XIX Domingo do Tempo Comum, Ano B, São Marcos

 

⇒ Ano de São José (2020/2021) ⇐
Mês Vocacional – Domingo da Vocação para a Vida em Família ⇐
⇒ Semana Nacional da Família – tema “A Alegria do Amor da Família” ⇐
⇒ Dia dos Pais ⇐


 

Leituras: 1Rs 19,4-8; Sl 34(33); Ef 4,30-5,2; Jo 6,41-51

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Vencer os Murmúrios Contra o Senhor

Jo 6,41-51

 

Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal do XIX Domingo do Tempo Comum, o terceiro do “Discurso do Pão da Vida”(1), nos motiva a manter a contemplação em Cristo como o Pão que nos leva à vida eterna e também combater as tentações que nos levam a murmurar contra o Senhor. E o Evangelho desta Liturgia está em Jo 6,41-51.

Como não fez mais milagres para alimentar as pessoas materialmente, os judeus agora murmuram contra Jesus, que, para eles, era apenas o filho do carpinteiro. A mensagem da salvação está diante deles, mas distante dos seus entendimentos. Somente uma compreensão além da carne traz o sentido completo do Pão do Céu. Os murmuradores fizeram como aqueles que viam o maná como um dom de Moisés e não de Deus.

Murmuram porque não escutaram, como nos disse o Senhor: “Ora, todo aquele que escutou o Pai e por ele foi instruído, vem a mim” (Jo 6,45). A escuta da Palavra, escrita e ensinada, nos revela aos poucos o mistério de Deus e as portas se abrem com a chave da oração – seja comunitária seja pessoal.

A Igreja nos ensina que a Missa é o momento por excelência da escuta, pois “é a ação de Cristo e do povo de Deus hierarquicamente ordenado, é o centro de toda a vida cristã…”(2). Toda vez, portanto, que o presidente da celebração diz “oremos” ou “orai, irmãos e irmãs…” é uma chave que recebemos. Não nos esqueçamos das preces, do Pai-Nosso, do canto de comunhão e do silêncio eucarístico.

Para acolher o Senhor, como o nosso Pão da Vida, necessitamos da experiência do silêncio, em contraste com o murmúrio que luta contra o projeto de amor de Jesus. E nós? Será que também não murmuramos em nosso íntimo contra o Verbo de Deus? Como está a nossa escuta e a nossa adesão ao Chamado?

A primeira leitura desta Liturgia nos motiva a contemplar a vida dos profetas de Deus. Elias, um dos melhores exemplos do profetismo do Antigo Testamento, está triste e com sinceridade diante de Deus pede a morte e diz: “Agora basta, Senhor! Tira a minha vida, pois não sou melhor que meus pais.” (1Rs 19,4). Mas Deus impede a morte de Elias e ainda providencia alimento para que ele prossiga.

Quantas vezes nos sentimos, como o profeta Elias, tomados de angústia e cheio de dúvidas em continuar a caminhada? Mas Elias sabia que Deus caminhava com ele. E nós devemos ter a mesma fé quando estivermos desanimados. Quando isso acontecer devemos buscar em Deus o nosso alimento e o sentido da nossa vida e da nossa caminhada. Como reza a belíssima letra da saudosa Ir. Míria: “Levanta-te e come, levanta-te e come! / Que o caminho é longo! Caminho longo! (…) / Te faço caminhar, vale e monte atravessar / Pela Eucaristia, Eucaristia!”.(3)

São Paulo, na segunda leitura desta Liturgia, nos motiva para que a nossa fraternidade seja permeada pela bondade, pelo amor e pela concórdia (cf. Ef 4,32). Viver no amor de Cristo é a entrega na mansidão em contraste com a rebeldia, a amargura, a cólera e as murmurações. Os que buscam em Cristo o Pão da vida devem alimentar-se de bondade e da alegria evangélica.

E este segundo Domingo do Mês Vocacional é dedicado à vocação para a vida em família, Dia dos Pais e também início da Semana Nacional da Família, com o tema “A Alegria do Amor na Família”. Rezemos pela santificação das famílias e, consequentemente, de todos os lares.

