Solenidade de São Pedro e São Paulo

 

Leituras: At 12,1-11; Sl 33(34); 2Tm 4,6-8.17-18; Mt 16,13-19

 

⇒ HOMILIA ⇐

Pedro e Paulo: colunas da Igreja

Mt 16,13-19

 

Meus irmãos e irmãs, celebramos hoje a solenidade de São Pedro e São Paulo, as colunas da Igreja, que levaram a mensagem amorosa do Ressuscitado ao mundo. Ambos foram martirizados em Roma[1]. O Evangelho desta solenidade está em Mateus (16,13-19).

Contemplemos primeiramente Pedro, pescador do mar da Galileia, lugar que Jesus o encontrou e o chamou para tornar-se pescador de pessoas. No percurso deste seguimento, Pedro teve altos e baixos, inclusive as negações antes do cantar do galo. Nesta liturgia, Jesus pergunta a seus discípulos: “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?” (Mt 16,13), Pedro responde: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo” (Mt 16,3.16). Pedro recebe de Jesus as chaves, para ligar e desligar no Céu e na Terra aquilo que convém ou não ao Reino (cf. Mt 16,19). Ele é a pedra sobre a qual a Igreja de Cristo está edificada. Por isso a Igreja é apostólica, por estar fundada nesta missão de levar ao mundo a Boa-Nova. Após a Ressurreição, Pedro é fortalecido e encorajado para andar na contramão das autoridades judaicas e do Império Romano. Ainda em Jerusalém foi preso, mas o anjo de Deus rompeu as correntes para que Pedro pudesse ser missionário do amor e da paz. A presença do anjo também serviu para ter a certeza de que, na luta contra o medo e a opressão, o Senhor caminha junto com sua Igreja (cf. At 12,7-11).

Sobre Paulo também temos muito a aprender também. Foi um doutor da lei, que zelava pela doutrina da lei e dos profetas, patrimônio espiritual do “reino de sacerdotes e povo santo” (Ex 19,3). Foi perseguidor dos primeiros seguidores de Cristo. Mas um dia Cristo também o conquistou de forma impressionante, quando estava em viajem na estrada de Damasco, com a missão de prender cristãos, “quer homens, quer mulheres” (At 9,2). Após convertido, Paulo coloca toda a sua força para propagar a fé no Ressuscitado. Viajou a diversos lugares e formou comunidades entre os judeus e pagãos. Por Cristo foi perseguido, maltratado e martirizado. Paulo combateu o bom combate, completou a corrida, guardou a fé (cf. 2Tm 4,7). Suas cartas foram e continuam sendo de uma imensa riqueza espiritual e pastoral para a Igreja, alcançando a liturgia, a catequese, os grupos, as comunidades e a vida missionária da Igreja no mundo inteiro.

A liturgia de hoje está repleta do testemunho destes dois apóstolos, as colunas da Igreja. Eles nos fazem refletir que Deus chama os pecadores para serem santos, portadores da mensagem do Reino ao mundo inteiro, formando comunidades de amor e de comunhão. Vimos que o Senhor chama a todos, desde que abertos às exigências da vivência da Boa-Nova.

A Igreja de Cristo continua sendo conduzida por um descendente de Pedro, o Papa Francisco (o 266º papa da Igreja). Ele orienta e faz crescer, na unidade e na caridade, o rebanho do Senhor. É o condutor da barca do Senhor, que é a Igreja. Esta Igreja que enfrenta as tempestades no imenso mar que é o mundo.

Por fim, irmão e irmãs, somos motivados a seguir, na nossa vida em missão, levando a mensagem do Ressuscitado aos vários cantos do mundo, com coragem e determinação frente às consequências da pregação do Evangelho. O exemplo de São Pedro e São Paulo, fundamentos da vida apostólica e missionária, nos ensina a caminharmos com e em Cristo, superando nossas fragilidades e pecados… Amém.

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[1] Foram martirizados entre 64 e 67 d.C., quando Nero imperava em Roma (54-68). Nero nasceu no ano 37 e aos 17 anos assumiu o governo do Império. Cometeu suicídio no ano 68 aos 31 anos de idade. No dia 18 de julho de 64 aconteceu o que ficou conhecido como o “grande incêndio de Roma”, que queimou por uma semana até ser controlado. No ano 66, Nero ordenou a perseguição aos cristãos acusando-os de serem os responsáveis pelo incêndio.

 

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⇒ POESIA ⇐

As colunas da Igreja

 

Um é o pescador
Pescador dos mares da existência,
Chamado pelo Senhor,
Para uma experiência,
Segue-O pelo caminho
Não viverá sozinho,
Mas terá as exigências.

Outro é o doutor,
O sábio, o rigoroso,
Que seguiu sem temor,
O Senhor amoroso,
Deixou a estrada da morte,
E seguiu firme e forte,
Apaixonado, fervoroso.

Os dois seguem andando,
Superando as barreiras,
Cristo os foi conquistando,
Para a missão primeira,
Que é o Reino implantar,
E a Palavra semear,
Pela sua vida inteira.

Pedro viveu com o Senhor,
Ainda neste mundo,
Conheceu seu amor,
Mais forte e mais profundo.
E quando o Senhor partiu,
E então ressurgiu,
Ele saiu pelo mundo.

Paulo viveu diferente,
Toda a sua conversão,
E foi seguindo em frente,
Caminhando em missão,
Formou muitas comunidades,
E pregou toda a verdade,
Na busca da comunhão.

Hoje Pedro, o nosso Papa,
Segue firme, a remar,
Essa barca, que é a Igreja,
E o mundo, o imenso mar,
Vai sempre anunciando,
E com Cristo caminhando,
Sem medo de afundar.

E nós, os tantos cristãos de hoje,
Da nossa atualidade,
Como ser comunhão?
Nesta sociedade,
Como ser sal e luz?
Como carregar a cruz?
E formar comunidade?

Somos Pedro, somos Paulo,
Pelas várias estradas,
Comunhão e missão,
São as nossas jornadas.
Somos a fraternidade,
Vivendo a caridade,
E sendo vidas doadas.

 

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*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, a Boa-Nova em pessoa, ilumine o seu caminho! ***

 

Solenidade de Pentecostes

 

Leituras: At 2,1-11; Sl 103(104); 1Cor 12,3b-7.12-13; Jo 20,19-23

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Manifestação pública do Espírito Santo

Jo 20,19-23

 

Celebramos neste domingo a Solenidade de Pentecostes, a descida do Espírito sobre a Igreja nascente, agora não somente sobre os Apóstolos, mas também sobre as nações e culturas, as quais compreendem a mensagem do amor e da fé, pelo Espírito, em sua própria língua.

O que antes era uma experiência do grupo dos Apóstolos, agora se expande pelo mundo com a ação do Espírito Santo, que nos foi dado por herança, tanto pelo sopro do Ressuscitado (cf. Jo 20,22) quanto pelas línguas como de fogo descido do céu (cf. At 2,3). O que estava preso a um grupo, homens e mulheres que conviveram com Jesus na terra, agora é manifestado para aqueles que abraçarem a fé por milagres, pelas pregações e pelo testemunho corajoso dos discípulos do Senhor.

Pentecostes é o ápice do Tempo Pascal, período que se inicia com o Domingo de Páscoa, porque inicia o tempo da Igreja, tempo este que já na Ascensão do Senhor foi sinalizado pela liturgia da Palavra, pois o mesmo Senhor que sobe aos céus está presente no meio de nós, na total doação de seu Corpo e Sangue, pela sua Palavra e pelos os dons oferecidos aos que se tornam também o Corpo de Cristo no mundo.

O Evangelho de João faz memória da Ressurreição, quando os discípulos ainda estão profundamente marcados pelo medo. Por isso estão fechados em si e de portas fechadas (cf. Jo 20,19). A alegria renasce quando o Senhor traz a Paz para o grupo e, ao mesmo tempo, os envia para a missão, com o objetivo de anunciar ao mundo o Reino de Deus.

