Epifania do Senhor, Solenidade

 

Leituras: Is 60,1-6; Sl 72(71); Ef 3,2-3a.5-6; Mt 2,1-12

 

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

A Luz do Senhor Atrai os Magos do Oriente

Mt 2,1-12

 

Meus irmãos e irmãs, neste primeiro domingo do ano novo a luz do Senhor atrai os magos do Oriente. E o mistério pascal da solenidade da Epifania do Senhor nos mantém, ainda no Tempo do Natal, na proximidade da fonte da revelação misteriosa da encarnação do Verbo de Deus. O Evangelho desta Liturgia está em Mt 2,1-12.

Epifania significa a manifestação do amor infinito e misericordioso de Deus a todos os povos e nações. Nesta Liturgia, o evangelista Mateus (cf. 2,1-12) narra o nascimento de Jesus em Belém e nos situa dentro do reinado de Herodes, O Grande, o qual se sente ameaçado por tal acontecimento e procura encontrar o Menino (cf. Mt 2,3). A serviço de Herodes, os especialistas nas escrituras localizam uma profecia de Miqueias (cf. 5,1-4), que cita o nascimento do Messias em Belém.

Em cena aparecem os magos do Oriente que, mesmo não tendo as Escrituras, querem chegar até o rei dos judeus que acabara de nascer (cf. Mt 2,2). Herodes, astutamente, pediu a ajuda dos magos para chegar até o Menino. Mas os magos foram avisados em sonho e voltaram por outro caminho. (cf. Mt 2,12).

A nossa reflexão mais importante deve se voltar para o significado da visita, das ofertas e da volta dos magos por outro caminho. A Liturgia nos ensina que os magos representam os gentios que buscam e acolhem a salvação de Deus. O encontro do Menino é o objetivo dos que querem encontrar-se com Deus. No evangelista Mateus, vemos que a Salvação é para toda humanidade. São Paulo, aos efésios, ainda reforça que: “os pagãos são admitidos (…) do mesmo Corpo, são associados à mesma promessa em Jesus Cristo…” (Ef 3,6).

Outro ensinamento é sobre as ofertas dos magos que foram entregues depois de adorarem o Menino (cf. Mt 2,1-12): ouro (simbolizando a realeza de Cristo), incenso (a divindade) e mirra (que indica que Jesus veio para aliviar o sofrimento dos pobres e também a sua unção no túmulo de seu corpo humano e incorruptível que culmina na Ressurreição).

O retorno dos magos por outro caminho indica que, além de fugir da astúcia de Herodes, o encontro com Deus, na pessoa do Filho, os faz homens renovados. Alegres e convertidos seguem um novo caminho em suas vidas.

Portanto, esta Liturgia nos motiva para buscarmos constantemente o encontro com a pessoa do Filho muito amado do Pai, pois Cristo quer fazer nova todas as coisas. Ele que nossa caminhada seja como discípulos amados por ele. A nossa participação na Missa deve ser sempre de louvor e de adoração, alegres pela busca de Deus. E então, podemos nos perguntar: O que tenho oferecido a Deus? Que dons tenho colocado a serviço do Reino?

Juntemos a nossa prece às das crianças do mundo inteiro para que percorramos um ano novo, cheio de muitas transformações na vida dos que querem encontrar o Senhor, dos que querem fazer uma caminhada marcada pelo crescimento espiritual e humano, daqueles que querem juntamente conosco conhecer e seguir Jesus para encontrarem novos caminhos e novas realidades em suas vidas. Por fim, rezemos com o salmista: “As nações de toda terra hão de adorar-vos, ó Senhor.” [Sl (72/71)].

 

***

 

⇒ POESIA ⇐

Caminhar em Busca do Menino

 

Seguindo a estrela de Belém,
No desejo de encontrar o Senhor,
Vão os sábios do Oriente,
Com o coração ardente,
Prontos para adorar,
E também para ofertar,
Os seus simbólicos presentes.

