ANO NACIONAL DO LAICATO
Leituras: Sb 2,12.17-20; Sl 53(54); Tg 3,16-4,3; Mc 9,30-37
POESIA
VIVER NO SENHOR
Quero estar contigo Senhor,
No silêncio do meu quarto interior;
Na escuta das tuas Palavras cortantes;
Que desmontam o meu coração,
Que me fazem ver o mundo com o teu olhar.
Quero caminhar contigo Senhor
Querendo ser servo,
Querendo ser o menor,
Querendo ser o último,
Querendo ser como criança…
Ajuda-me a colocar a toalha da caridade,
E caminhar num mundo de tantas pobrezas,
Ensina-me a lavar os pés machucados,
Dos caminhantes sem rumo…
E sem ninguém por eles.
Aos poucos vou entendendo
A essência do discípulo fiel:
Ser servo,
Ser sal,
Ser luz,
Ser fermento,
E também ser trigo.
Isto mesmo,
Ser trigo triturado, esmagado…
Ou caído na terra,
Pelos caminhos do mundo,
Para ser semente do Reino.
HOMILIA
Aprendendo a ser servo e acolhedor
Estamos no 25º Domingo do tempo comum. Nesta experiência da escuta da Palavra, caminhamos com Jesus atentos aos ensinamentos que nos preparam para sermos discípulos missionários neste mundo de tantas realidades e ideologias contra a proposta do Reino.
Aprendemos nesta liturgia dominical que Jesus queria estar a sós com os discípulos para prepará-los melhor, para que ficassem atentos aos seus ensinamentos. Mais uma vez ele surpreende àqueles que o seguem, mas era importante que os seguidores tivessem consciência das consequências do discipulado.
Num primeiro momento, Jesus fala aos seus discípulos sobre o seu calvário, também sobre a sua ressureição após três dias, mas eles não conseguem entender, pois ainda estavam presos às honrarias humanas, marcada pelo costume judaico, no qual muitos se preocupavam sobre a importância dos postos de status (cf. v. 34).
Jesus prossegue dizendo que para ser discípulo primeiro seja aquele que serve, aquele que acolhe os pequeninos, pois quem acolhe uma criança em seu nome na verdade está acolhendo o Pai do Céu (cf. v. 37). Acolher e ajudar o indefeso e sem voz é acolher o próprio Deus.
Essa experiência de segui-lo terá suas consequências de sofrimento, mas Deus o defenderá e o livrará de seus inimigos, como fala o livro da Sabedoria (cf. 18). Isso mesmo, no “calvário” colocado pelos inimigos do Senhor, em alguns momentos, somente Deus estará caminhando ao seu lado. Somente quem faz a opção e vive a radicalidade do seguimento em favor do Reino, poderá entender esta dimensão da vida cristã.
São Tiago, na segunda leitura, falará da sabedoria que vem do alto e como ela será a base dos valores dos que vivem a fé autêntica em Jesus Cristo. Esta sabedoria é pura, pacífica, modesta, conciliadora, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade e sem fingimento (cf. v. 17).
Diante destes fundamentos bíblicos que a liturgia da Palavra vem iluminar nossa experiência de fé, podemos refletir que seguir Jesus supõe estar na “contramão” das ideologias predominantes do chamado mundo pós-moderno, onde a ideia é chegar primeiro, é projetar-se, é aparecer, ser o maior diante dos homens; outra reflexão a partir do seguimento de Jesus é ter consciência dos sofrimentos, é comprometer-se com o outro, é um estar com Ele na escuta, na oração, na Eucaristia e na vivência da humildade (ser o último, ser como criança) numa postura de simplicidade e entrega nas mãos de Deus; seguir Jesus também é estar disposto a enfrentar perseguições, calúnias, incompreensões. É não ter medo do “mundo” é ser consciente das possíveis consequências.
Sem a compreensão do verdadeiro seguimento, como caminho de Redenção, fica difícil ser um seguidor autêntico de Cristo. Sem uma meditação constante e atenta à Palavra corremos o risco de ficarmos preocupados com o supérfluo, com as honrarias, estrelismo, popularidade e podemos desaguar na inversão da proposta do Reino.
Peçamos ao Espírito Santo que nos ilumine e nos dê forças para enfrentarmos as tentações, que desviam o nosso olhar das coisas do Reino. Que nosso testemunho possa falar pelas obras onde quer que estejamos. Que aprendamos a ser servos e acolhedores para que a luz do Reino brilhe no mundo do desprotegidos e desamparados. Amém.
Parabéns Diácono Francisco! Uma bela reflexão bem contextualizada, e que nos apresenta a mensagem salvífica de Cristo, fundamentada no amor-serviço, em cumprimento a vontade de Deus.