Missa da Noite: Is 9,1-6; Sl 96(95); Tt 2,11-14; Lc 2,1-14 Missa do Dia: Is 52,7-10; Sl 98(97); Hb 1,1-6; Jo 1,1-18 ⇒ HOMILIA ⇐ Lc 2,1-14 e Jo 1,1-18 Meus irmãos e irmãs, as Liturgias da Noite e do Dia de Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo nos convidam a mergulhar no mistério da Encarnação de Deus, que nasce entre os pequenos e os animais. Celebrar o Natal é deixar que a luz de Deus nos ilumine, nos proporcionando fraternidade e dignidade. O evangelista João diz que Cristo é a luz que brilha nas trevas e as trevas foram derrotadas (cf. Jo 1,4-8). Por isso, o Natal se prolonga em nós quando o amor e a luz reinam em nossos corações, brotando caridade, justiça social e paz entre as pessoas. A Liturgia da Noite de Natal, também conhecida como “Missa do Galo”, é conduzida pelo anúncio do nascimento do Salvador, narrado pelo evangelista Lucas (2,1-14), passagem que está localizada na primeira parte do Evangelho segundo São Lucas intitulada “Nascimento e vida oculta de João Batista e de Jesus”. E nesta Liturgia, Jesus está, inicialmente, no ventre da Virgem Maria, como fruto bendito, e, depois, deitado na manjedoura, envolto em faixas. Antes de chegar em Belém, que em hebraico quer dizer “Casa do Pão”, Maria e José fazem uma dura caminhada entre as montanhas para participarem de um recenseamento. E é em Belém, e em condições precárias, que nasce o nosso Salvador, o Pão da Vida, o nosso Pastor, o Príncipe da paz e portador da justiça e da misericórdia de Deus. As primeiras testemunhas do nascimento do Salvador são os pastores, que naquele contexto eram pessoas sem crédito nas disputas judiciais, mas, mesmo assim, suas palavras deixaram muitos maravilhados quando contaram tudo o que viram sobre o nascimento de Jesus (cf. Lc 2,17-18). Assim, aqueles pastores representam os pobres, distantes dos poderes humanos, da elite religiosa do judaísmo, que esperava um messias davídico e equipado com poderoso exército. No entanto, a pedagogia de Deus, o Seu ensinamento, se realiza na Sua vinda como uma frágil criança numa família simples (Maria e José), família pobre, a ponto de não ter lugar para realizar o parto. Já a Liturgia do Dia de Natal é conduzida pelo evangelista João. Ele nos apresenta a origem divina de Jesus(1), a encarnação do Verbo de Deus. E o Evangelho da Liturgia do Dia de Natal é exatamente a parte introdutória, o prólogo do Evangelho segundo São João. E nesta Liturgia Jesus está na eternidade, fora do tempo cronológico, do tempo histórico, Ele está no princípio de tudo, quando tudo foi feito para Ele. Ele é a Palavra, o Verbo de Deus. O recém-nascido é a encarnação de Deus e agora Deus mostra sua face, trazendo-nos Sua paz, Seu amor e nossa salvação. O nascido da Virgem Maria foi profetizado por Isaías e está presente na primeira leitura da Missa do Dia de Natal. Diz o profeta: “Como são belos (…) os pés do mensageiro que anuncia a paz (…) a salvação…” (Is 52,7). Ele crescerá em sabedoria e graça e mostrará aos homens que Deus é amor e quer a salvação para todos. Para isso, basta acolher a Sua Palavra e responder ao Seu chamado para anunciar o Reino. Portanto, estas duas Liturgias do Natal nos apresentam a autocomunicação de Deus. Primeiro ao permitir o nascimento de Jesus à noite para dizer que Ele é a Luz e, depois, ao colocar os pastores como os primeiros a sentirem a realização da profecia de Isaías, quando diz “o povo que andava nas trevas viu uma grande luz, uma luz raiou para os que habitavam uma terra sombria.” (Is 9,1). Cristo veio para todos, mas somente os que acolhem