SOLENIDADE DO SANTÍSSIMO CORPO E SANGUE DE CRISTO

Leituras: Dt 8,2-3.14b-16a; Sl 147(146-147); 1Cor 10,16-17; Jo 6,51-58

POESIA

ALIMENTO SANTO

Ó Deus amável de eterna bondade,
Que se fez carne e alimento,
Sendo pureza e simplicidade,
O seu corpo santo, nosso sustento,
Fazendo-nos forte na caminhada,
Nesta vida, na nossa jornada,
Que vivenciamos no teu seguimento.

Ó Senhor de paz e de plena caridade,
Que nos ajuda na conversão,
Ensinando ao mundo que é tão faminto,
O valor da vida e da comunhão,
Pra vencer as tramas do nosso egoísmo,
Que às vezes causa um imenso abismo,
Nos separando da salvação.

O Senhor da vida alimento eterno,
No santo altar o amor nos traz,
Lá no sacrário a nossa espera,
Para o encontro da santa paz
Pão que traz força e alegria,
É o santo corpo, é Eucaristia,
Alimento puro que satisfaz.

Pão vivo e santo que desceu do céu,
Nossas consciências vêm alertar,
Sobre os perigos de nossa prepotência,
Que muitas vezes vem nos tentar,
Pois comungar é ser coerente,
Em corpo e alma, espírito e mente,
É viver em Cristo, sem profanar.

Pão vivo e vinho que vem a nós,
Pra mesa santa ser bem completa,
Comei e bebei, eis o mandato,
Que a cada missa ele nos alerta,
Pra que na vida sempre haja pão,
E o vinho novo, festa comunhão,
Pra que a alegria seja completa.

HOMILIA

Palavra que se fez carne e veio a nós

Eu sou o Pão vivo que desceu do céu. Se alguém comer deste pão viverá para sempre” (Jo 6,51a). Esta é a verdade da Eucaristia apresentada por Jesus quando se refere ao verdadeiro Pão da vida. Não mais como o maná que nossos pais comeram no deserto e morreram (cf. Dt 8,16; Jo 6,58), mas o alimento eterno que mata a fome, bebida de vida que dá alegria e sacia por completo a sede de todo ser humano.

No Deuteronômio, na primeira leitura, Moisés faz uma memória da caminhada libertadora de Deus que caminhou com seu povo. Deus, através de Moisés, orientou o povo pela sua Palavra e também o alimentou, livrou-o e o libertou. A Palavra de Deus se faz alimento em nossa vida, nos desertos de nossa existência.

Cristo é Palavra que alimenta a fé da Igreja, o novo povo de Deus. Multidão que caminha nas vias do mundo, testemunhando a caridade, fraternidade e a comunhão. Neste sentido São Paulo nos diz pergunta, na segunda leitura: “O cálice da benção, o cálice que abençoamos, não é a comunhão com o Corpo de Cristo? E o Pão que partimos, não é comunhão com o Corpo de Cristo?” (1Cor 10,16). Na celebração Eucarística não só prestamos culto a Deus Pai e nos identificamos com seu Filho, como também comungamos com os irmãos, fortalecendo a relação de fraternidade[1]. Comungar, portanto, é viver coerentemente a vida de Cristo e em Cristo, que se dá na nossa lida diária, no nosso trabalho e nas nossas relações e interações sociais.

Somos membros do mesmo corpo de Cristo que é a Igreja e todos participamos do mesmo pão e do mesmo vinho (cf. 1Cor 10,17). E seguimos na comunidade oferecendo nossos dons como ofertas da nossa vida e de nossa pertença a Cristo. Comungar é também partilhar nossas habilidades pessoais e a nossa dedicação a serviço de Cristo e do seu Reino.

O Evangelho de João vem nos apresentar o discurso de Jesus ao povo que tinha se saciado no deserto com a multiplicação dos pães materiais (Jo 6,11-13). Jesus ajuda as pessoas a refletirem além da superficialidade material e vai para a dimensão espiritual. Cristo é o próprio Pão a ser oferecido em favor da vida eterna. Quantas vezes também caímos na tentação de ver Cristo apenas como àquele que deve nos favorecer somente na nossa dimensão material e de acordo com os nossos anseios.

Portanto a Eucaristia deve nos levar a sermos outro Cristo, pois ele nos alimenta com a sua Palavra nos fortificando no nosso testemunho e com o seu corpo e sangue nos dar o sustento para a nossa experiência de discípulos e evangelizadores. Seremos cristãos Eucarísticos quando, em qualquer lugar que estivermos, deixarmos transparecer a imagem e a ação de Cristo. O cristão coerente vive também a solidariedade, a partilha e a alegria do Evangelho. Atitudes que muitas vezes está na contra mão de um mundo totalmente desvirtuado daquele que é proposta do Reino de Deus.

Que o Santíssimo Sacramento, o corpo do Senhor, nos alimente e nos faça ser um só rebanho participante da mesma mesa de amor e de comunhão. Que os nossos dons oferecidos no altar do Senhor, sejam sinais de vida além do templo material e atinjam o ser humano, para que o verdadeiro santuário de Cristo seja o coração e a alma de todos aqueles que encontraram em Deus, Pão eterno para a salvação. Amém.

[1] ARMELLINI, Fernando. Celebrando a Palavra: Ano A. 9 ed. São Paulo: Ave Maria, 2014, p. 185-186.