XXXIII Domingo do Tempo Comum, Ano B, São Marcos

⇒ Ano de São José (2020/2021) ⇐

 

Leituras: Dn 12,1-3; Sl 16(15); Hb 10,11-14.18; Mc 13,24-32

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

“Guardai-me, ó Deus, Porque em Vós me Refugio!”

Mc 13,24-32

 

Meus irmãos e irmãs, neste XXXIII Domingo do Tempo Comum, Dia Mundial dos Pobres, instituído pelo Papa Francisco em 2016(1), a Liturgia nos motiva a escutar e amar a Palavra que, diferente dos fenômenos naturais e sociais, não passará. E o Evangelho desta Liturgia está em Mc 13,24-32, última passagem do evangelista Marcos no Ano B.

Nesta Liturgia, Jesus está no monte das Oliveiras com Pedro, Tiago, João e André (cf. Mc 13,3). As leituras de hoje nos proporcionam uma reflexão a partir da expectativa da vinda gloriosa de Cristo, com os anjos, para nos julgar e reunir os eleitos (cf. Mc 13,27), que deverão estar atentos, pois ninguém, exceto o Pai, sabe o dia e a hora (cf. Mc 13,32). Também as leituras indicam, para os que vivem com o pé na realidade, direções para a disseminação Reino em diversas realidades, sejam sociais, religiosas ou morais.

Neste sentido, podemos nos perguntar quantas vezes a natureza é afetada por interesses em obter lucros sem a devida contrapartida social ou o zelo pela Criação de Deus, tais como rios poluídos, florestas destruídas, cidades caóticas etc. Outra realidade é o relativismo religioso, que não trata Deus como Pai que cuida dos necessitados ou das necessidades dos filhos, mas como um empregado que deve realizar os desejos humanos.

Esses problemas não teriam relação com o Evangelho desta Liturgia se não fossem consequências de uma cultura que produz uma mentalidade de indiferença, resultando em tragédias naturais e famílias destruídas. Também tecnologia propicia um imediatismo inédito na humanidade, em que, pelas redes sociais, surgem desejos de consumo rapidamente propagandeados e que desaparecem tão rapidamente quanto surgiram, dando lugar a novos impulsos de consumo.

Portanto, seremos julgados de acordo com a nossa capacidade de ser luz diante desses sinais pós-modernos. A primeira leitura desta Liturgia indica as consequências para os que viveram de acordo com a Lei do Senhor. Diz o profeta Daniel: “os que tiverem sido sábios brilharão como o firmamento; e os que tiverem ensinado a muitos homens os caminhos das virtudes brilharão como as estrelas, por toda a eternidade” (Dn 12,3).

Assim, não basta viver uma religiosidade intimista. É preciso ensinar a outros os caminhos do Senhor, sendo fermento na massa e sal da terra, evangelizando também nas redes sociais, sem deixar de lado a presença física e acolhedora, instrumentos de escuta e de acolhimento para enxugar as lágrimas que vêm do clamor do próximo.

Sobre a Carta a Patris Corde(2), a qual o Papa Francisco dedica a São José, finalizaremos hoje a apresentação tratando de dois aspectos. O primeiro, “pai trabalhador”, resgata que São José tem sido, desde o século XIX, identificado com o trabalho e o seu exemplo nos diz que o próprio Deus encarnado não ignorou o trabalho, aprendendo com ele as lidas dos negócios. Já o segundo aspecto, “pai na sombra”, nos diz que São José foi, para o Menino Deus, uma sombra do Pai celeste e é um exemplo para nossa época tão carente de paternidade. Amou discretamente Jesus e a Virgem, em doação, em missão, realizando-a de forma casta.

Rezemos a oração a São José do Papa Francisco: “Salve, guardião do Redentor e esposo da Virgem Maria! A vós, Deus confiou o seu Filho; em vós, Maria depositou a sua confiança; convosco, Cristo tornou-Se homem. Ó Bem-aventurado José, mostrai-vos pai também para nós e guiai-nos no caminho da vida. Alcançai-nos graça, misericórdia e coragem, e defendei-nos de todo o mal. Amém.”

Peçamos a Nossa Senhora do Rocio, padroeira do Paraná e cultuada no dia 15 de novembro, que ela rogue por nós para que nossos corações sejam abrasados pelo fogo do Espírito Santo e que estejamos prontos para a vinda de Cristo. Amém.

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(1) Cf. Carta Apostólica Misericordia et misera, n. 21. Disponível em: <https://www.vatican.va/content/francesco/pt/apost_letters/documents/papa-francesco-lettera-ap_20161120_misericordia-et-misera.html>. Publicado em: 20 nov. 2016. Acesso em: 11 nov. 2021.
(2) Disponível em: <https://www.vatican.va/content/francesco/pt/apost_letters/documents/papa-francesco-lettera-ap_20201208_patris-corde.html>. Publicado em: 8 dez. 2020. Acesso em: 15 out. 2021.

 

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⇒ POESIA ⇐

Palavras Eternas

Palavras eternas são as do Senhor,
Semeadas nos corações dos homens,
Como sinal que germina o Seu Amor,
Como lâmpada no Seu caminhar,
Como vida para partilhar,
Como ação do Criador.
*
Eterna é a vida garantida,
Que já começa aqui neste mundo,
O Reino da Paz refletida,
Que está além da vida natural,
Dos céus, do sol, da lua afinal,
E a eternidade sempre prometida.

*
Eterno é o Teu Reino em ação,
Presente na Palavra encarnada,
Que cura, converte e nos põe em missão,
Que nos chama a ser sal e luz,
Que pelos caminhos nos conduz,
E nos apresenta a salvação.

*
Eterno é o Teu Amor frente às nações,
Que percorreu com o Teu povo a caminhar,
Mesmo diante das infidelidades e traições,
Mas que pelos Seus caminhos permaneceu,
Esperando a fidelidade que não morreu,
Que chegou até nós suas promessas e ações.

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Referência da imagem: J. Tissot (1836-1902), In brooklynmuseum.org.

 

Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos motiva a escutar e amar a Palavra eterna, ilumine o seu caminho!