Que possamos aprender do Evangelho que o próprio Cristo é o verdadeiro Pão que veio trazer a nossa salvação. Rezemos com o salmista: “Bendirei o Senhor Deus em todo o tempo, seu louvor estará sempre em minha boca. Minha alma se gloria no Senhor; que ouçam os humildes e se alegrem!” [Sl 34(33)].

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(1) Cf. BECKHÄUSER, Frei Alberto. O Ano Litúrgico: Com Reflexões Homiléticas para cada Solenidade, Domingo e Festa do Senhor. Petrópolis: Vozes, 2016. p. 226.
(2) Cf. IGMR, 16.
(3) “A Força da Eucaristia”, de Irmã Míria Kolling (*1939+2017).

 

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⇒ POESIA ⇐

Por Que Murmuras?

 

Por que murmuras?
Ó Criatura,
Nesta caminhada,
Pelas estradas,
Cadê a ternura,
Por teu Senhor,
Que tem amor,
Que é o Alimento,
Na noite escura.
*
Por que reclamas?
Discípulo irmão,
Por mim chamado,
E enviado,
Sempre em missão,
Estou contigo,
Sou teu amigo,
Sempre ao teu lado,
Em comunhão.

*
Se estás cansado,
Eis minha mesa,
Pronta pra ti,
Para seguir,
Tens gentileza,
Há muita estrada,
Até a chegada.
Acorda e vai,
Sempre em firmeza.

*
O Santo Espírito,
Já te marcou,
Pra seres irmão,
Em comunhão.
Se há discórdias,
Vivei no amor,
Sem o rancor,
Buscai a Paz,
Sou teu Senhor.


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Referência da foto: Sérgio Alexandre de Carvalho, In Pixabay

 

 

Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, o Pão que nos leva à vida eterna, ilumine o seu caminho!

XVIII Domingo do Tempo Comum, Ano B, São Marcos

 

⇒ Ano de São José (2020/2021) ⇐
Mês Vocacional – Domingo da Vocação aos Ministérios Ordenados ⇐

 

Leituras: Ex 16,2-4.12-15; Sl 78(77); Ef 4,17.20-24; Jo 6,24-35

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

O Pão que nos Leva à Vida Eterna

Jo 6,25-35

 

Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal do XVIII Domingo do Tempo Comum, o segundo Domingo do “Discurso do Pão da Vida”(1), nos motiva a contemplar Cristo como o Pão que nos leva à vida eterna. E o Evangelho desta Liturgia está em Jo 6,24-35.

Nesta Liturgia, Jesus fala à multidão sobre o Pão do Céu como um dom para a nossa salvação. A multidão desejava o pão material, isto é, que Jesus os proporcionasse uma vida fácil, mas o Senhor mostra que a experiência do Pão Divino é para saciar permanentemente. E Ele exorta: “Esforçai-vos não pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que permanece até a vida eterna, e que o Filho do Homem vos dará” (Jo 6,27).

Jesus oferece à multidão o Seu projeto de amor, onde todos se alimentam numa verdadeira fraternidade, onde há partilha e solidariedade. Na verdadeira caminhada com Cristo não há fome de sentido e nem de mesa vazia. Os cristãos são chamados, são desafiados a combater o consumismo que invade as consciências. E o Senhor nos diz que a grande obra que podemos fazer é crer verdadeiramente no Filho enviado pelo Pai (cf. Jo 6,29), que veio mostrar a Sua face e ensinar a todos a viverem como irmãos.

Desde o Antigo Testamento, como nos mostra a primeira leitura desta Liturgia, o envio do Pão do Céu é uma ação da pessoa do Pai e os que estavam no deserto junto a Moisés receberam o pão material (o maná), mas tiveram que aprender a confiar na Providência, quando receberam a ordem de não guardar para o outro dia (cf. Ex 16,4).

Quando vamos à Missa, devemos estar atentos a duas dimensões: a primeira é escutar a Palavra (escrita e ensinada) e receber a Eucaristia; a segunda é alimentar a fé para que a Providência de Deus atue em nossas vidas. Providência que é gratuita e não dependente de nossos merecimentos.

