23º Domingo do Tempo Comum, Ano C, São Lucas

 

Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pela abolição da pena de morte ⇐
Mês da Bíblia 2022“O SENHOR, teu Deus, estará contigo onde quer que vás” (Js 1,9) ⇐
⇒ 1a semana: Fidelidade à Lei recebida no deserto
⇒ 2a semana: Adesão ao povo de Deus pela fé ⇐

 

 Leituras: Sb 9,13-18 (gr. 13-18b); Sl 89(90),3-4.5-6.12-13.14.17 (R. 1); Fm 9b-10.12-17; Sl 118(119),135; Lc 14,25-33

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

 

O Cristão Diante do Amor e da Bondade do Mestre

Lc 14,25-33

 

Meus irmãos e irmãs, o 23º Domingo do Tempo Comum, do Ano C, o primeiro Domingo do Mês da Bíblia, nos motiva a contemplar mais uma dimensão do discipulado: o desprendimento assertivo em favor do Reino de Deus. E o Evangelho desta Liturgia está em Lc 14,25-33.

No Evangelho de hoje Jesus nos fala que o verdadeiro discípulo é aquele que responde ao Chamado com as seguintes prioridade: (i) prudência na resposta, (ii) desprendimento em relação à família e aos bens materiais e (iii) a atitude de abraçar a cruz no cotidiano, independente das circunstâncias e contingências. Tais prioridades são próprias do Chamado.

Ao aderir o Chamado de Jesus e interiorizar o espírito do Evangelho, cada um deve antes pensar, calcular nas exigências do seguimento. Por isso Jesus nos orienta: “…qual de vós, querendo construir uma torre, não se senta primeiro e calcula os gastos, para ver se tem o suficiente para terminar?” (Lc 14,28). O discípulo também precisa refletir sobre as condições de sua resposta, precisa ser prudente, ter consciência do que assume! O cristão não pode seguir o exemplo do construtor imprudente, do qual nos fala o Evangelho de Lucas. O cristão precisa refletir sobre sua escolha e decisão, para ver se dá conta naquilo que assumiu como vocação, como chamado e para viver isto como missão!

Outro tema deste Evangelho é o desprendimento: quando nos desapegamos das pessoas por amor ao Senhor, nos tornamos mais coerentes com o próximo, pois amar a Deus é também amar o irmão, é fazer o bem e evitar o mal, seja em relação ao próximo, seja em relação ao à natureza, na expressão do Papa Francisco, a “casa comum”, é estarmos a serviço por amor e não por carência afetiva ou por imposição. Quando nos apegamos a pessoas, alimentamos uma relação de idolatria, pois colocamos as pessoas no lugar de Deus.

Em sua natureza, o cristão deve ter o seu coração livre. Livre dos excessos de coisas que sufocam e desviam do caminho do amor. É claro que sempre precisaremos servir-nos de vários meios para os nossos compromissos de trabalho e de estudo, também para o lazer na nossa vida, porém, nunca estes deverão ser um obstáculo na experiência espiritual e na convivência humana. O Evangelho sempre nos pedirá que o nosso coração esteja livre para Deus, pois é neste sentido que somos livres para nos colocamos de braços abertos diante de nossas escolhas, como sentido e missão para a nossa existência.

Também é oportuno refletir que na vida pastoral, na vida eclesial podemos nos apegar ao serviço (ou ministério) como se fossem cargos de nossa propriedade e não da Igreja. Agindo assim haverá o grande perigo de tornarmos a Igreja estéril no crescimento do seu rebanho.

Portanto, coloquemos em nossos corações o apelo que o Senhor nos faz para nos esvaziarmos de nós mesmos e seguirmos com o coração livre para ouvir a sua Palavra e acolher o seu Amor. Tenhamos também a consciência e a sabedoria de que desapego faz parte de todos os ministérios da Igreja, pois todos são chamados a abrirem o coração para a experiência do desprendimento, pela pregação do Evangelho.

