vida prometida,
Que já começa aqui neste mundo,
O Reino da Paz refletida,
Que está além da vida natural,
Dos céus, do sol, da lua afinal,
E a eternidade sempre prometida.

Eterno é o teu Reino em ação,
Presente na Palavra encarnada,
Que cura, converte e chama para missão,
Que nos chama a ser sal e luz,
Que pelos caminhos nos conduz,
E nos apresenta a Salvação.

Eterno é o teu amor frente às nações,
Que percorreu com o teu povo a caminhar,
Mesmo diante das infidelidades e traições,
Mas que pelos seus caminhos permaneceu,
Esperando a fidelidade que não morreu,
Que chegou até nós suas promessas e ações.

 

HOMILIA

Guardai-me, ó Deus, porque em vós me refugio!

O texto do evangelho de Marcos, neste penúltimo domingo do Tempo comum, nos apresenta Jesus ensinando aos discípulos sobre o final dos tempos. Trata-se de uma narração apocalíptica onde fenômenos naturais de grandes dimensões poderão acontecer. O importante é refletirmos que o sol, a lua, as estrelas, o céu, a terra são finitos e um dia poderão passar, mas Deus e sua Palavra não passarão, porque são eternos (cf. Mc 13,31).

O foco da nossa reflexão é a ação de Deus na sua vinda gloriosa para julgar a terra e para isso ele nos ensina como será este acontecimento: Ele enviará os anjos aos quatros cantos da terra e reunirá os eleitos de Deus, de uma extremidade a outra da terra (cf. Mc 13,27). E duas coisas são importantes para que estejamos atentos: primeiro, a Palavra de Deus é eterna e, segundo, não se sabe nem como, nem quando será o seu julgamento, muito menos o dia e a hora que irá acontecer, somente o Pai sabe (cf. Mc 13,32).

Para os cristãos que vivem no aqui e no agora, com o pé na realidade da vida, este evangelho nos ajudará a pensar que a construção do Reino já inicia neste mundo, com o cuidado de viver como discípulos atentos aos acontecimentos diversos e olhar a tantas situações, destruições naturais, religiosas e morais.

Quantas vezes a natureza é afetada pelas mãos humanas somente pelo interesse de se obter lucro, crescimento econômico, sem uma visão de zelo pela Criação de Deus. Os rios poluídos, as cidades caóticas, as florestas destruídas etc. As consequências são imensas quando se age assim. O cristão deve estar atento a esta realidade.

Outra realidade que pode colocar a humanidade em risco é o relativismo religioso, ou seja, quando parece que Deus não é mais nosso Pai, que cuida de seus filhos, mas nosso empregado, que deve realizar nossos desejos materiais, na hora que queremos.

Como ser luz do mundo nesta diversidade de opiniões que muitas vezes não levam em conta os direitos humanos e até mesmo a Constituição do País? As questões acima levantadas parecem não dizer respeito ao evangelho citado nesta liturgia, mas se fizermos uma reflexão mais profunda, podemos nos perguntar: porque existem tantas mortes, famílias destruídas, inundações e tragédias naturais? Elas são consequências de atitudes humanas, seja ela consciente ou decorrente de uma mentalidade de indiferença às realidades que compõem a nossa existência.

Somos cristãos, vivendo na pós-modernidade e esta nos traz muitos desafios, mudanças ideológicas, econômicas e tecnológicas traduzidas no imediatismo das novidades, nos grandes eventos, nas aparências, nas redes sociais vazias de conteúdo do sentido essencial da vida, porém marcadas por muitas imagens e sons que em alguns momentos são agressivos e maléficos à saúde mental e espiritual dos humanos. Falta-nos a dimensão da interioridade e da espiritualidade para a construção das consciências.

Frente a tantas situações avassaladoras, Jesus nos olhará e nos julgará se fomos capazes de ser luz diante destes sinais modernos. A primeira leitura, no livro de Daniel, nos fará referência aos que viveram de acordo com a Lei do Senhor: “Os que tiverem sido sábios brilharão como o firmamento e os que tiverem ensinado a muitos homens os caminhos das virtudes brilharão como as estrelas, por toda a eternidade” (Dn 12,3).

Não basta vivermos na retidão fundamentada numa fé intimista, individualista, mas também ensinar aos outros os caminhos do Senhor assim como Jesus, tantas vezes, preparou os seus discípulos para serem fermento na massa, sal da terra e mensageiros da sua Palavra por todo o mundo.

