Teste

 

“O vinheteiro e a figueira”, 1886–1894, J. Tissot (1836–1902)

 

Ouça o áudio preparado para esta liturgia (pode demorar alguns segundos)

Leituras: Ex 3-1-8a.13-15; Sl 102; 1Cor 10,1-6.10.12; Lc 13,1-9

 

⇒ POESIA ⇐

A PACIÊNCIA DE DEUS

 

Peço-te Senhor
A tua paciência,
Na minha deficiência,
Nas minhas murmurações,
E também nas decepções,
Que me fazem desviar,
Este meu caminhar,
Para as ilusões.

Peço-te Senhor,
A tua sabedoria,
Que me alumia,
Sem nada cobrar,
Mas quer me encaminhar,
Para a estrada correta,
Que também me alerta,
Aonde devo chegar.

Obrigado Senhor,
Em ti minha esperança,
Que espera e não se cansa,
Cuidando com carinho,
Indicando-me o caminho,
Para a santificação,
Sem que esqueça o meu chão,
E sem que eu fique sozinho.

Sigo em frente Senhor,
Neste meu caminhar,
Sei que vais me ajudar,
Nesta vida peregrina,
Tua Palavra me ensina,
Quero então prosseguir,
Firme e sem desistir,
Pois teu amor me anima.

 

⇒ HOMILIA ⇐

A Palavra de Deus nos faz fecundos

Lc 13,1-9

 

Seguimos em frente com o Senhor neste tempo quaresmal em busca da santidade, que é construída através da nossa conversão constante. O Evangelho deste 3º domingo da quaresma está em Lucas (13,1-9) e é constituído de duas partes.

Na primeira, a narração de algumas pessoas que chegam a Jesus para falar sobre o massacre de Pilatos contra alguns galileus. Jesus por sua vez, também lembra o desastre da torre de Siloé (cf. Lc 13,1-4). A intenção das pessoas que foram interrogar Jesus era saber sobre a posição dele a respeito destes acontecimentos. Jesus esclarece que estes fatos não são castigos de Deus, por causa dos pecados das pessoas, embora Deus queira que todos reconheçam seus pecados e tomem consciência da necessidade de conversão e, porém, os desastres e massacres não são uma vingança divina por causa dos pecados pessoais, mas muitas vezes, estas realidades são consequência dos atos humanos, do descuido, da violência, da opressão, da desumanidade e da tirania.

A segunda parte do evangelho trata da parábola da figueira estéril. A vinha é imagem do povo de Israel, sendo que o dono dela é o próprio Deus, que cuida com calma, carinho e misericórdia.

Diante de texto, podemos tirar vários ensinamentos para o processo de nossa conversão. O dono da vinha fala: “E Jesus contou esta parábola: ‘Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha. Foi até ela procurar figos e não encontrou. Então disse ao vinhateiro: ‘Já faz três anos que venho procurando figos nesta figueira e nada encontro. Corta-a! Por que está ela inutilizando a terra?’. Ele, porém, respondeu: ‘Senhor, deixa a figueira ainda este ano. Vou cavar em volta dela e colocar adubo. Pode ser que venha a dar fruto. Se não der, então tu a cortarás’”. (Lc 13,6-9).

Podemos refletir que os três anos de Jesus na sua caminhada pública com os seus discípulos, junto ao povo e nos conflitos com os fariseus e outras lideranças, foi este período de cuidado e espera na busca dos frutos de conversão. Inicialmente ele pouco encontrou nos seus ouvintes e seguidores esta realidade.

Mas aqui entra a paciência e a espera de Deus para que a figueira seja renovada, adubada para dar frutos. No início desta vinha na caminhada do povo, na Bíblia, está Moisés que é chamado a cuidá-la, cultivá-la e livrá-la de toda a opressão imposta pelo faraó do Egito. Moisés foi o cuidador da vinha divina e durante muito tempo enfrentou o desafio dos murmúrios do povo, da sua idolatria e incredulidade para com o Deus da aliança. No chamado de Moisés está a memória de todos os percursos da história do seu povo desde os primeiros pais: “Eu sou o Deus de teus pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó” (Ex 3,6).

Paulo também faz memória da caminhada do povo da primeira aliança: “todos foram batizados em Moisés, sob a nuvem e pelo mar; e todos comeram do mesmo alimento espiritual, e todos beberam da mesma bebida espiritual” (1Cor 10,3-4).

Precisamos refletir sobre nossas raízes espirituais e bíblicas, lembrando-nos do povo de Deus na sua caminhada pelo deserto e contemplarmos o percurso até nós, o povo da nova aliança. Nisto percebemos que Deus sempre caminhou conosco, o seu povo, mesmo em meio aos erros e durezas de nosso coração. Neste olhar e neste refletir, reconhecemos que ele sempre foi paciente, misericordioso e cuidadoso conosco, inclusive nos dando inúmeras chances de nos revermos e mudarmos de vida.

Os cristãos são chamados a buscarem nesta quaresma o cuidado, o preparo (adubo) com suas raízes espirituais, para poderem produzir a unidade, a fraternidade, o amor e a justiça, como sementes que fazem crescer a messe do Senhor.

Às vezes em alguns momentos de nossa vida, o nosso comodismo e a nossa indiferença com o Evangelho, passa a ser a expressão da figueira estéril, a qual será descartada, pois não fará sentido a sua existência se não produzir frutos.

Faz-se necessário que a nossa vida seja regada pela Palavra de Deus, alimentada pela Eucaristia, fortificada pela vida de oração, revisada pela penitência, vivida na caridade e ao mesmo tempo motivada para a missão evangelizadora, produzindo assim os frutos que se expressam no autêntico testemunho de cristãos, sal da terra e luz do mundo (cf. Mt 5,13-14).

Peçamos ao Senhor a sua graça para que nos conceda a perseverança na nossa busca de conversão e nos fortaleça com a sua Palavra para tornar o nosso caminhar fecundo e cheio de sentido.

Que a Palavra e a Luz do Bom Pastor ilumine o seu caminho.

 

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