O encontro com o Menino Deus,
Converte os magos caminheiros,
Seguem um rumo transformado,
As trilhas são de homens renovados,
Que levam a divina alegria,
Pra eles, antes não existia,
Sonho santo e realizado.

Este caminho todos devemos seguir,
Via do Deus amor e encarnado,
Convictos de um constante converter,
Adorando o Senhor para na fé crescer,
Num caminho de viva evangelização,
Marcado pelo amor e pela conversão,
E como Discípulos nossos dons oferecer.

Não façamos como o rei tirano e solitário,
Que somente quis saber onde nasceu o Salvador,
Não trilhou o caminho para até lá chegar,
Pois teve medo de perder o seu lugar.
Pois o reinado do Senhor é diferente,
É de amor e para todos, como presente,
Aos que querem sempre o encontrar.

Carreguemos o sentido da salvação universal,
Onde todos têm direito aos dons divinos.
Pois, todo homem é chamado à conversão,
De qualquer canto do mundo ou nação,
Basta abrir o coração a grande novidade,
Por que Deus veio morar na humanidade,
Para nos presentear com a salvação.

***

 

 

*** Que a Luz do Menino Jesus, adorado pelos povos do Oriente, ilumine o seu caminho! ***

 

Solenidade da Santa Mãe de Deus, Maria (2021)

 

Leituras: Nm 6,22-27; Sl 67(66); Gl 4,4-7; Lc 2,16-21

 

⇒ HOMILIA ⇐

Junto à Mãe de Deus Celebremos a Paz

Lc 2,16-21

 

Meus irmãos e irmãs, neste dia 1º de janeiro, junto à Santa Maria, Mãe de Deus, celebramos a paz. E o mistério pascal desta solenidade nos mantém, ainda no Tempo do Natal, na proximidade da fonte da revelação misteriosa da encarnação do Verbo de Deus. O Evangelho desta Liturgia está em Lc 2,16-21.

Nesta Liturgia, os cristãos se reúnem esperançosos, com expectativas e perspectivas. Há uma intenção especial por parte do Papa, que é celebrar o Dia Mundial da Paz junto com a Mãe de Deus. Ela que nos presenteou com o seu sim, acolhendo e fazendo com que o Príncipe da Paz (cf. Is 9,5) pudesse nascer e reinar em nosso meio, portando a misericórdia do Pai, a Salvação para todos.

O evangelista Lucas apresenta o encontro dos pastores com o menino Jesus ainda na manjedoura, junto com Maria e José. Os pastores foram os primeiros que receberam a notícia do nascimento do alvador. A eles cabe também o anúncio das maravilhas de Deus, louvando toda a realização divina (cf. Lc 2,17-18.20).

A Virgem guardava todos estes acontecimentos e meditava em seu coração (cf. Lc 2,19), procurando compreender todo o processo da sua resposta a Deus, quando o Anjo a visitou. Maria meditava porque também era mulher do silêncio e da oração, na escuta atenta a Deus, na sua missão de gerar e acompanhar o Verbo no cumprimento das promessas que vinham de Deus Pai.

Neste Dia Mundial da Paz, os cristãos também pedem as bênçãos que vem de Deus, pois é sinal de salvação como escutamos na primeira leitura desta Liturgia: “ ‘O Senhor te abençoe e te guarde! O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face, e se compadeça de ti! O Senhor volte para ti o seu rosto e te dê a paz!’ Assim invocarão o meu nome sobre os filhos de Israel, e eu os abençoarei”. (Nm 6,24-27).

Sobre o marco temporal de 2020 e 2021, devemos também ter em mente que se faça a vontade do Senhor e não a nossa. Maria nos possibilita que sejamos seus filhos. Ela, que é Mãe de Deus e nossa Mãe, também gerou a Igreja que nós somos parte. Ela é a mãe do Príncipe da Paz, também nosso irmão, nosso Deus amado que veio ficar junto de nós para nos ensinar que Deus é Pai e tem misericórdia dos pecadores, por isso vem trazer a união e a fraternidade.

