Quarta-feira de Cinzas (2022)

⇒ Ano “Família Amoris Lætitia” (2021/2022) ⇐
⇒ Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pela resposta cristã aos desafios da bioética ⇐
⇒ Campanha da Fraternidade: “Fala com sabedoria, ensina com amor” (cf. Pr 31,26) ⇐
⇒ Dia de jejum e abstinência ⇐

 

Leituras: Jl 2,12-18; Sl 51(50); 2Cor 5,20-6,2; Mt 6,1-6.16-18

 

⇒ HOMILIA ⇐

 

Cinzas, Esmola, Oração e Jejum

Mt 6,1-6.16-18

 

Meus irmãos e irmãs, a Liturgia da Quarta-feira de Cinzas, neste Ano “Família Amoris Lætitia, dia de jejum e abstinência, nos motiva a continuar contemplando o “Sermão da Montanha”, hoje nos apresentando a esmola, a oração e o jejum. E o Evangelho desta Liturgia está em Mt 6,1-6.16-18, passagem que compõe a segunda parte do Evangelho Segundo São Mateus intitulada “A promulgação do Reino dos Céus”.

Com esta Liturgia, somos inseridos no Ciclo da Páscoa e na primeira etapa desse Ciclo: o Tempo da Quaresma. A Quaresma, um retiro universal, é um tempo de preparação para a festa mais importante do tempo litúrgico: a Páscoa do Senhor, o centro da experiência litúrgica. O período quaresmal nos proporciona, ainda, uma espiritualidade de penitência e conversão, com a qual recebemos diversas chaves para o retorno a Deus.

Na Liturgia da Quarta-feira de Cinzas, a Igreja nos apresenta Nosso Senhor, ainda no contexto do “Sermão da Montanha”, mas pela ótica do evangelista São Mateus, no qual apresenta a Boa-Nova pela trilha da prática da piedade através da esmola, do jejum e da oração, numa releitura da antiga aliança(1).

A fé, a esperança e a caridade são virtudes que nos sustentarão neste tempo de purificação aos pés do Senhor, pois com Ele caminharemos passando pelo calvário, pela Cruz e acordaremos na manhã da Ressurreição com um coração renovado para cantar O Aleluia pela vitória do Ressuscitado.

Nesta Liturgia, Jesus orienta quanto ao comportamento relativo às aparências e também que a esmola, a oração e o jejum devem ser realizadas com um coração simples e voltadas para Deus.

A esmola, realizada em segredo, deve ter como recurso o resultado da nossa abstinência e destinada aos necessitados da Providência de Deus. Já a oração deve produzir uma escuta do que Deus fala em nossa vida e uma vida de mansidão nas relações humanas. Por fim, o jejum deve ser resultado de abstinências que mortifique nossas posses que nos socorrem diante das dificuldades humanas, nosso poder que nos faz ser atendidos pelos outros e também da nossa atitude que muitas vezes querer que Deus atenda nossas vontades.

O importante é que tais práticas tenham como fruto a nossa permanente conversão, reavaliando nossa vida de batizados que querem seguir o Senhor na vida de caridade (a esmola), na prática da fé (a oração) e de esperança no Reino (jejum). Esta experiência deve nos ajudar a sermos melhores pais de família, filhos, consagrados e ordenados, evangelizadores a serviço do Reino de Deus.

Lembremos do que diz o profeta Joel, na primeira leitura desta Liturgia: “rasgai o coração, e não as vestes; e voltai para o Senhor, vosso Deus” (Jl 2,13). Faz-se necessário transformar o nosso coração para mudar de vida. O apóstolo Paulo nos exorta a vivermos a reconciliação com Deus, pois somos embaixadores de Cristo. Somente nesta sintonia com o Senhor é que podemos oferecer um testemunho.

Já iniciamos esta caminhada recebendo as cinzas em nossas cabeças e a atitude deve ser de simplicidade e de reconhecimento de que o nosso corpo é perecível e que necessita da vida infinita em Cristo Senhor.

Também nesta Quarta-feira de Cinzas a Igreja no Brasil está voltada para o início da Campanha da Fraternidade, com o tema “Fraternidade e Educação” e o lema “Fala com sabedoria, ensina com amor” (cf. Pr 31,26), cuja coleta nacional ocorrerá no dia 10 de abril.

Recordarmos que neste mês as intenções do Papa Francisco, Vigário de Cristo, estão voltadas para a construção de resposta cristã aos desafios da bioética, promovendo a defesa da vida com a oração e a ação social.

Finamente, peçamos a Nossa Senhora, Mãe de Deus e nossa, que ela interceda por nós e que possamos ser guiados pelo o Espírito Santo, unção de todos os santos, pelo retiro quaresmal preparado pela Igreja, Corpo Místico de Cristo. Amém.

*   *   *
(1) Cf. Nota de rodapé “e”, pág. 1710, referente ao título “2. Discurso: O Sermão sobre a Montanha”, da Bíblia de Jerusalém.

 

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

Caminhos que Levam a Deus


Quero seguir em frente,
Sendo mais crente,
Tendo caridade,
Na simplicidade,
Sem esquecer o mundo,
Nem por um segundo,
Neste ofertar,
Neste escutar,
A quem tem necessidade.
*
Quero seguir orando,
Sempre escutando,
Ao Deus amor,
Ao irmão na dor,
Que me faz pensar,
E que me leva a orar,
E o coração,
Nesta conversão,
Para o Senhor.
*
Quero seguir jejuando,
E me transformando,
Em um humano santo,
Sem medo ou espanto,
Sensível ao irmão,
Sendo compaixão,
Coração rasgado,
Mas purificado,
Em Deus o encanto.
*
Quero prosseguir,
Sem desistir,
Nunca isolado,
Mas sintonizado,
Com todos os irmãos,
Alheios e cristãos,
Aos que não escutaram,
Mas que desejaram,
Santa conversão.
*
Quero, com o Senhor,
Viver seu amor,
E sempre encontrar,
Para se alimentar,
Na mesa da alegria,
Encontrar a harmonia,
No alimento eterno,
Que nos faz fraternos,
A Eucaristia.


*   *   *

 

Extrato da obra “O Sermão da Montanha” (1920), de H. Copping, In wikipedia.org – “File:Harold Copping – The sermon on the mount – (MeisterDrucke-52362).jpg”

 

Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, fonte e meta da nossa vocação, ilumine o seu caminho!

 

 

Domingo de Ramos e da Paixão, Ano B, São Marcos

 

*** Ano de São José (2020/2021) ***

 

Leituras: Is 50,4-7; Sl 22(21); Fl 2,6-11; Mc 11,1-10 (Procissão); Mc 14,1-15,47 (Paixão)

 

⇒ HOMILIA ⇐

O Louvor dos Homens e a Paixão de Cristo

Mc 11,1-10 (Procissão);Mc 14,1-15,47 (Paixão)

 

Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal da Liturgia do Domingo de Ramos e da Paixão, que nos encaminha para o ápice do Ciclo da Páscoa, o Tríduo Pascal, nos motiva a contemplar Cristo que caminha livre para Jerusalém onde irá viver a sua paixão, morte e Ressurreição. E nesta Liturgia de Ramos e da Paixão, ordinariamente, a Igreja nos oferece duas passagens do Evangelho segundo Marcos: a primeira está no 11,1-10, texto proclamado após a bênção dos ramos, depois, na Liturgia da Palavra, 4,1-15,47, texto que narra a paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Devido a situação da pandemia, neste ano a Igreja orienta que sejam omitidas as procissões previstas nas celebrações da Semana Santa.