Que neste Mês da Bíblia possamos fortalecer cada vez mais o amor à Sagrada Escritura, através da leitura orante e constante, em vista de nossa permanente conversão e levando ao próximo a alegria dos que seguem o Senhor. Que a nossa alegria brote da Palavra de Deus, pela iluminação do Espírito Santo, como nos ensina o livro da Sabedoria: “Acaso alguém teria conhecido o teu desígnio, sem que lhe desses Sabedoria e do alto lhe enviasses teu santo espírito?” (Sb 9,17). Amém, amém, amém.

 

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⇒ POESIA ⇐

Ser Cristão, Ser Missionário

 

Ser cristão é ser discípulo,
Livre e desapegado,
De tudo que o aprisiona,
Não sendo escravizado,
É abraçar também a cruz,
Caminhar na santa Luz,
De Jesus, Ressuscitado.
*
Ser cristão é ir aos outros,
Levando a alegria,
Dos que seguem o Senhor,
Na vida de cada dia,
Deixando um pouco o seu lar,
Firme, sem desanimar,
Na paz e na harmonia.
*
Ser cristão é caminhar,
Com o amor no coração,
Enfrentando desafios,
No trabalho e na missão,
É estar também rezando,
E aos irmãos sempre ajudando,
Num gesto de gratidão.
*
Ser cristão é prosseguir,
Sempre a Palavra escutar,
Para crescer sempre mais,
No seguir, no caminhar,
É crescer na comunhão,
Na alegria com os irmãos,
Sempre, sempre a perseverar.

 

*   *   *

 

Obra: “Ele passou pelas aldeias no caminho para Jerusalém”, de J. Tissot (1836-1902). In brooklynmuseum.org.

 

⇒ Que a Palavra e a Luz de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos ensina sobre o desprendimento assertivo em favor do Reino de Deus, ilumine o seu caminho! 

 

 

18º Domingo do Tempo Comum, Ano C, São Lucas

 

⇒ Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pelos idosos ⇐

 

Leituras: Ecl 1,2;2,21-23; Sl 89(90),3-4.5-6.12-13.14.17 (R. 1); Cl 3,1-5.9-11; Lc 12,13-21

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

 

O Verdadeiro e Infinito Tesouro Somente Encontramos em Deus

Lc 12,13-21

 

MMeus irmãos e irmãs, a Liturgia do 18º Domingo do Tempo Comum nos motiva a contemplar Nosso Senhor nos ensinando sobre o verdadeiro tesouro, a verdadeira fonte de riqueza. E o Evangelho desta Liturgia está em Lc 12,13-21.

Assim, o texto próprio de Lucas (cf. 12,13-21) nos ajudará no discernimento diante do dinheiro e dos bens materiais. Jesus conta a parábola do rico tolo, em que um homem coloca todo seu prazer nos seus celeiros e no resultado da colheita de sua terra. Para aquele homem, parecia que tudo estava resolvido na sua vida. Ele poderia, então, descansar, comer e esbanjar seus bens. Como diríamos hoje: “curtir a vida e ficar tranquilo”.

“Mas Deus lhe disse: ‘Louco! Ainda nesta noite, pedirão de volta a tua vida. E para quem ficará o que tu acumulaste?” (Lc 12,20). Pois bem, Deus nos dá a vida terrena, nós a administramos, sonhamos, escolhemos caminhos, fazemos projetos, construímos relações, porém não temos domínio sobre o seu fim. Somente Deus tem esse poder sobre a nossa vida e sobre a morte.

A atualidade dessa passagem evangélica é impressionante! Hoje nos vemos rodeados e estimulados por tantas propostas de consumo, que são colocadas através das diversas formas de publicidades, as quais nos sufocam no nosso cotidiano.

Sem o cultivo da essência humana, sem o alimento da vida interior e espiritual com tantos bons recursos que temos à disposição, tais como boas leituras, boas partilhas fraternas, momentos de oração e meditação, retiros, celebrações, não conseguimos viver a profundidade e o sentido de nossa existência.