Precisamos usar os meios que temos para evangelizar, tais como as redes sociais, mas não somente estas… Precisamos lembrar que, em alguns momentos, somente a presença física, humana, cuidadosa e acolhedora, poderá ser instrumentos de escuta atenta, abraçar verdadeiro, de acolhimento para enxugar as lágrimas que vem do clamor do próximo…

Portanto, o Evangelho nos mostra a esperança de todos os que vivem como mensageiro da Justiça e do amor. Por isso se faz necessário estarmos mais atentos aos irmãos que sofrem e também voltados para os cuidados com a criação de Deus. Os que se portarem assim serão levados para as mãos divinas e “brilharão como estrelas, por toda a eternidade” (Dn 12,3). Peçamos as luzes do Santo Espírito no nosso caminho rumo à morada eterna, porém construindo já, e aqui, o Reino de Deus.

 

XXXII DOMINGO DO TEMPO COMUM

ANO NACIONAL DO LAICATO

Leituras: 1Rs 17,10-16; Sl 145(146); Hb 9,24-28; Mc 12,38-44

 

POESIA

NOSSA VERDADEIRA OFERTA

 

Nossa verdadeira oferta é a entrega,
Entrega total do coração,
Do que temos e que não sobra,
Mas que é obra de doação.

Nossa verdadeira oferta vem da alma,
Da coragem e da caridade,
De se consumir em busca de Deus,
De segui-lo no caminho e na fidelidade.

Nossa verdadeira oferta vem da confiança,
Nos desígnios do Senhor,
Na simplicidade da vida orante e da luta,
Carregada de esperança e amor…

Enfim a verdadeira oferta opera milagre,
Na vida de quem recebe e de que faz,
Pois a retribuição será diferente, transformada,
Carrega o coração num sentimento de Paz.

 

HOMILIA

O caminho de Jesus à conversão e ao discipulado

O texto do Evangelho deste domingo apresenta Jesus em Jerusalém, alertando à multidão e aos seus discípulos sobre o comportamento dos doutores da lei, que são incoerentes com o que dizem e ao mesmo tempo carentes de uma experiência espiritual voltada para a caridade a respeito dos pobres, das viúvas, dos doentes, dos estrangeiros etc. Eles valorizam de forma exagerada os aspectos exteriores, as aparências.

Num segundo momento, Jesus observa, no Templo, o comportamento daqueles que trazem suas ofertas (esmolas). Aí existem dois grupos com comportamentos totalmente diferenciados no que se refere às doações. Primero os ricos, que depositavam grandes quantias (cf. Mc 12,41b); depois o grupo dos pobres representado pela viúva que deu tudo que tinha: duas pequenas moedas (cf. Mc 12,42). Segundo estudiosos, pelo próprio texto do Evangelho, podemos deduzir que a quantia da esmola oferecida era declarada publicamente.

Jesus chama os discípulos, ensina-os que a viúva fez a verdadeira oferta, por que deu tudo o que tinha, confiando totalmente na providência de Divina (cf. Mc 12,44). Na primeira aliança, no primeiro livro de Reis, constatamos também uma viúva diante do profeta Elias que também obedece à Palavra de Deus: “Porque assim fala o Senhor, Deus de Israel: a vasilha de farinha não acabará e a jarra de azeite não diminuirá, até o dia em que o Senhor enviar a chuva sobre a face da terra” (1Rs 17,14).

De acordo com o que vimos nas leituras, quantas lições dentro da experiência cristã podemos tirar? Qual é a verdadeira oferta? Como tem sido o comportamento dos cristãos nas nossas comunidades e grupos pastorais referente a compreensão e a prática da esmola?

É interessante observar que nos dias atuais temos uma valorização exagerada dos que têm mais poder aquisitivo e que gostam das honrarias. Muitas vezes avaliamos os outros pelo aspecto exterior e também pelo seu status. É lamentável que mesmo dentro dos grupos cristãos isto é visível. Podemos dizer que este comportamento humano, sobretudo quando vivido pelos que se dizem cristãos, é um grande obstáculo na vida dos verdadeiros discípulos do Senhor, pois a Igreja deve expressar o rosto de Cristo, servidor e caridoso.

A viúva é a figura dos que se entregam totalmente nas mãos de Deus; dos que quando oferecem a ajuda fazem com todo o corpo e com toda a alma, dos que se consomem dia e noite, vivendo a caridade sem medo de que lhe falte alguma coisa.