A partir desta experiência, de encontro com Cristo ressuscitado, todos os que ali estavam reunidos ganham força e coragem para caminhar, pregando a experiência da Ressurreição.

Na primeira leitura (cf. At 2,1-11), temos a narração de Pentecostes como uma teofania[1] (manifestação divina), quando todos os discípulos estavam reunidos e vivenciam a manifestação do Espírito Santo. Um evento diferente e inédito para a humanidade.

“Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito os inspirava” (At 2,4). Aquilo que Jesus anunciou, antes e depois da Ressurreição, agora se concretiza, pois a manifestação do Espírito Santo é para que os seus discípulos anunciem a Boa-Nova do Reino até os confins do mundo, em suas diversas línguas, culturas e realidades.

Por isso que o Espírito Santo não tem limites, ele sopra onde quer (cf. Jo 3,8), vai aonde quer, como quer e oferece sua Luz, sua Força a quem ele quiser agraciar, desde que os convocados, na sua liberdade, queiram receber a sua presença.

Também podemos dizer que é exatamente a sua ilimitada manifestação, com suas diversas formas atemporais, que age além das nossas expectativas humanas e barreiras geográficas. Foi esta verdade anunciada e constatada na Igreja, que é sacramento da Santíssima Trindade (cf. Catecismo, 747)[2], ao longo de dois mil anos, que conseguiu chegar a nós, em pleno século XXI.

Foi a experiência de abertura para a missão dos primeiros cristãos, que carregados de coragem, consciência missionária e também de suas fragilidades, que fez a messe do Senhor crescer e dar frutos, sendo espalhada pelos imensos espaços do mundo, até nossos dias.

Há outra dimensão da ação do Espírito Santo, apresentada na 2ª leitura, que merece a nossa reflexão: Há diversidade de dons, mas um mesmo é o Espírito. Há diversidade de ministérios, mas um mesmo é o Senhor. Há diferentes atividades, mas um mesmo Deus que realiza todas as coisas em todos.” (1Cor 12,4-6).

São Paulo nos fala da manifestação do Espírito Santo em cada um de nós. São os dons oferecidos aos que se deixam conduzir pela ação de Deus e do seu Espírito. Os cristãos, como membros de um mesmo Corpo, recebem dons para serem ofertados no serviço do bem comum. É isto que faz a beleza e a ilimitada ação da Igreja no mundo, pois somos membros que agem com diferentes serviços, para que a Obra de Deus esteja presente em toda humanidade.

Quantos e quais dons nós podemos oferecer a Deus? Desde o simples acolhimento na porta do templo, o canto, a preparação do Altar, a pregação para o povo, a coordenação de um grupo ou de comunidades, a visita de famílias. Enfim, a Messe é grande, como afirmou o Senhor (cf. Mt 9,37).

E para fora dos espaços da Igreja, quantas capacidades podem ser oferecidas para levar Deus e sua Palavra? No cuidado quando estamos a evangelizar, por exemplo. Também a arte de compor ou canta uma música, de fazer poemas, na partilha de conteúdos (aulas, palestras, escritos), ao defender a vida nos espaços políticos e sociais, escolas e meios culturais.

Tudo isso são dons do mesmo Espírito, o qual estava no início da Criação (cf. Gn 1,2), que falou pelos profetas, que anunciou a Maria a encarnação do Verbo, que esteve presente no Batismo de Jesus, que o conduziu ao deserto e também durante sua missão.

O mesmo Espírito animou os Apóstolos após a Ressurreição, que desceu em Pentecostes e que impulsionou a Igreja na propagação do Evangelho no decorrer dos séculos. E em quantas realidades primordiais podemos certificar a presença do Espírito Santo, tais como nos sacramentos, no chamado vocacional, na missão, nos nossos trabalhos pastorais etc.

Agradeçamos a Deus pelos tantos dons do Espírito Santo, oferecidos à Igreja para o serviço do Reino. E quanto a nós, devemos sempre nos manter na convicção de que tudo aquilo que vivemos e fazemos para o bem maior é pela força do Espírito Santo. Ele mesmo que é Deus, a alma da Igreja, Senhor que dá a vida, que renova a face da terra (cf. Sl 103) e que nos santifica na vida de seguidores e seguidoras do Senhor Ressuscitado.

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[1] Cf. São João Paulo II, Audiência Geral em 31/5/2000. Disponível em: <http://www.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/audiences/2000/documents/hf_jp-ii_aud_20000531.html>. Acesso em 27 maio 2020.

[2] Catecismo da Igreja Católica (CIgC), disponível em: <http://www.vatican.va/archive/cathechism_po/index_new/prima-pagina-cic_po.html>. Acesso em 27 maio 2020. Ver também as perguntas nº 144 e 145 do Compêndio do CIgC, disponível em: <http://www.vatican.va/archive/compendium_ccc/documents/archive_2005_compendium-ccc_po.html>.

 

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⇒ POESIA ⇐

Ele é o mesmo em todo o tempo

 

Presente desde o início,
Está o santificador,
Nas águas da Criação,
Presença viva de amor,
Que conduziu os profetas,
Nas suas lutas e alertas,
Junto ao povo sofredor.

Presente está em Maria,
Na sua Anunciação,
Quando fala para ela,
Do plano da salvação,
Presente também em José,
Que fez o caminho a pé,
Nos tempos de perseguição.

Presente também em Jesus,
No Batismo e no deserto,
Na caminhada do povo,
Dizendo o caminho certo.
Nos encontros de alegria,
Na vida de cada dia,
Um Deus sempre muito perto.

Presente na Ressurreição,
Como sopro de alegria,
Vencendo o medo e o desânimo,
Que nos discípulos existia,
Fazendo um caminho novo,
Junto a multidão do povo,
A Igreja que já nascia.

Presente em Pentecostes,
Ao mundo manifestado,
Para as diversas culturas,
Para o mundo anunciado,
Dom de amor incomparável,
Imenso e insondável,
Deus de amor ilimitado.

Presente em nós, cristãos,
Com força e santa alegria,
Com inumeráveis dons,
Que no caminho nos guia,
Que nos tira da tristeza,
Que nos dá a fortaleza,
Na vida de cada dia.

 

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que anunciou a vinda do Espírito Santo, ilumine o seu caminho! ***

 

Ascensão de Nosso Senhor Jesus Cristo – Ano A, São Mateus

 

Leituras: At 1,1-11; Sl 46(47); Ef 1,17-23; Mt 28,16-20

 

⇒ HOMILIA ⇐

Cristo subiu ao céu para nos elevar à santidade

Mt 28,16-20

 

Neste domingo da Ascensão do Senhor celebramos a plena glorificação de Cristo e a vitória de todos os seus seguidores. Todos nós estamos destinados à santidade porque o nosso Deus é santo e nos faz santos.

“Ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo…” (Mt 28,19). A Igreja é fundada neste mandato missionário que os discípulos recebem de Cristo. E ela nasce a partir do Batismo, sacramento que insere todos no caminho da santidade, como filhos e filhas do mesmo Deus. Caminho da santidade porque ser batizado significa ser santificado, lavado do pecado original e de todos os pecados. As manchas que colocamos em nossa vida após o batismo serão lavadas pelo sacramento do perdão e da reconciliação.

Porém não é suficiente somente batizar, mas é necessário que os enviados por Cristo ensinem os convertidos a observarem tudo o que o Senhor os ordenou (cf. Mt 28,20). O discipulado é aperfeiçoado pelo ensinamento do Evangelho na vida de batizado, para que, na sua existência, ele conheça cada vez mais a vida em Cristo. Esta tarefa na Igreja cabe aos ordenados, aos consagrados e aos catequistas, os quais recebem tal mandato de preparar as famílias (crianças, jovens e adultos) para o encontro com Jesus, nos sacramentos da iniciação cristã (Batismo, Eucaristia e Crisma).