Nessa relação santa de filhos, São Paulo nos fala: “De modo que já não és escravo, mas filho. E se és filho, és também herdeiro, graças a Deus.” (Gl 4,7). Temos então o temor que vem do amor e da necessidade de santificação e não o medo da condenação. Se amamos o Senhor, faremos a vontade dele e por isso não devemos ter medo dele porque ele está bem próximo de nós.

Que neste ano que se inicia possamos promover cada vez mais a paz entre as pessoas, onde estivermos inseridos e que Nossa Senhora nos ensine a sermos obedientes, necessitados de amor e na escuta de Deus. Deus que sempre está nos chamando à santidade e a sermos, ao mesmo tempo, discípulos missionários do seu Reino.

 

***

 

⇒ POESIA ⇐

Santa Mãe de Deus e Nossa

 

Mãe da escuta atenta,
Do silêncio e da oração,
Toda entregue por amor,
Do Senhor da salvação,
Ensina-nos a santidade,
Mostra-nos tua serenidade,
Para a santificação.

Mãe de Deus e nossa Mãe,
Mãe do Príncipe da Paz,
Ensina-nos a fraternidade,
Que tanta harmonia nos traz,
Ensina-nos também a escuta,
A paciência na labuta,
Quando não somos capazes.

Que o nosso Príncipe da Paz,
Pela sua encarnação,
Ajude-nos na caminhada,
E no amor entre os irmãos,
Trazendo-nos alegria,
Que nasce da Eucaristia,
Pra nossa libertação.

Que a benção do Senhor,
O Filho amado e querido,
Possa nos trazer a paz,
Neste mundo tão sofrido,
Das guerras possa nos livrar.
E o amor sempre a buscar,
Os povos todos unidos.

Que a Santa Eucaristia,
Renove a nossa lida,
Dando a força necessária,
Para a estrada percorrida,
E que Deus Emanuel
Com a nossa Mãe do Céu,
Tragam a paz à nossa vida.

***

 

 

*** Que a Luz do Menino Jesus, que enquanto Deus se fez filho de Maria, ilumine o seu caminho! ***

 

Sagrada Família de Nazaré, Jesus, Maria e José, Festa

 

Leituras: Eclo 3,3-7,14-17a; Sl 128(127); Cl 3,12-21; Lc 2,22-40

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

A Sagrada Família nos Ensina sobre a Santidade do Lar

Lc 2,22-40

 

Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal da festa da Sagrada Família nos mantém no aprofundamento da encarnação do Verbo de Deus. E o Evangelho desta Liturgia está em Lc 2,22-40.

Neste Domingo da Oitava do Natal, nós contemplamos a ida da Sagrada Família ao Templo para a apresentação do menino Jesus. Outros personagens entram na narração: o velho Simeão, que era justo e piedoso, e a profetisa Ana, que já era idosa e ficava dia e noite no Templo pela escuta do Senhor na oração.

O evangelista Lucas nos mostra que Maria e José mantém viva a tradição do então povo escolhido. Eles também trazem os dois pombinhos, a oferta dos mais simples, como a Família de Nazaré.

Outro momento importante desta narração é a presença do velho Simeão, que representa o povo de Israel e a esperada vinda do Salvador. Jesus, nos braços de Simeão, é acolhido pelos judeus que acolheram Jesus como o Cristo, portador da redenção e da esperança.

O coração de Simeão fica alegre por ter visto o Redentor. Na sua profecia as consequências do anúncio que Jesus iria proclamar durante a sua vida terrena, sendo sinal de queda e reerguimento de muitos, além de profetizar que uma espada traspassará a alma da Virgem (cf. Lc 2,34-35). Cristo trará uma mensagem de amor, mas, ao mesmo tempo, denunciará a divisão provocada por aqueles que ignoram a Boa-Nova do Reino e que alimentam a hipocrisia e a opressão contra os pobres.

Já a profetisa Ana louvou a realização da promessa de Deus. Ambos, Maria, José, Simeão e Ana representam o povo de Israel que acolhem o Salvador. Cristo nasce e reina em suas vidas. A eles é dada a missão de proclamar que o Salvador está presente no mundo e que todos devem adorar e escutar a sua voz.