Em Jerusalém, Jesus nos dará como presente a vida nova, pois vencerá a morte para sempre e ressuscitará para que possamos alcançar a ressurreição da carne (cf. Credo). A sua entrada revela que o seu Reino não é deste mundo, pois é marcado pelo amor, pela simplicidade e pela entrega total para a nossa salvação (cf. Mc 11,3).

Nesta Liturgia de Ramos e da Paixão já revivemos a paixão e morte do Senhor. Na narração do evangelista Marcos, encontramos com um Jesus que, em silêncio, se entrega totalmente à Cruz e caminhará para a sentença injusta, como um cordeiro ao sacrifício.

O silêncio só será pecaminoso diante da injustiça ou da omissão na promoção da paz, seja entre os homens ou mesmo quando as dores e angústias humanas provocam a falta de harmonia ou o distanciamento entre as pessoas e Deus.

Em nossa caminhada também encontramos as muitas cruzes e mortes, que, quando vividas adequadamente, proporcionam vida nova e um novo sentido. Mas também encontramos esperança da vitória, que nos foi deixada por Jesus. Ele mesmo nos ensina a seguir em frente. A Ressurreição de Jesus alimenta a nossa fé na vida eterna, a nossa meta principal. Cristo vive entre nós e nos dá o seu Espírito para vivermos no mundo seguindo os seus passos na construção do seu Reino de amor e de paz.

A celebração de Domingo de Ramos e da Paixão nos insere na Semana Santa, período em que viveremos cinco momentos1 rituais litúrgicos os quais marcam não somente este tempo, mas também toda a nossa caminhada de fé, dentro do sentido de um itinerário pascal.

No primeiro momento é a procissão do Domingo de Ramos e neste momento vivemos, como cristãos, o louvor e o sofrimento, mas continuamos a caminho, pois estamos com o Senhor.

O segundo momento acontece concretamente na Sexta-Feira Santa, quando contemplamos a Cruz. Ela é o sinal da glória de Cristo e uma indicação da face misericordiosa de Deus. Quando desprezamos esta dimensão espiritual da Cruz, fugimos da nossa missão e nos desanimamos.

No terceiro momento nós contemplamos o Círio Pascal, o Ressuscitado, a Luz que vence as trevas. Agora podemos caminhar sem medo da escuridão das dores, das angústias e dos barulhos do mundo. Cristo está vivo!

O quarto momento é o nosso encontro com Jesus à Mesa, cujo o alimento é o Corpo do Ressuscitado, para que continuemos firmes e esperançosos numa humanidade guiada pelo Espírito como prometido pelo Filho (cf. At 1,8).

E no quinto e último momento somos enviados em missão para proclamar que Cristo venceu a morte e que está conosco animando-nos com o seu Espírito. Devemos ser continuadores de sua mensagem salvífica e mostrar para os homens a face compassiva de Deus.

Portanto, vivamos a Semana das semanas num espírito de oração, de penitência e de abstinências. Fiquemos atentos aos passos do Senhor na sua paixão, morte e Ressurreição, pois é no acontecimento da vitória sobre a morte que está fundamentada a nossa fé.

***

1 A caminho na luz de Cristo. Roteiros Homiléticos do Tempo da Quaresma. Ano A, São Mateus. Brasília, Edições CNBB. 2014.

 

***

⇒ POESIA ⇐

Caminhemos a Jerusalém

 

Caminhemos à Cidade Santa,
Com Jesus, o Santo Peregrino,
Saudado por nossos aplausos e hinos,
Ele é o caminheiro da santa Paz,
Que caminha com total liberdade,
E que em seus seguidores livres nos faz.

Caminhemos à nossa Jerusalém,
Nos encontros de dores e alegrias,
Nas trevas da vida mesmo à luz do dia
Mas a voz de Deus sempre a escutar,
Esta Palavra que traz a esperança,
Que nos leva ao culto verdadeiro celebrar.

Caminhemos com o Senhor a cada dia,
Em nossa vida e em nossa caminhada,
Deixando que em nós ele faça morada
E a sua justiça sempre seguindo,
Vivendo a verdade do Evangelho,
E pelo verdadeiro amor se consumindo.

Façamos aclamações na sinceridade,
Com os ramos verdes da esperança,
Olhando seu amor que não se cansa,
Porque ele caminha carregado de coragem,
Pois nele o medo não pode existir,
Porque o amor é a sua viva mensagem.

Cristo que nos ensina a obediência,
Pelo Pai do céu ele se entregou,
Foi coerente com o que pregou,
Chegar à Cruz como consequência,
Ele foi livre dos reinos terrenos,
Seu silêncio venceu a prepotência.

Caminhemos ao encontro da nossa união,
Que se dá no alimento da nossa alma,
E também na carne, que se nutre e acalma,
Buscando o caminho da serenidade,
Porque a paz nasce do encontro,
Pelo amor braços abertos, para a caridade.

***

 

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que caminha em Jerusalém por entre o triunfalismo, ilumine o seu caminho! ***

 

V Domingo da Quaresma, Ano B, São Marcos

 

*** Ano de São José (2020/2021) ***

 

Leituras: Jr 31, 31-34; Sl 51(50); Hb 5,7-9; Jo 12,20-33

 

⇒ HOMILIA ⇐

Caminhando com Jesus, que é o Verdadeiro Grão de Trigo

Jo 12,20-33

 

Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal da Liturgia do V Domingo da Quaresma do Ano B nos motiva a contemplar o caminho da experiência da paixão, morte e Ressurreição do Senhor. E o Evangelho desta Liturgia está em Jo 12,20-33.

E diante da solicitação dos gregos a Felipe e André, Jesus faz o discurso sobre o sentido de sua entrega. “Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só um grão de trigo; mas, se morre, então produz muito fruto.” (Jo 12,24). Ele é o grão que, caído na terra (túmulo), nos trouxe a vida nova; Jesus é a Palavra que, descida do céu (cf. Jo 6,51), nos ensina a nova Lei.

A cruz simboliza o limite do amor de Deus, pois abraça a todos. Um refrigério para nosso tempo, em que há carência de amor e de vida nova. Desde o Antigo Testamento, Deus promete uma Lei para ser gravada, não em pedras, mas no coração. Diz o profeta Jeremias: “Assim diz o Senhor: imprimirei minha lei (…) em seu coração; serei seu Deus e eles serão meu povo” (31,33). E Jesus cumpre a profecia. A cruz simboliza também a passagem pela realidade da dor do mundo. Depois, Jesus irá ao túmulo para salvar os que estão nas trevas do pecado e os ressuscita como o grão de trigo para a vida nova.

A experiência do Tríduo Pascal nos coloca diante do ministério salvífico de Cristo. E Jesus percorreu todo o caminho em sintonia e obediência ao Pai. A Carta aos Hebreus nos afirma que, mesmo sendo Filho, Jesus aprendeu o que significa a obediência a Deus por aquilo que ele sofreu (cf. Hb 5,8).

Esta Liturgia, portanto, nos motiva a entender como os primeiros cristãos atraíram tantos mártires para causa de Cristo. A Liturgia também nos convida a entender o que motiva tantos missionários em nossos dias a abraçarem o caminho do Senhor, mesmo com sofrimentos e dores.

