XXXI Domingo do Tempo Comum, Ano B, São Marcos

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Leituras: Dt 6,2-6; Sl 18(17); Hb 7,23-28; Mc 12,28b-34

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Amar a Deus por Inteiro e ao Próximo como a Si Mesmo

Mc 12,28b-34

 

Meus Meus irmãos e irmãs, a Liturgia do XXXI Domingo do Tempo Comum, do Ano B, nos apresenta Jesus ensinando sobre o mandamento do amor a Deus, com todo nosso ser, e ao próximo como a si mesmo. E o Evangelho desta Liturgia está em Mc 12,28b-34, passagem que está localizada na quarta parte do Evangelho segundo São Marcos, intitulada “O ministério de Jesus em Jerusalém”.

Nesta liturgia, Jesus, depois de uma longa viagem com os discípulos, está em Jerusalém, onde aconteceriam confrontos com as autoridades. Porém, um mestre da Lei pergunta, em tom amistoso, “qual é o primeiro de todos os mandamentos?” (Mc 12,28). Em resposta, apresenta dois mandamentos: o primeiro é escutar e amar a Deus com todo o coração, com toda a alma, todo entendimento e toda força; o segundo é amar ao próximo como a si mesmo (cf. Mc 12,29-31).

O que Jesus proclamou para aquele mestre da Lei está primeira leitura desta Liturgia quando Moisés proclama ao povo: “Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças” (Dt 6,4-5). Jesus acrescenta um segundo mandamento esquecido pelos mestres da Lei, que é a atitude do amor ao próximo.

Portanto, o amor é a base de todo mandamento ensinado por Jesus, um amor que se eleva a Deus e se estende ao irmão, uma amor que é vertical e horizontal, rompendo o intelectualismo, a indiferença e a falta de caridade dos fariseus, mestres da Lei e saduceus. Parece-nos que a Lei mosaica ignorava o cuidado e o amor ao próximo.

A segunda leitura desta Liturgia, da Carta aos Hebreus, apresenta Cristo como novo e eterno sumo sacerdote que nos traz a salvação e oferece aos Seus discípulos, ao povo e às autoridades religiosas, o entendimento pleno da Lei, pois Ele é o próprio Verbo de Deus(1). Nesse sentido, os cristãos, pelo batismo, são chamados a viver, como povo sacerdotal, o verdadeiro culto e amar a Deus com toda força e ao próximo como a si mesmo.

Num mundo, muitas vezes, conduzido por obrigações e leis vazias de humanidade, os cristãos são convidados a cumprir os mandamentos de Deus e as leis temporais a partir do amor de Cristo, fazendo a diferença no convívio social e nos diversos campos da existência humana. Talvez a ausência deste amor em nossos governantes explique a falta de dignidade, de justiça, a negação dos direitos às pessoas e também a ausência de fraternidade e de paz entre as nações.

Retomando a Patris Corde(2) , a qual o Papa Francisco dedica a São José, verdadeiro “ministro da salvação”, hoje nos veremos em três aspectos. O primeiro, “Pai amado”, trata da sua colaboração com o plano da salvação e, por isso, tem sido muito amado pela piedade, tanto que a tradição nos indica invocá-lo nas quartas-feiras e no mês de março. O segundo, “Pai na ternura”, mostra que foi, para o Menino Deus, reflexo da ternura de Deus. Ternura esta que encontramos na Confissão e que conta com nossas fraquezas, às quais devemos acolher também com ternura (as nossas e as do próximo). Por fim, “Pai na obediência”, que nos indica como foi obediente a Deus (pelos sonhos e pelos preceitos) e justo com as leis temporais, a exemplo do recenseamento. Com ele, Jesus aprendeu a ser submisso aos pais (cf. Ex 20,12).

E encerrando o Mês das Missões e do Rosário, queremos recordar que o Rosário, através da Ave-Maria, do Pai-Nosso e das jaculatórias, é um tesouro que a Igreja nos oferece para contemplarmos o projeto salvífico na ação do Filho, nosso redentor, e do Espírito Santo, nosso santificador. Deste modo, nos mistérios gozosos contemplamos os primeiros anos e a existência oculta de Jesus, nos luminosos nos colocamos diante do Seu ministério público, nos dolorosos a Sua paixão e nos gloriosos a Ressurreição até a coroação de Nossa Senhora.