A experiência de sintonia e esperança em Deus fazem com que Simeão e Ana percebem que a criança apresentada não é um recém-nascido comum, mas Deus que se fez carne e veio morar entre nós. O testemunho destes dois personagens santos também nos lembra os padrinhos quando na hora do batismo das crianças recebem em seus braços o afilhado e o apresenta à comunidade de fé.

São Paulo VI[1] nos indica três lições da Família de Nazaré: a primeira é sobre o silêncio o qual faz escutarmos Deus no recolhimento, na meditação e na oração silenciosa; a segunda é sobre a vida familiar e o respeito entre os cônjuges, com e entre os filhos, o exercício do perdão, da harmonia e do zelo pela santidade do matrimônio, exatamente como nos fala a sabedoria do Eclesiástico na primeira leitura desta Liturgia; a última lição é sobre o trabalho, que foi presença no cotidiano de Maria e José, que era carpinteiro e artista e vivia de seu trabalho, como uma atividade de dignidade e não como busca de acúmulo de riquezas.

A família santa nos ensina como construir um lar inspirado no exemplo da casa de Nazaré. Também esse é nosso chamamento. Peçamos ao Espírito Santo que ilumine todas as nossas famílias, para que sejam verdadeiros lugares da presença de Cristo, na santidade e na alegria entre pai, mãe e filhos.

***

[1] Liturgia das horas, Domingo dentro da oitava de Natal, Festa da Sagrada Família, p. 382, Vozes, 1999.

 

 

***

 

⇒ POESIA ⇐

Os Ensinamentos da Família Santa

 

Na obediência humana e divina,
Caminha a família santa a nos ensinar,
Carrega nos braços Deus Menino,
Que veio nos resgatar,
Ao Templo santo vem oferecer,
Aquela oferta que deve ser,
Sinal da simplicidade em tudo dar.

A Família Santa nos ensina,
Que silêncio é a melhor atitude,
Para que o lar seja espaço santo,
Presença divina em plenitude,
Lugar de amor e oração,
Da escuta e da contemplação,
O céu na terra e a infinitude.

A Família Santa ensina,
Sobre a vida familiar,
No convívio puro de esposo e esposa,
Que tanto tem a nos ensinar,
No respeito à vida na castidade,
Na obediência e na fraternidade,
No carinho santo a se propagar.

A Família Santa também nos ensina,
Sobre o trabalho e seu valor,
Ação digna que nos faz bem,
Que fez também nosso criador,
Por que a vida é pra ser vivida,
E nossas lutas bem assumidas,
Com paz, justiça e puro amor.

Que a mesa santa traga o alimento,
Para o testemunho de alegria,
De um banquete cheio de união,
Na caminhada de cada dia,
Que o diálogo esteja presente,
E o perdão nunca ausente,
Que seja verdade, a harmonia.

***

 

 

*** Que a Luz da Família de Nazaré, Jesus, Maria e José, que nos deixa lições valiosas sobre a santidade do lar, ilumine o seu caminho! ***

 

Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo, Solenidade

 

Missa da Noite: Is 9,1-6; Sl 96(95); Tt 2,11-14; Lc 2,1-14

Missa do Dia: Is 52,7-10; Sl 98(97); Hb 1,1-6; Jo 1,1-18

 

⇒ HOMILIA ⇐

E Deus veio morar conosco

Lc 2,1-14 e Jo 1,1-18

 

Meus irmãos e irmãs, as Liturgias da Noite e do Dia do Natal nos convidam a mergulhar no mistério da encarnação de Deus, que nasce entre os pequenos e os animais.

Celebrar o Natal é deixar que a luz de Deus nos ilumine, nos proporcionando mais fraternidade e dignidade. Por isso, o Natal se prolonga em nós quando o amor reina nos corações, brotando caridade, justiça social e paz entre as pessoas.

