XIII Domingo do Tempo Comum, Ano B, São Marcos

 

*** Ano de São José (2020/2021) ***

 

Leituras: Sb 1,13-15;2,23-24; Sl 30(29); 2Cor 8,7.9.13-15; Mc 5,21-43

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Mãos que Curam e Trazem à Vida

Mc 5,21-43

 

Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal do XIII Domingo do Tempo Comum, neste Ano de São José, nos motiva a contemplar a revelação de Jesus que acolhe e cura duas mulheres, inaugurando, na sua ação ministerial, um espaço sem dominação masculina. E o Evangelho desta Liturgia está em Mc 5,21-43.

Nesta Liturgia, o evangelista Marcos apresenta Jesus noutra travessia, exercendo seu ministério salvífico junto à multidão que quer ouvi-lo, alcançar os milagres, ter uma experiência com a acolhida misericordiosa de Deus e a inclusão dos que estão doentes e marginalizados. Agora, Jesus é a causa de cura e de vida para duas mulheres.

A primeira é a hemorroíssa, mulher sem nome, conhecida apenas pela sua enfermidade, por isso impura e discriminada por 12 anos com fluxo de sangue. Pela sua fé, ela toca em Jesus e o próprio Jesus sente que alguém lhe tocou. Por isso Ele a acolhe e diz: “ ‘Filha, a tua fé te curou. Vai em paz e fica curada dessa doença” (Mc 5,34).

A segunda mulher, uma adolescente, também sem nome, mas filha de Jairo, chefe da sinagoga, que chega a ser considerada morta. Esta menina, pela fé de seu pai, que intercede por ela, recebe das mãos de Jesus a força da vida. E o texto diz: “Jesus pegou na mão da menina e disse (…) ‘Menina, levanta-te!’ Ela levantou-se imediatamente e começou a andar…” (Mc 5,41-42).

O tema da fé é apresentado mais uma vez por Jesus nos dois momentos (cf. Mc 5,34.36): tanto na hemorroíssa que vai a Jesus, quando Ele diz “tua fé te curou”; quanto em Jairo que leva Jesus à sua filha, Ele também diz “basta ter fé”.

É importante observarmos que, nos dois momentos, muitos ficam indiferentes ou hostis e duvidam de Jesus. No primeiro momento são os discípulos que duvidam dEle quando Jesus fala que alguém o tocou (cf. Mc 5,31). No segundo momento, na casa de Jairo, quando Jesus disse que a menina dormia, as pessoas caçoaram dele (cf. Mc 5,40).

No momento atual, em tempo de coronavírus, podemos verificar também as posturas de indiferença ou hostilidade com os sofrimentos e a carestia ou o descaso a respeito da solidariedade e do cuidado com a saúde e à vida das pessoas em situação de risco. Neste contexto podemos nos perguntar: como é a nossa atenção, como discípulos de Cristo, aos que buscam a nossa ajuda e o nosso cuidado? Como estou me comportando com relação aos enlutados, doentes e as diversas formas de tratamento, de imunização das pessoas do nosso país e do nosso mundo?

Esta Liturgia nos revela que o Senhor caminha conosco operando milagres da cura e de salvação, seja em meio à multidão, nas travessias da vida, nas nossas indiferenças, medos, desesperos, enfermidades, nos diversos sofrimentos. Deus quer que tenhamos fé nEle, buscando tocá-Lo quando recebemos a Eucaristia e nos deixando tocar por Ele na sua Palavra. Como nos ensinou o teólogo Royo Marín (*1913+2005), fomos feitos pelo Criador para sermos habitação dEle, mas Deus quer nossa decisão de que Ele faça morada em nós.(1)

O livro da Sabedoria, na primeira leitura desta Liturgia, nos ajuda neste entendimento de que fomos criados para a vida imperecível: “Deus criou o homem para a imortalidade e o fez à imagem de Sua própria natureza” (Sb 2,23). Em nós, Deus imprime sua natureza, Ele nos chama a participar de Sua realidade santa e eterna.

São Paulo, na segunda leitura desta Liturgia, nos exorta sobre a importância da fé e da caridade na experiência de filhos e irmãos em Cristo: “Como tendes tudo em abundância – fé, eloquência, ciência, zelo para tudo, e a caridade de que vos demos o exemplo – assim também procurai ser abundantes nesta obra de generosidade” (2Cor 8,7). Busquemos caminhar com o Senhor praticando a nossa fé no seu amor, vencendo a nossa indiferença pela ação do Espírito Santo.

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(1) In MARÍN, Fr. Antonio Royo. O Grade Desconhecido: O Espírito Santo e seus dons. Campinas: Ecclesiae, 2016, p. 112.

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⇒ POESIA ⇐

Mãos do Cuidado e da Salvação

 

Mãos que acolhem e curam,
Que trazem o toque da salvação,
Que nos seguram para nos levantar,
Que nos abençoa em nossa ação,
Mãos amáveis de Nosso Senhor,
Que pelo seu imenso amor,
Ensinam-nos o valor da compaixão.

E pela nossa fé no Deus da vida,
Pedimos as bênçãos do Senhor,
Que nos faz filhos amados e queridos,
Pelas mãos que portam o amor,
Que nossas mãos tragam ações do bem,
Paz, serenidade e carinho, também,
Quando na vida nos vem a dor!

Senhor que dignifica a vida humana,
Que se expõe a nós para ser tocado,
Em meio a grande multidão,
Por doenças e mortes, sufocados,
Curai-nos da indiferença e hostilidade,
Que nossas mãos tragam a fraternidade,
Fazei-nos filhos muito amados.

Que nossas mãos façam caridade,
No cuidado e amor ao irmão doente,
Que sigamos vivenciando a fé,
No Deus amoroso e onipotente,
Sejamos discípulos perseverantes,
Na travessia a todo instante,
Comunidade de povo crente!

Que as mãos do Senhor toquem os corações,
Que se endurecem pela arrogância,
E o nosso mundo seja contagiado,
Da Palavra santa, imensa bonança,
E a paz seja fruto da Eucaristia,
No lugar da tristeza a alegria,
E nas nações sempre a esperança!

 

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*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que é força de cura e de vida, ilumine o seu caminho! ***