XI Domingo do Tempo Comum, Ano A, São Mateus

 

Leituras: Ex 19,2-6a; Sl 99(100); Rm 5,6-11; Mt 9,36-10,8

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

A missão do discípulo: curar, ressuscitar, purificar, expulsar o mal

Mt 9,36-10,8

 

Na liturgia da palavra deste 11º domingo do Tempo Comum, temos o texto de Mateus (cf. 9,36-10,8). O evangelista nos apresenta Jesus se compadecendo pela multidão, porque era como que ovelhas sem pastor (cf. Mt 9,36), pois aqueles que deviam conduzir o povo (fariseus, saduceus, mestres da lei, anciãos) estavam desprezando, hostilizando, explorando as ovelhinhas de Israel. A opressão era sentida em toda a dimensão social – seja religiosa, política, econômica.

É a realidade de opressão que provoca em Jesus a compaixão, que é sentir nas entranhas a dor do sofredor, percebendo não somente a necessidade de pão orgânico, mas, sobretudo, de libertação, de justiça, de dignidade humana.

Consequentemente, Jesus percebe a necessidade de verdadeiros anunciadores do Reino e pede que se faça a oração para que o dono da messe suscite mais operários (cf. Mt 9,38) da missão salvífica, não somente depois desta vida terrena, mas ainda aqui, para que o Reino de Deus, que é amor, se faça presente na fraternidade e na paz, espalhando a Boa-Nova por entre as ovelhas perdidas (cf. Mt 10,6). O mesmo povo que, pelas mãos de Moisés, recebeu de Deus a promessa da aliança e de sua fidelidade, agora é chamado a viver a Nova Aliança. Os Doze, chamados e, ao mesmo tempo, enviados, lembra as doze tribos da aliança no Sinai, depois da libertação do Egito.

Os eleitos vão com mensagem e missão específica: anunciar que o Reino está próximo, curar os doentes, ressuscitar os mortos, purificar os leprosos, expulsar os espíritos maus (cf. Mt 10,8).

E nós, cristão de hoje, somos o povo da Nova Aliança, chamados a ter compaixão dos sofredores e a rezar para que novos evangelizadores respondam ao chamado para anunciar, com a vida, a Boa-Nova. O dono da messe continua contando com os bispos, os padres, os diáconos, os religiosos, os catequistas, os mesces, os leigos dos mais diversos apostolados, que vivem em meio a tantas doenças, violências, divisões maléficas que destroem famílias e demais relações humanas.

Podemos nos perguntar o que significou para os discípulos na Galileia e o que significa para os de hoje esta missão, a qual Jesus designou a todos nós batizados em seu nome.

Curar os enfermos é a atitude de libertá-los de tudo o que é contra a vida ou ajudar as pessoas a aceitarem as enfermidades irreversíveis, como um caminho de experiência e conversão espiritual. Ressuscitar os mortos como um processo de ajudar a reacender a esperança na vida de alguém em desespero existencial. Limpar os leprosos é a luta contra as impurezas que a mentira, a falsidade, as ações hipócritas constroem contra a humanidade; é trazer a verdade, a simplicidade, a justiça e resgatar a honradez. Expulsar os demônios é afastar tudo aquilo que é mal e que divide a vida das pessoas, combatendo a idolatria aos bens materiais e os apegos a tantas ideologias e interesses obsessivos.

Eis a missão amorosa da Igreja nos dias de hoje: fazer com que as doenças, as mortes, as lepras e os demônios sejam banidos da vida da humanidade. Fazer com que o Reino de Deus aconteça já na caminhada das comunidades, das famílias, dos grupos, dos movimentos e dos trabalhos missionários em favor da fraternidade e da paz.

Cristo é a razão da nossa existência. Por isso devemos buscar, constantemente a reconciliação com ele. São Paulo nos diz na sua carta aos Romanos: “Nós nos gloriamos em Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo. É por ele que, já desde o tempo presente, recebemos a reconciliação.” (Rm 5,11). Cristo é misericordioso e se compadece por todos nós. Ele quer curar nossas doenças e feridas, limpar nossas lepras que tanto nos oprimem, nos ressuscitar para uma vida nova e expulsar o mal que nos afasta do caminho da Salvação. Amém.

 

***

⇒ POESIA ⇐

A missão dos discípulos de Jesus

 

Eis o tamanho da messe,
Que Jesus a contemplou,
Tendo compaixão do povo,
Quando aos discípulos chamou,
Pra levar a libertação,
Pela evangelização,
Que ele mesmo instaurou.

Pra curar todos os enfermos,
Jesus chamou seguidores,
Pra levar a libertação,
Das doenças e das dores,
Pra levar o amor e a vida,
Força e paz distribuídas,
Pelos anunciadores.