Não foi a rigidez das normas dos fariseus que atraiu o povo para Deus, mas o testemunho de amor vivido por Jesus junto aos pobres da sua sociedade e a consumação de seu ministério na cruz até aquela aurora da Ressurreição. Todos os que contemplaram sua entrega na cruz foram atraídos, pois Jesus deu testemunho do que falou. Quando olhamos para cruz podemos entender o profundo sentido do seu amor pela humanidade, “… humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz” (Fl 2,8). Isso atraiu o mundo para o seu amor.

O que nos atrai ou nos atraiu para Cristo? É importante meditarmos sobre como fomos atraídos por Cristo. Os cristãos somente poderão atrair o outro para o Senhor quando também forem coerentes em suas vidas, no jejum, na oração e na esmola. Isto é, quando a fé, a esperança e a caridade estiverem no coração, além da Lei normativa.

E neste ano da V Campanha da Fraternidade Ecumênica, que traz como tema “Fraternidade e Diálogo: Compromisso de Amor”, quero rezar um trecho da oração desta Campanha: “Deus da vida Deus da vida, da justiça e do amor, nós Te bendizemos pelo dom da fraternidade e por concederes a graça de vivermos a comunhão na diversidade. (…) Torna-nos pessoas sensíveis e disponíveis para servir a toda a humanidade, em especial, aos mais pobres e fragilizados, a fim de que possamos testemunhar o Teu amor redentor e partilhar suas dores e angústias, suas alegrias e esperanças, caminhando pelas veredas da amorosidade.”

Que esta Liturgia, a qual nos aproxima do ápice do ano litúrgico, nos leve a viver a entrega de Cristo e a sermos mais serenos diante das realidades que fazem parte da vida, pois o cristão carrega as cruzes de sua existência e, ao mesmo tempo, abraça a certeza da vitória que foi dada pelo Ressuscitado.

 

***

⇒ POESIA ⇐

Encontrar-se com o Senhor

 

De Cristo a lição do amor,
Da vida que é como grão,
Da paz que traz o perdão,
Da missão em grande ardor,
Na entrega verdadeira,
Felicidade não passageira,
Verdade, vida e esplendor.

Palavra, vida e ação,
A nos fazer atraídos,
E com o Reino envolvidos,
No plano da salvação,
Porque gera alegria,
Na vida de cada dia,
Amor, plena doação.

E o grão vida nova a nascer,
Cristo, maltratado na cruz,
Tornou para todos a Luz,
E ao mundo resplandecer,
Fazer brilhar o sumo bem,
E aos discípulos também,
Disse pra não se esconder.

Encontro, vida a se entregar,
Faz novo o que era velho,
Sua voz, o Evangelho,
Vida nova a propagar,
Nos caminhos do existir,
Semente a se expandir,
Pra de novo semear.

Cristo nos veio afirmar,
Santa e Nova Aliança,
Traz ao mundo a esperança,
Para não se apagar,
Seu amor é a Lei Nova,
A cruz foi a sua prova,
Do limite de amar.

Na mesa Nova Aliança,
Palavra que se faz pão,
Para gerar vida e união,
E passar santa herança.
Porque fomos atraídos,
Para ser um povo unido,
No amor, paz e esperança.

***

 

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que representa a Glória de Deus, ilumine o seu caminho! ***

 

IV Domingo da Quaresma, Ano B, São Marcos

 

*** Domingo da Alegria, Domingo Lætare, Ano de São José (2020/2021) ***

 

Leituras: 2Cr 36,14-16.19-23; Sl 137(136); Ef 2,4-10; Jo 3,14-21

 

⇒ HOMILIA ⇐

O Amor Gratuito de Deus por Nós

Jo 3,14-21

 

Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal da Liturgia do IV Domingo da Quaresma, o Domingo da Alegria, neste Ano de São José, nos motiva a contemplar o amor gratuito de Deus por nós. E o Evangelho desta Liturgia está em Jo 3,14-21.

Com esta Liturgia a Igreja nos lembra da proximidade da Páscoa, o grande dia da vitória de Cristo, quando cantaremos, com grande júbilo, o Aleluia e o Glória em honra ao vencedor da morte, Ressuscitado para também nos ressuscitar. Este é o motivo de celebrarmos o Domingo Lætare, do latim “Alegra-te!”, pois se aproxima o grande dia.

O evangelista João nos apresenta o encontro com Nicodemos, em que Jesus demonstra o amor ilimitado e gratuito de Deus pela humanidade. Ele faz referência à serpente erguida no deserto comparando-a com a sua crucificação. No deserto, os israelitas não foram convidados a erguer os olhos para a serpente de bronze para contemplá-la, que é um animal venenoso em si, mas para voltar o olhar para o alto, onde Deus está. Deus que cura e liberta a todos do mal.

O Evangelho nos convida a olhar para o Crucificado, não para ver apenas o sofrimento cruel e humilhante, mas para perceber o limite do amor de Deus por todos nós. Este Deus que entregou seu Filho para que crendo alcancemos a vida eterna (cf. Jo 3,16). Por isso somos chamados a caminhar com dignidade, mesmo em meio as tentações e as cruzes. Deus nos oferece os meios para nos livrar do veneno do pecado que impede a salvação. Jesus veio nos mostrar o caminho do amor e da salvação e não o da condenação (cf. Jo 3,17).

Deus sempre caminhará conosco, apesar da nossa infidelidade, como podemos ver na Primeira Leitura desta Liturgia. O povo, que teve o Templo destruído, receberá de Deus o grande favor através do rei Ciro, que é tocado para anunciar a reconstrução do Templo, que foi destruído pela infidelidade e desobediência aos Mandamentos.

Muitas vezes, em função da nossa carne fraca, nós reforçamos a imagem de que Deus é vingativo. Nossas faltas e pecados são consequências de nossas escolhas em desobediência aos Mandamentos. Além de nossas falhas, as quedas podem ser provocadas pela ação do inimigo que nos tenta com diversas seduções.

Nesse sentido, o evangelista João nos mostra que a salvação é obtida hoje, no agora de cada um, pois depende das escolhas a cada momento, afirmando que “Quem nele crê, não é julgado; quem não crê, já está julgado, porque não creu no Nome do Filho único de Deus.” (3,18).

A condenação, portanto, virá quando não houver adesão ao projeto do Filho de Deus. Logo, devemos carregar a certeza de que a salvação é gratuita para os que têm fé, porém a adesão é espontânea. Nunca será tarde para nossa adesão e arrependimento, mas precisamos ter pressa na decisão para que nossas ações de amor e de testemunho também ajudem o mundo a melhorar.

E neste ano, em que a Campanha da Fraternidade trás como tema “Fraternidade e Diálogo: Compromisso de Amor” vamos lembrar o que o Papa Francisco nos fala por ocasião do lançamento desta Campanha: “a fecundidade do nosso testemunho dependerá também de nossa capacidade de dialogar, encontrar pontos de união e os traduzir em ações em favor da vida, de modo especial a vida dos mais vulneráveis”. E no contexto de pandemia, o Papa Francisco ainda fala: “precisamos vencer a pandemia e nós os faremos à medida em que formos capazes de superar as divisões e nos unirmos em torno da vida.”

Que o Espírito Santo nos guie neste itinerário para a Páscoa, para que, ao chegarmos à festa do Ressuscitado, tomemos posse da alegria do Cristo que venceu a morte para nós. Ergamos nossa cabeça em direção a Deus, que nos liberta e nos salva. É no alto da cruz que encontramos a razão da entrega de Deus por amor a toda humanidade.

