XXXIII DOMINGO DO TEMPO COMUM

ANO NACIONAL DO LAICATO

II DIA MUNDIAL DOS POBRES

Leituras: Dn 12,1-3; Sl 15(16); Hb 10,11-14.18; Mc 13,24-32

 

POESIA

PALAVRAS ETERNAS

 

Palavras eternas são as do Senhor,
Semeadas nos corações dos homens,
Como sinal que germina o seu amor,
Como lâmpada no seu caminhar,
Como vida para partilhar,
Como ação do Criador.

Eterna é a vida prometida,
Que já começa aqui neste mundo,
O Reino da Paz refletida,
Que está além da vida natural,
Dos céus, do sol, da lua afinal,
E a eternidade sempre prometida.

Eterno é o teu Reino em ação,
Presente na Palavra encarnada,
Que cura, converte e chama para missão,
Que nos chama a ser sal e luz,
Que pelos caminhos nos conduz,
E nos apresenta a Salvação.

Eterno é o teu amor frente às nações,
Que percorreu com o teu povo a caminhar,
Mesmo diante das infidelidades e traições,
Mas que pelos seus caminhos permaneceu,
Esperando a fidelidade que não morreu,
Que chegou até nós suas promessas e ações.

 

HOMILIA

Guardai-me, ó Deus, porque em vós me refugio!

O texto do evangelho de Marcos, neste penúltimo domingo do Tempo comum, nos apresenta Jesus ensinando aos discípulos sobre o final dos tempos. Trata-se de uma narração apocalíptica onde fenômenos naturais de grandes dimensões poderão acontecer. O importante é refletirmos que o sol, a lua, as estrelas, o céu, a terra são finitos e um dia poderão passar, mas Deus e sua Palavra não passarão, porque são eternos (cf. Mc 13,31).

O foco da nossa reflexão é a ação de Deus na sua vinda gloriosa para julgar a terra e para isso ele nos ensina como será este acontecimento: Ele enviará os anjos aos quatros cantos da terra e reunirá os eleitos de Deus, de uma extremidade a outra da terra (cf. Mc 13,27). E duas coisas são importantes para que estejamos atentos: primeiro, a Palavra de Deus é eterna e, segundo, não se sabe nem como, nem quando será o seu julgamento, muito menos o dia e a hora que irá acontecer, somente o Pai sabe (cf. Mc 13,32).

Para os cristãos que vivem no aqui e no agora, com o pé na realidade da vida, este evangelho nos ajudará a pensar que a construção do Reino já inicia neste mundo, com o cuidado de viver como discípulos atentos aos acontecimentos diversos e olhar a tantas situações, destruições naturais, religiosas e morais.

Quantas vezes a natureza é afetada pelas mãos humanas somente pelo interesse de se obter lucro, crescimento econômico, sem uma visão de zelo pela Criação de Deus. Os rios poluídos, as cidades caóticas, as florestas destruídas etc. As consequências são imensas quando se age assim. O cristão deve estar atento a esta realidade.

Outra realidade que pode colocar a humanidade em risco é o relativismo religioso, ou seja, quando parece que Deus não é mais nosso Pai, que cuida de seus filhos, mas nosso empregado, que deve realizar nossos desejos materiais, na hora que queremos.

Como ser luz do mundo nesta diversidade de opiniões que muitas vezes não levam em conta os direitos humanos e até mesmo a Constituição do País? As questões acima levantadas parecem não dizer respeito ao evangelho citado nesta liturgia, mas se fizermos uma reflexão mais profunda, podemos nos perguntar: porque existem tantas mortes, famílias destruídas, inundações e tragédias naturais? Elas são consequências de atitudes humanas, seja ela consciente ou decorrente de uma mentalidade de indiferença às realidades que compõem a nossa existência.

Somos cristãos, vivendo na pós-modernidade e esta nos traz muitos desafios, mudanças ideológicas, econômicas e tecnológicas traduzidas no imediatismo das novidades, nos grandes eventos, nas aparências, nas redes sociais vazias de conteúdo do sentido essencial da vida, porém marcadas por muitas imagens e sons que em alguns momentos são agressivos e maléficos à saúde mental e espiritual dos humanos. Falta-nos a dimensão da interioridade e da espiritualidade para a construção das consciências.

Frente a tantas situações avassaladoras, Jesus nos olhará e nos julgará se fomos capazes de ser luz diante destes sinais modernos. A primeira leitura, no livro de Daniel, nos fará referência aos que viveram de acordo com a Lei do Senhor: “Os que tiverem sido sábios brilharão como o firmamento e os que tiverem ensinado a muitos homens os caminhos das virtudes brilharão como as estrelas, por toda a eternidade” (Dn 12,3).

Não basta vivermos na retidão fundamentada numa fé intimista, individualista, mas também ensinar aos outros os caminhos do Senhor assim como Jesus, tantas vezes, preparou os seus discípulos para serem fermento na massa, sal da terra e mensageiros da sua Palavra por todo o mundo.

Precisamos usar os meios que temos para evangelizar, tais como as redes sociais, mas não somente estas… Precisamos lembrar que, em alguns momentos, somente a presença física, humana, cuidadosa e acolhedora, poderá ser instrumentos de escuta atenta, abraçar verdadeiro, de acolhimento para enxugar as lágrimas que vem do clamor do próximo…

Portanto, o Evangelho nos mostra a esperança de todos os que vivem como mensageiro da Justiça e do amor. Por isso se faz necessário estarmos mais atentos aos irmãos que sofrem e também voltados para os cuidados com a criação de Deus. Os que se portarem assim serão levados para as mãos divinas e “brilharão como estrelas, por toda a eternidade” (Dn 12,3). Peçamos as luzes do Santo Espírito no nosso caminho rumo à morada eterna, porém construindo já, e aqui, o Reino de Deus.