XXIV DOMINGO DO TEMPO COMUM

ANO NACIONAL DO LAICATO

Leituras: Is 50,5-9a; Sl 114(115); Tg 2,1-5; Mc 7,31-37

 

POESIA

QUEM ÉS TU SENHOR?

Quem és tu o meu Senhor?
Que me chama pra te seguir.
Que me trata como amigo…
Que me é sincero e não me enganas,
Pro seu caminho assumir.

És Pão e Palavra que vem do alto,
Alimento dos que estão unidos,
Dos que sonham sempre juntos,
Dos que caminham na tua escuta.
Dos que procuram abrigo.

Tens palavras de vida eterna,
Mas também palavras duras.
A teus discípulos é exigente,
Porque é um mestre diferente,
E com amor nos segura.

Pra te seguir conscientes,
As consequências teremos,
O teu mandato é exigente.
Tem cruz e humilhações,
Mas a vida encontraremos.

O que fazer então, ó Senhor?
Para te responder coerente,
A verdade do meu coração,
Que ainda te desconhece,
Como age tanta gente.

Somente continuar te seguindo,
No teu caminho de ensinamento,
Nas tuas perguntas curtas,
Que me incomodam, mas limpa
Todo o meu entendimento.

 

HOMILIA

A Palavra de vida eterna em nosso caminho

O Senhor nos ensina, durante nossa caminhada com ele, a sermos conscientes das consequências da nossa opção de discípulos. É o que nos faz refletir a liturgia deste 24º domingo do tempo comum.

A intenção da Igreja é que os cristãos busquem, cada vez mais nesta fonte viva da Palavra, o maior conhecimento de Jesus e do projeto do seu Reino. Conscientes do chamado do Senhor, devemos anunciar a todos o amor misericordioso do Ressuscitado, que vem recriar o homem para a contemplação eterna do mistério Santo.

No Evangelho deste domingo, no capítulo 8 de Marcos, podemos contemplar Jesus em caminhada com seus discípulos para Cesareia de Felipe. Ele faz uma pesquisa sobre a sua identidade, com uma única e simples pergunta: “quem dizeis que eu sou?” (v. 29). Parece que, para alguns, não estava tão claro quem era ele. A resposta de Pedro salva da decepção dos outros: “Tu és o Messias” (v. 29). Porém, logo depois o decepciona, pois a visão de Pedro ainda é puramente humana, arraigada na concepção dos mestres e doutores da lei (cf. v. 32), quando Jesus o repreende por não entender o novo messianismo (cf. v. 33).

O próprio Jesus fará imediatamente a correção da visão de Pedro, pois este ainda não pensa nas coisas de Deus, mas sim na realidade dos homens, na superficialidade terrena. Por isso Jesus não autoriza que saiam falando sobre suas obras, pois ainda não tinham conhecimento da verdadeira missão de Jesus e das suas consequências.

O texto proclamado nesta liturgia dominical encerra com as palavras de Jesus aos discípulos e à multidão: “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga.” (v. 34). Seguir não quer dizer honrarias, fama e status. Abraçar a missão do servo de Deus implica muitas vezes fracassos, humilhações, dores e morte. Quem estava preparado para este projeto aparentemente fracassado aos olhos humanos e terrenos?

Jesus passará pela realidade anunciada na primeira leitura, quando Isaías fala do servo de Javé: “Ofereci as costas para me baterem e as faces para me arrancarem a barba...” (v. 6). As palavras de Jesus no Evangelho são o primeiro anúncio da sua Paixão. Nele se cumprirá o que o profeta Isaías anunciou na primeira leitura desta liturgia. Cristo é o servo sofredor que, por sua vez, vencerá a morte e trará a salvação para todos os homens.

Caminhar com Jesus, portanto, exige a prática do seguimento, como fala São Tiago, na segunda leitura. A fé sem obras é morta (cf. v. 17). Implica unir a fé como uma certeza e convicção da ação de Deus e, ao mesmo tempo, viver a obra do amor e do seguimento.

Assim sendo, para ser cristão o primeiro requisito é saber quem é Jesus. Este saber exige o conhecimento do seu projeto, do seu plano de amor, da postura diante do mundo e suas realidades adversas e, sobretudo, a coragem de carregar a cruz das incompreensões, das calúnias e do próprio martírio.

Seguir Jesus é defender a vida concretamente e isso acontece quando somos contra o aborto, quando não aceitamos a eutanásia, quando ajudamos os necessitados sendo solidários com o sofrimento e procurando saídas para que vençam o desemprego e o abandono. Eis o desafio dos que seguem Cristo. Tudo isso, muitas vezes, exige uma postura desconfortável diante da sociedade, pois é a ação que Jesus nos pede e não uma fuga do outro para ficar com a consciência tranquila. Pelo contrário é um encontrar-se com o outro e preocupar-se com ele sendo capaz de desmontar num itinerário que possamos servir e cuidar do irmão caído, como Cireneu e o Bom Samaritano.

Somente entenderemos o sentido verdadeiro da cruz e do seu discipulado quando soubermos quem é Jesus. Segui-Lo é antes de tudo abraçar a cruz, pois, como disse o Papa Francisco não há cristianismo sem cruz[1]. E conhecer Jesus é viver a fé expressa nas obras, ou seja, na nossa ação verdadeira sem fingimentos e falsidades. Isso será possível quando tivermos uma constante leitura e meditação da Palavra. É nessa busca que poderemos cantar como no salmo responsorial desta liturgia: “Andarei na presença de Deus, junto a Ele, na terra dos vivos.” Amém!

[1] Disponível em: <http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/cotidie/2014/documents/papa-francesco_20140408_meditazioni-47.html>. Acesso em: 12 set. 2015.

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