XII Domingo do Tempo Comum, Ano B, São Marcos

 

*** Ano de São José (2020/2021) ***

 

Leituras: 38,1.8-11; Sl 107(106); 2Cor 5,14-17; Mc 4,35-41

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Jesus Está Conosco no Mar Revolto de nossa Vida

Mc 4,35-41

 

Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal do XII Domingo nos motiva a contemplar a revelação de Jesus como Senhor dos fenômenos naturais, como o mar revolto. E o Evangelho desta Liturgia está em Mc 4,35-41, sequência do Domingo passado.

E no final daquela tarde Jesus está em travessia no Mar da Galileia, com alguns discípulos. Lá pelo meio do Mar a tempestade se aproxima, o barco vai se enchendo de água, mas Jesus está ali… tranquilo, dormindo. No desespero, os discípulos supõem que Jesus não se importa com eles. Serenamente, Jesus levanta e ordena à tempestade: “Silêncio! Cala-te!” (Mc 4,39). Em seguida a grande calmaria e acontece a pergunta de Jesus aos seus seguidores: “Porque sois tão medrosos? [em outra tradução: “Porque sois tão covardes?”] Ainda não tendes fé?” (Mc 4,40). Há um espanto por parte dos discípulos, pois ainda não reconheciam em Jesus a sua divindade e seu poder (cf. Mc 4,41).

E na travessia do mar de nossa vida, na nossa missão, devemos confiar que Jesus está no barco conosco. É Ele a origem da calma, da coragem e do equilíbrio diante das tribulações ou das tempestades existenciais, seja nos desafios da missão de cristão ou no cotidiano da nossa humanidade.

A verdade é que o desespero é uma das realidades humanas que nos afastam de Deus. E Ele, que nos dá três tipos de forças (ou virtudes) para estarmos sempre próximos, a Ele: a fé, a esperança e a caridade (cf. 1Cor 13,13). Em diversos momentos de nossa vida, quando no desespero, agimos como se Deus não caminhasse com a gente, como se estivesse dormindo. Somos fracos na fé, às vezes covardes quando nos escondemos atrás dos mais fracos e deixamos que o medo nos torne incapazes.

Mas o Apóstolo no exorta que a fé, que é a luz necessária para caminhar nas tribulações, é o fundamento da esperança (cf. Hb 11,1). Ser cristão, discípulo de Cristo, portanto, exige sacrifício, compromisso, entrega. Uma entrega à busca por uma profunda confiança na experiência do remar e do caminhar com Deus e seu projeto. Mais do que nossa própria humanidade (corajosa ou medrosa), é o próprio Espírito Santo, derramado em Pentecostes, quem nos alertará e nos preparará para os perigos nas tribulações e nas tempestades.

Por isso a importância do exercício da confiança no poder e na providência de Deus, tendo a certeza que Ele domina a tempestade, a ventania, o próprio mar. Ele é a rocha firme que fundamenta a fé e, consequentemente, a esperança. Como Jó, na primeira leitura desta liturgia, quando Deus, do meio da tempestade lhe pergunta: “quem fechou o mar com portas, quando ele jorrou com ímpeto do seio materno, quando eu lhe dava nuvens por vestes e névoas espessas por faixas” (Jó 38,8-9). Jó no seu sofrimento, pela fé, fez sua experiência do encontro com Deus, esse Deus que tem poder acima de qualquer tempestade.

Meditemos como está a vivência da nossa fé em meio às tempestades da nossa missão cristã, na nossa vocação assumida como pais de família, catequistas, ministros (ordinários ou extraordinários), coordenadores de pastorais e de movimentos – todos evangelizadores. Acolhamos o que nos diz São Paulo na segunda leitura desta Liturgia: “se alguém está em Cristo, é uma criatura nova. O mundo velho desapareceu. Tudo agora é novo.” (2Cor 5,17). Que a fé e a esperança sejam forças para estamos sempre próximos a Deus, remando e caminhando mesmo em meio às tempestades da nossa existência e da missão.

 

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⇒ POESIA ⇐

Com Jesus à Outra Margem

 

No caminhar desta vida terrestre,
Ou em meio ao mar das contradições,
Navegamos em meio às tempestades,
Nas águas fortes das agitações.
Para a outra margem remamos,
De encontro ao medo que enfrentamos,
Mas o Senhor acalma nossos corações.

Por que o medo nos vem tão forte?
Por quê de Cristo duvidar?
Se Ele caminha conosco tão presente,
E a gente vem a se apavorar?
Será por que ainda duvidamos,
Que somente no medo o buscamos?
Se Ele conosco sempre está?

E para atravessar esse mar bravio,
E para o outro lado ir com o Senhor,
Precisamos vencer a insegurança,
Que nos invade como um terror,
Precisamos também o outro aceitar,
Levando a palavra que vai salvar,
Com a força viva que é o amor.

E no nosso barco do qual estamos,
Outros irmãos estão remando,
Também com medo da tempestade,
Que no dia a dia vão enfrentado,
São tantos monstros a insistir,
Querendo a comunhão destruir,
Mas o Senhor está operando.

Então busquemos seguir em frente,
Tendo a certeza do Senhor presente,
Não somente na calmaria,
Mas na tempestade principalmente,
Porque Ele quer nosso seguimento,
Em cada dia, em cada momento,
Porquê é assim o discípulo crente.

E no hoje da grande embarcação,
Quando impera as contradições,
Quando não se confia mais na Providência,
Quando muitos navegam nas ilusões,
Os cristãos precisam firmes seguir,
Com Cristo presente a nos unir,
Vencendo o mar das decepções.

 

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*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que quer nosso seguimento, ilumine o seu caminho! ***