Naquela despedida de Jesus, ele encerra dizendo: “Eis que eu estarei convosco todos os dias, até ao fim do mundo” (Mt 28,20). Todos os que evangelizam e vivem a experiência com Cristo, devem ter esta certeza: O Senhor caminha com a gente. Porque a subida de Cristo ao céu não significou ausência do seu Espírito em nossas vidas. Significa sim que ele se elevou para também nos elevar à santidade e ao seu reino eterno.

Cristo estará sempre presente na missa, encontro com seu corpo e sangue, que é a Eucaristia. Ele permanece na Palavra proclamada, nos altares, no meio da família, nos encontros, nas caminhadas penitenciais, romarias. Sua Palavra também faz nas pastorais sociais, nas ações de amor, de caridade, de justiça, de paz e na convivência fraterna. Também quando partilhamos nossas alegrias e angústias e queremos que ele nos ajude e nos aponte o caminho a seguir.

Outro aspecto importante da nossa vida cristã é que somos marcados por realidades humanas e celestes. Os discípulos, no momento da Ascensão, ficaram quase que atordoados com a visão das nuvens. Diante disso, eles recebem a mensagem dos homens de branco: “Homens da Galileia, por que ficais aqui parados, olhando para o céu?” (At 1,11). Esta mensagem nos ensina que o nosso olhar deve está voltado para Cristo que caminha conosco, pois ainda vivemos as situações terrenas. Não podemos ficar somente na contemplação, mas também partir para a ação evangelizadora. É preciso seguir em frente para a missão até os confins do mundo.

Muitas vezes temos a tentação de nos fixar somente num dos extremos da vida Cristã: Ou somos muito espirituais ou somos muito ativistas. Buscamos somente a Igreja institucional, sua hierarquia, nos voltamos para a sua estrutura. Em outros momentos ficamos quase que flutuando com os pés distantes do chão, olhando para as nuvens como aqueles discípulos. A experiência de oração e de escuta constante da Palavra nos faz encontrar o equilíbrio.

Não podemos esquecer que toda a nossa vida é guiada pelo Espírito Santo, o Espírito da verdade e da sabedoria. São Paulo, na sua carta aos Efésios, nos fala: “O Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai a quem pertence a Glória, vos dê um espírito de sabedoria… Que ele abra o vosso coração à luz, para que saibais qual a esperança que o seu chamamento vos dá…” (Ef 1,17.18). É este espírito de sabedoria que ilumina, que guia e que dá força ao discípulo missionário de Cristo no mundo.

Portanto, depois destes quarenta dias de vida pascal, nós, irmãos e irmãs, como os discípulos daquele tempo, lá na Galileia, somos chamados e enviados a vivermos o Evangelho nas nossas diversas realidades concretas, fora dos muros da Igreja e com os pés no chão. Porque Cristo está conosco, ele caminha ao nosso lado para nos dá perseverança e nos capacitar para a semeadura da sua Boa-Nova. A Ascensão é o acontecimento mais profundo da ressurreição de Jesus, porque a sua elevação também nos eleva. A sua santificação é para a nossa santificação pela ação do Pai e do Filho e do Espírito Santo. É este o nosso destino. Amém.

 

***

⇒ POESIA ⇐

Cristo nos eleva à santidade

 

Igreja que nasce do mandato de Cristo,
Gerada no mistério da ressurreição,
Que é chamada a viver e espalhar o amor,
Sendo sinal de paz, justiça e libertação,
Sobre a força viva do consolador,
Conduzindo seus filhos a santificação.

Povo novo nascido do lado de Cristo,
Animado pela beleza de se viver,
Enviado além da pequena Galileia,
E o coração vivo sempre a arder,
Chamando os povos à Santa Assembleia,
Semeando o Evangelho sem esmorecer.

A Santidade de Cristo também é nossa,
Ele subiu ao céu para a nossa santificação,
Esperando um dia também a nossa santidade,
Porque ele nos veio para a nossa salvação,
E neste mundo pregou sempre a igualdade,
Nos conduzindo para uma vida de comunhão.

E nesta caminhada de filhos peregrinos,
O Senhor está sempre conosco a caminhar,
Nos guia, nos ensina e nos faz missionários,
Para o Evangelho pelo mundo inteiro semear.
E nós devemos ir aos tantos destinatários,
Para na vida nova de santidade apresentar.

Cristo cumpre sua promessa de estar conosco,
Nos diversos momentos de nossa existência.
Ele está conosco na Santa e viva Eucaristia,
Na sua palavra Sagrada e divina ciência,
Na caridade, no bem da vida de cada dia,
Nos encontros, na missão e na benevolência.

 

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que ressuscitou dos mortos, se mostrou vivo aos escolhidos e diante dos olhos destes subiu aos céus, ilumine o seu caminho! ***

 

VI Domingo da Páscoa – Ano A – São Mateus

 

Leituras: At 8,5-8.14-17; Sl 65(66); 1Pd 3,15-18; Jo 14,15-21

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Preparando-nos para Pentecostes

Jo 14,15-21

 

“Se me amais, guardareis os meus mandamentos” (Jo 14,15). Esta frase de Jesus nos leva a pensar: quando a gente ama alguém, e confia nesta pessoa, sempre guardamos suas palavras e seus conselhos. Portanto, guardar os mandamentos de Cristo é permanecer ligado a ele, como o ramo deve ficar ligado à videira (cf. Jo 15,4-5).

Esta foi a motivação que Jesus fez para orientar os seus seguidores sobre a continuidade da sua missão. O discípulo que ama o Senhor guardará no seu coração e na sua vida, através de suas ações, o mandamento novo do amor. Viverá como Jesus viveu, permanecerá ligado a ele e buscará sempre ser uma presença que manifeste a imagem e o amor de Deus.

Jesus também promete: “eu rogarei ao Pai, e ele vos dará um outro defensor para que permaneça convosco” (Jo 14,16). Este outro defensor é o Espírito Santo que estará sempre com os seguidores do Senhor, nas mais diversas realidades do mundo. Os desafios serão imensos na propagação da Palavra de Deus e o Espírito Santo estará conduzindo a missão pelo Reino, pois ele é o dom permanente de Cristo Ressuscitado que age no mundo.

O sexto Domingo da Páscoa nos coloca, portanto, num clima de expectativa para Pentecostes, onde o próprio Jesus é o precursor[1]. Trata-se de uma espera alegre. E já preparando toda a Igreja para a manifestação pública do outro Paráclito sobre a Igreja que está nascendo. O Espírito Santo é aquele que estará ao lado dos primeiros missionários de Jesus e, ao mesmo tempo, germinando e fortalecendo o nascimento de novas comunidades.

Após a ressurreição de Jesus, a promessa dele se cumprirá: o Espírito Santo descerá para iluminar, defender e conduzir todo o percurso dos apóstolos. Eles sairão pelo mundo, encontrarão perseguições, denúncias, martírio, mas o Espírito os defenderá da tentação do medo e da desistência. Iluminados e conduzidos pelo Espírito, eles irão perseverar e seguirão em frente fazendo o bem. Curando as pessoas e, sobretudo, fazendo nascer a Igreja, novo povo, em torno do Ressuscitado.

No livro de Atos dos Apóstolos (cf. 8,5-8), podemos comprovar a missão de Filipe. Ele é um dos primeiros diáconos instituídos, como ouvimos na primeira leitura do domingo passado. Fugindo das perseguições vai à Samaria. Lá as multidões seguem com atenção o que ele falava, porque viam os milagres e prodígios que ele fazia. (cf. At 8,6). Pedro e João vão também àquela cidade para que a comunidade, após o batismo, seja confirmada no Espírito Santo (cf. At 8,17).

Pedro, na sua primeira carta e diante dos sofrimentos e perseguições, nos fala: “Estejam sempre prontos a da razão da vossa esperança, a todo aquele que vo-la pedir”. (1Pd 3,15). Esta consciência da fé em Cristo dos primeiros apóstolos motivou a adesão de judeus e gentios a viverem a partilha, a mansidão, o amor, a união e a conversão, pois, foi isto que Jesus pregou e viveu com os seus discípulos na Galileia.