Peçamos ao Espírito Santo o dom da fortaleza para que possamos ser fonte de amor sendo sal da terra e luz do mundo e cantemos com o salmista “Eu Vos amo, ó Senhor, porque Sois minha força!”. Amém.

*   *   *
(1) CNBB / Roteiros homiléticos para o Tempo Comum II (setembro – novembro): “Viva e eficaz é a Palavra de Deus”, Ano B – São Marcos. Brasília: Edições CNBB, 2021, p. 56.
(2) Disponível em: <https://www.vatican.va/content/francesco/pt/apost_letters/documents/papa-francesco-lettera-ap_20201208_patris-corde.html>. Publicado em: 8 dez. 2020. Acesso em: 15 out. 2021.

 

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

O Principal Mandamento

O mandamento do Senhor
Como sendo o primeiro,
É o amor ao Deus altíssimo,
E nos envolve por inteiro,
Abrange nosso coração,
Toda a alma e a razão,
De nós, os seus mensageiros!
*
O segundo mandamento,
É o amor para com o irmão,
E também para si mesmo,
Numa mesma dimensão,
Pois, o amor é o fundamento,
O principal mandamento,
Da perfeita comunhão!

*
O mandamento do amor,
Faz tudo ficar completo,
Abarca toda a Lei,
Em tudo ele é correto,
Porque o amor é abrangente,
Vem de Deus onipotente,
E aponta o caminho certo!

*
Os mandamentos são vias,
Para com Deus caminhar,
Apontam pra santidade,
Pra gente se endireitar,
Quem segue tem liberdade,
Seguirá pela verdade,
Destino pra se salvar!
*
Pra poder ser bom discípulo,
Guarda-se no coração,
Os preceitos do Senhor,
Pra seguir sua missão,
Num viver obediente,
Amando e sendo crente,
No Deus da libertação!
*
Por isso que um bom cristão,
Vive sempre a praticar,
Os mandamentos de Deus,
Segue a testemunhar,
Guarda no seu coração,
Ama a Deus e ao irmão,
E a si mesmo, se amar!
*
Que a vivência do amor,
Dos discípulos em união,
Tragam para o mundo a paz,
Justiça para os irmãos,
Venha o Reino acontecer,
Vida digna a se estender
Da mesa da comunhão!

 

*   *   *

 

Referência da imagem: J. Tissot (1836-1902), In thejewishmuseum.org.

 

Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos motiva amar a Deus com toda a força e
com toda a inteligência e ao próximo como a si mesmo, ilumine o seu caminho!

 

 

XXX Domingo do Tempo Comum, Ano B, São Marcos

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Dia Mundial das Missões e Infância Missionária ⇐

 

Leituras: Jr 31,7-9; Sl 126(125); Hb 5,1-6; Mc 10,46-52

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

O Caminho de Jesus nos Leva à Conversão e ao Discipulado

Mc 10,46-52

 

Meus irmãos e irmãs, a Liturgia do XXX Domingo do Tempo Comum nos motiva a largar o “manto” que nos prende a velhos hábitos para abraçar a Boa-Nova de Cristo. E o Evangelho desta Liturgia, na sequência do Domingo passado, está em Mc 10,46-52, passagem que conclui a terceira parte do Evangelho segundo São Marcos, intitulada “Viagens de Jesus fora da Galileia”.

Nesta Liturgia, Jesus, seguido pelos Seus discípulos e por uma multidão, está saindo de Jericó, restando apenas 30 quilômetros para chegar em Jerusalém. À beira do caminho, um cego mendicante, conhecido como Bartimeu (ou “filho de Timeu”), que percebendo a presença divina, grita: “Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim!” (Mc 10,47).

Muitos tentaram calá-lo, mas ele perseverou e Jesus mandou chamá-lo. O interessante é que o chamado é feito por um grupo que emprega dois imperativos: “coragem levanta-te, Jesus te chama!” (Mc 10,49). Em resposta ele joga o manto para trás e vai até Jesus (cf. Mc 10,50), recebe a cura, Jesus manda ele ir embora, mas ele fica como seguidor (cf. Mc 10,52).