Pra ressuscitar os mortos,
Dos abismos e ilusões,
Pra renascer a esperança,
As forças e as motivações,
Pra trazer a divina coragem,
De Deus retomar a imagem,
E pulsar dos corações.

Pra expulsar as tantas lepras,
Jesus também nos envia,
Limpar as tantas feridas,
Que a muitos angustia,
As mentiras combater,
A hipocrisia vencer,
E espalhar a alegria.

Nosso Senhor Jesus Cristo,
Vendo ovelhas sem pastor,
Pede-nos pra que rezemos,
Pela missão do amor,
Construir libertação,
Anunciar a salvação,
Do Reino do Criador.

Que a Palavra e a Eucaristia,
Fortifique a nós cristãos,
Pra vivermos o dia a dia,
As obras da santa missão,
E o Reino anunciarmos,
Jesus Cristo comungarmos,
Isto sim, é comunhão.

 

***

 

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que orienta seus discípulos na missão de curar, ressuscitar, purificar, expulsar o mal, ilumine o seu caminho! ***

 

XIV DOMINGO DO TEMPO COMUM, ANO C – SÃO LUCAS

 

Leituras: Is 66,10-14c; Sl 65(66); Gl 6,14-18; Lc 10,1-12.17-20

 

“Jesus envia os discípulos”, por J. Tissot (1886-1894).

 

Ouça o áudio preparado para esta liturgia (pode demorar alguns segundos)

 

⇒ HOMILIA ⇐

A alegria dos missionários do Senhor

Lc 10,1-12.17-20

 

O Evangelho deste 14º Domingo do Tempo Comum nos apresenta um texto de caráter profundamente missionário, porque não traz somente um chamado e um envio por parte de Jesus. No texto de Lucas (cf. 10,1-12.17-20), podemos comprovar dois momentos bem distintos sobre a convocação, envio e retorno dos 72: na primeira parte as orientações sobre como viver a missão, e, no segundo momento, a volta dos missionários e a avaliação realizada diante de Jesus. Os 72 discípulos, provavelmente, foram escolhidos a partir do grupo de seguidores que andavam com Jesus em peregrinação pelos diversos lugares da Galileia.

E, então, os discípulos recebem as orientações práticas sobre a missão: ter cuidado com os perigos que encontrarem (os lobos), não ficarem chateados com a falta de recepção, não se preocupar com bagagens e aparatos, mas sim, e principalmente, com a mensagem que cada um deve levar, ou seja, o coração do missionário deve estar livre e cheio de paz para cumprir o mandato do Senhor: “em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: A paz esteja nesta casa!” (Lc 10,5).

Porque a paz é a grande missão do discípulo do Senhor. Paz que foi sonhada pelo povo de Israel quando saiu do Exílio da Babilônia, anunciado pelo profeta Isaías, na primeira leitura: “Eis que farei correr para ela a paz como um rio e a glória das nações como torrente transbordante” (Is 66,12).

A presença do verbo encarnado é a realização plena desta Paz esperada. Outra mensagem do evangelho desta liturgia é sobre o Reino de Deus que está próximo e precisa ser instaurado no meio dos homens, porém não pode ser imposto, pois quando os mensageiros do Reino não forem bem recebidos, estes devem passar a frente sacudir o pó das sandálias e seguir perseverantemente o caminho da missão.

Porém, a missão não se fará somente de mensagens, mas também de ações concretas como a cura dos doentes, a expulsão dos males (demônios) e, sobretudo, o encontro fraterno da partilha com aqueles que receberem, de coração aberto, os missionários de Jesus (cf. Lc 10,7).

A segunda parte é sobre a volta dos missionários e a avaliação feita diante de Jesus. Os 72 voltam com o coração cheio de alegria e grandes motivações, porque exerceram autoridades inclusive sobre demônios (cf. Lc 10,17). A missão não foi feita para o próprio discípulo, mas para o Senhor e em nome do Senhor. É importante ressaltar que a missão não poderá ser feita individualmente, mas acompanhado no mínimo por outro irmão ou irmã, para que haja fraternidade na ação missionária.

E na volta da missão é necessário colocar em comum para se partilhar das maravilhas da experiência. Quando levamos a mensagem de Paz em nome de Jesus, e há um acolhimento, construímos a Paz e a fraternidade no mundo. Isto é, derramamos nos corações humanos a presença do Ressuscitado que também deu a paz nas suas aparições aos discípulos nos dias próximos à ressurreição.

