⇒ Domingo da Misericórdia ⇐ Leituras: At 5,12-16; Sl 118(117); Ap 1,9-11a.12-13.17-19; Jo 20,19-31 ⇒ HOMILIA ⇐ Jo 20,19-31 Meus irmãos e irmãs, a Liturgia do 2º Domingo da Páscoa, do Ano C, neste Ano “Família Amoris Lætitia”, nos motiva a contemplar Cristo que vem aos Seus discípulos com a própria Paz enviada por Deus, cuja misericórdia é eterna [Sl 118(117),2]. E o Evangelho desta Liturgia está em Jo 20,19-31, passagem que é quase sequencial ao Evangelho do Domingo passado e está situada na terceira e última parte do Evangelho Segundo São João intitulada “A hora de Jesus. A Páscoa do Cordeiro de Deus” (cf. Jo 13,1-21,25). Nesta Liturgia, portanto, Nosso Senhor aparece aos Seus discípulos que estavam às escondidas num cenáculo, em Jerusalém. Estavam com as portas fechadas, pois tinham medo dos judeus. Neste Domingo, a Igreja nos apresenta Nosso Senhor Jesus Cristo, ressuscitado pelo Pai, apresentando-se aos Seus discípulos com a tradicional saudação judaica: shalom, que quer dizer, a “paz esteja convosco”. Mas não era qualquer paz, era a paz de Deus. Com esta saudação, o Ressuscitado apresenta-se então como a própria Paz de Deus, ou seja, Cristo é, como diz a canção “Benção de Paz”(1), “o shalom do Pai”. Acabamos de vivenciar a semana chamada Oitava da Páscoa, na qual a Liturgia da Palavra foi marcada por testemunhos, sejam através de milagres, medo dos homens ou choro das mulheres. Atitudes características dos primeiros dias depois do Gólgota. O evangelista João nos conta que era o início da noite, primeiro dia da semana e as portas fechadas por medo dos Judeus (cf. Jo 20,19), ou seja, os que acompanharam Jesus de perto, estavam ainda nas trevas, marcados pelo medo e pelas incertezas. No dia da Ressurreição, Nosso Senhor aparece numa realidade gloriosa, vivo e alegrando os discípulos, apresentando o Seu sopro de vida nova, para enviar-lhes em missão e transmitirem a autoridade do perdão dos pecados, pois Ele veio para salvar a todos dos pecados do mundo, mostrando a face de Deus, que é infinita misericórdia. Outro ponto importante do Evangelho é a descrença de Tomé, que não estava na comunidade quando o Senhor aparece pela primeira vez e por isso se mostra incrédulo, como um cientista que quer provas para dar crédito à verdade da Ressurreição e, novamente, oito dias depois (ou o primeiro dia da semana – o Domingo), o Senhor vem ao encontro da comunidade e está lá Tomé para viver a experiência da fé na vida nova. Tomé é convidado a tocar nas chagas de Jesus para sentir e crer, assim como muitos de nós ainda precisamos de provas para crer que o Reino de Deus já está entre nós. Disse o Senhor a Tomé: “Acreditaste, porque me viste? Bem-aventurados os que creram sem terem visto!” (Jo 20,29). Nós, cristãos da atualidade, também somos felizes quando vivenciamos a nossa fé na Ressurreição de Jesus e quando vivemos também a vida nova em nossa caminhada e, ao mesmo tempo, somos transmissores desta verdade. O que somos capazes de proclamar para os outros sobre o Ressuscitado? O que nos motiva a vivermos uma experiência de convicção da nossa fé? O Tempo Pascal é propício para reavaliarmos a nossa experiência de discípulos e discípulas do Senhor e levarmos a frente esta verdade, com a certeza de que foi a convicção dos que seguiram o Senhor Jesus ou ouviram a pregação sobre o Ressuscitado que fez chegar até nós, no nosso tempo, a mensagem maravilhosa de que o Senhor ressuscitou e nós podemos ressuscitar com Ele. Precisamos meditar se a descrença de Tomé tem relação com sua ausência da comunidade dos discípulos e porque Jesus não apareceu somente a ele após a aparição aos outros? Onde estava Tomé? O que levou ele a ficar ausente? E foi exatamente após a caminhada de uma semana que o Senhor Jesus se apresentou mais uma vez e agora com a presença de Tomé que é convidado a tocar nas Suas chagas. Como Tomé, às vezes, precisamos de mais tempo também para absorvermos uma realidade nova em nossa existência. O evangelista João faz questão de nos lembrar das marcas, das feridas, da crucificação e da presença de Tomé no grupo. Talvez por duas razões: primeiro para provar que era Jesus mesmo que estava ali com eles, com as feridas, pois fora crucificado e também para dizer que a fé dos apóstolos foi alimentada na experiência da comunidade reunida. Portanto, irmãos e irmãs, é na partilha da mesma realidade e no encontro fraterno que alimentamos a nossa fé na Ressurreição do Senhor e somos motivados a prosseguir um caminho novo. Peçamos a Nossa Senhora, Mãe da Igreja e Rainha dos Apóstolos, que ela interceda por nós para estarmos preparados para o recebimento dos dons do Espírito Santo, neste Tempo, neste grande dia que a Igreja chama de Tempo da Páscoa ou Tempo de Pentecostes. Amém. * * * * * * ⇒ POESIA ⇐ ⇒ Que a Palavra e a Luz de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos dá a verdadeira Paz, ilumine o seu caminho! ⇐
⇒ Ano “Família Amoris Lætitia” (2021/2022) ⇐
⇒ Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pelos profissionais de saúde ⇐Ressurreição: Vida Nova de Cristo que Cresce pelo Mundo
(1) Cf. CD “Na Dança da Vida”, Comunidade Católica Shalom. Ele está no Meio de Nós
Ele está em nosso meio,
No encontro e na alegria,
Na reza de cada dia,
Na partilha do Pão,
Fazendo-nos Comunhão,
Viva e santa Eucaristia.
*
Ele está na caminhada,
Dos caminheiros queridos,
Que mesmo com os pés feridos,
Das estradas compridas,
Às vezes trazendo fadiga,
Mas se sentem agradecidos.
*
Ele está em nossa vida,
Às vezes com portas fechadas,
Com a Paz anunciada,
Para nos tranquilizar,
E fazer-nos caminhar,
Numa vida renovada.
*
Ele está em nosso ser,
Para a fé nos retomar,
E o medo espantar,
Pra nos dar a segurança,
E refazer-nos a Esperança,
Para o caminho trilhar.
*
Enfim, Ele está aqui e agora,
Quando faço poesia,
Nos passos de cada dia,
Presente em todo momento,
Sendo Deus fonte e alimento,
Que nunca se esvazia.
* * *
2º Domingo da Páscoa, Domingo da Misericórdia, Ano C, São Lucas
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