18º Domingo do Tempo Comum, Ano C, São Lucas

 

⇒ Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pelos idosos ⇐

 

Leituras: Ecl 1,2;2,21-23; Sl 89(90),3-4.5-6.12-13.14.17 (R. 1); Cl 3,1-5.9-11; Lc 12,13-21

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

 

O Verdadeiro e Infinito Tesouro Somente Encontramos em Deus

Lc 12,13-21

 

MMeus irmãos e irmãs, a Liturgia do 18º Domingo do Tempo Comum nos motiva a contemplar Nosso Senhor nos ensinando sobre o verdadeiro tesouro, a verdadeira fonte de riqueza. E o Evangelho desta Liturgia está em Lc 12,13-21.

Assim, o texto próprio de Lucas (cf. 12,13-21) nos ajudará no discernimento diante do dinheiro e dos bens materiais. Jesus conta a parábola do rico tolo, em que um homem coloca todo seu prazer nos seus celeiros e no resultado da colheita de sua terra. Para aquele homem, parecia que tudo estava resolvido na sua vida. Ele poderia, então, descansar, comer e esbanjar seus bens. Como diríamos hoje: “curtir a vida e ficar tranquilo”.

“Mas Deus lhe disse: ‘Louco! Ainda nesta noite, pedirão de volta a tua vida. E para quem ficará o que tu acumulaste?” (Lc 12,20). Pois bem, Deus nos dá a vida terrena, nós a administramos, sonhamos, escolhemos caminhos, fazemos projetos, construímos relações, porém não temos domínio sobre o seu fim. Somente Deus tem esse poder sobre a nossa vida e sobre a morte.

A atualidade dessa passagem evangélica é impressionante! Hoje nos vemos rodeados e estimulados por tantas propostas de consumo, que são colocadas através das diversas formas de publicidades, as quais nos sufocam no nosso cotidiano.

Sem o cultivo da essência humana, sem o alimento da vida interior e espiritual com tantos bons recursos que temos à disposição, tais como boas leituras, boas partilhas fraternas, momentos de oração e meditação, retiros, celebrações, não conseguimos viver a profundidade e o sentido de nossa existência.

E quando não cultivamos as coisas profundas que vem de Deus, ficamos vulneráveis e buscamos preencher nossa existência com a idolatria aos bens materiais ou com pautas das diversas ideologias. Em outras palavras: não priorizamos Deus e Seu amor. Consequentemente ficamos carentes do Tesouro essencial para o nosso existir e do cultivo da nossa espiritualidade, da nossa interioridade em busca do Absoluto.

“Vaidade das vaidades, diz o Eclesiastes, vaidade das vaidades! Tudo é vaidade.” (Ecl 1,2). Biblicamente, o termo vaidade vai além da vaidade no sentido narcisista ou prepotente e também nos remete àquilo que turva a visão, seja como uma neblina na estrada ou uma ilusão(1), não importando se se trata de coisas materiais ou ideias, mas que querem “alimentar” o nosso vazio interior com elementos e motivações superficiais.

Às vezes acontece que quando ficamos ricos das coisas materiais ficamos pobres no que se refere à sensibilidade humana, à vida interior, no cuidado de si e assim nos alimentamos do orgulho, dos ressentimentos, das indiferenças para com o outro.

E São Paulo nos alerta: “esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, onde está Cristo… aspirai às coisas celestes e não às coisas terrestres. Pois vós morrestes, e a vossa vida está escondida, com Cristo, em Deus” (Cl 3,1-4).

Precisamos buscar as coisas do alto, não para flutuar ou para nos alienar da realidade humana, mas para alcançarmos o que é essencial em nosso existir, pois, quanto mais vivermos a aspiração às coisas de Deus, melhor viveremos a nossa relação com os bens terrenos, os quais devem estar ao nosso serviço e também destinados ao outro, com quem devemos partilhar, quando houver necessidades.

Que possamos meditar nesta Liturgia sobre a necessidade de buscarmos, em primeiro lugar, a essência de nossa existência em Deus, o cultivo da nossa espiritualidade e a partilha fraterna, para vivermos os sinais do Reino neste nosso peregrinar terrestre, em vista de cultivarmos o sentido da vida, na busca da paz, do amor e da comunhão entre os povos, aspirando, já agora, os tesouros celestiais. Amém.