A oferta dos ricos no evangelho pode nos lembrar o poder público que tanto arrecada aos seus cofres, mas quando é preciso devolver para os que necessitam (pobres, doentes, abandonados nas ruas, etc.) esbarra na burocracia, nos interesses particulares dos que estão à frente da administração e nem oferecem o que sobra, porém o que lhes faz ser visto pelo povo e que lhes pode render publicidade.

Podemos lembrar que a Igreja nasceu da caridade, quando não havia necessitados e todos partilhavam os bens (cf. At 2,42-47). Está ação é necessária e contínua entre os cristãos. Podemos lembrar abrigos para os idosos, as creches para as crianças pobres, as casas de apoio ao povo de rua, os hospitais para os aidéticos, para os portadores de câncer e muitas outras ações que são conduzidos pelas Igrejas e ainda mais, são mantidos pela ajuda não do governo, mas pela generosidade das pessoas de bem e de coração generoso as quais são como a viúva de Sarepta, a qual era pagã e que, obedecendo à Palavra do Senhor, deu do que tinha e não lhe faltou nada para a sua sobrevivência.

Portanto esta liturgia nos ensina a confiar na providência de Deus, a entregar a nossa vida sem reservas ao Senhor que nos chama e para que doemos não o tempo e a esmola que nos sobra, mas aquilo que temos e somos de corpo e alma. O seguimento a Jesus é vivido pela nossa entrega e nossa solidariedade no nosso trabalho, na nossa família, entre nossos amigos e na Igreja.

Que a nossa entrega seja manifestada no verdadeiro culto e que cresça a nossa consciência de uma Igreja que manifesta o rosto caridoso e misericordioso de Cristo, pois somos os seus membros vivos neste mundo.

 

SOLENIDADE DE TODOS OS SANTOS

ANO NACIONAL DO LAICATO

Leituras: Ap 7,2-4.9-14; Sl 23(24); 1Jo 3,1-3; Mt 5,1-12a

 

POESIA

QUEM É SANTO…

Para buscar e viver a santidade
Deve-se trilhar nos caminhos do Senhor,
Estar atento a Bíblia Sagrada,
Ser manso, justo e ter muito amor.
Deve-se viver as bem-aventuranças
Que Jesus nos deu como herança,
Que é centro do seu plano salvador.

A santidade não é coisa qualquer
Que a gente possa imaginar,
É caminhar no chão concreto da vida,
Não ter medo do que se possa encontrar,
Pois ser santo tem suas consequências,
Muitas vezes precisa-se paciência,
Para no caminho não desanimar.

No início da história dos cristãos,
Ser santo implicava muita ousadia,
Muitas vezes implicava ser devorado pelas feras,
Ou ser colocado em grelha com brasas que ardia,
Mas o santo em sua enorme dor,
Ainda carregava o senso de humor,
Quando o fogo em chama lhe consumia.

O ser santo é sempre destinado
Para toda pessoa que quiser,
Mas para isso é preciso requisito,
Pois, não se santifica de um jeito qualquer,
Pra isso é preciso ter vocação,
Não viver na fantasia e na ilusão,
Mas é possível para homem quanto para a mulher.

Tem que ter um coração de amor,
Ter muita paz e muita alegria,
Mesmo diante das tantas misérias,
Fazer da noite às vezes o dia,
Ser bondoso e de muita caridade,
Promover a paz e a unidade,
Onde há muitas vezes má sintonia.

Às vezes é também ser ignorado,
Não ser reconhecido ainda em vida,
Pois ser santo exige além do presente,
Vivendo o amor e uma paz refletida,
Carregar um coração aberto às ações divinas,
Acreditar noutra vida que não termina,
E em Jesus apostar o caminho e a lida.

Muitos viveram radicalmente a castidade,
Entregaram sua vida totalmente,
Sem de nada ter nem um apego,
Carregavam no corpo e em sua mente
Um coração entregue somente ao Senhor,
Vivendo o trabalho na oração e no amor,
Vivendo no serviço às pessoas carentes.

Temos que também reconhecer
Que santos não são somente os do altar,
Temos tantos santos que não os conhecemos,
Por isso é preciso acreditar,
Que santo são todos os bem-aventurados,
Que viveram o amor ao bem amado,
Na esperança no céu e com Jesus morar.

 

HOMILIA

Bem-aventurados são os que procuram o Senhor

Estamos iniciando mais um mês de caminhada com Jesus e celebramos liturgicamente o dia de todos os santos. Lembrando que no calendário geral da Igreja este dia é celebrado em 1º de novembro. No Brasil, esta solenidade é transferida para o domingo mais próximo para que o maior número de irmãos e irmãs possam refletir sobre a sua vocação para a santidade.