a Luz salvadora, diz o evangelista João, recebem o poder da filiação divina (cf. Jo 1,11-12). Somos filhos quando acolhemos a Palavra em nossa vida e quando a Luz ilumina o nosso ser. Vivemos o verdadeiro Natal quando deixamos Cristo nascer e reinar em nossas vidas. Por isso que o sacramento da confissão é a porta pela qual retornamos para os braços de Cristo. Quando, como cristãos, nos reunimos para celebrar o Natal, somos convidados a nos unir à multidão da corte celeste para cantar em uma só voz: “Glória a Deus no mais alto dos céus e paz na terra aos homens que ele ama.” (Lc 2,14). Deus se faz presente numa criança para nos ensinar a simplicidade e o amor a todos. Neste Natal, peçamos a intercessão de Nossa Senhora, Mãe da divina graça, para que possamos receber o Espírito Santo, Espírito de toda graça, e assim renovemos cotidianamente o nosso “sim”, o Batismo, sendo cada vez mais filhos através do Filho muito amado de Deus Pai. Jesus Cristo é Emanuel, é Deus conosco. Amém. * * * * * * ⇒ POESIA ⇐ * * * ⇒ Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nasce entre os pequenos e veio morar conosco, ilumine o seu caminho! ⇐ E Deus Veio Morar Conosco
(1) CNBB / Roteiros homiléticos para o Tempo do Advento – Natal – Tempo Comum I (novembro 2021 / fevereiro 2022): “Alegrai-vos! O Senhor está próximo”, Ano C – São Lucas. Brasília: Edições CNBB, 2021, pp. 34-35.Deus Nasce entre os Pequenos
Entre as montanhas de Judá,
Nas noites escuras dos pastores,
Vem a luz divina nos visitar,
Vencendo todos os temores,
Trazendo o amor e a salvação,
Vencendo em nós a escuridão,
Que muitas vezes nos traz horrores.
*
Nasce entre os animais e pecadores,
Anunciando desde já sua missão,
Rei simples, pobre e sem coroa,
Sendo sinal de contradição.
Vem como uma simples criança,
Mas traz para muitos a esperança,
E aos poderosos a confusão.
*
Naquela noite vem os louvores,
Da corte celeste a cantarolar,
E à voz do Anjo mensageiro,
Que se une também a ecoar,
Porque nasceu o Salvador,
Deus de paz, justiça e amor,
E a todos os homens veio salvar.
*
O Natal nos traz um ensinamento,
Para nesta vida proceder,
Deus veio para o mundo inteiro,
Com Sua Palavra a nos converter,
Ensina-nos a simplicidade,
O acolhimento e a fraternidade,
Prega a justiça e o bem viver.
*
E em torno do santo altar,
Vivamos a coerência e a união,
Escutando sempre a santa Palavra,
A irmandade e a comunhão,
Sendo sinal da luz do Salvador,
Vencendo a tristeza e o rancor,
Vivendo todos como irmãos.
Tag: A libertação (cf Is 8 vers 23b a 9 vers 6)
Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo, Solenidade
Missa da Noite: Is 9,1-6; Sl 96(95); Tt 2,11-14; Lc 2,1-14
Missa do Dia: Is 52,7-10; Sl 98(97); Hb 1,1-6; Jo 1,1-18
⇒ HOMILIA ⇐
E Deus veio morar conosco
Lc 2,1-14 e Jo 1,1-18
Meus irmãos e irmãs, as Liturgias da Noite e do Dia do Natal nos convidam a mergulhar no mistério da encarnação de Deus, que nasce entre os pequenos e os animais.
Celebrar o Natal é deixar que a luz de Deus nos ilumine, nos proporcionando mais fraternidade e dignidade. Por isso, o Natal se prolonga em nós quando o amor reina nos corações, brotando caridade, justiça social e paz entre as pessoas.
O evangelista Lucas, na Liturgia da Noite de Natal, nos apresenta a caminhada dura, entre as montanhas, que Maria e José fazem até Belém para participarem de um recenseamento. Nos arredores de Belém, próximo aos campos dos pastores, envolvido em faixas e deitado numa manjedoura (cf. Lc 2,12), nasce o nosso Salvador, nosso Pastor, portador da paz, da justiça e da misericórdia de Deus Pai.