 

***

⇒ POESIA ⇐

Um Amor que se Derrama

 

Por amor,
Deus nos pensou,
Para que fôssemos amados,
E agraciados,
Como um grande presente,
Basta que sejamos crentes.

Por amor,
Deus nos criou,
Para o mundo embelezar,
E o governar,
Com sua sabedoria,
Que nunca se esvazia.

Por amor,
Deus se encarnou,
Para a nossa salvação,
E para a santificação,
Conosco vem caminhar,
Ensinando-nos a amar.

Por amor,
Deus se entregou,
Um Deus apaixonado,
Por nós crucificado,
Ergamos a visão,
Para a nossa salvação,

Por amor,
Deus nos iluminou,
Com o Espírito Santo,
O Eterno encanto,
Que, pelo mundo inteiro,
Fez-nos mensageiros.

Por amor,
Deus se fez alimento,
Na Palavra e na Eucaristia,
Que nos traz a alegria,
Do encontro verdadeiro,
Dos fiéis companheiros.

 

***

 

 

**** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, o enviado do Pai para salvar o mundo, ilumine o seu caminho! ***

 

III Domingo da Quaresma, Ano B, São Marcos

 

*** Ano de São José (2020/2021) ***

 

Leituras: Ex 20,1-17; Sl 19(18); 1Cor 1,22-25; Jo 2,13-25

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

O Novo Mandamento e o Novo Culto

Jo 2,12-25

 

Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal da Liturgia do III Domingo da Quaresma nos motiva a contemplar o novo culto e o novo mandamento. E o Evangelho desta Liturgia está em Jo 2,12-25.

Sobre o novo culto, o evangelista João nos apresenta Jesus como o templo vivo onde há o culto verdadeiro, a Igreja. Já o novo mandamento, o ponto de partida é a Antiga Aliança, como percurso para que todos pudessem andar de acordo com a vontade divina, não como imposição, mas como o cuidado carinhoso de um Deus que ama o seu povo e quer que viva no amor e na obediência à sua vontade.

Refletindo sobre o novo mandamento, vemos na primeira leitura que Deus faz memória da sua ação salvadora que libertou o povo da casa da escravidão (cf. Ex 20,2) e que tem uma história na caminhada do seu povo.

Os mandamentos são como os sinais de trânsitos que orientam sobre o limite da velocidade e o percurso. A desobedece-los poderemos causar um desastre e até a morte dos envolvidos e de inocentes. No caso dos mandamentos, desobedece-los poderá significar a perdição da alma. É Jesus quem nos apresenta a Lei maior: o amor. O amor que se direciona ao outro. E amar o outro não é apenas não matar, não trair, não roubar, não ser falso, mas sim, também, defender a sua vida, lutar pela justiça em seu favor.

O Evangelista nos apresenta Jesus expulsando os vendedores do Templo. Haviam, em função da celebração da Páscoa, muitos peregrinos de toda a Israel e também do estrangeiro. São pessoas que durante muito tempo juntaram dinheiro para ir prestar o culto a Deus. No Templo, Deus habita. Ali existem os sacerdotes que aconselham os peregrinos. Mas também há os que ganham muito dinheiro explorando os pobres com a venda dos animais para o sacrifício e com o câmbio das moedas oficiais para serem colocadas nos cofres do Templo e comprar as vítimas para o sacrifício.

É nesse contexto que Jesus percebe que o lugar onde Deus deve ser adorado em espírito e verdade está sendo profanado pela corrupção e exploração realizada pelas próprias lideranças da religião. A casa de Deus não é um lugar de comércio e exploração (cf. Jo 2,16). O ambiente do culto ao Senhor Deus que caminhou com o seu povo, é o lugar do sacrifício verdadeiro e da oração que sobe aos céus.

Quando vamos à Missa devemos abrir o nosso coração para o mandamento novo e com isso toque a nossa alma para que fiquemos cada vez mais perto dele. E que, após a Missa, possamos ter uma relação sadia com os bem materiais, sabendo que o desemprego e o consequente sofrimento são formas contemporâneas de ação dos “vendilhões”.

A segunda frase de Jesus, a mais importante e falada diante da pergunta dos judeus: “ ‘que sinal nos mostras para agires assim?’ Respondeu-lhes Jesus: ‘Destruí este santuário, e em três dias eu o levantarei’.” (Jo 2,19-20). Ninguém entendeu tais palavras. Inclusive os discípulos só entenderam após a Ressurreição.

Nós formamos a Igreja, Corpo Místico de Cristo, Templo vivo de Deus, onde habita o Espírito Santo. Quando nos dirigimos à Igreja de pedra devemos sempre pensar: nós somos o sentido maior do verdadeiro culto, porque nos reunimos “em Cristo, com Cristo e por Cristo”, livres das explorações e corrupções humanas.

Os cristãos são os que seguem a Cristo em espírito e verdade. Não devem pensar como os judeus do tempo de Jesus. Eles esperavam um rei poderoso, prepotente, milagreiro e rico. Por isso a crucificação de Jesus para eles é escândalo. Quanto aos gregos, que confiavam na sabedoria humana, a razão era tudo para eles (cf. 1Cor 1,23) e a morte de Jesus não se enquadra dentro de nenhuma lógica humana: por isso é uma autêntica loucura[1].

Que a nossa oração e o nosso culto sejam autênticos e que a Eucaristia nos fortifique a vivermos como verdadeiro adoradores de Deus. E neste ano, em que a Campanha da Fraternidade nos motiva sobre a paz, o diálogo e o compromisso de amor, sejamos testemunhas do amor, do diálogo e do acolhimento ao irmão diferente. E vivamos a santidade no mundo como verdadeiros templos santos neste tempo quaresmal, quando devemos intensificar a prática da caridade, da oração e do jejum.

***

[1] Cf. ARMALLINI, Fernando. Celebrando a palavra: Ano B. São Paulo: Ave Maria.

 

***

⇒ POESIA ⇐

Nós, Templos Santos

 

Somos templos do Senhor,
Moradas do divino amor,
Da verdade e sinceridade,
Sem nada de opressão,
Morada do amor e do perdão,
Templo da santa bondade.

Somos templos do Senhor,
Na vivência do temor,
Com um culto verdadeiro,
Sem a tal da falsidade,
Mas com a pura verdade,
E uma entrega por inteiro.

Somos templos do Senhor,
Vivendo o fiel ardor,
Pelos santos mandamentos,
Como setas definidas,
Para proteger a vida,
Livre de tantos tormentos.

Somos templos do Senhor,
E da verdade esplendor,
Igreja, Corpo Vivo e Santo,
Para firmes encontrar,
O alimento do altar,
Que alivia o nosso pranto.

Somos templos do Senhor,
Com a justiça a favor,
Da verdade que liberta.
Na missão do sumo bem,
Pois, o Espírito nos mantém,
Com a paz do Redentor.

Templos da Eucaristia,
Nós, Igreja de todo o dia,
Que se nutre da união,
Festa da vida e do amor,
Que fortifica o ardor,
No encontro e comunhão.