O evangelista Marcos nos apresenta um leque de reflexões para a nossa vivência, pessoal e comunitária. Na dimensão pessoal, precisamos, muitas vezes, que o Senhor nos faça enxergar os Seus caminhos para depois segui-Lo. Já na dimensão comunitária, precisamos abrir os olhos para as opressões que colocam muitos à “beira do caminho” e sem a iluminação de Cristo, às vezes, queremos calar as pessoas, dizendo que a vida é assim e que precisamos nos conformar e, por isso, não devemos lutar por uma vida digna e justa.

Quantas vezes criticamos os que lutam por dignidade e justiça social ou quantos de nós desconhecemos a importância da proposta da Doutrina Social da Igreja ou hostilizamos iniciativas como o grito dos excluídos (no mês de setembro), a Cáritas, a Campanha da Fraternidade, além de muitas outras ações da Igreja. Bartimeu também representa os que perseveram mesmo diante das repreensões de alguns que caminham com Jesus.

Este texto também nos motiva a professarmos a confiança em Deus: “Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim!” (Mc 10,47), pois Bartimeu, mesmo antes do milagre, já tinha fé no messianismo de Jesus. Outra motivação é o largar o “manto”, que nos faz omissos, e tudo o que nos impede de seguir o Senhor, rompendo a paralisia e saltando em direção ao Redentor.

Na primeira leitura desta Liturgia, Jeremias profetiza a ação salvífica de Cristo, que conduz pelos Seus caminhos os sofredores (cf. Jr 31,8-9). Já na segunda leitura, a Carta aos Hebreus, confirma que Cristo é o sumo sacerdote desejado pelo Pai (cf. Hb 5,5), assumindo a nossa humanidade, exceto no pecado.

No início deste ciclo litúrgico do Ano B tivemos a graça fazer memória do 150° aniversário da declaração de São José como Padroeiro da Igreja, quando o Papa Francisco publicou Carta Patris Corde (ou “Coração de Pai”)(1) , que foi fortemente motivada pelos sofrimentos dos primeiros meses da pandemia. Na Carta, o Papa agradece a presença discreta de muitos profissionais, numa semelhança a São José. Nos próximos três Domingos apresentaremos alguns aspectos da Carta Patris Corde.

Recordamos também que hoje é o Dia Mundial das Missões, ápice do Mês Missionário. Neste ano, a arte da Campanha Missionária nos apresenta uma janela (de esperança), tendo, como destaque, Jesus curando um cego e, abaixo, algumas ações simbolizando o amor ao próximo.

Peçamos ao Espírito Santo a graça de tirar dos nossos olhos tudo o que nos impede de enxergar a realidade com a vontade de Deus. Agradeçamos, pois Ele nos chama e nos traz a realização plena, rezando com o salmista: “Maravilhas fez conosco o Senhor, exultemos de alegria!”. Amém.

 

*   *   *
(1) Disponível em: <https://www.vatican.va/content/francesco/pt/apost_letters/documents/papa-francesco-lettera-ap_20201208_patris-corde.html>. Publicado em: 8 dez. 2020. Acesso em: 15 out. 2021.

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

Um Certo Bartimeu

À beira do caminho
Tinha um certo Bartimeu
Que gritava com insistência,
Sendo filho de Timeu.
O seu grito foi ouvido,
Por Jesus foi atendido,
Pois a cura aconteceu.
*
No caminho de Jesus
Aquele homem foi seguindo
Tornou-se um discípulo Seu,
Missionário foi agindo.
Proclamou a sua fé
Sempre disposto e de pé
Mundo novo construindo.

*
Nos caminhos do Senhor
Precisamos de coragem,
Viver a perseverança,
Partir para outras margens
Passos firmes a caminhar,
A fé sempre a professar
Para levar a mensagem.

*
Precisamos estar atentos
Para o mundo em que estamos,
Ouvir o grito dos pobres,
Que nem sempre escutamos
Viver fé e caridade,
Construir fraternidade
No chão onde nós pisamos.
*
Jesus, Mestre querido,
Sacerdote, eterno amor,
Curai todos os sofredores
Que padecem muita dor,
Mudai os acomodados,
Abri os olhos fechados,
Pois só Vós, sois o Senhor.

 

*   *   *

 

Referência da imagem: Eustache Le Sueur (1617-1655), In pt.wikipedia.org.