Esta mesma fé, este mesmo Espírito, está presente na vida da Igreja hoje. E a mesma missão também deve ser vivida por todos os cristãos. O Ressuscitado está na comunidade reunida, na família em oração, na assembleia que atenta escuta a Palavra de Deus. A presença e a ação do Espírito Santo mantém a comunidade viva, iluminando, conduzindo e defendendo o discípulo de tudo daquilo que pode afastá-lo da vida nova em Cristo.

As perseguições poderão vir, as provocações poderão bater em nossa porta, as tentações poderão nos provocar, mas se temos motivos para viver o nosso amor e a nossa fé no Ressuscitado, seguiremos em frente e faremos nascer novas comunidades em Cristo. Como também nos curaremos e ajudaremos muitos a se curarem e a encontrarem a razão e o motivo de sua esperança em Deus.

Os cristãos devem levar aos outros a alegria, o entusiasmo e a motivação diante das dificuldades, das doenças, das pandemias, das derrotas, as quais, muitas vezes, tiram o chão dos pés de muitos irmãos e irmãs e desencorajam a prosseguir o caminho da fé e da esperança e da caridade.

Portanto, tudo depende do amor aos mandamentos de Cristo na sua Palavra e também a nossa certeza na presença do outro Paráclito em nossa vida de discípulos. E, sobretudo, da confiança num Deus que veio para nos comunicar o seu amor, sua misericórdia, sua paz, nos ensinando como vivermos na irmandade e em comunidade.

Um Deus que não nos deixou órfãos, mas nos fez filhos através de seu Filho, nos dando o Espírito de Verdade e nos fazendo participantes do seu Reino, levando a alegria do Evangelho ao mundo. Amém.

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[1] cf. CANTALAMESSA, Raniero. O Verbo se fez carne: reflexões sobre a Palavra de Deus – Anos A, B, C. São Paulo: Ave Maria, 2012. p. 86.

 

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⇒ POESIA ⇐

O Espírito Santo, ao nosso lado

 

Mandamento novo é o amor,
Que nos faz guardar no coração a verdade,
Que nos faz caminharmos na confiança,
Deixando que a vida seja liberdade,
Fazendo-nos mantermos a esperança.

Fazendo-nos mantermos a esperança,
Nos dias do nosso desafiante discipulado,
Mantendo-nos filhos fiéis e queridos,
Sob a luz do Espírito, o nosso advogado,
Por Cristo Nosso Senhor prometido.

Por Cristo Nosso Senhor prometido,
O Espírito Santo é nosso defensor,
Que veio em Pentecostes, publicamente,
Trazendo à Igreja um novo vigor,
E levando a Santa Palavra a todo gente.

E levando a Santa Palavra a todo gente,
Rompendo as barreiras de Israel,
Espalhando pelo mundo uma nova vida,
Como uma nação santa e povo fiel,
Construindo comunidades bem fortalecidas.

Construindo comunidades bem fortalecidas.
Na esperança e também na conversão,
Para o mundo velho assim transformar,
Dando para esperança sempre uma razão,
Deixando a semente do Reino germinar.

Deixando a semente do Reino germinar,
Na vida do trabalho e de cada dia,
Nos encontros de irmãos sempre reunidos,
Alimentados pela Palavra e pela Eucaristia,
Igreja, novo povo, por Cristo redimido.

 

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, enviado do Pai, ilumine o seu caminho! ***

 

V Domingo da Páscoa – Ano A – São Mateus

 

Leituras: At 6,1-7; Sl 32(33); 1Pd 2,4-9; Jo 14,1-12

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Jesus, no Caminho, Verdade e Vida

Jo 14,1-12

 

Estamos no 5º domingo da Páscoa quando o evangelho para esta liturgia está em Jo 14, 1-12: “Eu sou o Caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim” (Jo 14,6). Estas palavras foram ditas para os seus discípulos momentos após o gesto do Lava-pés, quando Tomé se declara um pouco angustiado sem saber para onde ir (cf. Jo 14,5). Jesus se apresentando como o caminho, indica que para segui-lo, seus discípulos devem estar em constante movimento. E abraçar a peregrinação da missão pelo mundo, levando, com o testemunho, a verdade e a vida.

Felipe faz um pedido: Senhor mostra-nos o Pai, isso nos basta (cf. Jo 14,8). Diante destes sentimentos dos discípulos, Jesus responde que o seu rosto misericordioso é a imagem do Pai (cf. Jo 14,9-11). Olhar para ele, ver suas ações, seu jeito de lidar com as pessoas, seu acolhimento e seu perdão, expressam a ação e a imagem de Deus Pai.

Os discípulos, após a ressurreição, como continuadores da missão de Jesus e em comunhão com ele, deverão apresentar em suas ações, a presença de Cristo ressuscitado que viveu em comunhão perfeita com o Pai e que, após a sua ressurreição, encarregará todos os seus seguidores de agirem como seu mestre.

Na leitura de Atos dos Apóstolos (cf. 6,5-6), podemos conferir que a missão se expande e se faz necessário eleger mais discípulos para que o serviço do amor seja executado. Nesse momento são escolhidos os sete primeiros diáconos da Igreja, para que estejam a serviço da caridade em favor dos necessitados. A Igreja nasce do amor aos pobres e necessitados, porque Cristo viveu toda a sua caminhada terrestre em função do amor aos necessitados e do serviço da justiça e da paz entre as pessoas. Hoje devemos retomar a Igreja dos Atos dos Apóstolos, voltando o nosso olhar e a nossa ação para o serviço dos carentes materiais, espirituais e humanos.

São Pedro na sua primeira carta vai nos dizer: “Do mesmo modo, também vós, como pedras vivas, formai o edifício espiritual, um sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus, por Cristo” (1Pd 2,5). Assim serão todos os batizados, discípulos de Cristo, em favor do Reino de Deus, os quais são enviados a mostrarem o rosto misericordioso e caridoso do Pai, como pedras vivas, na edificação de um mundo novo.

Nas primeiras comunidades, os seguidores de Jesus viveram a experiência de missão além da Galileia. O desafio foi espalhar a Palavra de vida pelo mundo e, para esse fim, foi necessária a expansão com novos discípulos para dar continuidade a missão de Cristo na Igreja nascente. Também era preciso que os missionários tivessem a consciência de que deveriam ser pedras vivas e edifícios espirituais.

Hoje, são os cristãos as pedras vivas para a construção de uma Igreja que vive a missão da caridade, da evangelização e da formação de novos discípulos. Os batizados são chamados a espalharem o amor também, pelas famílias sem muros, através do serviço aos necessitados e abandonados. Esta é também a Vinha do Senhor que precisa de cuidado e carinho dos seus discípulos.

Hoje os cristãos são chamados a serem sinais de Cristo além dos altares e dos templos, acolhendo, escutando e cuidando das pessoas isoladas e machucadas pelas tantas realidades de sofrimentos. Cristãos, sal da terra e luz do mundo, nestes tempos de pandemia, onde muitas pessoas sofrem e morrem com o Covid-19, com outras doenças e, ao mesmo tempo, estes seres humanos são hostilizados pelo vírus da indiferença, da falta de cuidado, falta de respeito, falta de compaixão e de solidariedade. Muitos perderam a esperança e a coragem de lutar por um mundo de paz e de justiça, outros foram embriagados pelas ideologias que trazem como consequências a revolta, o vazio e a angústia da desestruturação familiar e social.

Enfim, o rosto amoroso e misericordioso de Cristo deve está presente em cada um de nós. Somos batizados (inseridos) em Cristo para expressarmos a imagem dele neste mundo, como sacerdotes a serviço do culto verdadeiro, como profetas anunciadores da Palavra da verdade e reinando com o Senhor sobre as potestades e pestes que afligem o nosso mundo. Este é nosso caminho, busquemos e ajudemos as pessoas a encontrarem o caminho da vida e da esperança, o próprio Cristo e sua Palavra que liberta e salva. Amém!

