Celebração da Paixão do Senhor (2022)

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Leituras: Is 52,13-53,12; Sl 31(30); Hb 4,1416;5,7-9; Jo 18,1-19,42

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

 

A Páscoa de Cristo na Cruz

Jo 18,1-19,42

 

Irmãos e irmãs, nesta Sexta-feira Santa, no silêncio e de joelhos, toda a Igreja inicia, às 15h, a Celebração da Paixão do Senhor, a sua segunda Páscoa, dentro do mistério da redenção. Todo o momento desta Liturgia é realizado na mais absoluta reverência e clima de meditação da Palavra e da contemplação da cruz. Da cruz, a qual Jesus foi pregado e elevado, viveu o seu Sacrifício de entrega e a tornou o trono do seu reinado para a nossa salvação. Cristo, nosso Cordeiro Pascal, foi imolado por entrega total e livremente.

No Jardim das Oliveiras, Jesus foi entregue aos inimigos para viver a sua paixão e morte e nos resgatar para a vida nova. O jardim é simbólico. Lá o homem (Adão) desobedeceu a Deus e quis ser igual a Ele. No jardim, Jesus foi obediente ao Pai pela nossa Salvação. A maioria de seus discípulos fugiu porque esperavam um rei poderoso segundo as expectativas imperiais e humanas. Pilatos se acovardou por medo da popularidade de Jesus. Por medo de perder seu poder diante do Império Romano.

O Reino de Cristo não é deste mundo, mas do alto e do Pai. Esse Reino não tem critérios humanos, não tem interesses de poderes terrenos e de ambições de poder e opressão contra os pobres, os sem vez e sem voz. Jesus sim, esteve a todo tempo ao lado dos necessitados de saúde, de acolhimento, de perdão, de misericórdia, de amor e de libertação. Tudo isso levou Jesus a ser condenado pelos poderes do mundo.

Ontem, na Última Ceia, Jesus nos deu o exemplo do mandamento do amor e do serviço e nos pediu que fizéssemos o mesmo. Hoje nos dar o testemunho da entrega total, do esvaziamento pelo sofrimento, limítrofe humanamente falando. “Embora sendo Deus, não considerou que ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens” (Fl 2,6-7). É a natureza humana e santa de Cristo que se entrega pela nossa salvação.

Nós somos chamados a viver a paixão de Cristo nos tornando solidários aos que sofrem vivendo a compaixão pela dor do outro e tentando amenizá-la. Somos convidados a valorizarmos a vida, a cada dia. Quantas vezes reclamamos por pouca coisa e queremos desistir de seguir em frente. Cristo nos chama a caminharmos com Ele em meio às glórias e carregando a cruz.

O Senhor se compadeceu de nossos pecados e sofrimentos. É misericordioso quando erramos e quer que retornemos à dignidade de filhos e filhas. Quer que voltemos à sua Casa, onde há o Pão, da Palavra e da Eucaristia, e onde há a Bebida que mata a nossa sede para sempre.

O salmo responsorial desta Liturgia, o Salmo 30, nos convida a refletirmos sobre a confiança no Senhor: Pai em tuas mãos eu entrego o meu espírito. O servo justo coloca toda a confiança em Deus que lhe dá força e não o abandona. Às vezes temos o sentimento de abandono, achamos que Deus nos abandonou e não nos escuta. Mas Cristo nos ensina que devemos perseverar (mesmo no sofrimento, mesmo no sacrifício e nas dores da cruz, mesmo quando somos caluniados em busca da nossa redenção).

Nós, hoje, estamos com Jesus vivendo a Sua Páscoa na cruz, vivendo a Sua passagem pela cruz. Como Maria e o discípulo amado, nós também aos pés da cruz para dizermos que somos uma comunidade onde se abraça o sofrimento, mas, ao mesmo tempo, com coragem e carregados de esperança e amor. Reconhecemos que, muitas vezes, queremos desistir da cruz, queremos mais glória, mais festa, mais apegos humanos e por isso temos medo das consequências do abraço à cruz.

