XI DOMINGO DO TEMPO COMUM

ANO NACIONAL DO LAICATO

Leituras: Ez 17,22-24; Sl 91(92); 2Cor 5,6-10; Mc 4,26-34

POESIA

DEUS FAZ GERMINAR E CRESCER O REINO

Palavra que vem de mansinho,
Semeada pela mão do amor,
Que fecunda entre a noite e o dia,
Crescendo com a luz e o vigor,
Que aos poucos vai se espalhado,
E o mundo vai transformando,
Como árvore em seu esplendor.

Palavra, semente do Reino,
Que alimenta a missão,
Dos tantos semeadores,
Que vivem em constante ação,
Deixando Deus sempre agir,
Pra Boa-Nova se expandir,
E crescer a forte união.

Palavra que nos treina a espera,
Que vem ensinar a paciência,
Fazendo vencer a ansiedade,
E distrai a prepotência,
Gerando em nós a bondade,
E a força da fraternidade,
E o amor divina ciência.

Pequenas sementes do amor,
Nos gestos mais simples da vida,
Nas tantas ações em comum,
E nas propostas assumidas,
Nascendo os tantos projetos,
Que fazem o amor ser concreto,
E a paz ser reassumida.

O Verbo de Deus nos ensina,
O semear a caridade,
Pelos campos deste mundo,
Pra que tem necessidade,
A plantarmos nos corações,
E espalhar pelas nações,
O bem com gratuidade.

Novo Rebento da aliança,
Cristo que o Reino anuncia,
Que vem e que cuida da gente,
Trazendo a paz e a harmonia,
Que vem trazer a nova vida,
A todos fazendo acolhida,
E nos brindando com a alegria.

 

HOMILIA

As sementes do Reino

A liturgia deste domingo vem falar-nos do Reino de Deus através de parábolas. Para fazer o povo compreender a Boa-Nova, Jesus sempre esteve atento à maneira de como transmitir a sua mensagem. E, portanto, as parábolas (comparações) foram muito usadas na pregação do Mestre Galileu. Esse jeito de pregar (semear) fazendo comparações conseguia chegar de forma simples aos ouvidos e aos corações do povo. Todos compreendiam com facilidade, porque Jesus falava uma linguagem acessível e que fascinava os ouvintes.

Hoje, na primeira leitura, o profeta Ezequiel também usou a parábola quando apresenta no seu texto o seguinte versículo: “Eu mesmo tirarei um galho da copa do cedro, do mais alto de seus ramos arrancarei um broto e o plantarei sobre um monte alto e elevado. Vou plantá-lo sobre o alto monte de Israel” (Ez 17,22-23). Do povo escravo na Babilônia, Deus tira do broto de Davi, para replantar na terra livre da escravidão. Em Cristo o novo rebento de Israel (da família de Davi), o novo povo que vem buscar refúgio e proteção e sua libertação eterna.

“O Reino de Deus é como quando alguém espalha a semente na terra. Ele vai dormir e acorda, noite e dia, e a semente vai germinando e crescendo, mas ele não sabe como isso acontece” (Mc 4,27). O que nos motiva a refletir este lindo versículo de Marcos? “… ele não sabe com isso acontece”. Nesta fala de Jesus, parece haver um segredo, uma mística. Há uma força invisível no geminar do crescimento do Reino, onde não depende do semeador, mas somente de Deus.

Muitas vezes passamos despercebidos no que se refere a essa dinâmica da Palavra de Deus a qual nos cabe apenas semear, mas não, fazer crescer. É Deus quem faz crescer o Reino, ao percurso de cada dia e de cada noite. Existe um canto que diz: “Põe a semente na terra e não será em vão, não te preocupe a colheita, plantas para o irmão.”[1] As vezes não temos paciência com as sementes jogadas nos corações e queremos logo os frutos, ou também queremos interferir no processo que não compete a nós.

O que compete a nós é a semeadura, o jogar a semente do amor e da esperança nos corações humanos, terrenos que poderão acolher a semente e deixar germinar em suas vidas. O amor simples e humilde, às vezes aparentemente pequeno como um grão de mostarda, germinará e fará crescer a árvore da existência regada pela força do bem que vem de Deus.

Num mundo de tantas correrias, ocupações e obrigações, este evangelho nos ensina a ter calma com a vida. A exercitarmos a paciência e a contemplação sentimos a vida fluir e encontramos o seu sentido essencial. Na correria do nosso cotidiano, muitas vezes perdemos e não achamos momentos para pararmos e meditarmos sobre a essência da nossa existência. Sobre o amor que nos equilibra, que nos move para o bem e que nos impulsiona para a ajuda gratuita e o cuidado para com o outro.

“O Reino de Deus é como um grão de mostarda que, ao ser semeado na terra, é a menor de todas as sementes da terra” (Mc 4,27). O Reino de Deus cresce na simplicidade e aos poucos se expande como a árvore de minúscula semente e torna frondosa e produz seus muitos frutos. As diversas iniciativas pastorais sejam religiosas ou sociais são a forma de fazer o Reino acontecer no meio de nós.

Parecem pequenos e insignificantes certos gestos de acolhimento, de cuidado, de escuta e de uma palavra boa a quem precisa, mas é isso que significa a semente do Reino de Deus. São as visitas aos doentes, o cuidado com os mais frágeis da sociedade, a ajuda humanitária, a atenção a quem precisa a oração pelos irmãos que vão justificar nossa entrada ao paraíso. A saudosa Ir. Miria Kolling (*1939+2017), no canto “Aquela eterna fonte”, traz este refrão: “Pois ao entardecer do meu mortal viver serei julgado pelo amor!” Sim, no final de nossa existência terrestre seremos julgados pelas boas sementes do amor, jogadas nos corações humanos para crescer o Reino de Deus.

Acolhamos as palavras de São Paulo, as quais nos reforçam sobre este tema do semear o Reino: “Por isso, também nos empenhamos em ser agradáveis a ele, quer estejamos no corpo, quer já tenhamos deixado essa morada.” (2Cor, 5,9). Ser agradável a Deus é fazer o bem aqui e agora, neste nosso mundo, nesta nossa morada terrestre em virtude do céu. O salmo 91 nos diz: “O justo crescerá como a palmeira, florirá igual ao cedro que há no Líbano; na casa do Senhor estão plantados, nos átrios de meu Deus florescerão.” Busquemos o amor e a justiça de Deus e o resto acontecerá para o bem de todas as criaturas. Amém.

»»»»» «««««

[1] “Toda semente é um anseio” (Paulinas/COMEP), de José Acácio Santana (*1939+2011).

Adicionar a favoritos link permanente.

Um Comentário

  1. Em meio a realidades tão sofrida , temos um Deus que é amor , que é Jesus, humano e divino , que viveu como nós, nunca nos abandona, e sempre nos mostra de forma tão simples como é o Reino de Deus . Deus nos dá a esperança de um dia ver a semente do seu Reino florescer. E semelhantes às plantas , Deus nos plantou para darmos frutos , mesmo com as adversidades. Que nunca percamos a esperança e que aprendamos a ser confiantes na fé que nos leva a Jesus. E como é bom estarmos na presença do Senhor . Que a sua forma de de escrever anunciando esse Reino se espalhe e de muitos frutos .

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *