ANO NACIONAL DO LAICATO
Leituras: Dt 4,1-2.6-8; Sl 14(15); Tg 1,17-18.21b-22.27; Mc 7,1-8.14-15.21-23
POESIA
OS PRECEITOS DO SENHOR
A Palavra do Senhor tem seus preceitos:
Lei que eleva-nos à vida de caridade,
Que nos ensina agir na simplicidade,
A inserir-nos no mais profundo da comunhão,
Para buscarmos na mesa do Vinho e do Pão,
O sentido mais verdadeiro da santidade.
Os conselhos do Senhor são superiores,
Às prescrições da pedra e do papel,
É Carne, é Homem, é o Emanuel,
Que veio ao mundo conosco morar,
Renovando a lei pra nos alimentar,
Num banquete vivo de leite e mel.
A voz do Senhor nos faz pensar:
Nas impurezas do nosso coração,
Nas misérias que fazem a devastação,
Na hora dos lábios quando superficiais,
Pelo culto vazio e as regras materiais,
E pela busca de uma vida de ilusão.
O olhar do Senhor nos levará,
Ao verdadeiro culto que faz viver,
Pela santa Palavra que nos leva a crer,
Que a voz verdadeira não enganará,
Que sua força nos salvará,
Basta seguir o amor e obedecer.
Os caminhos do Senhor nos levarão:
A falar do amor e da alegria,
A prestar um culto de verdade a cada dia,
Para levar a paz na vida em missão,
Expulsando os males que saem do coração,
Pela Santa Palavra que nos recria.
HOMILIA
O verdadeiro culto ao Senhor
Neste 22º Domingo do Tempo Comum meditaremos o texto do evangelista Marcos no qual Jesus está diante dos fariseus e mestres da Lei. Há um questionamento deles em ralação à limpeza exterior e Jesus logo corrige tal questionamento: “o que torna impuro no homem não é o que entra nele vindo de fora, mas o que sai do seu interior.” (Mc 7,15).
Pois bem. O amor sai do nosso coração. O olhar verdadeiro sobre a vida, expresso no carinho, no caminho com os irmãos da comunidade, no grupo da nossa família. Também deste mesmo coração saem nossas mazelas, pobrezas, ignorâncias, ou seja, nossas mais abomináveis misérias. É isso que torna sempre impuro o nosso ser.
Segundo Marcos, Jesus faz referência ao texto do profeta Isaías (cf. 29,13). Disse o Senhor: “Esse povo me procura só de palavra, honra-me apenas com a boca, enquanto o coração está longe de mim. Seu temor para comigo é feito de obrigações tradicionais e rotineiras” (Mc 7,6). Jesus denuncia a postura dos especialistas da tradição de Israel, os alertando que não é o externo que agrada a Deus, mas o seguimento da Palavra é que traz o Espírito do amor e a vida nova expressa num culto verdadeiro e profundo direcionado a Deus.
Isso nos levar a refletirmos sobre nós cristãos, hoje: como está a motivação do nosso culto a Cristo ressuscitado? Buscamos no nosso coração, no mais profundo do nosso ser, os motivos que nos leva a ser um discípulo missionário com toda a nossa alma e com todo o nosso ser? Quais são as impurezas do nosso coração? A liturgia da Palavra irá nos apontar para que busquemos a libertação desta realidade das impurezas citada por Jesus. Estas sim nos torna impuros diante de Deus!
Na primeira leitura no livro do Deuteronômio, escrito na Babilônia, durante o exílio do Povo de Israel, Moisés aconselha a todos que guardem os mandamentos do Senhor. Esta obediência levará o povo a viver a justiça no mundo de sofrimento, pois o que sobrou para aquele resto do povo escolhido foi a lei de Deus, para orientar o caminho de Israel. Diz Moisés: “E que nação haverá tão grande que tenha leis e decretos tão justos, como esta lei que hoje vos ponho diante dos olhos?” (Dt 4,8). Nós cristão também devemos seguir o mandamento justo e vivo confirmado por Jesus, a partir do amor a Deus e ao próximo.
Na segunda leitura, São Tiago irá dizer: “A religião pura e sem mancha diante de Deus Pai é que assiste os órfãos e as viúvas em suas tribulações e não se deixa contaminar pelo mundo” (Tg 1,27). Aqui podemos confirmar o que falamos acima: o amor (caridade) é o maior dos preceitos pois é a prova concreta da obediência e culto que agrada a Deus.
Vejamos que toda a Palavra deste domingo se volta para pureza baseada em nossas atitudes, intenções e palavras. Somos chamados a viver a pureza cristã expressa na caridade a qual brota de nosso coração. Esta vivência somente será possível quando somos observadores às leis do Senhor, contidas primeiramente no Evangelho. Quando deixamos que a nossa vida seja marcada e demarcada pelo o mandamento do amor o qual não está no papel, mas no coração e nas nossas atitudes do bem e sobre a luz do Espírito de Deus que também conduz a nossa existência.
Vivemos num mundo em que se relativizam as leis dos homens não a favor do amor, mas a serviço de interesses, muitas vezes, econômicos e políticos, as quais ferem a dignidade humana. Também esquecemos que a nossa pureza brota de um coração que vive o amor por Cristo, expressa na ajuda aos necessitados, aos famintos do Pão e da Palavra, de atenção e do carinho do amor do Pai.
Portanto, a nossa comunhão com Cristo se dará de verdade quando somos um só corpo de Cristo, como uma esposa fiel. Aquela que sente a dor de seus membros. Ser seguidor de Jesus é exatamente viver escutando a sua Palavra e se alimentando dela; é seguir os verdadeiros preceitos, honrando a Deus com os nossos lábios e, sobretudo, com o nosso coração, numa atitude de escuta, numa poesia e canção que deverá brotar do mais profundo do nosso ser, como louvor e gratidão ao Deus que nos alimenta e nos oferece a vida verdadeira. Amém.