Nesta Celebração vamos unir nossas preces em favor das realidades humanas, temporais e espirituais. Depois iremos acolher a cruz como símbolo da vitória de Cristo. Em procissão reconheceremos que somos a Igreja que nasce do lado de Cristo no alto da cruz. Pelas águas do Batismo somos unidos aos discípulos do Senhor.

Pela Eucaristia nos unimos como Igreja corpo que se torna comunhão mística, comunhão espiritual, que busca a redenção. Depois, em silêncio, também sairemos para meditarmos em nossas casas, sobre a paixão do Senhor. Amanhã, Sábado Santo, deverá ser vivido no silêncio até o início da Vigília Pascal. Que o Senhor nos abençoe e nos dê a perseverança de vivermos santamente este Tríduo Pascal. Amém.

 

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

A Árvore da Vida Nova


Ó cruz libertadora,
Que Cristo a passou por amor,
Para nos trazer a vida,
Mesmo aos tormentos e na dor,
Sinal da entrega total,
Matando a morte, afinal,
Pra ser o nosso Salvador.
*
Cordeiro que se entregou,
Ao Sacrifício, livremente,
No silêncio e na firmeza,
Em favor de sua gente,
Fez de Si santa Comida,
Como também a Bebida,
Que se dá agora e sempre.
*
Essa cruz também se estende,
Aos irmãos, os sofredores,
Que também carregam o fardo,
Expressos em suas dores,
Os sem voz e oprimidos,
Aos tristes e deprimidos,
Que vivem os seus temores.
*
O silêncio da cruz do Senhor,
Se une aos abandonados,
Às famílias em desalento,
Aos tantos desempregados,
Aos reféns dos tantos conflitos,
Reféns das guerras, aflitos,
E aos irmãos refugiados.
*
Que a cruz de nosso Senhor,
A sua santa Paixão,
Faça-nos a Igreja viva,
Fundada na comunhão,
E que o Seu Corpo Santo,
Faça-nos enxugar o pranto,
E nos dê consolação.


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Obra: “Uma Santa Mulher Enxuga o Rosto de Jesus”, de J. Tissot. In brooklynmuseum.org.

 

⇒ Que a Palavra e a Luz de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos ensina a ser Servos por amor, ilumine o seu caminho! 

 

 

XXIX Domingo do Tempo Comum, Ano B, São Marcos

⇒ Ano de São José (2020/2021) ⇐
Mês do Rosário ⇐
Mês Missionário 2021 ⇐
» Tema: “Jesus Cristo é missão” «
» Lema: “Não podemos deixar de falar sobre o que vimos e ouvimos” (At 4,20) «

 

Leituras: Is 53,10-11; Sl 33(32); Hb 4,14-16; Mc 10,35-45

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Ser Discípulo de Cristo, é Servir

Mc 10,35-45

 

Meus irmãos e irmãs, a Liturgia do XXIX Domingo do Tempo Comum nos apresenta o verdadeiro discipulado de Cristo. E o Evangelho desta Liturgia está em Mc 10,35-45.

Nesta Liturgia, Jesus segue Seu caminho subindo para Jerusalém quando dois dos Apóstolos, Tiago e João – motivados pela concepção de um reino terreno –, fazem um pedido ingênuo e desconcertante, eles dizem: “Deixa-nos sentar um a tua direita e outro a tua esquerda, quando estiveres na tua glória.” (Mc 10,37). Esta atitude deixou os outros dez indignados, mas, infelizmente, porque, possivelmente, eles almejam o mesmo.

Jesus, diante desta situação, orienta que ser Seu discípulo requer atitudes diferentes dos poderes do mundo. Diz o Senhor: “entre vós, não deve ser assim: quem quiser ser grande, seja vosso servo; e quem quiser ser o primeiro, seja o escravo de todos” (Mc 10,43-44), deixando claro que o discipulado é a vivência do serviço, oferecendo a própria vida.

