ANO NACIONAL DO LAICATO
Cor Litúrgica: Verde
Leituras: Ex 16,2-4.12-15; Sl 77; Ef 4,17.20-24; Jo 6,24-35
O PÃO QUE VEM DO CÉU
Além do pão que vem da terra,
Que do trigo novo se faz grãos,
Plantado pelas mãos humanas,
Fruto do amor e da Criação,
Temos o pão da eternidade,
Que nos traz a novidade,
Para a nossa salvação.
Pão que se dá na Palavra Santa,
Pelas letras do Livro Sagrado,
Que nos orienta para a caminhada,
Fazendo sempre nos sentir amados,
Que muda nossos comportamentos,
Que transforma nossos sentimentos,
Como pérola e tesouro encontrados.
Pão que se oferece para a vida nova,
Na Mesa de todos e bem preparada,
Onde todos se voltam para o Alimento,
Como irmãos felizes da mesma estrada,
E então, se alimentam e se saciam,
E depois para mundo todos anunciam,
Esse Pão nos leva a eterna morada.
Alimento e Bebida que nos realiza,
Que nos sacia perfeitamente,
Dando-nos o sentido mais completo,
Alimentando a nós, a sua gente,
Configurando-nos ao seu imenso amor,
Nosso Pão da vida e Nosso Senhor
Força que nos faz seguir em frente.
Busquemos sempre por este Pão,
Nos caminhos da vida espiritual,
Mas, não deixemos de trabalhar,
Também pelo alimento material,
Porém, o Pão do céu é a maior razão,
Que nos dá força na tribulação,
Para a nossa vida, é santo sinal.
Que possamos ser Eucaristia,
No mundo das contradições,
No cotidiano de nossa existência,
Na vida, nas várias dimensões,
Na luta pelas causas sociais,
Nas fomes de comida e espirituais,
Na justiça do Reino nos fazendo iguais.
Por isso Senhor nós te pedimos,
Alimente em nós a confiança,
Pela providência do pão de cada dia,
Ensinai-nos o perdão em perseverança,
Perdoai-nos também as nossas ofensas,
Quebrai em nós toda a prepotência
Para que brote a Paz e a Esperança.
O Pão que nos leva à vida eterna
A liturgia deste 18º domingo do tempo comum dá continuidade ao capítulo 6 de João. É o discurso do “Pão da vida”, em que Jesus fala para a multidão sobre o Pão do Céu oferecido por Deus para a obra de salvação.
As pessoas querem mais pão material, querem vida fácil através de uma ação quase que mágica de Jesus. Jesus aproveita para reconduzir o foco na experiência do Pão Divino que sacia todo homem.
Esforçai-vos não pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que permanece até a vida eterna, e que o Filho do Homem vos dará (Jo 6,27). Essa é a grande mensagem para a multidão dos seguidores de Jesus. Desafio para nós cristãos dos dias atuais, quando o espírito do consumismo invade as consciências e a vida das pessoas de forma violenta e arbitrária. Jesus alerta à multidão para que realizem a grande obra de Deus, isto é, acreditar no Filho, enviado pelo Pai, que veio mostrar a sua face e ensinar a todos a viverem como irmãos.
O pão que Jesus oferece é o seu projeto de amor, onde todos podem se alimentar e também fazer com que a partilha, a fraternidade e a solidariedade estejam presentes como sentido principal da vida, numa caminhada onde não há mais fome de sentido da nossa existência. Somos saciados quando encontramos o sentido da nossa vida e a ofertamos como sinal de alegria e graça diante do mundo. Quando vivermos isso, estaremos alimentados do verdadeiro pão da vida, o qual está além da nossa fome do pão orgânico.
Entretanto, o Pão do céu é dom de Deus, é uma ação da pessoa do Pai. Os que estavam no deserto junto a Moisés receberam de Deus a providência do pão material, mas tiveram que aprender a confiar na providência divina quando receberam a ordem de não guardar para o outro dia (cf. Ex 16,4).
Muitas vezes, quando vamos à Missa, esquecemos que devemos alimentar nossa esperança no Pão do céu e não nas nossas barganhas com Deus. Não devemos agir como aquela multidão: querer um milagre de acordo com as nossas expectativas, como se a nossa presença na celebração fosse o suficiente para merecermos a graça.
Quando vamos à Missa, devemos estar atentos a duas dimensões: a primeira, é que se faz necessário escutar os ensinamentos da Palavra e receber o alimento da Eucaristia, para prosseguirmos nossa caminhada realizando a obra de Deus pela nossa
fé; a segunda é rezarmos que a providência de Deus para atue em nossa vida, mas esta dimensão não está submissa à nossa presença em uma Celebração, ela é gratuita por que Deus é misericordioso e nós é que temos a obrigação de cultuá-lo como um gesto de gratidão, obediência e amor ao Senhor. Podemos nos perguntar: o que iremos buscar na missa ou porque vamos à missa? Jesus nos pergunta: porque me procuram, porque buscam me encontrar?
Na segunda leitura, São Paulo nos exorta a despojarmos do homem velho para se revestir do homem novo (cf. Ef 4,17-24). Um ser humano que se insere no mundo do consumismo, achando que tudo pode, está, na verdade, com as atitudes do homem velho, porque está perdendo a imagem do qual foi criado por Deus. Por isso o Apóstolo nos alerta: Revesti o homem novo, criado à imagem de Deus, em verdadeira justiça e santidade. (Ef 4,24).
Trazer a imagem de Deus em nós está além da nossa visão física. Esta imagem é marcada por atitudes que transforma a nossa vida e da vida dos irmãos. As atitudes do homem novo se dão quando ele busca o verdadeiro pão do céu, e ao mesmo tempo se alimento do pão de cada dia, confiando na providência de Deus…
Portanto o homem novo é aquele que se alimenta do Pão do Céu e quer mostrar para o mundo que o sentido pleno da nossa existência está no alimento que vem do Céu. Por isso quando Jesus nos ensina a pedir o pão para cada dia, ele nos fala de Pão Nosso e de Pai nosso (cf. Mt 6,9-15). Porque o pão orgânico também é dado por Deus que é Pai de todos e por isso oferece a todos o Pão e a Vida. Ele é a fonte onde encontramos a força espiritual para labutarmos na vida. Ele é o alimento e a bebida plena que nos sacia completamente.
Ao sairmos do encontro com o Senhor, alimentados pela Palavra e pela Eucaristia, deveremos ir ao mundo como sinal de comunhão e de fraternidade, nas realidades da vida cotidiana, nos vários âmbitos sociais e comunitários. Na luta por justiça e pelo pão material e espiritual que se complementam e se tornam vida cheia de alegria e senso de irmandade. Sejais, o Senhor, nosso alimento e nossa esperança… Amém.