Este texto de Lucas nos ensina que os cristãos batizados de hoje são os convocados para viverem esta missão de Paz. Chamados pelo Senhor para serem sal e luz do mundo (cf. Mt 5,13-16) nas diversas realidades da vida das pessoas, todos são enviados a anunciar a paz a cada lugar que estiver. E o anúncio mais forte será o testemunho de uma experiência com Jesus, reconhecendo que primeiramente a missão é feita em nome dele e para o seu Reino. Faz-se necessário reconhecer que a messe é grande, ou seja, é maior que os nossos espaços religiosos, os grupos que participamos ou os ministérios que assumimos.

Outra necessidade é o crescimento do grupo daqueles que respondem ao chamado do Senhor e que podem dedicar ao serviço do Reino. E para que isto aconteça é preciso que a Igreja esteja em oração (cf. At 12,5). A evangelização não é exclusividade dos bispos, sacerdotes, diáconos, religiosos e os leigos consagrados, mas de todos os batizados. Evangelizar é tarefa de todos. Os casados, os jovens, as crianças, os ministros ordenados e consagrados numa comunhão e partilha, como catequistas e missionários permanentes, cada um com seus dons, em seu próprio campo de atuação e estado de vida cristã.

Para vivermos a vocação missionária precisamos abraçar a dimensão mística do cristianismo, que é o amor ao Ressuscitado dentro de uma realidade de pessoa renovada, carregando as marcas de Cristo em nosso corpo, como testemunhou São Paulo (cf. Gl 6,17). Pois somente percorrendo o caminho de Jesus como aqueles 72 que ele enviou em missão, podemos também partir para missão e retornarmos alegres pelo bem que fizemos, pois fizemos em nome dele e para ele. É a certeza de ser chamado pelo Senhor e a alegria de segui-lo anunciando a Paz do Reino que produz conversão aonde vamos ou estamos. Amém.

***

⇒ POESIA ⇐

Abençoe os missionários, Senhor

Abençoai Senhor,
Os jovens que estão começando,
E os que há muito tempo estão andando,
Aos que acolhem os pobres desamparados,
Aos que rezam mesmo enclausurados.

Abençoai Senhor,
Os que levantam de madrugada,
Que andam a pé pelas estradas,
O que estão em pátrias distantes da sua,
Aos que evangelizam na própria rua.

Abençoai Senhor,
Os que promovem a cidadania,
Os que lutam por uma reta democracia,
Os que evangelizam pela educação,
E os artistas das diversas formas de criação.

Abençoai Senhor,
Os que voltam alegres da missão,
Que promoveram a paz e a união,
Os que do mal e os seus irmãos protegeram,
E que os seus nomes no céu escreveram.

Enfim, abençoai Senhor,
A tantos que não saem do seu próprio lugar,
Mas convertem o seu próprio lar.
Com um testemunho evangelizador,
Promovendo a paz, a harmonia e o amor.

 

*** Que a Palavra e a Luz do Rabí (Mestre) ilumine o seu caminho ***

 

 

XI DOMINGO DO TEMPO COMUM

Leituras: Ex 19,2-6a; Sl 99(100); Rm 5,6-11; Mt 9,36-10,8

POESIA

A MISSÃO DOS DISCÍPULOS DE JESUS

Eis o tamanho da messe,
Que Jesus a contemplou,
Tendo compaixão do povo,
Quando aos discípulos chamou,
Pra levar a libertação,
Pela evangelização,
Que ele mesmo iniciou.

Pra curar todos os enfermos,
Jesus chamou seguidores,
Pra levar a libertação,
Das doenças e das dores,
Pra levar o amor e a vida,
Força e paz distribuídas,
Pelos anunciadores.

Pra ressuscitar os mortos,
Dos abismos e ilusões,
Pra renascer a esperança,
As forças e as motivações,
Pra trazer a divina coragem,
De Deus retomar a imagem,
E pulsar dos corações.

Pra expulsar as tantas lepras,
Jesus também nos envia,
Limpar as tantas feridas,
Que a muitos angustia,
As mentiras combater,
A hipocrisia vencer,
E espalhar a alegria.

Expulsar os divisores,
Que provoca a tentação,
Que o demônio quer trazer,
Pelas forças da opressão,
Combater a idolatria,
Saí da vida vazia,
Pra viver a compaixão.

Nosso Senhor Jesus Cristo,
Vendo ovelhas sem pastor,
Pede-nos pra que rezemos,
Pela missão do amor,
Construir libertação,
Anunciar a salvação,
Do Reino do Criador.

Que a Palavra e a Eucaristia,
Fortifique a nós cristãos,
Pra vivermos o dia a dia,
As obras da santa missão,
E o Reino anunciarmos,
Jesus Cristo comungarmos,
Isto sim, é comunhão.