O evangelista Lucas, na Liturgia da Noite de Natal, nos apresenta a caminhada dura, entre as montanhas, que Maria e José fazem até Belém para participarem de um recenseamento. Nos arredores de Belém, próximo aos campos dos pastores, envolvido em faixas e deitado numa manjedoura (cf. Lc 2,12), nasce o nosso Salvador, nosso Pastor, portador da paz, da justiça e da misericórdia de Deus Pai.

Os primeiros a receberem a notícia são os pobres, distantes dos poderes humanos. Os homens de poder esperavam um messias equipado com poderoso exército. Mas a pedagogia de Deus proporciona a sua vinda como uma criança que nasce numa família simples – Maria e José – e pobre, a ponto de não ter lugar para realizar o parto.

Já a Liturgia do Dia de Natal, com o texto do evangelista João, nos apresenta a divindade do Menino Deus que nasceu em Belém entre os pastores e sob a luz das estrelas entre as montanhas da Judeia. De acordo com o evangelista João, este recém-nascido é a encarnação de Deus e já existia antes desde o princípio da Criação. Agora, Deus mostra sua face, trazendo-nos a paz, seu amor e a salvação.

O nascido de Maria é o anunciado por Isaías na primeira leitura: “Como são belos (…) os pés do mensageiro que anuncia a paz (…) a salvação…” (Is 52,7). Ele crescerá em sabedoria e graça e mostrará aos homens que Deus é amor e que quer a salvação para todos. Para isso, basta que estes acolham a sua Palavra e respondam ao seu chamado para anunciar o Reino.

Jesus nasce na noite para dizer que ele é Luz. Os pastores foram os primeiros a sentir a realização da profecia de Isaías, pois “o povo que andava nas trevas viu uma grande luz, uma luz raiou para os que habitavam uma terra sombria.” (Is 9,1).

Cristo veio para todos, mas somente os que acolhem a Luz salvadora, diz o evangelista João, recebem o poder da filiação divina (cf. Jo 1,11-12). Somos filhos quando acolhemos a Palavra em nossa vida e quando a Luz ilumina o nosso ser. E então vivemos o verdadeiro Natal também quando deixamos Cristo nascer e reinar em nossas vidas. Por isso que o sacramento da confissão é a porta pela qual retornamos para os braços de Cristo.

Quando, como cristãos, nos reunimos para celebrar o Natal de Cristo, somos convidados a nos unir à multidão da corte celeste para cantar em uma só voz: “Glória a Deus no mais alto dos céus e paz na terra aos homens que ele ama.” (Lc 2,14). Deus se faz presente numa criança para nos ensinar a simplicidade e o amor a todos.

Que Espírito Santo nos ilumine e nos faça cada vez mais filhos através do Filho muito amado de Deus Pai que veio assumir a natureza humana para resgatar a humanidade. Jesus Cristo é Deus conosco.

 

 

***

 

⇒ POESIA ⇐

Deus Nasce entre os Pequenos

 

Entre as montanhas de Judá,
Nas noites escuras dos pastores,
Vem a luz divina nos visitar,
Vencendo todos os temores,
Trazendo o amor e a salvação,
Vencendo em nós a escuridão,
Que muitas vezes nos traz horrores.

Nasce entre os animais e pecadores,
Anunciando desde já sua missão,
Rei simples, pobre e sem coroa,
Sendo sinal de contradição.
Vem como uma simples criança,
Mas traz para muitos a esperança,
E aos poderosos a confusão.

Naquela noite vem os louvores,
Da corte celeste a cantarolar,
E à voz do Anjo mensageiro,
Que se une também a entoar,
Porque nasceu o Salvador,
Deus de paz, justiça e amor,
E a todos os homens veio salvar.

O Natal nos traz um ensinamento,
Para nesta vida proceder,
Deus veio para o mundo inteiro,
Com sua Palavra a nos converter,
Ensina-nos a simplicidade,
O acolhimento e a fraternidade,
Prega a justiça e o bem viver.

E em torno do santo altar,
Vivamos a coerência e a união,
Escutando sempre a santa Palavra,
A irmandade e a comunhão,
Sendo sinal da luz do Salvador,
Vencendo a tristeza e o rancor,
Vivendo todos como irmãos.