 

***

 

 

**** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, verdadeiro culto e portador do novo mandamento, ilumine o seu caminho! ***

 

II Domingo da Quaresma, Ano B, São Marcos

 

*** Ano de São José (2020/2021) ***

 

Leituras: Gn 22,1-2.9-13.15-18; Sl 116(114-115); Rm 8,31b-34; Mc 9,2-10

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Subamos ao Monte com o Senhor

Mc 9,2-10

 

Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal da Liturgia do II Domingo da Quaresma nos motiva a contemplar Jesus que sobe ao monte com Pedro, Tiago e João e lá se transfigura diante deles. E o Evangelho desta Liturgia está em Mc 9,2-10.

A Transfiguração foi uma forma de antecipar aos seus discípulos a Ressurreição. Na passagem deste Evangelho aparecem dois personagens da Antiga Aliança: Moisés, representando a Lei, recurso para que Israel viva a aliança verdadeira com Deus; e Elias, representando os profetas, os anunciadores da vontade de Deus e da vinda do messias. A experiência leva os discípulos a quererem ficar ali no monte, num lugar de conforto. Eles cultuam a divindade de Jesus, mas ainda não chegou a hora.

Outro momento importante desta narração é a voz de Deus na nuvem que diz para ouvir o seu Filho amado, que veio trazer a Boa-Nova. O Pai se dirige aos discípulos, a todo o povo e também a nós hoje: “Escutai-O”. Escutar a sua mensagem de salvação que é destinada a todos os que são obedientes ao mandamento do amor e da fraternidade. Depois Jesus convida os discípulos a descerem do monte e manterem segredo sobre aquela experiência da Transfiguração, pois ainda não é o tempo de manifestar a sua divindade a todos.

Na primeira leitura desta Liturgia nós encontramos Abraão e Isaac também no monte. Motivado pela sua fé e pelo costume da religião cananeia de sacrificar o primogênito Abraão se propõe a ofertar a vida de seu filho, mas Deus impede. A fé de Abraão possibilitará a benção de Deus e uma descendência imensa como os grãos de areia do mar. A fé de Abraão também nos ensina sobre a obediência sem limites para com Deus, a ponto de sacrificar em nome de Deus o que ele mais amava: seu filho, gerado já na velhice e na esterilidade de Sara.

Assim, percebemos que no sacrifício de Abraão há uma prefiguração do de Jesus, pois é Isaac quem carrega a lenha para a sua própria oblação. A transfiguração e a crucificação também se dão num monte, que é a cidade de Jerusalém. No entanto, em Jesus o sacrifício é total e perfeito.

São Paulo nos lembra que o Filho de Deus, que ressuscitou e intercede por nós (cf. Rm 8,32.34), não foi poupado pelo seu Pai e por isso se entregou como garantia da nossa salvação. O nosso Deus se esvaziou da sua condição por amor aos homens, numa entrega voluntária e dolorosa.

Nos dias de hoje estamos sempre ocupados e tentados a se afastar da oração silenciosa, que nos permite escutar Deus e a nós mesmos. É a partir da aceitação das nossas limitações que tornamos capazes de mudar nossa vida em direção a Cristo.

Na Liturgia somos chamados a queremos subir para fazermos a experiência do encontro o Transfigurado, que nos apresenta a sua divindade e nos ensina a descermos para vivermos a missão. Devemos querer também ter a mesma atitude de Abraão, que chegou a oferecer, em sacrifício, a vida de Isaac, mas foi impedido pela interferência de Deus que viu a sua fé sem limites.

A cada Eucaristia celebrada somo chamados a reviver o nosso encontro com o Transfigurado e somos enviados também para transfigurar os que estão sofrendo e sem a oportunidade da reconciliação com Deus.

Somos também convidados a transfigurarmos no diálogo e no compromisso de amor na nossa vivência quaresmal, como nos motiva a Campanha da Fraternidade 2021.

Que o Deus de Abraão e de Isaac e salvador de todos, nos guie os nossos passos de fé e de obediência. E que o Senhor nos perdoe pelas tantas vezes que fomos desobedientes e medrosos. Peçamos a intercessão de Nossa Senhora para vivermos a humildade em nossas misérias e a coragem da mudança de vida.

 

***

⇒ POESIA ⇐

Transfigurar-nos com Jesus

 

Subamos ao monte do Senhor
Para ver a sua glória,
Para viver a intimidade,
Caminhar na nossa história,
Caminhar na humildade,
Buscarmos a santidade,
E não perder a memória.

Subamos ao monte do Senhor,
Para vivermos a nossa esperança,
Fortalecer nossa fé,
Na entrega e confiança.
Como um discípulo é.
Vivendo a sua fé,
Na paz e muita bonança.

Desçamos do monte do Senhor,
Para continuar a missão,
Voltando a realidade,
Pisando os pés no chão,
Precisamos continuar,
O Evangelho pregar,
Para o Reino e a salvação.

Desçamos do santo monte,
Para com Jesus viver,
Num corpo ressuscitado,
E dele muito aprender,
Seu amor sempre abrasado,
E o céu sempre esperado,
E para sempre viver.

Vamos para a mesa Santa,
De pura fraternidade,
Ao Templo da alegria,
Do amor e da irmandade,
Da escuta e do perdão,
Da paz e da comunhão,
Da plena felicidade.

 

***

 

 

**** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, o Filho amado do Pai, ilumine o seu caminho! ***

 

I Domingo da Quaresma, Ano B, São Marcos

 

*** Ano de São José (2020/2021) ***

 

Leituras: Gn 9,8-15; Sl 25(24); 1Pd 3,18-22; Mc 1,12-15

⇒ HOMILIA ⇐

Cristo nos Ensina a Vencer as Tentações

Mc 1,12-15

 

Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal da Liturgia do I Domingo da Quaresma, do Ano B, nos motiva a contemplar Jesus conduzido pelo Espírito ao deserto para viver a experiência do jejum e da oração a fim de nos ensinar como vencer as tentações. E o Evangelho desta Liturgia está em Mc 1,12-15.

O evangelista Marcos nos apresenta Jesus que vai ao deserto, logo após o seu batismo, para se preparar para a sua missão: pregar o Reino de Deus e trazer a salvação a todos.

Após retornar do deserto, Jesus vai para a Galileia pregando o Evangelho. A sua mensagem principal é um alerta e, ao mesmo tempo, um convite: o tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo (cf. Mc 1,15). Para dizer: o tempo da pregação de João já passou, agora chegou o Messias do qual ele pregou ao povo.

A segunda mensagem é exatamente um apelo ao povo: convertei-vos e crede no evangelho (cf. Mc 1,15). A mudança de vida e fé na Boa-Nova são requisitos concretos para a acolhida e a realização do Reino de Deus.

Na Quarta-Feira de Cinzas a Liturgia nos apresentou as bases para a vivência quaresmal e os exercícios da esmola, do jejum e da oração, mais que penitenciais, devem ser vividos rasgando o coração e não as vestes, como profetizou Joel (cf. Jl 2,13), na primeira leitura da Liturgia da Quarta-Feira de Cinzas. Ou seja, é a partir de uma atitude interior que devemos viver este retiro de quarenta dias em nossa Igreja.

Na primeira leitura desta Liturgia, Deus se dirige a Noé e a seus filhos para estabelecer uma aliança com eles e inclusive com toda a criação de animais, prometendo não provocar mais dilúvio (cf. Gn 9,9.11). E o sinal desta promessa, desta aliança, será o arco nas nuvens o qual representará este pacto do céu com a terra.

A mudança de vida sempre nos ajudará a evitar os diversos dilúvios que produzimos com a violência. Olhando o nosso mundo, são tantos os desastres construídos por nós em função de interesses financeiros que produzem desemprego, pobreza e morte.