HOMILIA

A missão de curar, ressuscitar, purificar e expulsar o mal

Na liturgia da palavra deste 11º domingo do tempo comum, o evangelista Mateus nos apresenta Jesus tendo compaixão pela multidão, porque ele percebeu que aquele povo estava como ovelhas sem Pastor (cf. Mt 9,36). Isso porque aos que cabia a responsabilidade de conduzir o povo (fariseus, mestres da lei, responsáveis pela religião) não estava sendo cumprida. Pelo contrário, oprimiam, desprezavam e hostilizavam as multidões. Os chefes políticos, responsáveis pelo bem comum da nação, também a explorava. Ou seja, a opressão estava presentes em todas as dimensões de comando da sociedade judaica como, por exemplo, na econômica, política e religiosa.

Diante desta situação, Jesus contempla aquela multidão e sente compaixão. Ter compaixão é sentir nas entranhas a dor do sofredor. Com isso Jesus ver a necessidade não somente de pão material mas de libertação, de justiça e, sobretudo, de dignidade humana. Num segundo momento Jesus percebe a necessidade de verdadeiros anunciadores do Reino de Deus e pede que se faça a oração para que o dono da messe suscite mais operários para a missão de cuidá-la. (cf. Mt 9,38). Rezar para que aumente os colaboradores na missão salvífica em favor do Reino, não somente depois desta vida terrena, mas ainda aqui, para que haja a presença do amor, da fraternidade e da paz.

E diante da compaixão e a motivação da oração em favor da messe, Jesus toma a atitude de chamar discípulos para a missão a fim de prolongar a sua mensagem. É preciso espalhar a Boa-Nova por todas as aldeias (cf. Mt 10,6). O povo de Deus que há centena de anos recebeu de Deus a promessa da aliança e sua fidelidade, agora é chamado a viver a nova aliança. Os doze discípulos missionários, chamados e ao mesmo tempo enviados, lembram as doze tribos do povo da antiga aliança.

E nós cristão de hoje somos parte deste novo povo, chamados a ter compaixão dos sofredores e a rezarmos para que novos evangelizadores respondam ao chamado de Deus. Aqui a necessidade de anunciar com a nossa vida o evangelho da alegria ao todos. Os bispos, os presbíteros, os diáconos, os religiosos, os catequistas, os Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão Eucarística, os jovens, leigos dos mais diversos movimentos, as comunidades de vida e de aliança, todos e todas são chamados a partir em missão.

Os eleitos por Jesus vão com uma mensagem e uma missão específica: Primeiro devem anunciar que o Reino está perto… Depois, devem curar os doentes, ressuscitar os mortos, purificar os leprosos e expulsar os demônios (cf. Mt 10,8). Também essa é a missão dos cristãos nos dias de hoje em meio a tantas doenças, tantas mortes, tantas lepras e muitas divisões demoníacas que destroem as famílias e as diversas relações humanas.

Podemos nos perguntar o que significou para os discípulos de Jesus naquele tempo e o que significa hoje esta missão a qual Jesus designou a todos nós batizados em seu nome. Curar os enfermos é esta atitude de libertá-los de tudo que é contra a vida. Ajudar as pessoas em aceitar as enfermidades irreversíveis, como um caminho de experiência e conversão espiritual.

Ressuscitar os mortos como um processo de ajudar a muitos irmãos e irmãs a reacenderem a esperança na sua vida de desilusão e enfrentarem os seus desesperos existenciais. Limpar os leprosos é esta ação de vencer todas as impurezas que a mentira, a falsidade, a ações hipócritas constroem contra o humano e trazer a verdade, a simplicidade a justiça e resgatar a honradez. Expulsar os demônios num caminho de afastar tudo aquilo que é mal e que divide a vida das pessoas. Combater a idolatria aos bens materiais e os apegos a tantas ideologias e interesses obsessivos.

Eis a missão da Igreja nos dias de hoje: fazer com que as doenças, as mortes, as lepras e os demônios sejam banidos da vida da humanidade. Fazer com que o Reino de Deus aconteça já na caminhada das comunidades, das famílias, dos grupos, dos movimentos e trabalhos missionários em favor do amor, da paz e da vida.

Cristo é a razão da nossa existência e nós devemos buscar a reconciliação com ele. São Paulo nos diz na segunda leitura: “Nós nos gloriamos em Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo. É por ele que, já desde o tempo presente, recebemos a reconciliação.” (Rm 5,11). Cristo é misericordioso e ele tem amor e compaixão por todos nós. Ele quer curar nossas feridas, limpar nossas lepras que tanto nos oprimem, nos ressuscitar para uma vida nova e expulsar todas as tentações que nos afastam do caminho do amor de Deus. Amém.