***

 

 

*** Que a Luz do Salvador, que nasce entre os pequenos e veio morar conosco, ilumine o seu caminho! ***

 

Solenidade da Epifania

Leituras: Is 60,1-6; Sl 71(72); Ef 3,2-3a.5-6; Mt 2,1-12

 

Ouça o áudio preparado para esta liturgia (pode demorar alguns segundos)

⇒ HOMILIA ⇐

Os magos do Oriente são atraídos pela Luz do Senhor

Mt 2,1-12

Celebramos neste domingo a Solenidade da Epifania do Senhor. Epifania significa a manifestação do amor infinito e misericordioso de Deus, a todos os povos e nações. Esta liturgia nos traz o texto de Mateus (cf. 2,1-12), o qual nos narra o nascimento de Jesus em Belém. O evangelista nos situa dentro do reinado de Herodes, chamado de O Grande, o qual se sente ameaçado por tal acontecimento e procura encontrar o menino (cf. Mt 2,3). Os especialistas nas escrituras (mestres da lei) localizam o texto do profeta Miqueias (cf. 5,1-4), que cita o nascimento do Messias em Belém.

Em cena aparecem também os magos do Oriente que estão curiosos, não têm as Escrituras para decifrarem sobre o nascimento de Jesus, mas querem chegar até ele (cf. Mt 2,2). Herodes quer usar os magos para chegar até o Menino, mas não consegue, de modo que eles, avisados em sonho, voltam por outro caminho, nessa grande jornada de busca e de visita ao Messias (cf. Mt 2,12).

A nossa reflexão mais importante deve se voltar para o significado da visita, das ofertas e da volta dos magos por outro caminho. Em primeiro lugar a interpretação teológica nos ensina que os magos representam os gentios que, em sua diversidade étnica, buscam e acolhem a salvação universal de Deus em Jesus Cristo.

Ir ao encontro do Menino significa a busca dos que querem encontrar-se com Deus. O texto de Mateus nos ensina que a Salvação em Cristo é para todos os homens, como nos fala São Paulo na sua carta aos efésios: “os pagãos são admitidos na mesma herança, são do mesmo Corpo, são associados à mesma promessa em Jesus Cristo, por meio do Evangelho.” (Ef 3,6).

Um segundo ensinamento sobre a visita dos magos, são as ofertas feitas por eles: ouro, símbolo da realeza de Cristo; incenso, a sua divindade; e mirra, que pode ser lida em dois sentidos: (1) que Jesus veio para aliviar as dores dos pobres e (2) a sua unção no túmulo, no corpo (natureza humana), a incorruptibilidade do seu corpo que culmina na Ressurreição. Antes mesmo das ofertas, os magos se ajoelham diante do Menino e o adoram (cf. Mt 2,12).

Lemos neste texto de Mateus que os magos, ao serem seguidos pela estrela, sentem uma grande alegria, e após visitarem Jesus, retornaram para sua terra, seguindo outro caminho (cf. Mt 2,10.12). Isto significa que aqueles que caminham para Deus e o encontram, são transformados pela alegria e pela conversão e por isso seguem novos caminhos em suas vidas.

Portanto, a liturgia da Epifania do Senhor deve nos levar a meditar que precisamos constantemente ir ao encontro de Jesus para nos alegrar e nos renovar, na nossa caminhada, para seguirmos novos caminhos e avançarmos na vida de discípulos amados por ele. O nosso encontro deve ser de louvor, adoração e marcado pela alegria que nos pode proporcionar nesta busca de Deus. E então, podemos nos perguntar: o que temos para oferecer a Deus? Que dons podemos colocar a serviço do Reino? Que alegria nos motiva a ir ao encontro do Senhor?

