ANO NACIONAL DO LAICATO
Leituras: Jr 23,1-6; Sl 22; Ef 2,13-18; Mc 6,30-34
POESIA
A COMPAIXÃO DE JESUS
Coração que acolhe,
Que tem atenção,
Que dispensa o descanso,
Que dá proteção,
Que tem tanto amor,
Vê no povo o clamor,
Da sua missão.
Coração que contempla
Que vem abraçar,
Que olha as ovelhas,
Sem as desprezar
Pastor santo e forte,
Que expulsa a morte,
Para a vida ofertar.
Coração solidário,
Com olhar sempre atento,
Para os desprezados,
Sendo altar e alimento.
Aos que vem ao convívio,
Traz a todos o alívio,
Saciando os sedentos.
Coração que ensina,
E nos chama atenção,
Pelos tantos desprezos,
E ausência da missão,
De alguns dos pastores,
Que não são protetores,
Por faltar compaixão.
Coração que alerta,
Sobre o nosso egoísmo,
Quando buscamos bem-estar,
Somente no individualismo,
Esquecemos os sofridos,
Abandonamos os feridos,
E vivemos o cinismo.
Abrasai ó Senhor,
Nosso ser, nossa vida,
Tocai nossa memória,
Às vezes adormecida.
Ensinai a compaixão,
Para vivermos a ação,
Na missão assumida.
HOMILIA
O Senhor nos ensina sobre a compaixão
Nesta liturgia do 16º domingo do tempo comum somos convocados a refletir sobre os frutos da missão dos discípulos de Cristo e sobre o olhar cheio de compaixão que ele tem pelas pessoas cansadas da opressão e necessitadas da atenção e o do amor de Deus em suas vidas.
No domingo passado refletimos sobre o envio dos discípulos e sobre as orientações que o Mestre lhes deu. O trabalho dos missionários de Jesus trouxe muitos frutos, pois ao voltarem, as multidões buscam Jesus cada vez mais. O missionário é enviado por Jesus e levará no seu coração a chama viva do amor ardente pela compaixão e depois retorna a Jesus para juntos partilhar das alegrias e das tantas experiências vividas na missão confiada.
A missão parte de Jesus e retorna novamente a Ele. Nesta liturgia, podemos vivenciar os efeitos da participação dos discípulos no ministério de Jesus. Eles são os continuadores da mensagem do Reino. Para ter êxito na missão é necessário a oração e o deserto para que se interiorize tudo o que foi vivido e para que se prossiga o trabalho. Os discípulos continuarão com Jesus e agora viverão de forma mais intensa o ministério missionário. O barco será o transporte usado para as travessias, em virtude da missão e do trabalho da pesca, pois eles vivem daquele alimento material.
Na segunda parte do Evangelho, Marcos nos apresenta Jesus comovido: “Jesus viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor.” (Mc 6,34). O que pensou Jesus naquele momento? O que disse aos seus discípulos sobre aquele povo? O detalhe que temos, é descrito pelo próprio evangelista: “eram como ovelhas sem pastor” (Mc 6,34). Esta frase nos leva a pensar também nos dias de hoje, quando muitos rebanhos estão também como que ovelhas sem alguém que se preocupe com o pastoreio, pois os cristãos estão mais fechados nas estruturas normativas e físicas e por isso não se dispunham a saírem para se compadecer do povo sofrido.
Neste sentido o Papa Francisco também nos alerta: “Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de agarrar às próprias seguranças”[1]. E agora nos perguntamos: até que ponto nós catequistas, ministros da Eucaristia, membros de pastoral familiar, grupos jovens, animadores de comunidades, os diversos grupos da Igreja e inclusive diáconos, padres e bispos carregamos no nosso coração a compaixão de Jesus pelo povo?
O Evangelho de hoje nos leva a refletir profundamente sobre esta questão que é, por sinal, a missão principal da Igreja: buscar, cuidar e alimentar as ovelhas que estão no mundo esperando que alguém lhes dê a mínima atenção. Vivemos cada vez mais ocupados em dar conta da correria do dia a dia e não há mais espaços para a atenção, para o cuidado e para o escutar e estar com o outro…
Ainda falando sobre pastor e ovelhas, na primeira leitura, do profeta Jeremias, temos outra chamada de atenção sobre o ministério pastoral: “Ai dos pastores que deixam perder-se e dispersar-se o rebanho de minha pastagem, diz o Senhor!” (Jr 23,1). Nesta leitura, o profeta se refere aos governantes também como pastores, pois também pastoreiam o povo. Assim, nos dias de hoje, nossos representantes políticos, inclusive escolhidos por voto direto, são de certa forma, nossos pastores, pois devem estar atentos às necessidades da nação. Devem cuidar do bem-estar, da justiça e favorecer todos os direitos que as pessoas necessitam. Devem zelar pela vida e dignidade de todos.
Olhando o cenário político do mundo também vemos o descaso e a indiferença destes pastores escolhidos para servir o povo. Falta a compaixão e o cuidado. E por isso, o alerta do profeta Jeremias serve para hoje no que se refere à postura e as atitudes dos que governam o povo.
Portanto, esta liturgia nos pede que reflitamos e busquemos tomar novas atitudes diante do chamado do Evangelho. Em alguns momentos como responsáveis por um grupo ou um cargo, somos pastores, e em outros momentos somos ovelhas necessitadas da compaixão do Bom Pastor, mas o que deve concretizar o Reino de Deus é o amor de Cristo que nos une.
São Paulo nos diz na segunda leitura: “Ele veio anunciar a paz a vós que estáveis longe, e a paz aos que estavam próximos” (Ef 2,17). É importante a convicção de que somos todos irmãos em Cristo sendo próximos ou não. Isso nos leva a participar da mesma mesa do Pastor eterno onde há a paz e a dignidade. Ele nos conduz por caminhos seguros (cf. Sl 22) e iluminados por sua luz. Que Ele tenha compaixão de nós. Amém.
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[1] Exortação Apostólica Evangelii Gaudium. A alegria do Evangelho: sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual. 2013, nº 49. Disponível em: <https://w2.vatican.va/content/francesco/pt/apost_exhortations/documents/papa-francesco_esortazione-ap_20131124_evangelii-gaudium.html>. Acesso em: 21 jul. 2018.
Maravilhoso poema!
Abrasai Senhor nosso ser, nossa Vida!!!
Poesia linda, Diácono! Deus continue o abençoando🙏🙌