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(1) Cf. Nota de rodapé da Bíblia Sagrada: Tradução oficial da CNBB. 4 ed., 2020.

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⇒ POESIA ⇐

O Verdadeiro Tesouro

 

OCom um olhar na vida infinita e verdadeira,
Buscando o sentido que nos traz felicidade,
Devemos seguir vivendo na simplicidade,
Sem nos afogarmos nos prazeres das riquezas terrenas,
Que, em muitos dos casos, até nos desordenam,
Trazendo às vezes muitas frustrações e ansiedades,
Pois devemos não levar em conta as tantas vaidades,
Que no final da vida somente nos condenam.
*
Apostar-nos tanto e tanto nos bens materiais,
Como segurança para toda a nossa vida,
Na avareza e nos desprezos pelo “amor” sem medida,
É desconhecer o sentido na Palavra do Senhor,
Que veio para perto de nós com o Seu amor.
É como construir nossos sonhos nas ilusões,
Ficando mergulhado nas tantas paixões,
Que no final somente nos traz insegurança e dor.
*
Fitemos então o olhar e nosso foco no essencial,
Que é buscar as coisas na vida que não há de acabar,
Segurança nos bens celestes a nos esperar,
Como sendo a nossa principal riqueza,
Uma vida infinita em Deus e na sua eterna beleza,
Que jamais fomos capazes de contemplar,
E que nunca, e nunca irá acabar,
Porquê estaremos ao lado da Divina Realeza.

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Obra: “O Homem que Acumula”, de J. Tissot (1836-1902). In brooklynmuseum.org.

 

⇒ Que a Palavra e a Luz de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos oferece o verdadeiro tesouro da vida, ilumine o seu caminho! 

 

 

17º Domingo do Tempo Comum, Ano C, São Lucas

 

⇒ Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pelos idosos ⇐
⇒ 2º Dia Mundial dos Avós ⇐

 

Leituras: Gn 18,20-32; Sl 137(138),1-2a.2bc-3.6-7a.7bc.8 (R. 3a); Cl 2,12-14; Lc 11,1-13

 

Ouça o áudio preparado para esta Liturgia (pode demorar alguns segundos)

 

⇒ HOMILIA ⇐

 

A Oração que o Senhor nos Ensinou

Lc 11,1-13

 

Meus irmãos e irmãs, a Liturgia do 17º Domingo do Tempo Comum, 2º Dia Mundial dos Avós(1), instituído pelo Papa Francisco em 2021 , nos motiva a contemplar Nosso Senhor nos ensinando a rezar. E o Evangelho desta Liturgia está em Lc 11,1-13, novamente uma sequência do Evangelho do Domingo passado.

A oração que o Senhor nos ensinou é a oração por excelência do cristão, o Pai-Nosso, que rezamos sempre quando nos encontramos, seja para a Eucaristia, seja para as reuniões, estudos, Terços, novenas ou nas várias práticas devocionais que a Igreja nos oferece.

O Evangelista Lucas (cf. 11,1-13), portanto, nos apresenta Jesus rezando num certo lugar e depois levando os discípulos a sentirem o desejo de também quererem rezar. Para isso eles pedem ao Mestre que lhes ensinem, numa suplica muito significante: “Senhor, ensina-nos a rezar” (Lc 11,1).

Com a oração que saiu da boca de Jesus, o Pai-Nosso, podemos confirmar que Ele nos ensinou a chamarmos a Deus de Pai, pois nesta oração reconhecemos que somos irmãos e irmãs, porque este Pai é de todos e para todos. Com a oração do Pai-Nosso, podemos também aprender a rezar, deixando que Deus faça a Sua vontade e não a nossa, pois na nossa vida muitos acontecimentos estão nas mãos de Deus, que, como canta o salmista, faz muito mais do que promete [cf. Sl 137(138),2c].

O Pai que Jesus nos apresenta é o Pai bondoso e misericordioso, tem um amor tão grande que veio mostrar porque somos semelhantes à Ele. Veio caminhar conosco, ter a nossa carne e nos ensinar o caminho que devemos percorrer para chegar ao Céu, porque Ele é Santo e quer todos os seus filhos juntos d’Ele na morada celeste.

