XIV DOMINGO DO TEMPO COMUM, ANO C – SÃO LUCAS

 

Leituras: Is 66,10-14c; Sl 65(66); Gl 6,14-18; Lc 10,1-12.17-20

 

“Jesus envia os discípulos”, por J. Tissot (1886-1894).

 

Ouça o áudio preparado para esta liturgia (pode demorar alguns segundos)

 

⇒ HOMILIA ⇐

A alegria dos missionários do Senhor

Lc 10,1-12.17-20

 

O Evangelho deste 14º Domingo do Tempo Comum nos apresenta um texto de caráter profundamente missionário, porque não traz somente um chamado e um envio por parte de Jesus. No texto de Lucas (cf. 10,1-12.17-20), podemos comprovar dois momentos bem distintos sobre a convocação, envio e retorno dos 72: na primeira parte as orientações sobre como viver a missão, e, no segundo momento, a volta dos missionários e a avaliação realizada diante de Jesus. Os 72 discípulos, provavelmente, foram escolhidos a partir do grupo de seguidores que andavam com Jesus em peregrinação pelos diversos lugares da Galileia.

E, então, os discípulos recebem as orientações práticas sobre a missão: ter cuidado com os perigos que encontrarem (os lobos), não ficarem chateados com a falta de recepção, não se preocupar com bagagens e aparatos, mas sim, e principalmente, com a mensagem que cada um deve levar, ou seja, o coração do missionário deve estar livre e cheio de paz para cumprir o mandato do Senhor: “em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: A paz esteja nesta casa!” (Lc 10,5).

Porque a paz é a grande missão do discípulo do Senhor. Paz que foi sonhada pelo povo de Israel quando saiu do Exílio da Babilônia, anunciado pelo profeta Isaías, na primeira leitura: “Eis que farei correr para ela a paz como um rio e a glória das nações como torrente transbordante” (Is 66,12).

A presença do verbo encarnado é a realização plena desta Paz esperada. Outra mensagem do evangelho desta liturgia é sobre o Reino de Deus que está próximo e precisa ser instaurado no meio dos homens, porém não pode ser imposto, pois quando os mensageiros do Reino não forem bem recebidos, estes devem passar a frente sacudir o pó das sandálias e seguir perseverantemente o caminho da missão.

Porém, a missão não se fará somente de mensagens, mas também de ações concretas como a cura dos doentes, a expulsão dos males (demônios) e, sobretudo, o encontro fraterno da partilha com aqueles que receberem, de coração aberto, os missionários de Jesus (cf. Lc 10,7).

A segunda parte é sobre a volta dos missionários e a avaliação feita diante de Jesus. Os 72 voltam com o coração cheio de alegria e grandes motivações, porque exerceram autoridades inclusive sobre demônios (cf. Lc 10,17). A missão não foi feita para o próprio discípulo, mas para o Senhor e em nome do Senhor. É importante ressaltar que a missão não poderá ser feita individualmente, mas acompanhado no mínimo por outro irmão ou irmã, para que haja fraternidade na ação missionária.

E na volta da missão é necessário colocar em comum para se partilhar das maravilhas da experiência. Quando levamos a mensagem de Paz em nome de Jesus, e há um acolhimento, construímos a Paz e a fraternidade no mundo. Isto é, derramamos nos corações humanos a presença do Ressuscitado que também deu a paz nas suas aparições aos discípulos nos dias próximos à ressurreição.

Este texto de Lucas nos ensina que os cristãos batizados de hoje são os convocados para viverem esta missão de Paz. Chamados pelo Senhor para serem sal e luz do mundo (cf. Mt 5,13-16) nas diversas realidades da vida das pessoas, todos são enviados a anunciar a paz a cada lugar que estiver. E o anúncio mais forte será o testemunho de uma experiência com Jesus, reconhecendo que primeiramente a missão é feita em nome dele e para o seu Reino. Faz-se necessário reconhecer que a messe é grande, ou seja, é maior que os nossos espaços religiosos, os grupos que participamos ou os ministérios que assumimos.

Outra necessidade é o crescimento do grupo daqueles que respondem ao chamado do Senhor e que podem dedicar ao serviço do Reino. E para que isto aconteça é preciso que a Igreja esteja em oração (cf. At 12,5). A evangelização não é exclusividade dos bispos, sacerdotes, diáconos, religiosos e os leigos consagrados, mas de todos os batizados. Evangelizar é tarefa de todos. Os casados, os jovens, as crianças, os ministros ordenados e consagrados numa comunhão e partilha, como catequistas e missionários permanentes, cada um com seus dons, em seu próprio campo de atuação e estado de vida cristã.

Para vivermos a vocação missionária precisamos abraçar a dimensão mística do cristianismo, que é o amor ao Ressuscitado dentro de uma realidade de pessoa renovada, carregando as marcas de Cristo em nosso corpo, como testemunhou São Paulo (cf. Gl 6,17). Pois somente percorrendo o caminho de Jesus como aqueles 72 que ele enviou em missão, podemos também partir para missão e retornarmos alegres pelo bem que fizemos, pois fizemos em nome dele e para ele. É a certeza de ser chamado pelo Senhor e a alegria de segui-lo anunciando a Paz do Reino que produz conversão aonde vamos ou estamos. Amém.

***

⇒ POESIA ⇐

Abençoe os missionários, Senhor

Abençoai Senhor,
Os jovens que estão começando,
E os que há muito tempo estão andando,
Aos que acolhem os pobres desamparados,
Aos que rezam mesmo enclausurados.

Abençoai Senhor,
Os que levantam de madrugada,
Que andam a pé pelas estradas,
O que estão em pátrias distantes da sua,
Aos que evangelizam na própria rua.

Abençoai Senhor,
Os que promovem a cidadania,
Os que lutam por uma reta democracia,
Os que evangelizam pela educação,
E os artistas das diversas formas de criação.

Abençoai Senhor,
Os que voltam alegres da missão,
Que promoveram a paz e a união,
Os que do mal e os seus irmãos protegeram,
E que os seus nomes no céu escreveram.

Enfim, abençoai Senhor,
A tantos que não saem do seu próprio lugar,
Mas convertem o seu próprio lar.
Com um testemunho evangelizador,
Promovendo a paz, a harmonia e o amor.

 

*** Que a Palavra e a Luz do Rabí (Mestre) ilumine o seu caminho ***

 

 

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