Juntemos a nossa prece às das crianças do mundo inteiro para que percorramos um ano novo, cheio de muitas transformações na vida dos que querem encontrar o Senhor, dos que querem fazer uma caminhada marcada pelo crescimento espiritual e humano, daqueles que querem juntamente conosco conhecer e seguir Jesus para encontrarem novos caminhos e novas realidades em suas vidas. Por fim, rezemos com o salmo 72: “As nações de toda terra hão de adorar-vos, ó Senhor.” (Sl 72/71).

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⇒ POESIA ⇐

Caminhar em busca do Menino

Seguindo a estrela de Belém,
No desejo de encontrar o Senhor,
Vão os sábios do Oriente,
Com o coração ardente,
Prontos para adorar,
E também para ofertar,
Os seus simbólicos presentes.

O encontro com o Menino Deus,
Converte os magos caminheiros,
Seguem um rumo transformado,
As trilhas são de homens renovados,
Que levam a divina alegria,
Pra eles, antes não existia,
Sonho santo e realizado.

Este caminho todos devemos seguir,
Via do Deus amor e encarnado,
Convictos de um constante converter,
Adorando o Senhor para na fé crescer,
Num caminho de viva evangelização,
Marcado pelo amor e pela conversão,
E como Discípulos nossos dons oferecer.

Não façamos como o rei tirano e solitário,
Que somente quis saber onde nasceu o Salvador,
Não trilhou o caminho para até lá chegar,
Pois teve medo de perder o seu lugar.
Pois o reinado do Senhor é diferente,
É de amor e para todos, como presente,
Aos que querem sempre o encontrar.

Carreguemos o sentido da salvação universal,
Onde todos têm direito aos dons divinos.
Pois, todo homem é chamado à conversão,
De qualquer canto do mundo ou nação,
Basta abrir o coração a grande novidade,
Por que Deus veio morar na humanidade,
Para nos presentear com a salvação.

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, Menino Deus, adorado pelos povos do Oriente, ilumine o seu caminho! ***

Festa da Sagrada Família, Jesus, Maria e José

Leituras: Eclo 3,3-7.14-17a; Sl 128(127); Col 3,12-21; Mt 2,13-15.19-23

 

Ouça o áudio preparado para esta liturgia (pode demorar alguns segundos)

⇒ HOMILIA ⇐

Família Sagrada: testemunho de amor em meio aos desafios da vida

Mt 2,13-15.19-23

Celebramos neste domingo a Festa da Sagrada Família. Dentro do clima do tempo do Natal, Jesus, Maria e José nos ajudam a entendermos o sentido mais profundo da encarnação do Verbo de Deus.

O Evangelho para esta liturgia é de Mateus (cf. 2,13-15.19-23). Este texto narra a fuga de José com Maria e Jesus, para o Egito, depois, o retorno a Israel e, num terceiro momento, a ida da Sagrada Família a Nazaré, para lá morar. A narração de Mateus coloca o anjo de Deus o qual aparece três vezes a José nos momentos de fuga, de retorno a Israel e da decisão da Sagrada Família morar em Nazaré.

Através deste texto de Mateus podemos aprender que o verdadeiro Natal de Jesus não foi uma realidade tão tranquila como muitas vezes nós imaginamos. Jesus já nasceu sendo rejeitado pela humanidade. Seus pais nutrícios, Maria e José, não foram acolhidos em Belém, não havia lugar para hospedagem (Lc 2,7b), pois isso, nasceu nos arredores da cidade, num curral, foi colocado numa manjedoura (recipiente que se coloca comida para gado ou cavalos) e somente os pastores, pessoas sem prestígio social, inicialmente, souberam do acontecido. Depois, o Menino Deus, foi perseguido pelas autoridades, teve que fugir para o Egito, com seu e pai e sua mãe, ficando longe da perseguição de Herodes.

Esta história de Jesus nos lembra também Moisés que foi colocado no rio (cf Ex, 2,1-10), foi preservado da morte e se tornou o libertador de Israel. Jesus é o novo Moisés que, quando criança, também se livrou da morte e se tornou o libertador do povo da nova aliança. Ele veio ficar junto dos pobres, restaurar a dignidade das pessoas, veio transformar a vida dos sofredores, curar os doentes, e a muitos converteu, anunciou e trouxe a salvação a todos os homens.