O Evangelho nos apresenta Jesus que sobe à montanha e senta para proclamar as bem-aventuranças à multidão e aos seus discípulos. É bom lembrarmos que a montanha na realidade bíblica e dos judeus é o lugar da manifestação de Deus. Na montanha, Deus fala com Moisés e lhe entrega o decálogo, ou seja, a lei para que o povo siga e busque prosseguir nos caminhos do Senhor. O sentar-se de Jesus também tem um significado: Jesus é o mestre. Ele ensina com autoridade, pois dá testemunho de todas as bem-aventuranças.

Diante dessa passagem escolhida pela Igreja para a liturgia de todos os Santos, podemos refletir sobre o ser santo. Quem, de acordo com as bem-aventuranças, então é santo? Quais a exigências para viver a santidade?

Primeiramente a santidade nos pede que sejamos discípulos de Cristo, na simplicidade, na humildade, com o pé no chão da vida e, sobretudo, no olhar atento às diversas situações do mundo, sejam econômicas, políticas, sociais ou religiosas. Sendo discípulo de olho no mundo, faz-se necessário outro olhar e uma vivência que é mais profunda: a nossa mansidão, a nossa fome de amor, a nossa sede de justiça e a nossa preocupação com a paz entre as nações.

Podemos nos perguntar: o que tem a ver comigo os conflitos no oriente médio? A violência nas cidades e no campo? A intolerância religiosa nos diversos recantos do mundo? Ser santo é estar atento a tudo isso. É pregar e viver o evangelho no mundo atual, sempre mantendo a essência da mensagem de Jesus Cristo.

Em segundo lugar temos de refletir que Jesus ainda apresenta uma última bem-aventurança e desta vez mais exigente do que simplesmente estar atento às realidades humanas do mundo: serão bem-aventurados (felizes) os que forem perseguidos por causa da justiça, também serão bem-aventurados os que forem perseguidos, injuriados e caluniados por causa de Jesus. (cf. Mt 5,10-12). A busca pela justiça e a experiência das consequências desta luta nos fará santos e nos levará aos céus. Esta deverá ser a alegria e a felicidade completa para os santos.

Finalmente não podemos esquecer que a vivência da santidade deve ser testemunhada no aqui e agora. Devemos ser mansos, justos, puros de coração, promotores da paz no grupo onde participamos, no nosso ciclo de trabalho, nas relações sociais e no nosso lar. Pois é na família, no meio dos filhos, irmãos, esposos, amigos que precisa-se de santos e santas. No meio dos ministros ordenados e religiosos, na missão cristã de cada dia, precisa-se de santos e santas.

Santos e santas, pessoas que sejam sal, luz e fermento na massa para aumentar cada vez mais a multidão dos bem-aventurados. Santos e santas que leiam e vivam a Palavra, que rezem e que sejam livres nos caminhos do Senhor e que façam o bem a todos.

Portanto, é sendo santos que podemos nos “juntar a multidão imensa de gente de todas as nações, tribos povos e línguas, incontáveis” (Ap 7,9), como nos fala são João na primeira leitura. Esta busca de santidade deve ser sempre no Senhor, como discípulos missionários. Assim podemos citar também o final da segunda leitura: “Todo o que espera nele purifica-se a si mesmo, como também ele é puro” (1Jo,3,3). E concluímos com o refrão do salmo desta liturgia: “É assim a geração dos que procuram o Senhor” (Sl 23/24). Sejamos, no meio do mundo, esta geração que procura o Senhor e que semeia o Evangelho para a santidade e salvação de todos. Amém.

 

XXX DOMINGO DO TEMPO COMUM

ANO NACIONAL DO LAICATO

Leituras: Jr 31,7-10; Sl 125(126); Hb 5,1-6; Mc 10,46-52

 

POESIA

UM CERTO BARTIMEU

Bem a beira do caminho
Tinha um certo Bartimeu
Que gritava com insistência,
Sendo filho de Timeu.
O seu grito foi ouvido,
Por Jesus foi atendido,
Pois a cura aconteceu.

No caminho de Jesus
Aquele homem foi seguindo
Tornou-se um discípulo seu,
Missionário foi agindo.
Proclamou a sua fé
Sempre disposto e de pé
Mundo novo construindo.

Nos caminhos do Senhor
Precisamos de coragem,
Viver a perseverança,
Partir para outras margens
Passos firmes a caminhar,
A fé sempre professar
Para levar a mensagem.