Os primeiros a receberem a notícia são os pobres, distantes dos poderes humanos. Os homens de poder esperavam um messias equipado com poderoso exército. Mas a pedagogia de Deus proporciona a sua vinda como uma criança que nasce numa família simples – Maria e José – e pobre, a ponto de não ter lugar para realizar o parto.
Já a Liturgia do Dia de Natal, com o texto do evangelista João, nos apresenta a divindade do Menino Deus que nasceu em Belém entre os pastores e sob a luz das estrelas entre as montanhas da Judeia. De acordo com o evangelista João, este recém-nascido é a encarnação de Deus e já existia antes desde o princípio da Criação. Agora, Deus mostra sua face, trazendo-nos a paz, seu amor e a salvação.
O nascido de Maria é o anunciado por Isaías na primeira leitura: “Como são belos (…) os pés do mensageiro que anuncia a paz (…) a salvação…” (Is 52,7). Ele crescerá em sabedoria e graça e mostrará aos homens que Deus é amor e que quer a salvação para todos. Para isso, basta que estes acolham a sua Palavra e respondam ao seu chamado para anunciar o Reino.
Jesus nasce na noite para dizer que ele é Luz. Os pastores foram os primeiros a sentir a realização da profecia de Isaías, pois “o povo que andava nas trevas viu uma grande luz, uma luz raiou para os que habitavam uma terra sombria.” (Is 9,1).
Cristo veio para todos, mas somente os que acolhem a Luz salvadora, diz o evangelista João, recebem o poder da filiação divina (cf. Jo 1,11-12). Somos filhos quando acolhemos a Palavra em nossa vida e quando a Luz ilumina o nosso ser. E então vivemos o verdadeiro Natal também quando deixamos Cristo nascer e reinar em nossas vidas. Por isso que o sacramento da confissão é a porta pela qual retornamos para os braços de Cristo.
Quando, como cristãos, nos reunimos para celebrar o Natal de Cristo, somos convidados a nos unir à multidão da corte celeste para cantar em uma só voz: “Glória a Deus no mais alto dos céus e paz na terra aos homens que ele ama.” (Lc 2,14). Deus se faz presente numa criança para nos ensinar a simplicidade e o amor a todos.
Que Espírito Santo nos ilumine e nos faça cada vez mais filhos através do Filho muito amado de Deus Pai que veio assumir a natureza humana para resgatar a humanidade. Jesus Cristo é Deus conosco.
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⇒ POESIA ⇐
Deus Nasce entre os Pequenos
Entre as montanhas de Judá,
Nas noites escuras dos pastores,
Vem a luz divina nos visitar,
Vencendo todos os temores,
Trazendo o amor e a salvação,
Vencendo em nós a escuridão,
Que muitas vezes nos traz horrores.
Nasce entre os animais e pecadores,
Anunciando desde já sua missão,
Rei simples, pobre e sem coroa,
Sendo sinal de contradição.
Vem como uma simples criança,
Mas traz para muitos a esperança,
E aos poderosos a confusão.
Naquela noite vem os louvores,
Da corte celeste a cantarolar,
E à voz do Anjo mensageiro,
Que se une também a entoar,
Porque nasceu o Salvador,
Deus de paz, justiça e amor,
E a todos os homens veio salvar.
O Natal nos traz um ensinamento,
Para nesta vida proceder,
Deus veio para o mundo inteiro,
Com sua Palavra a nos converter,
Ensina-nos a simplicidade,
O acolhimento e a fraternidade,
Prega a justiça e o bem viver.
E em torno do santo altar,
Vivamos a coerência e a união,
Escutando sempre a santa Palavra,
A irmandade e a comunhão,
Sendo sinal da luz do Salvador,
Vencendo a tristeza e o rancor,
Vivendo todos como irmãos.
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*** Que a Luz do Salvador, que nasce entre os pequenos e veio morar conosco, ilumine o seu caminho! ***