Missa Vespertina da Ceia do Senhor (2017)

Leituras: Ex 12,1-8.11-14; Sl 115; 1Cor 11,23-26; Jo 13,1-15

POESIA

O AVENTAL DE CRISTO

Jesus que tanto amou o mundo,
E continua a nos amar,
Ensina-nos a servir aos outros,
Quando um avental quis usar,
Como o servo do amor,
Fez-se um rei servidor,
A fim de nos libertar.

Abaixou-se a nossos pés,
Com a solidariedade,
Ensinou-nos a comungar,
Pra vivermos a unidade,
Pois comungar é servir,
No amor se consumir,
Por toda a humanidade.

Só comunga com o Senhor,
Aquele que quer servir,
Que veste o avental da entrega,
E segue sem desistir,
Que desce da prepotência,
Pra viver a benevolência,
E a voz do outro ouvir.

A Santa Eucaristia
É Jesus ressuscitado,
Ensinando-nos o serviço,
Para o necessitado,
É os pés do outro lavar,
E o amor testemunhar,
Com o coração doado.

Recordando a última ceia,
Hoje também partilhando,
Avental e lava pés,
E mesma fé professando,
Na comunhão e caridade,
No serviço e na irmandade,
Corpo e sangue comungando.

HOMILIA

O lava-pés e a Ceia do Senhor

O cálice por nós abençoado é a nossa comunhão com o sangue do Senhor”. O refrão do salmo 115 nos oferece a profundidade da celebração da Ceia do Senhor. Porque todos que se reúnem na comunidade dos batizados vem partilhar da mesma palavra, do mesmo pão e do mesmo sangue, abençoados e oferecidos pelo mesmo Senhor.

A missa do lava-pés é a porta de entrada do Tríduo Pascal, cume do ano litúrgico e em que celebramos três páscoas (passagem): a primeira, na quinta-feira, celebramos a páscoa da ceia; a segunda, na sexta-feira, a páscoa da paixão; e a terceira, no sábado e no domingo, a páscoa da ressureição.

Nesta celebração da quinta-feira o evangelista João vem apresentar a sua particularidade na última ceia de Jesus: o gesto do lava-pés o qual os outros evangelistas não trazem em seus textos. Isso significa que é mais um elemento que enriquece o sentido da Ceia nas narrações dos evangelhos.

Jesus realiza um gesto que era próprio dos escravos ou servos daquela época: lavar os pés do seu Senhor. Isso para nos dizer que a Eucaristia só será completa quando, ao recebê-la, estivermos prontos para servir os outros. Prontos para vivermos a caridade, cuidando também do irmão. Eucaristia também é lava-pés, é abaixar-se e se colocar também a disposição do outro no cuidado e na simplicidade, numa postura que se dá no mesmo nível humano.

Jesus realizou este gesto para dizer aos discípulos que era preciso fazer o mesmo. E por isso disse: “Quem quiser ser grande, seja vosso servo; e quem quiser ser o primeiro seja o escravo de todos” (Mt 10, 43-44). Todo o ensinamento de Jesus, antes de ser falado, é vivido por ele. Vemos que se tornou servo das pessoas, caridoso para com os pobres, misericordioso com os pecadores e consolador dos tristes.

Vemos que os discípulos tiveram dificuldade de entender o gesto de lavar os seus pés. Foi algo totalmente novo e desafiador para os seus seguidores. Pedro por exemplo: disse-lhe: “Tu nunca me lavarás os pés. E Jesus lhe responde: Se eu não lavar, não terás parte comigo” (Jo 13,8). O pensar de Pedro era ainda dos antigos Judeus. Um mestre nunca poderá lavar os pés de seus seguidores.

Assim são cristãos, quando acham que a religião traz status e honra humana. Ser discípulo de Jesus é estar primeiramente a serviço dos irmãos que precisam de nós. É pão partilhado e sangue oferecido para a salvação de todos, mas que traz libertação e vida nova, isso, quando os necessitados forem atendidos e os sem esperança forem animados e fortalecidos pela força edificadora de Cristo.

Hoje somos nós, os batizados em Cristo, que participamos e atualizamos aquela ceia derradeira. A Eucaristia nos faz sentirmos como os seus discípulos naquele momento. Muitas vezes temos dificuldades de entender o agir do Senhor para conosco. E em outros momentos nos sentimos incapazes de realizar o que ele nos pediu.

Portanto, a última ceia de Jesus foi marcada pela memória da libertação de Israel, mas ao mesmo tempo atualizada pela sua entrega como cordeiro que se oferece em sacrifício pela salvação, não somente de um povo, mas de todo o mundo. Jesus inaugura uma nova aliança e um novo povo.

Que a cada dia possamos entender que o encontro perseverante e constante com o Senhor na Palavra e na Eucaristia nos fortalece e nos faz continuar a caminhada, como também nos ensina, a cada dia, algo novo para chegarmos à salvação e ao céu. É caminhado com Jesus que nos tornamos cada vez mais capacitados para servir e amar os irmãos e sermos sinais de santidade no mundo. Amém.

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2 Comments

  1. Maria Divina dos santos

    “Descer da prepotência, viver a benevolência, e a voz do outro ouvir!”

    Se conseguíssemos entender e praticar, metade desse pequeno verso, talvez conheceríamos a vontade de Jesus!!

    Muito bonita a poesia e tbm o sermão!

  2. Amei a poesia ❤

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