Leituras: At 8,5-8.14-17; Sl 65(66); 1Pd 3,15-18; Jo 14,15-21
⇒ HOMILIA ⇐
Preparando-nos para Pentecostes
Jo 14,15-21
“Se me amais, guardareis os meus mandamentos” (Jo 14,15). Esta frase de Jesus nos leva a pensar: quando a gente ama alguém, e confia nesta pessoa, sempre guardamos suas palavras e seus conselhos. Portanto, guardar os mandamentos de Cristo é permanecer ligado a ele, como o ramo deve ficar ligado à videira (cf. Jo 15,4-5).
Esta foi a motivação que Jesus fez para orientar os seus seguidores sobre a continuidade da sua missão. O discípulo que ama o Senhor guardará no seu coração e na sua vida, através de suas ações, o mandamento novo do amor. Viverá como Jesus viveu, permanecerá ligado a ele e buscará sempre ser uma presença que manifeste a imagem e o amor de Deus.
Jesus também promete: “eu rogarei ao Pai, e ele vos dará um outro defensor para que permaneça convosco” (Jo 14,16). Este outro defensor é o Espírito Santo que estará sempre com os seguidores do Senhor, nas mais diversas realidades do mundo. Os desafios serão imensos na propagação da Palavra de Deus e o Espírito Santo estará conduzindo a missão pelo Reino, pois ele é o dom permanente de Cristo Ressuscitado que age no mundo.
O sexto Domingo da Páscoa nos coloca, portanto, num clima de expectativa para Pentecostes, onde o próprio Jesus é o precursor[1]. Trata-se de uma espera alegre. E já preparando toda a Igreja para a manifestação pública do outro Paráclito sobre a Igreja que está nascendo. O Espírito Santo é aquele que estará ao lado dos primeiros missionários de Jesus e, ao mesmo tempo, germinando e fortalecendo o nascimento de novas comunidades.
Após a ressurreição de Jesus, a promessa dele se cumprirá: o Espírito Santo descerá para iluminar, defender e conduzir todo o percurso dos apóstolos. Eles sairão pelo mundo, encontrarão perseguições, denúncias, martírio, mas o Espírito os defenderá da tentação do medo e da desistência. Iluminados e conduzidos pelo Espírito, eles irão perseverar e seguirão em frente fazendo o bem. Curando as pessoas e, sobretudo, fazendo nascer a Igreja, novo povo, em torno do Ressuscitado.
No livro de Atos dos Apóstolos (cf. 8,5-8), podemos comprovar a missão de Filipe. Ele é um dos primeiros diáconos instituídos, como ouvimos na primeira leitura do domingo passado. Fugindo das perseguições vai à Samaria. Lá as multidões seguem com atenção o que ele falava, porque viam os milagres e prodígios que ele fazia. (cf. At 8,6). Pedro e João vão também àquela cidade para que a comunidade, após o batismo, seja confirmada no Espírito Santo (cf. At 8,17).
Pedro, na sua primeira carta e diante dos sofrimentos e perseguições, nos fala: “Estejam sempre prontos a da razão da vossa esperança, a todo aquele que vo-la pedir”. (1Pd 3,15). Esta consciência da fé em Cristo dos primeiros apóstolos motivou a adesão de judeus e gentios a viverem a partilha, a mansidão, o amor, a união e a conversão, pois, foi isto que Jesus pregou e viveu com os seus discípulos na Galileia.
Esta mesma fé, este mesmo Espírito, está presente na vida da Igreja hoje. E a mesma missão também deve ser vivida por todos os cristãos. O Ressuscitado está na comunidade reunida, na família em oração, na assembleia que atenta escuta a Palavra de Deus. A presença e a ação do Espírito Santo mantém a comunidade viva, iluminando, conduzindo e defendendo o discípulo de tudo daquilo que pode afastá-lo da vida nova em Cristo.
As perseguições poderão vir, as provocações poderão bater em nossa porta, as tentações poderão nos provocar, mas se temos motivos para viver o nosso amor e a nossa fé no Ressuscitado, seguiremos em frente e faremos nascer novas comunidades em Cristo. Como também nos curaremos e ajudaremos muitos a se curarem e a encontrarem a razão e o motivo de sua esperança em Deus.
Os cristãos devem levar aos outros a alegria, o entusiasmo e a motivação diante das dificuldades, das doenças, das pandemias, das derrotas, as quais, muitas vezes, tiram o chão dos pés de muitos irmãos e irmãs e desencorajam a prosseguir o caminho da fé e da esperança e da caridade.
Portanto, tudo depende do amor aos mandamentos de Cristo na sua Palavra e também a nossa certeza na presença do outro Paráclito em nossa vida de discípulos. E, sobretudo, da confiança num Deus que veio para nos comunicar o seu amor, sua misericórdia, sua paz, nos ensinando como vivermos na irmandade e em comunidade.
Um Deus que não nos deixou órfãos, mas nos fez filhos através de seu Filho, nos dando o Espírito de Verdade e nos fazendo participantes do seu Reino, levando a alegria do Evangelho ao mundo. Amém.
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[1] cf. CANTALAMESSA, Raniero. O Verbo se fez carne: reflexões sobre a Palavra de Deus – Anos A, B, C. São Paulo: Ave Maria, 2012. p. 86.
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⇒ POESIA ⇐
O Espírito Santo, ao nosso lado
Mandamento novo é o amor,
Que nos faz guardar no coração a verdade,
Que nos faz caminharmos na confiança,
Deixando que a vida seja liberdade,
Fazendo-nos mantermos a esperança.
Fazendo-nos mantermos a esperança,
Nos dias do nosso desafiante discipulado,
Mantendo-nos filhos fiéis e queridos,
Sob a luz do Espírito, o nosso advogado,
Por Cristo Nosso Senhor prometido.
Por Cristo Nosso Senhor prometido,
O Espírito Santo é nosso defensor,
Que veio em Pentecostes, publicamente,
Trazendo à Igreja um novo vigor,
E levando a Santa Palavra a todo gente.
E levando a Santa Palavra a todo gente,
Rompendo as barreiras de Israel,
Espalhando pelo mundo uma nova vida,
Como uma nação santa e povo fiel,
Construindo comunidades bem fortalecidas.
Construindo comunidades bem fortalecidas.
Na esperança e também na conversão,
Para o mundo velho assim transformar,
Dando para esperança sempre uma razão,
Deixando a semente do Reino germinar.
Deixando a semente do Reino germinar,
Na vida do trabalho e de cada dia,
Nos encontros de irmãos sempre reunidos,
Alimentados pela Palavra e pela Eucaristia,
Igreja, novo povo, por Cristo redimido.
*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, enviado do Pai, ilumine o seu caminho! ***