Toda a vida de infância de Jesus foi no seio da família, na casa santa de Nazaré, vivendo a obediência, no amor e na união com seus pais. Maria e José se mantiveram sempre unidos, mesmo em meio as grandes dificuldades que as envolveram, nas fugas da morte, na vida de seu lar, no trabalho, pois havia o amor perfeito deste casal, a harmonia e o cuidado em viver segundo a vontade de Deus.

O livro do Eclesiástico nos traz grandes orientações espirituais para que a família possa viver a santidade: “Aquele que respeita o pai obtém o perdão dos pecados, o que honra sua mãe é como quem ajunta um tesouro.” (Eclo 3,3-4).

Numa sociedade em que se percebe a fragilidade da estrutura e dos valores da família, é muito importante vislumbrar a importância que devemos dar ao amor e atenção, aos conselhos e as experiências de quem dedicou a sua vida aos filhos.

Quanto ao cuidado aos pais na velhice e o carinho, nas suas limitações, nem sempre é uma realidade nas atitudes dos filhos no mundo de hoje. São Paulo, na Carta aos Colossenses, aconselha que sejamos revestidos de sincera misericórdia, bondade, humildade, mansidão e paciência… (cf. Cl 3,12). Esta veste da qual nos fala São Paulo é exatamente necessária para que se cuide de forma humana dos idosos, dos enfermos e dos mais frágeis, com suas limitações físicas e psicológicas.

Os pais, por sua vez, também tem a missão de serem referencial de amor, de acolhimento e de maturidade, primeiramente com o testemunho do cuidado e da proteção aos filhos no que se refere à educação, à vida de oração, ao convívio social e a outras dimensões da existência humana.

Não devemos esquecer que as chagas da sociedade são consequências de certa displicência, no cuidado, na presença e na formação junto às crianças, adolescentes e jovens. Há a necessidade de presença, de amor, de acolhimento e de compreensão por parte dos pais e cuidadores, pois se trata da missão própria de quem respondeu a Deus o chamado de gerar ou cuidar e ajudar na formação de pessoas nas etapas de desenvolvimento de sua vida.

Rezemos pedindo à Sagrada Família que ajude a tantas famílias, migrantes pelo mundo, refugiados, fugindo da morte, da fome, das guerras, que não tem casas, que falta emprego, comida, justiça e paz. Peçamos a Jesus, Maria e José, que ajude os lares a se tornarem um ambiente de fraternidade, de amor, de escuta, de oração, acolhimento e compreensão. Família, uma Igreja doméstica que viva a missão de semear paz e a perseverança, dentro e fora da casa, mesmo que venham tantas dificuldades e desafios próprios desta vocação suscitada por Deus. Amém.

 

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⇒ POESIA ⇐

A família santa de Nazaré

Mãe que escuta e a Deus se entrega,
Para viver um plano de amor exigente,
Que questiona, porém consente,
O peso da imensa missão,
Meditando no seu coração,
O amor de Deus e de sua gente.

Pai terreno e obediente ao Pai do Céu,
Discreto no seu silêncio orante,
Que nas dúvidas segue avante,
Ao anjo em sonho escutou,
E firmemente acreditou,
Postura de homem Santo suplicante.

Filho, Deus que desce a este mundo,
Presente no meio da multidão,
Rosto de Misericórdia e perdão,
Que traz aos homens a esperança,
A vida eterna como herança,
Ressuscita e nos dá a ressurreição.

Família, modelo para chegarmos ao Céu,
Santa desde a sua fundação,
Referência para cada lar cristão,
Conduz-nos a evangelizar,
Fazendo-nos firmemente acreditar,
Que o Reino se constrói pela missão.

E agora pedimos um auxílio santificador,
Para construirmos uma Igreja em nosso lar,
E ao mundo podermos testemunhar,
Uma vida de cuidado e comunhão,
Marcada pela evangelização,
Para as chagas do mundo poder curar.

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, refugiado pequenino no Egito, ilumine o seu caminho! ***