 

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⇒ POESIA ⇐

Cristo, rosto de Deus

Não se perturbe teu coração,
Mas tenha a fé no Senhor,
Porque ele é o caminho,
Rosto divino do amor,
Que nos ensina a caridade,
Que nos leva a eternidade,
Ele é nosso redentor.

O Senhor também é vida,
Para a nossa alegria,
Faz-nos seus missionários,
E dá-nos paz a cada dia,
Sua vida é sempre nova,
Sua ressurreição é a prova,
De tudo que ele anuncia.

Somos nele pedras vivas,
Ele, a Pedra angular,
Somos também nação santa,
Para o mundo edificar.
Nossa fé nos faz honrados,
Em Cristo somos banhados,
Banho que nos vem salvar.

E abraçando a caridade,
Em favor de toda a gente,
O Senhor nos convocou,
A servi-lo para sempre,
Vivendo a diaconia,
Na noite e também no dia,
Em favor do irmão carente.

Ele, nossa divina verdade,
Que nos dar a esperança.
Nós seguimos com coragem,
Vivendo na temperança.
Palavra que nos orienta,
Corpo e sangue que sustenta,
Trazendo-nos a segurança.

 

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, o Caminho, a Verdade e a Vida, ilumine o seu caminho! ***

 

IV Domingo da Páscoa – Ano A – São Mateus

 

Leituras: At 2,14a.36-41; Sl 22(23); 1Pd 2,20b-25; Jo 10,1-10

 

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Jesus Cristo é o verdadeiro Pastor dos “pastores”

Jo 10,1-10

 

Estamos no 4º Domingo da Páscoa, também conhecido como o domingo do Bom Pastor, quando contemplamos o Senhor como nosso guia eterno. Ele, que nos conduz e que nos ensina por onde caminharmos, também nos ensina a sermos discípulos pastores, porque muitas vezes temos um pequeno ou grande rebanho (paróquia, diocese, comunidade, família, grupo, pastoral ou movimento) sobre nossa responsabilidade para caminhar com ele. Porém este mesmo rebanho é sempre do Senhor, ele é o dono, e é quem conduz o seu povo.

E o evangelho desta liturgia está em João (cf. 10,1-10). Neste texto, Jesus nos diz: “Eu sou a porta. Quem entrar por mim, será salvo” (Jo 10,9). Quando nós vamos à celebração encontramos a casa do Senhor de portas abertas, para que nos encontremos com ele, possamos nos reunir como rebanho dele. Queremos escutar a sua voz e participar do seu banquete, onde encontramos o alimento eterno que é a sua Palavra, o seu corpo e o seu sangue.

O que nos cabe como seguidores do supremo Pastor é que façamos o esforço de imitá-lo, amá-lo e buscar nele a nossa força e salvação. Que possamos também carregar em nosso ministério e em nossas responsabilidades o cheiro dos que estão sob nossa condução, como nos fala o Papa Francisco: “Vo-lo peço que sejam pastores com o cheiro das ovelhas, pastores no meio do seu rebanho e pescadores de homens.”[1]

Precisamos também nos lembrar de que diante do que vivemos na caminhada cristã somos primeiramente rebanho do Senhor. Antes de tudo somos convidados a ouvir a voz do nosso pastor, Cristo, para seguirmos por caminhos seguros, por lugares onde haja alimento, paz, justiça e a certeza de segurança em Deus.

Hoje são muitas as vozes e pastores que se dizem verdadeiros, que querem ser ouvidos e seguidos. Diante de tantas realidades e ofertas de vida, de tantas opções, que o mundo oferece, faz-se necessário que primeiramente nos acostumemos a ouvir a voz de Cristo que nos fala pela Palavra Sagrada, que nos convoca através das celebrações da Palavra e da Eucaristia. Agindo primeiro desta forma, teremos o discernimento de seguirmos pelo caminho que nos leva a verdadeira liberdade e à salvação.

No tempo em que Cristo caminhou com os homens, pela Galileia, antes da sua ressurreição, existiam também os falsos pastores, os ladrões e assaltantes (cf. Jo 10,8). Estes não ofereciam vida e segurança para o povo e, portanto, armavam pesados fardos através de leis injustas e preconceituosas as quais oprimiam as pessoas, principalmente, os pobres, as mulheres, os doentes…

Hoje não é diferente, há ainda muitas vozes e portas que soam e se abrem para nós, nos apelando para as injustiças, para as fake news (notícias faças), a hipocrisia, a ganância, a opressão e para as ideologias que nos desviam do caminho do Bom Pastor. São caminhos de ilusões e escravidões na nossa existência

Precisamos treinar o nosso ouvido para podermos ouvir a voz verdadeira que vem de Cristo. Somos um rebanho que muitas vezes não encontra a porta verdadeira e por isso caímos no pecado e nos perdemos.

Como ovelhas, vivendo no rebanho do Senhor e seguindo-o como discípulos seus, podemos atrair outras ovelhas para seguirem pelo caminho do Bom Pastor. Isso aconteceu com a pregação de Pedro, como podemos conferir no livro dos Atos dos Apóstolos (cf. 2,41), quando se uniram a eles mais ou menos três mil pessoas, depois que Pedro pregou ao povo no dia de Pentecostes.

Precisamos buscar sempre no Senhor o nosso repouso. Ele nos conduz por caminhos de alegria e alimentos fartos, ele nos abre a porta, nos leva ao seu banquete (cf. Sl 22/23), para que nos saciemos e encontremos o amor e a paz.

Que o Espírito Santo nos anime e nos ilumine quando for preciso retornar aos braços do Bom Pastor e nos dê sempre perseverança para continuarmos firmes nos caminho do Senhor e fazendo parte do seu rebanho.

Rezemos por todos os que são chamados a seguirem como colaboradores do Bom Pastor (bispos, padres, diáconos, agentes de pastorais, catequistas, coordenadores de grupos e movimentos) para que sejam sempre animados a continuarem a colaborar com dignidade as tarefas que Deus lhes confiou. Porque, O Senhor é o pastor que nos conduz, paras as águas repousantes nos encaminham (Sl 22). Amém.

——–

[1] CNBB. Roteiros homiléticos para o Tríduo Pascal e Tempo Pascal: Ano A, São Mateus. “Celebremos a páscoa do cordeiro!”. abril / junho 2017. Ano 3 – nº 13, Brasília: Edições CNBB, 2017. p. 50.

 

***

⇒ POESIA ⇐

O Bom Pastor

O Bom Pastor,
É a porta da vida,
Para a acolhida,
Na sua casa santa,
Onde nos alegra,
E assim se entrega,
Na Paz oferecida.

O Bom Pastor,
É quem nos conduz,
Com sua luz,
Por caminhos retos,
Somos seu rebanho,
Não é um estranho,
É Amor que seduz.

O Bom Pastor
É nossa sorte,
Que vence a morte,
Com seu poder,
Tudo rompendo,
E nos acolhendo,
Com a sua voz forte.

O Bom Pastor
Está nos chamando,
Nos conquistando,
Para segui-lo,
Por seus caminhos,
Não nos deixa sozinhos
Ele vai nos guiando.

O Bom Pastor,
Quer-nos sempre unidos,
Do seu amor, imbuídos,
O mundo iluminando,
E na nossa missão,
Na santa comunhão,
Sempre, sempre nutridos.

O Bom Pastor,
Tem o cheiro da gente,
Ver seu povo carente,
Vem ao nosso curral,
Pela porta ele entra,
Seu rebanho alimenta,
Novo povo de crentes.