Precisamos estar atentos
Para o mundo em que estamos,
Ouvir o grito dos pobres,
Que nem sempre escutamos
Viver fé e caridade,
Construir fraternidade
No chão onde nós pisamos.

Nosso olhar, olhar de Deus.
Para as questões sociais,
Não ser pedra de tropeço,
Mas ser sempre um a mais
Que ajude a levantar
Os que estão a tropeçar,
Por causa dos capitais.

Jesus, mestre querido,
Sacerdote, eterno amor,
Curai todos os sofredores
Que padecem muita dor,
Mudai os acomodados,
Abri os olhos fechados,
Pois só vós, sois o Senhor.

 

HOMILIA

O caminho de Jesus à conversão e ao discipulado

O Evangelho deste domingo nos traz uma profunda reflexão sobre a ação de Jesus em nossa vida e na nossa busca de encontrá-lo, enxergá-lo e segui-lo. A caminho de Jerusalém, passando por Jericó, Jesus é seguido de uma grande multidão e também de seus discípulos. Alguém está à beira do caminho e é identificado como filho de Timeu, de nome Bartimeu. Sua condição social: cego e mendigo (cf. Mc 10,46). Sua postura: está atento ao Senhor que passa, e grita, confessando insistentemente: “Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim!”. Embora muitos queriam calá-lo. O seu grito perseverante chega aos ouvidos de Jesus que manda chamá-lo. O interessante é que o chamado é feito por um grupo de pessoas as quais empregam dois imperativos: “coragem levanta-te, Jesus te chama!”. Diante desta palavra aquele cego “joga o manto para trás” e vai até Jesus (Mc 10,5). Diante do milagre de Jesus, Bartimeu torna-se seu discípulo.

Esta narrativa de Marcos nos traz um leque de reflexões para a nossa vida pessoal, e, sobretudo, para a dimensão coletiva da vivência dos cristãos. Na dimensão pessoal podemos dizer que muitas vezes precisamos que o Senhor nos faça enxergar os seus caminhos para depois segui-lo.

Precisamos neste seguimento abrir os olhos para as situações de opressão, que colocam muitos irmãos e irmãs à beira do caminho, e as nossas misérias interiores, que nos trazem consequências que atrapalham o nosso discipulado. Quando se trata de uma atitude coletiva, podemos dizer que sem um olhar iluminado pelo Senhor não conseguimos perceber e ouvir os diversos gritos na nossa caminhada cristã. Muitas vezes queremos calar as pessoas, dizendo que a vida é assim e precisamos nos conformar e, por isso, não devemos lutar por uma vida digna como Deus sonhou.

Quantas vezes desencorajamos ou criticamos os irmãos que estão lutando por dignidade humana; quantos cristãos, irmãos e irmãs, que não conhecem e não sabem o que significa as ações sociais da Igreja (grito dos excluídos, comissão justiça e paz, povo da rua, Cáritas etc) e, por isso, criticam os que estão envolvidos nesta causa.

Bartimeu é a figura dos que gritam e não desistem mesmo diante das repreensões dos outros que caminham com Jesus; ele nos apresenta a conversão para seguir Jesus. No gesto do jogar o manto para trás e também é exemplo de fé no verdadeiro messias que veio para implantar o Reino e não somente curar e fazer milagres, por isso, acreditando segue o caminho de Jesus.

Este texto também nos convida a jogar o manto, ou seja, desfazer de tudo aquilo que nos impede de seguir o Senhor, também nos convida a professarmos a confiança em Deus: “Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim!” (Mc 10,47). A ação salvadora de Jesus já era a promessa desde a antiga aliança como fala o profeta Jeremias na 1ª leitura: “Eis que eu os trarei do país do Norte e os reunirei desde as extremidades da terra; entre eles há cegos e aleijados, são uma grande multidão os que retornam. Eles chegarão entre lágrimas e eu os receberei entre preces; eu os conduzirei por torrentes d’água, por um caminho reto onde não tropeçarão…” (Jr 31,8-9). Deus salva os que sofrem e os conduz pelos seus caminhos.

Em Hebreus 5,6 podemos ver que Jesus é o sacerdote eterno que viveu como homem, porém a sua natureza humana não tinha inclinação para o pecado, portando veio para conduzi todos os homens na recriação, ou seja, a salvação.

Peçamos ao Senhor a graça de abrir os nossos olhos para ver o mundo e a vida com o olhar de Deus. Agradeçamos, pois Ele nos chama e nos traz a alegria e realização completa e digamos como o salmo responsorial desta liturgia dominical: “Maravilhas fez conosco o Senhor, exultemos de alegria!”. Amém.