XXIX DOMINGO DO TEMPO COMUM

Leituras: Is 45,1.4-6; Sl  95(96); 1Ts 1,1-5b; Mt 22,15-21

POESIA

SOMOS DE DEUS

A Deus toda nossa vida,
Porque somos todos seu,
Não somos do poder do mundo,
Nem dos políticos fariseus,
Somos filhos muito amados,
Em Cristo todos banhados,
Vida nova ele nos deu.

A Deus tudo o que existe,
Desde a sua Criação,
A natureza e o homem,
A justiça, a salvação,
A vida e a dignidade,
Amor e fraternidade,
Que geram a comunhão.

A Deus a Palavra santa,
Trazendo-nos o ensinamento,
Que alerta a cada filho,
A tê-la como alimento,
Pra o Evangelho anunciar,
Soltar a voz e denunciar,
Tudo que é sofrimento.

A César somente o que é seu,
Mas Deus sendo o primeiro,
Porque tudo ele criou,
E nos faz os seus herdeiros,
Para os seus bens, o cuidado,
E os césares são subordinados,
Por isso são derradeiros.

São tantas as injustiças.
Dos impérios atuais,
Dos recursos desviados,
Pelos esquemas mortais,
Surgem então os sofrimentos,
E o mundo em detrimento,
Padecendo sempre mais.

Somos todos convocados,
Para o Evangelho pregar,
Anunciando sempre a vida,
Que vem em primeiro lugar,
E sairmos em missão,
Vivendo a evangelização,
Com nosso profetizar.

Que a santa Eucaristia,
Venha nos dá a coragem,
De buscarmos a santidade,
Buscando ser sua imagem,
E possamos oferecer,
Nossa fé, nosso viver,
Pregando a santa mensagem.

HOMILIA

O que é de César e o que é de Deus?

O Evangelho deste 29º Domingo do Tempo Comum nos apresenta um confronto, uma tentativa dos fariseus e alguns membros do partido de Herodes de colocarem Jesus em contradição (cf. Mt 22,16). Diante das perguntas referente ao imposto pago ao império, o grupo quer saber a opinião de Jesus sobre a licitude do tributo a César. A resposta de Jesus se tornou quase que um chavão para os cristãos justificarem o papel da religião e o do poder político, ou seja, separar as coisas.

“Dá, pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus” (Mt 22,20). O que entendemos e como nos posicionamos sobre esta máxima de Jesus? Perguntemos incialmente sobre o que é de Deus: de Deus é o homem e toda a Criação, de Deus vem a justiça, o amor, a misericórdia. Deus é a fonte de tudo que o homem quer realizar de bom e para o bem do irmão e do mundo.

Deus é único e só a ele deve-se prestar culto verdadeiro. O profeta Isaías nos fala na primeira leitura: “Eu sou o Senhor, não existe outro: fora de mim não há Deus (Is 45,5). Os homens, por mais cargos ou poderes que assumirem, serão sempre criaturas, filhos dependentes e limitados diante da grandeza de Deus. O homem, que quer ocupar o lugar de Deus, nunca agirá como ele, pois vem em primeiro lugar a sua autossuficiência como regra e o desejo de poder e dominação. E Deus está acima de tudo o que é realização humana, com suas pretensões e motivações.

O que é de César? Podemos interpretar como sendo as realidades ligadas ao poder, à política e a administração dos bens deste mundo. Todos nós pagamos impostos e desejamos que sejam revertidos para o bem comum. No tempo de Jesus, os impostos eram pagos ao imperador, que, por sua vez, se considerava um deus. O povo pobre vivia explorado pelos altos impostos, que não era revertido para a dignidade e a justiça social.

Hoje não é diferente. Também temos os tantos césares que nos exploram e que se aproveitam de nosso dinheiro. Por isso que os cristãos, sendo sal da terra e luz do mundo (cf. Mt 5,13), devem tomar posição na dinâmica politica, a qual, na sua origem, tem o bem comum como objeto de trabalho. Deus quer que todos tenham vida e vida digna. Cabe aos poderes da terra colocar em prática a distribuição de renda justa e digna para com o seu povo. Cabe aos cristãos, iluminados pelo Evangelho, pregarem a verdade, alertando e denunciando as injustiças cometidas pelos poderes políticos.

A nossa participação na Eucaristia tem a ver com o mundo concreto, fora das paredes da Igreja. Nossa presença nas missas deve nos levar ao questionamento sobre o cuidado com aquilo que é de Deus, para que o que é de César não tome o lugar das realidades divinas, ou ainda, para que não nos acomodemos e aceitemos todas as imposições dos poderes políticos que, de certa forma, fazemos parte.

Alimentemo-nos da mensagem nas palavras de São Paulo, na sua carta em que diz “diante de Deus, nosso Pai, recordemos sem cessar a atuação da vossa fé, o esforço da vossa caridade e a firmeza da vossa esperança em nosso Senhor Jesus Cristo” (Ts 1,3). Que a alegria do Evangelho não seja abafada por tantas realidades de injustiça e mortes. E que a fé, a esperança e a caridade estejam presentes nos corações de todos os homens de boa vontade. Amém.