A primeira leitura desta Liturgia apresenta o Servo Sofredor que oferecerá a sua vida em expiação (cf. Is 53,10). O Servo Sofredor, profetizado por Isaías, pode indicar tanto o povo de Deus, exilado na Babilônia, quanto Jesus Cristo, que “fará justos inúmeros homens, carregando sobre si suas culpas.” (Is 53,11). Já a Carta aos Hebreus, na segunda leitura, confirma a profecia de Isaías, quando diz: “temos um sumo sacerdote capaz de se compadecer de nossas fraquezas…” (Hb 4,15), pois Jesus trouxe um sacerdócio desapegado de honrarias, prepotências e poder.

Portanto, as leituras desta Liturgia nos motivam a não buscar reconhecimentos ou privilégios. Estas orientações da Palavra de Deus estão, praticamente, na contramão da mentalidade humana, pois é natural querer ser o primeiro nas nossas empresas, nos concursos, no esporte e na nossa vida profissional. O cristão deve ser justo e comprometido naquilo que realiza, mas seus dons e bens devem produzir serviço e paz onde quer que esteja.

Enquanto discípulos e missionários, o exercício ministerial acontece nas comunidades cristãs, servindo, com humildade e simplicidade, mesmo diante das adversidades. Entre nós cristãos não deve haver indiferença, dominação, prepotência e a insensibilidade. Entre as nossas comunidades é essencial a solidariedade, a colaboração, a escuta da Palavra, onde há a mesa da partilha e da alegria. Deve haver a festa, onde todos possam perdoar e retornar à dignidade de filhos muito amados e em comunhão com Deus.

E neste terceiro Domingo do Mês Missionário e do Mês do Rosário, busquemos o ardor do verdadeiro discipulado de Cristo no exemplo e na intercessão de Santa Teresinha, a Florzinha de Lisieux, que, por méritos obtidos na obediência, foi capaz de interceder pelos missionários do mundo todo, tornando-se padroeira das missões, já em 1927 pelo Papa Pio XI.

Rezemos para que a coleta do Dia Mundial das Missões, no próximo Domingo, possa dar assistência aos diversos projetos missionários, no Brasil e no exterior. Que, a exemplo de Santa Teresinha, sejamos também missionários rezando ou levando alguma oferta na coleta para as missões.

Peçamos ao Espírito Santo, santificador e guia da Igreja, que nos santifique para que possamos ser sinal de humildade numa época marcada pelo egoísmo, opressão e autoritarismo e que tenhamos forças para apresentar o rosto de Cristo misericordioso, servidor, libertador e redentor. Amém.

 

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⇒ POESIA ⇐

Entre Nós Não Deve Ser Assim

Entre nós não deve ser assim:
Quem caminha em missão
Não deve ser o primeiro,
Mas viver a servidão.
Precisa de humildade,
Servir com simplicidade
E sem a dominação.
*
Entre nós não deve ser assim:
Nada de popularismo,
Nem querer os pedestais
E nem o autoritarismo.
Não se deve assim viver,
Deve-se é se converter,
Pra não cair no abismo.

*
Entre nós não deve ser assim:
Não esqueçamos nossa essência.
Para vivermos a Palavra,
Fazendo a experiência.
Pra viver o discipulado,
Precisamos estar focados,
E ter muita consciência.

*
Entre nós não deve ser assim:
Luz do mundo, sal da terra,
Nas tantas realidades,
Plantar paz e não guerra,
Semeando o amor,
Seguindo sempre o Senhor,
Caminho que ninguém erra.
*
Entre nós não deve ser assim:
Deve haver sempre a partilha,
Nas nossas comunidades,
Seguindo sempre as trilhas,
Do Senhor que nos chamou
E pro mundo nos enviou,
A ser luz que brilha.
*
Entre nós não deve ser assim:
Devemos sempre servir
Com amor e alegria,
Sem nada de oprimir.
Ser profetas da verdade,
Ser sinal de caridade,
Mundo novo construir.
*
Entre nós não deve ser assim:
Vamos viver em missão,
Pela Trindade iluminados,
Corpo e alma em doação.
A festa em comunidade,
Busca da fraternidade,
Em Deus, nossa comunhão.

 

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Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo,que nos motiva a viver o verdadeiro discipulado, ilumine o seu caminho!