A falta de cuidado com a criação de Deus nos faz devastadores da natureza e nos colocam em descaso com a saúde do nosso planeta, nossa “casa comum”. Para isso, precisamos mudar as nossas atitudes e somente a conversão nos afastará dos diversos dilúvios.

Deus quer sempre reconduzir a humanidade para o bem, ele destrói o mal e por isso estará em busca de conduzir a todos nos seus caminhos. Portanto a ação de Deus é sempre uma busca de reconstruir o coração do homem para que siga a sua aliança e carregue no seu coração os preceitos de amor e fidelidade.

O apóstolo Pedro, na segunda leitura, diz que o dilúvio representa o nosso batismo, pois assim como do dilúvio surge uma nova humanidade, no batismo somos renovados para uma vida nova em Cristo. Porém não significa que já somos vitoriosos, mas que iremos também enfrentar as tentações como Jesus enfrentou.

Na vida sempre teremos provações. Seremos tentados, mas com Cristo venceremos, pois ele nos ensinou como vencer. Não somente no deserto ele foi tentado e perseguido, mas durante toda a sua missão. Por que a sua pregação causou mudanças nas estruturas do velho homem. Os poderes humanos foram abalados pela Palavra que se fez carne.

E neste ano a Campanha da Fraternidade nos apresenta o tema “Fraternidade e Diálogo: Compromisso de Amor” e o lema, tirado da Carta de São Paulo aos Efésios, “Cristo é a nossa paz: do que era dividido fez unidade. Que sejamos cristãos do diálogo, evitando as diversas divisões e os julgamentos contra os irmãos, pois não somos juízes um dos outros e sim filhos do mesmo Pai e pertencentes ao mesmo rebanho do Senhor.

Que o Espírito Santo nos conduza pelos desertos da vida e que aprendamos de Jesus como vencer as tentações a fim de fortalecer nossa conversão aos caminhos do Evangelho e anunciarmos o Reino com o testemunho de nossas vidas e com anúncio verdadeiro da palavra do Senhor.

 

***

⇒ POESIA ⇐

Os Desertos da Vida

 

Por onde caminhamos,
Inseridos na vida do Senhor,
Não estamos livres das tentações,
Que nos traz medo e dor,
Mas Cristo no dá forças e nos ensina
E grava em nossos corações,
Como vencer o tentador.

Pelo nosso Santo Batismo,
Como Jesus, quando batizado,
E conduzidos pelo Espírito Santo,
Somos todos também tentados,
Nas diversidades da vida terrena,
Quando marcados pelo pranto,
Com Cristo somos justificados.

E do deserto nós descemos,
Para no mundo anunciar,
Vivendo como discípulos em missão,
Com o testemunho e também a pregar,
Nos caminhos escuros da humanidade,
Semeando a paz e comunhão,
Com fé e sem medo de tropeçar.

Somos o povo de Deus peregrinando,
Pelo mundo de tantas diversidades,
Reunimo-nos para o culto ao Senhor,
Para fortalecer nossas capacidades,
Que vem da fonte do puro amor,
Comungamos do alimento eterno e santo,
Que nos conduz a eternidade.

 

***

 

 

**** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, o novo Adão que nos trouxe o dom gratuito e superabundante da justiça, ilumine o seu caminho! ***

 

Quarta-Feira de Cinzas

Dia de jejum e abstinência

Campanha da Fraternidade Ecumênica: “Fraternidade e diálogo: compromisso de amor”

*** Ano de São José (2020/2021) ***

 

Leituras: Jl 2,12-18; Sl 51(50); 2Cor 5,20-6,2; Mt 6,1-6.16-18

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Cinzas, Esmola, Oração e Jejum

Mt 6,1-6.16-18

 

Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal da Quarta-Feira de Cinzas, neste Ano de São José (0/3), nos motiva a iniciar um itinerário espiritual tendo como base a esmola, a oração e o jejum. E o Evangelho desta Liturgia está em Mt 6,1-6.16-18.

Caminhando com o Senhor entramos no Ciclo Pascal, que traz inicialmente a Quaresma como tempo de preparação para a festa mais importante do ano litúrgico: a Páscoa do Senhor, o centro da caminhada e da experiência litúrgica.

Já iniciamos esta caminhada recebendo as cinzas em nossas cabeças. A atitude deve ser de simplicidade e de reconhecimento de que o nosso corpo é perecível e que necessita da vida infinita em Cristo Senhor.

A fé, a esperança e a caridade são virtudes que nos sustentarão neste tempo de penitência aos pés do Senhor. Com Ele queremos caminhar passando pelo calvário, pela Cruz e acordar na manhã da Ressurreição com um coração renovado e alegre, para cantar o aleluia vibrante e cheio de convicção no Ressuscitado.

O evangelista Mateus nos apresenta Jesus orientando os seus discípulos para terem cuidado com as ações diante das pessoas, aquelas realizadas somente para alimentar as nossas aparências. Há algo que deve brotar do coração para que seja agradável a Deus. Por isso as práticas da esmola, da oração e do jejum devem ser realizadas com um coração simples e voltado para Deus.

A esmola deve encontrar o sentido da caridade e não para ser divulgada. Muitas vezes a nossa presença, com o acolhimento e a misericórdia, é concretização da esmola que o Senhor nos pede a realizar.

A prática de oração deve ser mais interior e com um coração que ouça as súplicas humanas. Com esta postura podemos também ouvir Deus que fala na nossa vida e nos pede que vivamos a mansidão nas relações humanas, com os irmãos e com o próximo.

Nossa experiência espiritual deve ser vivida, sobretudo, nas missas, deixando que a Palavra nos ajude em nossa conversão, num encontro que alimente nossas esperanças e nos possibilite um verdadeiro encontro com Cristo.

E o jejum não deve estar apenas dentro do nosso intimismo, mas na intenção, no propósito. Também devemos ter em consideração os que têm fome, qualquer fome. Como é bom e bonito deixar de consumir certos alimentos e depois oferecer o que juntou, com as abstinências, aos necessitados.

O importante é que tais práticas espirituais tenham como fruto a nossa conversão, a busca permanente pela santidade. Também é um tempo próprio para reavaliarmos nossa vida de batizados que querem seguir o Senhor na vida de caridade (a esmola), na prática da fé (a oração) e de esperança no Reino (jejum). Esta experiência deve nos ajudar a sermos melhores pais de família, melhores filhos, melhores consagrados e ordenados, melhores evangelizadores a serviço do Reino de Deus.

Todo esse caminho requer esforço e luta contra as tentações materiais e espirituais. É importante estarmos conscientes que temos de sair da zona de conforto para realizar este exercício de santidade.

Lembremos do que diz o profeta Joel: “rasgai o coração, e não as vestes; e voltai para o Senhor, vosso Deus” (Jl 2,13). Faz-se necessário transformar o nosso coração para mudar de vida. O apóstolo Paulo nos exorta a vivermos a reconciliação com Deus, pois somos embaixadores de Cristo. Somente nesta sintonia com o Senhor é que podemos oferecer um testemunho.

Peçamos ao Espírito Santo a perseverança para que possamos seguir em frente com os nossos propósitos quaresmais e que ao chegarmos à Páscoa tenhamos vencidos as tentações e então possamos dizer: como cristão quero continuar nesta busca constante de cada dia, ser mais santo e mais comprometido com o Evangelho.