 

Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos motiva a largar o “manto” que nos prende a velhos hábitos e comodidades, ilumine o seu caminho!

 

 

XXIX Domingo do Tempo Comum, Ano B, São Marcos

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Mês Missionário 2021 ⇐
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Leituras: Is 53,10-11; Sl 33(32); Hb 4,14-16; Mc 10,35-45

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Ser Discípulo de Cristo, é Servir

Mc 10,35-45

 

Meus irmãos e irmãs, a Liturgia do XXIX Domingo do Tempo Comum nos apresenta o verdadeiro discipulado de Cristo. E o Evangelho desta Liturgia está em Mc 10,35-45.

Nesta Liturgia, Jesus segue Seu caminho subindo para Jerusalém quando dois dos Apóstolos, Tiago e João – motivados pela concepção de um reino terreno –, fazem um pedido ingênuo e desconcertante, eles dizem: “Deixa-nos sentar um a tua direita e outro a tua esquerda, quando estiveres na tua glória.” (Mc 10,37). Esta atitude deixou os outros dez indignados, mas, infelizmente, porque, possivelmente, eles almejam o mesmo.

Jesus, diante desta situação, orienta que ser Seu discípulo requer atitudes diferentes dos poderes do mundo. Diz o Senhor: “entre vós, não deve ser assim: quem quiser ser grande, seja vosso servo; e quem quiser ser o primeiro, seja o escravo de todos” (Mc 10,43-44), deixando claro que o discipulado é a vivência do serviço, oferecendo a própria vida.

A primeira leitura desta Liturgia apresenta o Servo Sofredor que oferecerá a sua vida em expiação (cf. Is 53,10). O Servo Sofredor, profetizado por Isaías, pode indicar tanto o povo de Deus, exilado na Babilônia, quanto Jesus Cristo, que “fará justos inúmeros homens, carregando sobre si suas culpas.” (Is 53,11). Já a Carta aos Hebreus, na segunda leitura, confirma a profecia de Isaías, quando diz: “temos um sumo sacerdote capaz de se compadecer de nossas fraquezas…” (Hb 4,15), pois Jesus trouxe um sacerdócio desapegado de honrarias, prepotências e poder.

Portanto, as leituras desta Liturgia nos motivam a não buscar reconhecimentos ou privilégios. Estas orientações da Palavra de Deus estão, praticamente, na contramão da mentalidade humana, pois é natural querer ser o primeiro nas nossas empresas, nos concursos, no esporte e na nossa vida profissional. O cristão deve ser justo e comprometido naquilo que realiza, mas seus dons e bens devem produzir serviço e paz onde quer que esteja.

Enquanto discípulos e missionários, o exercício ministerial acontece nas comunidades cristãs, servindo, com humildade e simplicidade, mesmo diante das adversidades. Entre nós cristãos não deve haver indiferença, dominação, prepotência e a insensibilidade. Entre as nossas comunidades é essencial a solidariedade, a colaboração, a escuta da Palavra, onde há a mesa da partilha e da alegria. Deve haver a festa, onde todos possam perdoar e retornar à dignidade de filhos muito amados e em comunhão com Deus.

E neste terceiro Domingo do Mês Missionário e do Mês do Rosário, busquemos o ardor do verdadeiro discipulado de Cristo no exemplo e na intercessão de Santa Teresinha, a Florzinha de Lisieux, que, por méritos obtidos na obediência, foi capaz de interceder pelos missionários do mundo todo, tornando-se padroeira das missões, já em 1927 pelo Papa Pio XI.

Rezemos para que a coleta do Dia Mundial das Missões, no próximo Domingo, possa dar assistência aos diversos projetos missionários, no Brasil e no exterior. Que, a exemplo de Santa Teresinha, sejamos também missionários rezando ou levando alguma oferta na coleta para as missões.

Peçamos ao Espírito Santo, santificador e guia da Igreja, que nos santifique para que possamos ser sinal de humildade numa época marcada pelo egoísmo, opressão e autoritarismo e que tenhamos forças para apresentar o rosto de Cristo misericordioso, servidor, libertador e redentor. Amém.