E quando não cultivamos as coisas profundas que vem de Deus, ficamos vulneráveis e buscamos preencher nossa existência com a idolatria aos bens materiais ou com pautas das diversas ideologias. Em outras palavras: não priorizamos Deus e Seu amor. Consequentemente ficamos carentes do Tesouro essencial para o nosso existir e do cultivo da nossa espiritualidade, da nossa interioridade em busca do Absoluto.

“Vaidade das vaidades, diz o Eclesiastes, vaidade das vaidades! Tudo é vaidade.” (Ecl 1,2). Biblicamente, o termo vaidade vai além da vaidade no sentido narcisista ou prepotente e também nos remete àquilo que turva a visão, seja como uma neblina na estrada ou uma ilusão(1), não importando se se trata de coisas materiais ou ideias, mas que querem “alimentar” o nosso vazio interior com elementos e motivações superficiais.

Às vezes acontece que quando ficamos ricos das coisas materiais ficamos pobres no que se refere à sensibilidade humana, à vida interior, no cuidado de si e assim nos alimentamos do orgulho, dos ressentimentos, das indiferenças para com o outro.

E São Paulo nos alerta: “esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, onde está Cristo… aspirai às coisas celestes e não às coisas terrestres. Pois vós morrestes, e a vossa vida está escondida, com Cristo, em Deus” (Cl 3,1-4).

Precisamos buscar as coisas do alto, não para flutuar ou para nos alienar da realidade humana, mas para alcançarmos o que é essencial em nosso existir, pois, quanto mais vivermos a aspiração às coisas de Deus, melhor viveremos a nossa relação com os bens terrenos, os quais devem estar ao nosso serviço e também destinados ao outro, com quem devemos partilhar, quando houver necessidades.

Que possamos meditar nesta Liturgia sobre a necessidade de buscarmos, em primeiro lugar, a essência de nossa existência em Deus, o cultivo da nossa espiritualidade e a partilha fraterna, para vivermos os sinais do Reino neste nosso peregrinar terrestre, em vista de cultivarmos o sentido da vida, na busca da paz, do amor e da comunhão entre os povos, aspirando, já agora, os tesouros celestiais. Amém.

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(1) Cf. Nota de rodapé da Bíblia Sagrada: Tradução oficial da CNBB. 4 ed., 2020.

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⇒ POESIA ⇐

O Verdadeiro Tesouro

 

OCom um olhar na vida infinita e verdadeira,
Buscando o sentido que nos traz felicidade,
Devemos seguir vivendo na simplicidade,
Sem nos afogarmos nos prazeres das riquezas terrenas,
Que, em muitos dos casos, até nos desordenam,
Trazendo às vezes muitas frustrações e ansiedades,
Pois devemos não levar em conta as tantas vaidades,
Que no final da vida somente nos condenam.
*
Apostar-nos tanto e tanto nos bens materiais,
Como segurança para toda a nossa vida,
Na avareza e nos desprezos pelo “amor” sem medida,
É desconhecer o sentido na Palavra do Senhor,
Que veio para perto de nós com o Seu amor.
É como construir nossos sonhos nas ilusões,
Ficando mergulhado nas tantas paixões,
Que no final somente nos traz insegurança e dor.
*
Fitemos então o olhar e nosso foco no essencial,
Que é buscar as coisas na vida que não há de acabar,
Segurança nos bens celestes a nos esperar,
Como sendo a nossa principal riqueza,
Uma vida infinita em Deus e na sua eterna beleza,
Que jamais fomos capazes de contemplar,
E que nunca, e nunca irá acabar,
Porquê estaremos ao lado da Divina Realeza.

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Obra: “O Homem que Acumula”, de J. Tissot (1836-1902). In brooklynmuseum.org.

 

⇒ Que a Palavra e a Luz de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos oferece o verdadeiro tesouro da vida, ilumine o seu caminho!