 

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, o Bom Pastor, ilumine o seu caminho! ***

 

III Domingo da Páscoa – Ano A – São Mateus

 

Leituras: At 2,14.22-33; Sl 15(16); 1Pd 1,17-21; Lc 24,13-35

 

 

Ouça o áudio preparado para esta liturgia (pode demorar alguns segundos)

 

⇒ HOMILIA ⇐

Palavra e Pão que faz arder o coração

Lc 24,13-35

 

 

Neste 3º Domingo da Páscoa a liturgia da Palavra nos apresenta um texto do Evangelho segundo São Lucas (cf. 24,13-35). Trata-se do belo texto dos discípulos de Emaús, o qual nós já refletimos na quarta-feira da Oitava da Páscoa, você lembra? Vamos fazer uma breve memória…

Naquele mesmo dia da Páscoa, o primeiro da semana, os dois discípulos fugiam de Jerusalém em direção a um povoado chamada Emaús (cf. Lc 24,13). Caminhavam sem esperança, com um sentimento de que tudo tinha acabado e que não teriam mais motivos para sonharem com o Reino de Deus. A quem eles mais amavam e estimavam, tinha sido assassinado, pregado numa cruz. Mas a vida continuava e seria preciso caminhar para algum lugar, mesmo que seja fugindo, para encontrar um repouso seguro e tranquilo.

E Jesus aparece no caminho deles, fazendo memória das Sagradas Escrituras sobre o acontecido. E apesar do coração deles arder, naquele momento, quando ainda estavam no caminho e o escutavam (cf. Lc 24,32), não foi possível se tocarem sobre quem falava com eles. Somente no momento em que estão à mesa, quando Jesus toma o pão, abençoa, parte e distribui, é que aqueles discípulos abrem os olhos e o reconhecem…

E assim também, na nossa vida, Deus caminha com a gente para nos ensinar com sua Palavra; para se fazer companheiro, solidário e se doar-se como o pão da vida aos que ele amou e ama. Para fazer arder o coração da gente e nos motivar para o retorno à nossa Jerusalém de nossos compromissos assumidos, da nossa vocação pessoal, na nossa missão de anunciar que o Senhor está vivo e caminha conosco em todos os nossos momentos, seja de alegria, seja de tristeza, seja de aparente derrota ou seja de vitória e glória.

E assim, discípulos de Emaús também somos nós que caminhamos às vezes desiludidos, fugindo das nossas responsabilidades, compromissos, ou da comunidade dos irmãos. Às vezes não meditando sobre as ações de Deus em nossa vida, como nossas vitórias, como nossas alegrias e as curas materiais e espirituais que ao longo do nossa existência vão acontecendo pela ação do Ressuscitado.

Você já percebeu que este texto da narração dos discípulos de Emaús nos apresenta a estrutura da celebração da missa? Primeiro o nosso caminhar em busca do templo com o coração em Cristo (a estrada, o caminho); depois, a nossa entrada à casa de Deus e a entrada de quem preside a celebração de ceia (Cristo Sacerdote), o início do encontro dos irmãos; em seguida Ele nos fala através da sua Palavra (leituras, cânticos e salmos, o Evangelho) e continua a nos falar na homilia. Neste momento ele nos explica a sua ação na nossa vida e nos acontecimentos do mundo, fazendo arder o nosso coração. À mesa Cristo parte o Pão conosco e nos faz reconhecê-lo como o Senhor da vida eterna que nos oferece um banquete santo, banquete de irmãos que partilham da mesma mesa.

E quando alimentados pelo corpo e pelo sangue do Senhor voltamos para a “nossa Jerusalém” onde está nossa família, nossos amigos e nossos irmãos e irmãs de caminhada profissional, membros da nossa comunidade, e outros que iremos encontrando durante a semana e a vida.

Precisamos testemunhar e confirmar que Cristo está vivo como fez o apóstolo Pedro, nos Atos dos Apóstolos, o porta-voz da comunidade dos seguidores do Senhor: “Jesus de Nazaré, o Enviado do Pai, realizou milagres e sinais em favor do povo. Ele foi escolhido por muitos e rejeitados por outros até a morte na Cruz. ‘Mas Deus o ressuscitou, libertando-o da angústias da morte’, revelando a eficácia de sua doação a serviço do projeto divino de salvação.” (At 2,22.24).

O Ressuscitado caminha conosco, nos alimentando e nos encorajando a continuar o caminho de discípulos missionários na nossa vida diária. Como nos falou Pedro na sua carta, nós fomos resgatados “… pelo precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro sem mancha nem defeito” (1Pd 1,19).

Que a cada celebração possamos seguir firmes no amor a Cristo ressuscitado, através de atitudes concretas na nossa relação conosco e com os irmãos. E que possamos cantar como o salmo 15(16): “Vós me ensinais vosso caminho para a vida; junto a vós felicidade sem limites!” Amém.

 

***

⇒ POESIA ⇐

Fazer arder o coração

Tua Palavra Senhor,
Faz arder o nosso coração,
Porque nos vem encorajar,
Vencendo a nossa solidão,
Mostrando-nos aonde ir,
Por onde e quando prosseguir.

Tua Palavra Senhor,
Faz arder nosso coração,
Dando-nos, ao caminhar o sentido,
Conduzindo-nos a santa comunhão,
Fazendo-nos à mesa sentarmos,
Para de vós nos alimentarmos.

Tua Palavra Senhor,
Faz arder nosso coração,
Porque nos faz retornarmos,
Para o anúncio da Ressurreição,
Pelo amor nos reenvia,
Por um caminho de alegria.

Tua Palavra Senhor,
Faz arder nosso coração,
Tirando-nos das nossas fugas,
Vencendo nossa desilusão,
Para que voltemos a acreditar,
Na vida que vem a brotar.

Tua Palavra, Pão e Vinho,
Faz-nos de novo, reunirmos,
Para partilharmos da vida,
Para a estrada prosseguirmos,
A viva alegria exalarmos,
E à “nossa Jerusalém” voltarmos.

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, o Enviado do Pai, ilumine o seu caminho! ***

 

II Domingo da Páscoa – Ano A – São Mateus

 

Leituras: At 2,42-47; Sl 117(118); 1Pd 1,3-9; Jo 20,19-31

 

 

Ouça o áudio preparado para esta liturgia (pode demorar alguns segundos)

 

⇒ HOMILIA ⇐

Cristo tem misericórdia dos que duvidaram

Jo 20,19-31

 

Neste segundo domingo da Páscoa a liturgia da Palavra  nos traz um texto do evangelho de João (cf. 20,19-31), o qual nos apresenta dois momentos para nos mostrar a experiência dos discípulos em meio à Ressurreição de Jesus. Estes dois momentos acontecem sempre no primeiro dia da semana (Dies domini), o domingo, porque foi no primeiro dia da semana que tudo mudou na caminhada de fé dos primeiros seguidores de Jesus. Daí nasce a fé dos primeiros cristãos e que depois se espalhou por todo o mundo até chegar a nós do século XXI.

Na primeira parte (cf. Jo 20,19-25), o evangelista nos fala que estava anoitecendo quando Jesus aparece. A vida estava obscura para aquele grupo de seguidores, havia medo, insegurança, portas fechadas… E o Ressuscitado com a força do amor e da paz, rompe as barreiras físicas se pondo no meio deles e dizendo: “A paz esteja convosco” (Jo 20,19). Era preciso que os discípulos ouvissem esta saudação para a confirmação de que o Príncipe da Paz estava no meio deles, Ressuscitado, vencedor, para trazer vida nova e reanimá-los para continuarem.

Depois, mostrando as marcas da crucificação, repete a saudação, confirmando sua presença de vida plena e anuncia que eles devem continuar a missão redentora da paz, da misericórdia, da justiça e do amor. Agora não devem ir somente para às aldeias, povoados e arredores de Jerusalém, mas para os confins do mundo.

Por isso o sopro do Espírito Santo foi concedido pelo próprio Ressuscitado para que anunciem e perdoem os pecados dos homens (cf. Jo 20,23) e os conduzam para uma vida transformada e dedicada também a missão do Redentor.

Na segunda parte deste Evangelho (cf. Jo 20,26-31) fica-nos uma pergunta: Onde estava Tomé naquela primeira aparição? Por que estava distante dos irmãos? Talvez porque o seu desânimo era maior do que a esperança, e, portanto, foi inundado por esta realidade, ficando isolado, fechado em si.