 

***

⇒ POESIA ⇐

Caminhos que Levam a Deus

Quero seguir em frente,
Sendo mais crente,
Tendo caridade,
Na simplicidade,
Sem esquecer o mundo,
Nem por um segundo,
Neste ofertar,
Neste escutar,
A quem tem necessidade.

Quero seguir orando,
Sempre escutando,
Ao Deus amor,
Ao irmão na dor,
Que me faz pensar,
E que me leva a orar,
E o coração,
Nesta conversão,
Para o Senhor.

Quero seguir jejuando,
E me transformando,
Em um humano santo,
Sem medo ou espanto,
Sensível ao irmão,
Sendo compaixão,
Coração rasgado,
Mas purificado,
Em Deus o encanto.

Quero prosseguir,
Sem desistir,
Nunca isolado,
Mas sintonizado,
Com todos os irmãos,
Alheios e cristãos,
Aos que não escutaram,
Mas que desejaram,
Santa conversão.

Quero, com o Senhor,
Viver seu amor,
E sempre encontrar,
Para se alimentar,
Na mesa da alegria,
Encontrar a harmonia,
No alimento eterno,
Que nos faz fraternos,
A Eucaristia.

***

 

 

 

**** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, fonte e meta da conversão, ilumine o seu caminho! ***

 

Domingo de Ramos e Paixão do Senhor – Ano A, São Mateus

 

Leituras: Is 50,4-7; Sl 21(22); Fl 2,6-11; Mt 21,1-11 (Procissão); Mt 27,11-54 (Paixão)

 

Ouça o áudio preparado para esta liturgia (pode demorar alguns segundos)

 

⇒ HOMILIA ⇐

O louvor dos homens e a Paixão de Cristo

Mt 21,1-11 (Procissão);Mt 27,11-54 (Paixão)

 

A celebração do Domingo de Ramos é um resumo de toda a vivência do Tríduo Pascal (Paixão, Morte e Ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo), liturgia que nos insere no clima e sentido espiritual da Semana Santa. Nesta celebração, portanto, contemplamos Cristo que caminha livre para Jerusalém onde irá viver a sua paixão e morte. Lá nos dará como presente a vida nova, pois vencerá a morte para sempre e ressuscitará para também nos proporcionar a ressurreição.

Na caminhada de Jesus para Jerusalém também vemos a sua simplicidade e a sua entrega como um rei diferente. Contrariando as expectativas de muitos, montará num jumentinho, emprestado, para nos mostrar que o seu reinado é marcado pela humildade, pelo amor e pela entrega total para a salvação do mundo.

Na procissão de Ramos, cantamos “Hosana ao Filho de Davi, Bendito o que vem em nome do Senhor”. A nossa vida também é marcada pela caminhada rumo à cidade santa, a cidade celeste, em procissão para a casa da Palavra e do Pão, a qual nos orienta, nos alimenta e nos faz crescer como irmãos e irmãs.

Na nossa vida também encontramos, aclamações, louvores, elogios… em outros momentos, muitas cruzes, ameaças e mortes, como Jesus encontrou na sua missão. E nestes dias que se passaram e que virão, em que a Igreja não celebra com o seu povo, a liturgia presencial, nós somos convidados a fazer a nossa peregrinação, nossa procissão de Ramos, interior, em espírito e verdade, sobre a Ação do Espírito Santo.

As nossas casas poderão ser marcadas por ramos nas portas, como sinal de que entramos com Jesus e com sua Igreja na Semana Santa. Como os discípulos, estamos juntos com Jesus, para sua última ceia, na sua entrega à Cruz e na sua vitória sobre a morte, nos dando vida nova.

O roteiro homilético da CNBB[1] nos lembra que nesta semana, nós meditaremos sobre cinco movimentos os quais marcam não somente este tempo, mas também toda a nossa caminhada de fé, dentro do sentido de um itinerário pascal.

O primeiro movimento é a procissão do domingo de Ramos (que neste ano, não faremos por causa da situação do Covid 19), mas podemos meditar neste momento sobre este movimento… Como cristãos, pelas jornadas da nossa vida, vivemos o louvor e o sofrimento, mas continuamos a caminhada, pois estamos com o Senhor.

O segundo movimento acontece concretamente na Sexta-Feira Santa, quando adoramos e beijamos a Cruz. Ela é o sinal da glória de Cristo, representação do amor máxima de Jesus por nós, a explicação do limite o qual Jesus chegou para nos apresentar a face misericordiosa de Deus Pai pelos homens. A Cruz também é sinal de misericórdia e vitória.

No terceiro movimento, podemos dizer que é o mais forte e marcante para os cristãos, pois é o nosso caminhar atrás do círio Pascal, a luz verdadeira que brilha nas trevas. Cristo ressuscitado agora nos guia e nos ilumina com sua luz. Caminhamos sem medo da escuridão, das dores, das angústias e das tristezas, pois agora somos vencedores marcados pela alegria, coragem e paz no mundo. Cristo está vivo!

O quarto movimento diz respeito à nossa procissão rumo à mesa cujo o alimento é o corpo do ressuscitado, o seu sangue mata a nossa sede e nos sacia para continuarmos firmes, marcados pela esperança num mundo novo cheio de fraternidade e vida nova para todos. Neste ano, os que celebram as Eucaristia presencial, farão este movimento em nome de toda a Igreja, enquanto os fiéis que estão em casa, contemplam e fazem a sua comunhão espiritual.

No quinto e último movimento, somos enviados em missão para proclamarmos que Cristo venceu a morte.  Lá fora da Igreja, seremos sempre presenças vivas entre os homens, para mostrarmos a face do Senhor que é amor e compaixão que deseja que todos sejamos irmãos.

Portanto, vivamos a semana das semanas, num espírito de oração, de penitência e jejum, também em nossas casas. Fiquemos atentos aos passos do Senhor na sua paixão, morte e ressurreição, pois é nesta verdade e neste acontecimento que está fundamentada a nossa fé. Amém.

——–

[1] Roteiros homiléticos da quaresma, março e abril, ano A. 2014.

 

 

 

***

⇒ POESIA ⇐

O caminho com Jesus

 

Com alegria e liberdade,
Caminhamos com o Senhor,
Seguindo-o na simplicidade,
Com um cântico de louvor.

Vivendo na irmandade.
E como bons caminheiros,
A vida é totalidade,
E dela nós somos os herdeiros.

Com os ramos verdes e santos,
Seguimos sempre a cantar,
E com a cruz, nosso sinal,
Que vem nos santificar.

Pensando em nosso Senhor,
Seguimos a caminhar,
Vamos ao perfeito amor,
Que vem para nos salvar.

E chegando em sua casa,
Atentos, vamos ouvir,
A sua Palavra viva,
Que vem a nos invadir.

Ela ao fervor nos motiva,
Nos ensina e nos sustenta,
Numa caminhada ativa,
Que nos guia e orienta.

Vamos para a Paixão e morte,
Que Jesus também provou,
Como o servo que sofreu,
Quando na cruz se entregou.

Nós também temos a cruz,
Na vida do dia-a-dia,
Pois o nosso caminhar,
Muitas vezes nos desafia.

Mas vencemos com o Senhor,
Ele a pedra de firmeza,
Mestre da vida e do amor,
Que nos chama à sua mesa.

Na condenação pereceu,
Porque o Pai o permitiu,
Mas a morte ele venceu,
E a vida ressurgiu.