Agora devemos nos perguntar: O que buscamos na Missa? Estamos barganhando como aquela multidão que esperava um milagre para os problemas do dia a dia? E Jesus também pode nos perguntar: Porque me procuram? Porque buscam me encontrar? E nós, o que respondemos?

Na segunda leitura desta Liturgia, São Paulo nos exorta a nos revestirmos do homem novo (cf. Ef 4,17-24), criado à imagem de Deus, justo e santo. Trata-se de uma imagem marcada por atitudes que promovam a concórdia e fortaleçam a fé na Providência.

Portanto, irmãos e irmãs, o homem novo é aquele que se alimenta do Pão do Céu e quer ser sinal de confiança que o alimento (material e espiritual) vem do Céu. Por isso quando Jesus nos ensina a pedir o arroz com feijão de cada dia, nos fala de pão nosso e de Pai nosso (cf. Mt 6,9-15). Porque a fartura da mesa também é dada por Deus. Ele é a fonte onde encontramos a força material para labutarmos na vida. Ele é o Alimento e a Bebida plena que nos sacia abundantemente.

E neste primeiro Domingo do Mês Vocacional, dedicado ao ministério ordenado (Diáconos, Padres e Bispos), rezemos pela santificação e perseverança de todos aqueles que foram chamados e responderam ao sacramento da Ordem.

Ao sairmos do encontro com o Senhor, alimentados pela Palavra e pela Eucaristia, deveremos ir ao mundo como sinal de comunhão e de fraternidade nas realidades do cotidiano, social e comunitário. Que a Providência Divina derrame bênçãos sobre nossas necessidades, sejam materiais ou espirituais. E que busquemos sempre e primeiramente o Reino de Deus tendo a fé de que tudo o necessário nos será acrescentado (cf. Mt 6,33).

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(1) Cf. BECKHÄUSER, Frei Alberto. O Ano Litúrgico: Com Reflexões Homiléticas para cada Solenidade, Domingo e Festa do Senhor. Petrópolis: Vozes, 2016. p. 226.

 

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⇒ POESIA ⇐

O que Vem do Céu

 

Além do pão que vem da terra,
Que do trigo novo se faz grãos,
Plantado pelas mãos humanas,
Fruto do amor e da Criação,
Temos o Pão da eternidade,
Que nos traz a novidade,
Para a nossa salvação.
*
Pão que se dá na Palavra Santa,
Pelas letras do Livro Sagrado,
Que nos orienta para a caminhada,
Fazendo sempre nos sentir amados,
Que muda nossos comportamentos,
Que transforma nossos sentimentos,
Como pérola e tesouro encontrados.

*
Pão que se oferece para a vida nova,
Na Mesa de todos e bem preparada,
Onde todos se voltam para o Alimento,
Como irmãos felizes da mesma estrada,
E então, se alimentam e se saciam,
E depois para mundo todos anunciam,
Esse Pão nos leva a eterna morada.

*
Alimento e Bebida que nos realiza,
Que nos sacia perfeitamente,
Dando-nos o sentido mais completo,
Alimentando a nós, a Sua gente,
Configurando-nos ao Seu imenso amor,
Nosso Pão da Vida e Nosso Senhor
Força que nos faz seguir em frente.

*
Busquemos sempre por este Pão,
Nos caminhos da vida espiritual,
Mas, não deixemos de trabalhar,
Também pelo alimento material,
Porém, o Pão do Céu é a maior razão,
Que nos dá força na tribulação,
Para a nossa vida, é santo sinal.
*
Sejamos sinais da Eucaristia,
No mundo das contradições,
No cotidiano de nossa existência,
Na vida, nas várias situações,
Na luta pelas causas sociais,
Nas fomes de comida e espirituais,
Na justiça do Reino nos fazendo iguais.
*
Por isso Senhor nós te pedimos,
Alimente em nós a confiança,
Pela Providência do pão de cada dia,
Ensinai-nos o perdão em perseverança,
Perdoai-nos também as nossas ofensas,
Quebrai em nós toda a prepotência,
Para que brote a Paz e a Esperança.

 

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Referência da foto: Philip Walenga, In Pixabay

 

 

 

Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, como o Pão que nos leva à vida eterna, ilumine o seu caminho!