Ao encontrar os seus companheiros, Tomé duvida da aparição de Cristo. Ele desafia a Jesus, pois não acredita ainda na sua ressurreição. Quer uma prova concreta como muitos de nós cristãos quando nos isolamos e ficamos fora da comunidade. Às vezes duvidamos das maravilhas de Deus, e nos tornamos incrédulos.

Oito dias depois a comunidade dos discípulos está reunida e Tomé está presente. Novamente Jesus deseja a Paz e se volta para Tomé e lhe diz: “Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado. E não sejas incrédulo, mas fiel’. Jesus disse mais: ‘Acreditaste, porque me viste? Bem-aventurados os que creram sem terem visto!’” (Jo 20,27-28). A resposta de Tomé é forte: “Meu Senhor e meu Deus!” (Jo 20,28). E Cristo tem misericórdia de Tomé que duvidou, mas que depois professou a sua fé no Ressuscitado e na sua ressurreição.

Nós, os cristãos, reunidos em torno da Palavra e da Eucaristia, somos os discípulos que acreditam sem terem visto e sem ter tocado as feridas e sem contemplarem o lado de Cristo, mas que escutam a voz do Senhor na Palavra e tocam o seu corpo quando na fila de Comunhão o recebem para se nutrirem da fé na vida verdadeira e prosseguirem a caminhada de fé.

Há feridas humanas que precisamos sentir e tocar, as quais estão presentes nos crucificados deste mundo. Essas feridas aparecem nos que passam fome, estão desempregados, nos presos, nos que estão com o Coronavírus e nos seus familiares, também nos que, injustamente, são colocados como culpados, porque denunciam a desumanidade e injustiças de opções e projetos políticos, econômicos e sociais. Quem poderá sentir e considerar esta realidade que está além do templo? Somente os discípulos, os batizados em Cristo que acreditam e vivem a ressurreição, em muitas pessoas do bem, que se empenham em vista de uma sociedade justa, fraterna, solidária e cheia de vida e de paz.

E neste Domingo da misericórdia peçamos o sopro do Espírito Santo e a misericórdia de Deus quando também não acreditamos na presença de Cristo em nossas vidas. Que possamos sair do nosso medo, do fechamento e de nosso egoísmo, para anunciar a certeza da ressurreição através de nossa vida e do nosso testemunho, o qual se expressa na nossa alegria, na nossa paz, na nossa união e por que não dizer, na nossa caridade, virtude própria dos que amam o Senhor e o seguem. Amém!

 

***

⇒ POESIA ⇐

Meu Senhor e meu Deus

Tomé somos nós,
Quando nos isolamos,
Quando duvidamos,
E ficando distante,
Numa tristeza constante,
Fechados, sem acreditar.

Tomé somos nós,
Quando queremos comprovações,
Nas tantas situações,
E de Deus então duvidamos,
Também o desafiamos,
Querendo as feridas olhar.

Tomé também somos nós,
Quando ao grupo retornamos,
E aos irmãos nós encontramos,
Para ver e encontrar o Senhor,
Com acolhida e amor,
Para podermos recomeçar.

E, sendo como Tomé,
Queremos o Senhor tocar,
Nos seu corpo vindo nos dar,
Para seguir agora, em frente,
Num caminhar obediente,
Sem medo e sem desistir.

Mesmo como Tomé,
Queremos ao Senhor ouvir,
Para podê-lo seguir,
Nossa fé nele professar,
Sempre, sempre a caminhar,
Pois, ele é o Ressuscitado.

Como Tomé e os outros,
Nossa dúvidas todas rompamos,
Abramos as portas e sigamos,
Pra sair do grupo fechado,
E anunciar o Ressuscitado,
Que conosco quer caminhar.

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que tem misericórdia dos que duvidam, ilumine o seu caminho! ***

 

Domingo da Páscoa da Ressurreição do Senhor – Ano A – São Mateus

 

Leituras: At 10,34a.37-43; Sl 117(118); Cl 3,1-4; Jo 20,1-9

 

 

Ouça o áudio preparado para esta liturgia (pode demorar alguns segundos)

 

⇒ HOMILIA ⇐

A nossa Alegria é a Ressurreição do Senhor

Jo 20,1-9

 

Maravilhados das alegrias, vindas da vigília pascal, da noite do sábado, e despertados na manhã do sepulcro vazio, celebremos a vitória do primeiro a ressuscitar, Jesus Cristo, o mais belo entre todos os homens, glorioso, Deus da vida, o vencedor sobre a morte.

Iniciamos um novo tempo da Igreja, o tempo Pascal, onde tudo está voltado para os acontecimentos da ressurreição de Jesus, quando aprendemos e nos firmamos na fé, através de tantos testemunhos dos que seguiram e amaram profundamente o Senhor.

O evangelista João (cf. 20,1-9) nos fala da sua experiência com o Ressuscitado, de uma forma simples e, ao mesmo tempo, profunda. Simples por que descreve detalhes, tais como: faixas de linho no chão, pano que tinha estado sobre a cabeça de Jesus, não posto com as faixas, mas enrolado num lugar à parte” (Jo 20,5-7).

Voltemos o nosso olhar também para quem foi primeiro ao túmulo de Jesus, quando ainda estava escuro, Maria Madalena, que percebeu a pedra retirada do túmulo. Ela anuncia primeiro aos discípulos Pedro e João, os quais vão, correndo, confirmar o acontecido. Eles que também ainda estavam marcados profundamente pela dor da morte de Jesus. “Então entrou também o outro discípulo, que tinha chegado primeiro ao túmulo. Ele viu, e acreditou.” (Jo 20,8).

Meditemos alguns pontos importantes da liturgia deste domingo da Ressurreição do Senhor: “Maria Madalena viu que a pedra tinha sido retirada do túmulo” (Jo 20,1) e por isso volta correndo para anunciar que algo estranho tinha acontecido.

Muitas vezes, nós também precisamos retirar a pedra que nos impede de perceber algo extraordinário em nossa vida, sobretudo referente à ação de Deus na nossa caminhada de discípulos que querem seguir o Ressuscitado.

Esta pedra muitas vezes é o nosso rito vazio, a nossa indiferença, a mesmice e a sensação de que mais um ano passou e nas festas pascais não conseguimos viver uma experiência nova, ou seja, vida que se faz ressurreição no Senhor.

O primeiro domingo da Páscoa é, por excelência, o dia do Senhor, de onde nasceu a nossa fé no Ressuscitado. Daquela manhã do túmulo vazio em diante, os discípulos passarão por uma nova ótica na experiência com Jesus.

Os discípulos, os quais viveram a experiência do Ressuscitado, sem muita clareza, foram crescendo de forma gradativa, dando motivo da sua fé, como Pedro professou: “Eles o mataram, pregando-o numa cruz. Mas Deus o ressuscitou no terceiro dia” (At 10,40).

Pedro viveu com Jesus as duas realidades: primeiro, caminhando com ele na sua missão terrena, pela Galileia, depois fazendo a sua experiência da ressurreição, quando em vários momentos encontrou-se com o ressuscitado. Desta forma, o apóstolo nos ensina o sentido profundo da vida renovada em sua missão apostólica.

“A ressurreição de Jesus é o mistério central da nossa fé cristã e o fundamento da nossa esperança de libertação total”[1]. Somente no Senhor somos totalmente livres e alegres, apesar dos sofrimentos e desilusões da vida terrena. Somente em nome do Senhor anunciamos a alegria do Evangelho que se concretiza na prática da justiça, do amor aos irmãos e na promoção da paz.

E nesta realidade da Covid-19, queremos suplicar ao Senhor em favor de todos aqueles familiares que perderam seus entes queridos por causa desta pandemia, que estes fortaleçam a sua fé na ressurreição e na vida eterna. E, ao mesmo tempo, queremos dá graças e louvores ao Senhor da vida pela cura de muitas pessoas, as quais já estão livres deste vírus.

Peçamos ao Espírito Santo a graça da fé no Ressuscitado, para vivermos cada momento de nossa vida, alimentados pela Palavra e pela Eucaristia, dando razões de nossa fé e sempre cantando como o Salmo 117(118): “Este é o dia que o Senhor fez para nós: alegremo-nos e nele exultemos!”