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que caminha a Jerusalém por entre o triunfalismo, ilumine o seu caminho! ***

 

V Domingo da Quaresma, Ano A, São Mateus

 

Leituras: Ez 37,12-14; Sl 129(130); Rm 8,8-11; Jo 11,1-45

 

Ouça o áudio preparado para esta liturgia (pode demorar alguns segundos)

 

⇒ HOMILIA ⇐

Desatemo-nos para a Vida nova

Jo 11,1-45

 

Na liturgia deste 5º domingo da Quaresma, mais uma vez iremos ler o Evangelho de João (cf. 11,1-45), o qual nos apresenta a Ressurreição de Lázaro, o sétimo sinal de Jesus, segundo este evangelista. Diante da situação a qual estamos vivendo no Brasil e no mundo, por causa da coronavírus, Jesus vem nos dizer: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crer em mim, mesmo que morra viverá.” (Jo 11,25).

E no diálogo com Marta, irmã de Lázaro, esta mulher, chorosa e sofrendo por causa da morte seu irmão, ela professa sua fé no Senhor da vida, dizendo: Sim, Senhor, eu creio firmemente que tu és o Messias, o Filho de Deus, que devia vir ao mundo” (Jo 11,27). Alimentada por esta esperança e certeza ela vai anunciar para a sua irmã, Maria sobre a presença de Jesus entre elas. A fé de Marta se expressa na condição de se colocar a caminho para anunciar a esperança na ressurreição já no tempo presente.

Quanto à Maria e os judeus, estes precisaram presenciar o sinal da ressurreição para poderem acreditar no milagre da vida nova. Lázaro que está no túmulo, enterrado há quatro dias, de mãos e pés atados e sem possibilidades de movimento. Jesus ordena: “Desatai-o e deixai-o caminhar!” (Jo 11,44). Diante da ressurreição de Lázaro “muitos dos judeus que tinham ido à casa de Maria e viram o que Jesus fizera, creram nele” (Jo 11,45).

A fé em Cristo, será a nossa grande resposta nesta certeza, que é a experiência de amor e de vida completa com o ele, que como no caso de Lázaro, nos chama a desatar a nossas amarras e caminhar sempre para uma vida renovada.

Precisamos refletir sobre o sentido deste sinal de Jesus para o nosso crescimento espiritual e a nossa fé na ressurreição. A morte de Lázaro nos lembra toda a humanidade morta pelo pecado e é através de Jesus que todos têm acesso a vida que vence o pecado.

O batismo é a porta que nos traz de volta para a vida eterna, para a vitória sobre o pecado. O choro de Jesus nos lembra de sua natureza humana, de que ele se compadece da nossa dor e por isso comove-se, porque caminha conosco sendo solidário aos nossos sofrimentos, cruzes e dores que acontecem na nossa existência terrena.

Quanto ao túmulo, lembramos que muitas vezes estamos quase que sepultados no nosso individualismo, na nossa indiferença, no nosso comodismo e no nosso medo de seguir em frente com o Senhor. Vivemos num mundo que muitas vezes proclama a morte e a desesperança. Quando falta-nos os elementos da fé, caímos nos abismos da morte e ficamos atados a insegurança.

Precisamos desatar as nossas mãos para que construamos a paz e a fraternidade. Precisamos desamarrar nossos pés das amarras do indiferentismo e da zona de conforto que muitas vezes nos impedem de seguirmos caminhando com Jesus como discípulos missionários pelas estradas do mundo.

Precisamos lembrar a 1ª leitura desta liturgia quando o profeta Ezequiel fala para o povo de Israel escravo na Babilônia: “Ó meu povo, vou abrir as vossas sepulturas e conduzir-vos para a terra de Israel; e quando eu abrir as vossas sepulturas e vos fizer sair delas, sabereis que eu sou o Senhor” (Ez 37,12-13).

Muitas vezes estamos presos ao sepulcro do pessimismo e da tristeza como escravos do comodismo e sem coragem para continuar a nossa caminhada. Diante disso escutemos o Senhor que diz: “Desatai-o e deixai-o caminhar.” (Jo 11,44).

A Palavra do Senhor deve encher a nossa vida de alegria e esperança, para sermos sinais de Deus no mundo. Lembremo-nos o que diz o Papa Francisco no início da exortação apostólica Evangelii Gaudium “a Alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. Quantos se deixam salvar por Ele são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento. Com Jesus Cristo, renasce sem cessar a alegria”[1].

Neste tempo de recolhimento por causa do Covid-19, momento em que somos estimulados a vivermos uma experiência de Quaresma dentro da quarentena, outras formas de nos reunir, de celebrar e de compartilhar nossa vida vão surgindo no nosso cotidiano. Importante que a nossa fé seja exercitada neste novo contexto e que a nossa experiência com a Palavra de Deus seja constante.

Nesta Quaresma de 2020, especificamente, nesta realidade em que não podemos celebrar presencialmente a Eucaristia, devemos perseverar na oração, nos alimentando da Palavra e comungando espiritualmente da Eucaristia. Deus caminha conosco neste nosso deserto, ele nos ensina e nos ajuda a vencermos as tentações em nossa vida cotidiana, ele se transfigura e nos ajudar a transfigurarmos em nosso testemunho, em nossas convivências, e em nossa missão. Jesus é nossa fonte de água viva em cada momento de nossa existência, em cada momento de nosso dia, fazendo-nos enxergar novas realidades, novas formas de vivermos como irmãos e irmãs na nossa Igreja.

As mensagens, os vídeos, áudios, as orações compartilhadas nas redes sociais só nos ajudarão em nossa experiência de oração, se pararmos um pouco e na calma do nosso ser, da nossa alma, no silêncio do nosso coração deixarmos Deus falar a nós com seu amor, com sua Palavra e com sua misericórdia.

Façamos o exercício de pararmos um pouco e rezarmos de verdade sobre a situação de nosso país e de nosso mundo, com as realidades concretas dos enfermos, do que morrem por consequência do Coronavírus e de outras doenças, no espírito de fraternidade e sentimento que somos uma comunidade global, compartilhamos de uma situação comum de sofrimento e por isso que impele à irmandade.

 

Que o Senhor que dá vida nos encha de esperança e alegria e nos conduza para celebrarmos com profundidade, a sua Páscoa, a Festa das festas. Amém.

 

——–

[1] Evangelii Gaudium, nº 1.

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***

⇒ POESIA ⇐

Vem para fora

 

O Senhor nos chama:
Vem para fora,
Sai do teu medo,
Da desesperança,
Para a confiança
E segue em frente,
Discípulo crente,
Levando ao mundo
O amor vivente.

O Senhor nos ordena:
Vem para fora,
Sai da omissão,
Do teu comodismo,
Do teu fanatismo,
Para testemunhar,
E para proclamar
A ressurreição,
Sem desanimar.

O Senhor nos alerta:
Vem para fora,
Fora do teu orgulho,
Da tua indiferença,
Abraça a benevolência,
E vem construir,
Um encontro a unir
Na fraternidade,
Para a vida florir.

Ao Senhor escutemos,
Sua voz de esperança,
Abracemos a vida,
E então, levantemo-nos,
Desatemo-nos!
Por Cristo, alimentados,
Saiamos fortificados,
Deixemos nossos túmulos,
Sigamos o ressuscitado!

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que representa a Glória de Deus, ilumine o seu caminho! ***