XVIII DOMINGO DO TEMPO COMUM, ANO C – SÃO LUCAS

 

Leituras: Eclo 1,2;21,21-23; Sl 89(90); Cl 3,1-5.9-11; Lc 12,13-21

“A parábola do rico insensato” por Rembrandt (1627)

 

Ouça o áudio preparado para esta liturgia (pode demorar alguns segundos)

 

⇒ HOMILIA ⇐

O verdadeiro e infinito tesouro somente encontramos em Deus

Lc 12,13-21

 

O texto próprio de Lucas (cf. 12,13-21), que refletiremos neste 18º domingo do Tempo Comum, irá nos ajudar no procedimento diante do dinheiro e dos bens materiais. Jesus conta a parábola do rico tolo, em que um homem coloca todo seu prazer nos seus celeiros cheios de grãos. Para aquele homem, parecia que tudo estava resolvido na sua vida. Podia agora descansar, comer e esbanjar seus bens, curtir a vida e ficar tranquilo.

Mas, Jesus alerta: “Louco! Ainda nesta noite, pedirão de volta a tua vida. E para quem ficará o que tu acumulaste?” (Lc 12,20). Pois bem, Deus nos dá a vida terrena, nós a administramos, sonhamos, escolhemos caminhos, fazemos projetos, construímos relações, porém não temos domínio sobre o seu fim. Somente Deus tem esse poder sobre a nossa vida e sobre a morte.

A atualidade desta passagem de Lucas é impressionante! Hoje nos vemos rodeados e estimulados por tantas propostas de consumo, que nos vem através das diversas formas de publicidades, as quais nos sufocam no nosso cotidiano.

Sem o cultivo da essência existencial, sem o alimento da nossa vida interior e espiritual com os tantos recursos que temos a nossa disposição, tais como, boas leituras, boas conversas, momentos de oração, meditação, celebrações, retiros, não conseguimos viver a profundidade e o sentido de nosso existir.

E quando não cultivamos as coisas profundas que vem de Deus, ficamos vulneráveis e buscamos preencher nossa existência com a idolatria aos bens materiais. Ou seja, colocamos Deus e seu amor em último lugar, ou, nem o colocamos em nossa vida. E por esse motivo ficamos carentes dos tesouros essenciais para nossa existência e do cultivo da nossa espiritualidade em busca do absoluto.

“Vaidade das vaidades! Tudo é vaidade, diz o livro do Eclesiastes” (1,2). A vaidade vem da nossa ilusão para com as coisas materiais e do nosso vazio interior o qual muitas vezes queremos preenche-lo com elementos e motivações superficiais.

Às vezes acontece que quando ficamos ricos das coisas materiais ficamos pobres no que se refere à sensibilidade humana, ao cuidado conosco mesmo, e assim nos alimentamos do orgulho, dos ressentimentos, das indiferenças para com o outro.

São Paulo nos alerta: “esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, onde está Cristo… aspirai às coisas celestes e não às coisas terrestres. Pois vós morrestes, e a vossa vida está escondida, com Cristo, em Deus” (Cl 3,1-4).

Precisamos buscar as coisas do alto, não para flutuar ou nos alienar das realidades humanas e terrenas, mas para podermos alcançar o que é essencial em nosso existir, pois, quanto mais vivermos a aspiração às coisas de Deus, melhor viveremos a nossa relação com os bens terrenos, os quais devem estar ao nosso serviço e também destinados ao outro, com quem devemos partilhar, quando houver necessidades.

Que possamos meditar nesta liturgia sobre a necessidade de buscarmos, em primeiro lugar, a essência de nossa existência em Deus, o cultivo da nossa espiritualidade e a partilha fraterna, para vivermos os sinais do Reino neste nosso peregrinar terrestre, em vista de cultivarmos o sentido da vida, na busca da paz, do amor e da comunhão entre os povos, aspirando, já agora, os tesouros celestiais. Amém.

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⇒ POESIA ⇐

O verdadeiro tesouro

 

Com um olhar na vida infinita e verdadeira,
Buscando o sentido que nos traz felicidade,
Devemos seguir vivendo na simplicidade,
Sem nos afogarmos nos prazeres das riquezas terrenas,
Que, em muitos dos casos, até nos desordenam,
Trazendo às vezes muitas frustrações e ansiedades,
Pois devemos não levar em conta as tantas vaidades,
Que no final da vida somente nos condenam.

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Apostar-nos tanto e tanto nos bens materiais,
Como segurança para toda a nossa vida,
Na avareza e nos desprezos pelo “amor” sem medida,
É desconhecer o sentido na Palavra do Senhor,
Que veio para perto de nós com o seu amor.
É como construir nossos sonhos nas ilusões,
Ficando mergulhado nas tantas paixões,
Que no final somente nos traz insegurança e dor.

*

Fitemos então o olhar e nosso foco no essencial,
Que é buscar as coisas na vida que não há de acabar,
Segurança nos bens celestes a nos esperar,
Como sendo a nossa principal riqueza,
Uma vida infinita em Deus e na sua eterna beleza,
Que jamais fomos capazes de contemplar,
E que nunca, e nunca irá acabar,
Por que estaremos ao lado da Divina Realeza.

 

*** Que a Palavra e a Luz do Rabí (Mestre) ilumine o seu caminho ***