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[1] CABALLERO, Basílio. A Palavra de cada domingo: Ano C. Apelação [Portugal]: Paulus, 2000. Pág. 92.

 

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⇒ POESIA ⇐

A manhã nova do Senhor

Ainda é escuro, é madrugada,
É o dia novo, da nova vida,
Pelos discípulos e por nós acolhida,
Arranquemos a pedra,
Pedra que impede um novo olhar,
Que às vezes nos faz tropeçar,
Olhemos para o alto, a nos alegrar!

A Luz vem chegando,
Percebamos os sinais da vitória,
Da luz, da nova vida em Glória,
Por que o Senhor não está entre os mortos,
Ele é o homem vivo para sempre,
Quer caminhar conosco eternamente
O Santo dos santos, o homem vivente!

Sua vida nos traz esperança,
Certeza de que seremos eternos,
Na nova comunidade, fraternos,
Estaremos para sempre com Ele,
Sem barreiras a nos atrapalhar,
Ele é Pão Vivo a nos alimentar,
Para além daqui quer nos elevar!

A sua glória é de todos,
O seu corpo é totalmente novo,
Sua vida nova é para o seu povo,
Pois nele está a esperança,
Que os discípulos sempre alcançam,
Caminhando no amor e na bonança!

Sigamos firmes,
Sigamos louvando,
Sigamos felizes e festejando,
Sigamos na fé, no Ressuscitado,
Sua vida nova é plena alegria,
Já não é mais noite, é novo dia,
Vamos ao banquete que nos sacia!

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos leva à vida eterna, ilumine o seu caminho! ***

 

XXXII DOMINGO DO TEMPO COMUM, ANO C – SÃO LUCAS

 

Leituras: 2Mc 7,1-2.9-14; Sl 16(17); 2Ts 2,16-3,5; Lc 20,27-38

 

Ouça o áudio preparado para esta liturgia (pode demorar alguns segundos)

 

⇒ HOMILIA ⇐

O Senhor ressuscitado é a nossa certeza da ressurreição

Lc 20,27-38

 

A liturgia deste 32º Domingo do Tempo Comum nos apresenta Jesus sendo interrogado pelos saduceus, os quais negavam a ressurreição dos mortos, pois, para eles, a vida era um momento de estágio no tempo terreno. Estes detinham o poder político, econômico e religioso, eram os colaboradores diretos do Império romano, sendo, portanto, maioria no sinédrio*. Por esse motivo era uma turma influente, querendo impor suas posições sobre Jesus e seu grupo.

A pergunta dos saduceus foi irônica, pois eles queriam colocar Jesus numa situação de contradição e por isso inventam a história da mulher viúva que teve vários maridos. Eles citam a lei do levirato (cf. Dt 25,5-6) que obrigava o irmão de um marido defunto sem descendência, se casar com a viúva. E a pergunta foi: se a mulher ficar viúva várias vezes e casar novamente, quando ela morrer, na ressurreição, ela será esposa de quem? (cf. Lc 20,27-33).

Jesus responde que na vida eterna não seremos como neste mundo, pois seremos como anjos, os quais já estão em outra realidade não mais limitada ao campo biológico, não seremos mais dependentes de heranças materiais e descendências humanas. Seremos filhos transformados para uma vida nova quando já contemplaremos a face santa de Deus.

O tema central desta liturgia, portanto, é a fé na ressurreição e na vida eterna. No AT, temos o exemplo de que pessoas que acreditava na ressurreição. No segundo livro de Macabeus, narra-se a história de uma família judaica (os irmãos macabeus) o qual vive o martírio por manter firmemente a fé na ressurreição dos mortos (cf. 2Mc 7,1-2.9-14).

Os discípulos do Filho de Deus caminham neste mundo alimentado pela esperança numa vida nova e na perspectiva de um dia encontrar-se com Deus, numa realidade que chamamos de visão beatífica, por isso seremos iguais a anjos (cf. Lc 20,36).

Esta fé e esta esperança, que proclamamos a cada domingo na celebração eucarística quando rezamos o Credo. Afirmamos que cremos em Jesus Cristo, que passou pela paixão, morreu e ressuscitou ao terceiro dia. Professamos esta fé e caminhamos na certeza de que Cristo irá nos chamar a uma vida nova, por que ele venceu a realidade da vida velha marcada pelo pecado e pela corrupção da carne.

Também após a consagração do Corpo e do Sangue do Senhor quando o sacerdote apresenta a ceia como mistério da fé, nós respondemos: “Todas as vezes que comemos deste pão e bebemos deste cálice, anunciamos Senhor, à Vossa morte, enquanto esperamos vossa vinda”.

A sagrada Eucaristia alimenta a nossa certeza e também o nosso anúncio não somente na ressurreição, mas também na morte do Senhor, porque esta morte é o sinal de que Deus, na encarnação do verbo, nos visitou na nossa natureza humana para nos santificar e nos salvar.

Quando carregamos esta convicção da vida nova e eterna em Cristo, já não temos mais medo, já não tememos as ameaças que nos rodeiam. Por isso que muitos derramaram e derramam o seu sangue, mantendo esta certeza, pregando e acreditando naquilo que Cristo anunciou e viveu. Quando somos sal e luz do mundo, somos como um braço de Deus construindo o seu Reino no meio do mundo sem medo e com esperança.

Quando nos alimentamos da Palavra e da Eucaristia com fé verdadeira, não ficamos livres dos sofrimentos e provações, porém, vencemos as tentações e os desafios que chegam à nossa frente. Neste sentido caminhamos cheios de esperança e alegria mesmo carregando a cruz nos nossos compromissos e atribuições cotidianas, as quais Deus permite aparecer em nossa vida.

Que possamos cultivar a espiritualidade da esperança firme na ressurreição e na vida eterna, carregando em nosso corpo e no nosso coração, mesmo como vasos de barro, pois temos a Palavra que nos orienta e o Corpo do Senhor que nos alimenta e nos santifica. Que possamos seguir o conselho de São Paulo na sua segunda carta aos Tessalonicenses: “Que o Senhor dirija os vossos corações ao amor de Deus e à firme esperança em Cristo” (2Ts 3,5).

——–

* Cf. Roteiros Homiléticos do Tempo Comum II – Ano C – São Lucas. Brasília, Edições CNBB, 2013, pág. 96.

 

***

⇒ POESIA ⇐

Dignos da mesa do Senhor

 

Somos forte e vencedores,
Quando alimentados pela certeza,
De que em Cristo temos a fortaleza,
Para continuar sem medo de desistir,
Mantendo a fé no caminho a seguir,
Como fiéis de Cristo ao redor da mesa.

Acreditar na vida como um presente,
É nosso destino, é a eternidade,
Continuamos vivendo a gratuidade,
Que depende de nós para chegar,
Basta uma qualidade de fé cultivar,
E abraçar o espírito de fraternidade.

É preciso o alimento forte receber,
Para não desmoronar em frente ao tentador,
Pois com o ressuscitado não há temor,
Porque ele, a vida nos presenteou,
E o seu reino eterno nos apresentou,
Para todos os que querem o seu amor.

Somos forte também na comunidade,
Quando unidos vivemos a unidade,
Ouvindo a Palavra na fraternidade,
Como o povo de Deus a se encontrar,
Para nesse encontro junto comungar,
E vivermos o sonho da eternidade.

Que ao redor da mesa do Senhor,
Possamos proclamar com convicção,
Quando do corpo que era pão,
Anunciar que a morte foi vencida,
E que acreditamos na nova vida,
Que recebemos por graça e doação.

Animando os nossos corações,
E confirmando a nossa boa ação,
Ficando cada vez mais em oração,
Para que a Palavra seja anunciada,
E que seja sempre confirmada
Que a Vida de Cristo, em nós, é redenção.

 

*** Que a Palavra e a Luz do Mestre (Rabí) ilumine o seu caminho ***