 

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

Entre Nós Não Deve Ser Assim

Entre nós não deve ser assim:
Quem caminha em missão
Não deve ser o primeiro,
Mas viver a servidão.
Precisa de humildade,
Servir com simplicidade
E sem a dominação.
*
Entre nós não deve ser assim:
Nada de popularismo,
Nem querer os pedestais
E nem o autoritarismo.
Não se deve assim viver,
Deve-se é se converter,
Pra não cair no abismo.

*
Entre nós não deve ser assim:
Não esqueçamos nossa essência.
Para vivermos a Palavra,
Fazendo a experiência.
Pra viver o discipulado,
Precisamos estar focados,
E ter muita consciência.

*
Entre nós não deve ser assim:
Luz do mundo, sal da terra,
Nas tantas realidades,
Plantar paz e não guerra,
Semeando o amor,
Seguindo sempre o Senhor,
Caminho que ninguém erra.
*
Entre nós não deve ser assim:
Deve haver sempre a partilha,
Nas nossas comunidades,
Seguindo sempre as trilhas,
Do Senhor que nos chamou
E pro mundo nos enviou,
A ser luz que brilha.
*
Entre nós não deve ser assim:
Devemos sempre servir
Com amor e alegria,
Sem nada de oprimir.
Ser profetas da verdade,
Ser sinal de caridade,
Mundo novo construir.
*
Entre nós não deve ser assim:
Vamos viver em missão,
Pela Trindade iluminados,
Corpo e alma em doação.
A festa em comunidade,
Busca da fraternidade,
Em Deus, nossa comunhão.

 

*   *   *

 

 

Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo,que nos motiva a viver o verdadeiro discipulado, ilumine o seu caminho!

 

 

XXVIII Domingo do Tempo Comum, Ano B, São Marcos

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Mês Missionário 2021 ⇐
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Leituras: Sb 7,7-11; Sl 90(89); Hb 4,12-13; Mc 10,17-30

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Viver além dos Preceitos

Mc 10,17-30

 

Meus irmãos e irmãs, a Liturgia do XXVIII Domingo do Tempo Comum, o segundo Domingo do Mês Missionário e do Mês do Rosário, neste Ano de São José, nos motiva a desejar ardorosamente seguir Jesus, o modo de ganhar a vida eterna. E o Evangelho desta Liturgia está em Mc 10,17-30, sequência do Domingo passado.

Nesta Liturgia, Jesus retoma o Seu caminho quando é abordado por um homem que, em reverência, ajoelha-se aos Seus pés e pergunta: “que devo fazer para ganhar a vida eterna?” (Mc 10,17). Jesus responde que deve seguir os mandamentos (cf. Mc 10,18-19) e o homem diz que já cumpre desde a sua juventude (cf. Mc 10,20).

Então Jesus o exorta: “Vai vende tudo o que tens e dá aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois vem e segue-me!” (Mc 10,21). Jesus pede o desprendimento de tudo o que é obstáculo ou que desvia do Caminho e que partilhe com os que nada têm. Depois destas condições, poderá segui-Lo. Diante da exigência que Jesus apresenta, aquele homem desiste “porque era muito rico” (Mc 10,22).

Seguir a Jesus exige uma reflexão constante sobre o desprendimento das coisas (materiais e não materiais), as quais, muitas vezes, são obstáculos ao discipulado. A primeira leitura desta Liturgia, do livro da Sabedoria, nos diz: “Preferi a Sabedoria aos cetros e tronos e, em comparação com ela, julguei sem valor a riqueza” (Sb 7,8). E Jesus, nas conversas com os discípulos, aborda a temática dos ricos e, neste momento, eles se espantam a ponto de duvidarem que alguém possa ser salvo (cf. Mc 10,26).

Diante das dificuldades dos discípulos sobre as exigências em vista da salvação e do discipulado, Jesus diz que ser salvo não é possível para os homens, mas para Deus tudo é possível (cf. Mc 10,27). E segui-Lo, muitas vezes, implica em deixar casa, irmãos, mãe, pai, filhos e campos em favor do Evangelho (cf. Mc 10,29-30). Depois o autor da Carta aos Hebreus, na segunda leitura desta Liturgia, alerta que a Palavra de Deus, quando entra em nosso coração, transforma nossas atitudes egoístas e também, quando necessário, nos desconstrói (cf. Hb 4,12-13). Purificados, podemos viver a conversão no nosso cotidiano.

