Solenidade da Santíssima Trindade, Ano B, São Marcos

 

*** Ano de São José (2020/2021) ***

 

Leituras: Dt 4,32-34.39-40; Sl 33(32); Rm 8,14-17; Mt 28,16-20

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

A Comunidade Santa

Mt 28,16-20

 

Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal da Solenidade da Santíssima Trindade nos motiva a contemplar Deus como comunidade santa, como comunidade perfeita. E o Evangelho desta Liturgia está em Mt 28,16-20, passagem que encerra o Evangelho segundo Mateus.

No Domingo depois do Pentecostes, celebramos a Trindade Santa. O Deus dos cristãos, que é o mesmo de Abraão, Isaac e Jacó, é Um, é Uno e, ao longo da história da salvação, se revelou Trino, ou seja, Criador, Salvador e Santificador.

Na primeira leitura desta Liturgia, Moisés fala ao povo sobre a proximidade de Deus na história: “Reconhece, pois, hoje, e grava-o em teu coração, que o Senhor é o Deus lá em cima do céu e cá embaixo na terra, e que não há outro além dele.” (Dt 4,39). Sendo próximo, também é Único e que todas as pessoas devem prestar culto e seguir os Seus mandamentos. Graças a Moisés, temos a revelação de Deus como Pai e Criador.

O evangelista Mateus nos apresenta Cristo na Galileia com os discípulos. Na passagem, Cristo os envia em missão para fazer novos discípulos pela ação da Trindade. “Ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei.” (Mt 28,19-20). Os novos discípulos deverão ser inseridos na comunidade cristã pela ação da Trindade, observando o mandamento do amor contido na Boa-Nova, para que entrem no caminho da salvação e levem ao mundo a paz, a fraternidade, a justiça, a alegria e a unidade. Graças ao evangelista Mateus, temos a revelação de Deus como Filho e Salvador.

São Paulo diz aos romanos, que o Espírito nos faz herdeiros de Deus e coerdeiros de Cristo em vista da glória preparada para todos que se deixam conduzir por Ele (cf. Rm 8,17). Portanto, a santidade é manifestada quando deixamos que os dons nos capacite a viver não a condição escravo, mas a de coerdeiro de Cristo e também templo, onde o Espírito possa habitar e agir. Graças a São Paulo, Apóstolo, temos a revelação de Deus como Espírito Santo e Santificador.

Devemos refletir sobre a presença da Trindade e dos sacramentos em nossas vidas. Viver na graça de Deus é primeiramente reconhecer, a cada momento do dia, que somos conduzidos pelo mistério da Trindade.

A dimensão trinitária de Deus foi se revelando paulatinamente desde o Antigo Testamento com Abraão, Moisés e os profetas até o Pentecostes e as ações missionárias como as de São Paulo. Com os primeiros cristãos, aprendemos, enquanto Igreja, a expressar a fé na Trindade através do Credo, que é rezado nas solenidades. Também os sacramentos são iniciados pela invocação à Santíssima Trindade e a graça sacramental (cf. CigC 1129) nos insere, nos perdoa, nos alimenta e nos convoca a exercer o nosso serviço, o nosso ministério de amor a Deus e ao próximo.

Como os primeiros discípulos, devemos obedecer ao mandato de Cristo e viver a missão de fazer novos discípulos em nome da Santíssima Trindade. A primeira atitude missionária é o testemunho. A segunda é o serviço na caridade, no anúncio da Palavra e no acolhimento aos que procuram a Igreja.

Devemos, portanto, nos perguntar: qual é a minha Galileia? Onde devo testemunhar a Santíssima Trindade num mundo que oferece um pseudoamor, ou seja um amor fantasioso, falso, superficial, como um sentimento e que estimula as pessoas a um daninho dilema entre gostar e descartar? Deus nos indica sempre onde devemos ir para testemunhar a fé da Igreja que recebemos no nosso Batismo e o nosso amor à Santíssima Trindade. Para isso precisamos silenciar nosso interior e nos esvaziar da lógica pessoal.

 

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⇒ POESIA ⇐

Um Deus Comunidade

 

Um Deus Trindade,
Que se faz presente,
Mas que já existia,
Na vida da gente,
Caminhando na história,
Que nos traz a vitória,
E é onipotente.

Um Pai de amor eterno,
Que se faz bondade,
Na misericórdia.
Na santa unidade,
Voz nos profetas,
Por eles aponta a seta,
Com fidelidade.

Um Filho, um rosto amoroso,
Que se revelou,
Conosco veio morar,
E não se limitou,
À nossa inteligência,
Eterna benevolência,
Que tanto nos amou.

Espírito, sopro de Vida
Que vem nos capacitar,
Com os dons de seu amor,
Sempre a nos iluminar,
Fazendo-nos também luz,
Na vida vem e no conduz,
Sempre a nos recriar.

Um Deus trino e eterno,
Na Santa Eucaristia,
Mesa grande, santa e farta,
Que nunca fica vazia.
Que por sua santa ternura,
Faz-nos novas criaturas,
Restaura nossa alegria.

Deus em comunidade,
De perfeita comunhão,
Que a nós se revelou,
Com a sua forte ação,
Fazendo-nos seus herdeiros,
Salvou-nos por inteiros,
E restaurou nossa união.

 

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*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos mostrou a face misericordiosa, ilumine o seu caminho! ***