Na oração ensinada por Jesus pedimos que o Reino de Deus venha a nós. Quantas vezes Jesus nos fala que este Reino estava perto ou que estava no meio dos homens. Jesus e Sua ação salvadora é o próprio Reino em nosso meio. Quantas vezes pensamos que este Reino ainda está distante… Talvez esteja assim distante porque ainda não colocamos em prática o que rezamos no Pai-Nosso. O pão que pedimos ainda falta a muitos irmãos ou poucos têm demais e não aprenderam ainda não aprenderam a partilhar, pois falta a justiça, a dignidade, o respeito e a atenção para com os irmãos necessitados.

Já a Eucaristia que participamos aos Domingos, ou diariamente, ainda não se transformou em verdadeira comunhão, partilha dos irmãos e irmãs que fazem a comunidade viva, fraterna e expressão concreta da caridade no sentido bíblico, no sentido cristão.

Este Reino ainda pode estar distante porque não aprendemos a perdoar uns aos outros e pelo o nosso egoísmo ainda estamos fechados. Neste caso, nos falta a humildade de pedirmos perdão para que a fraternidade e a santidade de Deus estejam presentes entre nós. Nos falta ainda a atitude de irmãos e irmãs, amigos e amigas de verdade sem receio de corrigir o outro quando percebemos errando e caindo nas tentações da não escuta ao outro e no individualismo.

Precisamos meditar profundamente colocando no coração aquele pedido final do Pai-Nosso, quando rezamos: “perdoa-nos os nossos pecados, pois nós também perdoamos a todos os nossos devedores; e não nos deixeis cair em tentação” (Lc 11,4). A presença do Reino no meio de nós é, portanto, o perdão dos nossos pecados, no momento em que nos reconhecemos pecadores e também perdoamos aos outros quando estes nos vem pedir perdão, em vista de retomamos a harmonia na convivência humana e na comunidade cristã.

Faz-se necessário pedir sempre ao Senhor que nos livre das armadilhas do Tentador e dos males que muitas vezes nos rodeiam. Nosso erro é querermos resolver sozinhos sem a ajuda do Senhor. Por isso o evangelista Lucas continua o resto do texto insistindo sobre a perseverança na oração diante de Deus. E diz: “Se vós que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo aos que o pedirem!” (Lc 11,15).

Confiemos ao Senhor nossa existência, nosso convívio e nossa vontade de construirmos a comunhão, a fraternidade e a paz, para que o Reino de Deus esteja sempre presente no mundo e em nosso meio. Amém.

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(1) Cf. PAPA FRANCISCO. Ângelus (31 jan. 2021). Disponível em: <https://www.vatican.va/content/francesco/pt/angelus/2021/documents/papa-francesco_angelus_20210131.html>. Acesso em 20 jul. 2022.

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⇒ POESIA ⇐

Jesus nos Ensinou a Rezar

 

O Senhor nos ensinou a rezar,
Quando de nós próximo ficou,
Sabendo de nossas carências,
Por isso se aproximou,
Quando quis nossa humildade,
Pra acolher Sua santidade,
Pois primeiro nos amou!
*
Senhor ensina-nos a Sua oração,
Para Deus, nosso Pai, chamarmos,
Ensina-nos a perseverança,
Para não desanimarmos,
E a rezar sem egoísmo,
Com perdão e otimismo,
Para nos santificarmos.
*
Senhor ensina-nos a rezar,
Com a Sua oração,
Que a nós venha o Seu Reino,
Nosso Deus e salvação,
Pra Sua vontade fazer,
E não o nosso querer,
Mas na Sua santa ação!
*
Nosso pão de cada dia,
Ensina-nos a pedir,
Para continuar a vida,
E na missão nos nutrir,
Este pão de cada dia,
É também a Eucaristia,
No Seu caminho a seguir.
*
O perdão de nossas culpas,
Ensina-nos a suplicar,
Quando ferimos os irmãos,
Ou viemos a errar,
Tu és o Deus de puro amor,
És o nosso Salvador,
Que quer nos santificar!
*
Livra-nos de todo o mal,
Quando a Ti vos suplicamos,
Pra vencer a tentação,
Quando com ela estamos.
Assim devemos rezar,
Firmes, sem desmoronar,
Pois em Ti nós confiamos!

*   *   *

 

Obra: “O Pai-Nosso”, de J. Tissot (1836-1902). In brooklynmuseum.org.

 

⇒ Que a Palavra e a Luz de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos ensina a rezar como Ele rezou, ilumine o seu caminho!