Portanto, as leituras desta Liturgia nos remetem aos temas da vida missionária e secular. A vida missionária nas vocações específicas, tais como a vida consagrada e ordenada, muitas vezes exigem, do homem ou da mulher, o deixar a família, o emprego e até a sua terra. Já a vida secular (na sua dimensão profissional, conjugal, como leigos em geral) tem, do mesmo modo, suas exigências e requer autenticidade nas diversas realidades. Para os leigos, os bens materiais, usados de forma adequada, são necessários, pois cada realidade familiar há necessidades que devem ser assistidas.

No entanto, a partilha é igualmente realizada quando disponibilizamos casa, carro, instrumentos musicais para animar as atividades pastorais, litúrgicas, abraçando o que nos indicou os Bispos no Documento de Aparecida: promover uma conversão pastoral no qual os grupos passem de atividades de conservação para atividades missionárias (cf. DAp, n. 370) ou como nos falou o Papa Francisco, na Evangelli Gaudium, sendo “uma Igreja ‘em saída’ ” numa “pastoral em conversão” (Evangelli Gaudium, n. 20-33).

E ao nos aproximarmos da Solenidade de Nossa Senhora Aparecida, padroeira de Brasília e do Brasil, no próximo dia 12, peçamos, à “advogada nossa”, a sua graça medianeira para sermos cada vez mais Povo de Deus, membros do Corpo Místico que tem como cabeça Cristo, “Salvador e Redentor nosso”(1) .

Que o Divino Espírito Santo nos fortaleça para que sejamos desprendidos na partilha e sigamos o discipulado com o coração livre, isto é, pautados na Palavra viva que nos transforma e nos orienta ao chamado e ao mandato de Cristo, os quais estão além da observância dos preceitos. Amém.

*   *   *
(1) Trecho do ato de consagração aos pés da imagem do Cristo Redentor. Disponível em: <https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2020-04/coronavirus-consagracao-brasil-cristo-redentor-rio-de-janeiro.html>. Publicado em: 14 abr. 2020. Acesso em: 5 out. 2021.

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

Como Ganhar a Vida Eterna?

Ansiando a vida eterna
Alguém a Jesus procurou,
Dos mandamentos sabia,
Mas isso não lhe bastou
Precisava algo mais:
Deixar os bens materiais
Para seguir o Senhor.
*
Jesus logo respondeu
O que era preciso:
Viver o desprendimento
E não ficar indeciso.
Mas o homem desistiu,
E muito triste saiu,
Abatido e sem sorriso.

*
Vender todos os seus bens
Não estava nos seus planos.
Jesus foi muito exigente
Sem mostrar nem um engano.
Para ser Seu seguidor,
Tem que Lhe prestar amor
Sem desvio ao profano.

*
Pra Deus tudo é possível.
Jesus então respondeu,
Ter uma mudança de vida,
Ao rico Ele esclareceu.
Viver o desprendimento,
Ir além dos mandamentos,
Vencer o egoísmo seu!
*
Olhando esta narração
Que nos leva ao seguimento
Precisamos refletir
Sobre o desprendimento.
A Jesus o amor primeiro,
As coisas por derradeiro,
Sem apego e fingimento.
*
O nosso discipulado
É marcado pelo amor.
Tem Jesus por primeiro,
Mesmo diante da dor.
Pois pra ter a Salvação,
Temos que amar o irmão
Sem reserva e sem rancor.
*
Buscar a Sabedoria
Que vem da fonte divina
Para ser um bom discípulo,
Como Jesus nos ensina.
Estar aos pés do Senhor
Para não perder o ardor,
Sem deixar a disciplina.
*
Também desprendimento
Dos métodos ultrapassados,
Fazem parte do roteiro
Do nosso discipulado,
A conversão pastoral
Sem desprezo ao social,
Atenção e amor doado.
*
Peçamos as luzes divinas
Supremas do Deus Trindade,
Para a nossa caminhada.
Que nos dê a santidade,
E que a nossa missão,
Palavra em vida e ação
Nos leve à Eternidade.

 

*   *   *

 

Referência da imagem: J. Tissot (1836-1902), In brooklynmuseum.org.

 

 

Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos chama a praticar o desapego em prol da vida eterna, ilumine o seu caminho!