31º Domingo do Tempo Comum, Ano C, São Lucas

Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Por uma Igreja aberta a todos ⇐
⇒ Mês do Rosário 
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» Lema: “Sereis minhas testemunhas” (At 1,8) «

Leituras: Sb 11,22-12,2; Sl 144(145),1-2.8-9.10-11.13cd-14 (R. cf. 1); 2Ts 1,11-2,2; Jo 3,16; Lc 19,1-10

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

 

Ele Veio Procurar e Salvar o que Estava Perdido

Lc 19,1-10

 

Meus irmãos e minhas irmãs, estamos no 31º Domingo do Tempo Comum, do Ano C, o quinto Domingo do Mês do Rosário e também do Mês Missionário, que tem como tema “A Igreja é missão” e como lema “Sereis minhas testemunhas” (At 1,8). Também coloquemos em nossas orações as intenções do Santo Padre, que neste mês, e em consonância com o espírito da sinodalidade (ou da comunhão da Igreja), roga por uma Igreja aberta a todos.

A Liturgia do 31º Domingo do Tempo Comum nos motiva a contemplar Nosso Senhor Jesus Cristo que veio procurar e salvar o que estava perdido.

E foi numa passagem de Jesus pela cidade de Jericó que a vida do rico, chefe dos cobradores de impostos, Zaqueu, foi transformada. Como uma criança ou como um garoto curioso, Zaqueu, por ser de baixa estatura (na sua “pequenez” humana) subiu numa árvore, um sicômoro ou uma figueira(1), para ver Jesus (cf. Lc 19,3). De uma atitude curiosa os dois olhares se cruzam. Jesus ergueu seu olhar para cima e logo ordena a Zaqueu que desça depressa, pois a salvação logo entrará em sua casa! (cf. Lc 19,5).

E Jesus entra não somente na casa do chefe dos publicanos, mas na vida daquele homem. O acolhimento e a escuta para com Zaqueu, o conduzirá a um exame de consciência. O seu ato penitencial o fará com que repense a sua vida, sua trajetória pregressa e suscite atitudes concretas, às quais mudarão para sempre sua vida. E de pé, Zaqueu proclama: “Senhor, eu dou a metade dos meus bens aos pobres, e se defraudei alguém, vou devolver quatro vezes mais.” (Lc 19,8).

O encontro com a pessoa de Jesus fará surgir, naquele que o encontrar, uma nova criatura, um testemunho vivo de compaixão, de honestidade, de moralidade e de caridade para com os pobres e as vítimas da corrupção. Jesus nos escuta, nos acolhe e nos acompanha com a sua misericórdia, com a sua amizade. Ele é um Deus próximo, que caminha conosco e que não discrimina ninguém em função de classes sociais ou econômicas, pois “o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido.” (Lc 19, 10).

Jesus faz cumprir o que a Primeira Leitura desta Liturgia, do livro da Sabedoria, nos apresenta: “a todos, porém, tu tratas com bondade, porque tudo é teu, Senhor, amigo da vida. […] É por isso que corriges com carinho os que caem e os repreendes, lembrando-lhes seus pecados, para que se afastem do mal e creiam em ti” (Sb 11,26; 12,2).

Nosso Senhor quer que nós saiamos do nosso pecado e sigamos com nossa existência transformada para melhor, sem exibicionismo e prepotência. Não podemos levar a nossa vida cristã conduzida por obrigações e preceitos, mas de coração livre e disponível, numa atitude de humildade e acolhimento do outro, o qual não cabe a nós julgá-lo. Muitas vezes, podemos fazer parte da multidão e dos julgadores que impedem o irmão de ver Jesus. Porém, somente Deus na sua infinita misericórdia nos julga e nos ensina o caminho da nossa conversão e para a nossa salvação.

Na nossa caminhada de discípulos e missionários do Senhor, somos convidados a viver o nosso testemunho de perseverança e fé ativa, como nos fala São Paulo na Segunda Carta aos Tessalonicenses: “Que ele [nosso Deus], por seu poder, realize todo o bem que desejais e torne ativa a vossa fé.” (2Ts 1,11).

Que no encerramento do Mês Missionário e Mês do Rosário, continuemos rezando por todos os missionários, os que estão perto de casa e os que estão longe de sua terra natal, fazendo a Igreja ser missão e sendo testemunhas de Cristo (cf. At 1,8). A Igreja vive em estado permanente de missão, do mesmo modo os seus pastores e ministros, para o bem, para a justiça, para a paz e para a salvação do mundo, pois foi para isso que o Pai enviou o seu Filho (cf. Jo 3,17). Amém.

*   *   *
(1) Em geral, as traduções bíblicas, referente a Lc 19,4, denominam essa árvore como sendo um sicômoro. Sicômoro é um tipo de figueira que produz um fruto de menor qualidade, mas que também é comestível. Na cultura bíblica, a figueira é um bom lugar para meditar a partir da palavra de Deus, tendo em vista que produz frutos comestíveis e é abundante na Terra Prometida, mas é também um lugar do justo. Recordamos que Amós, o profeta que denuncia a cruel realidade das “ruínas de José”, isto é, os pobres de Israel (cf. Am 6,6), além de vaqueiro, cultivava sicômoro (cf. Am 7,14) e foi enviado em missão para pregar no Reino do Norte.

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

Um Olhar que Encontrou a Salvação

 

Olhares que se encontraram e se cruzaram,
De Jesus e do publicano curioso,
Não conhecia o Deus misericordioso,
Jesus entra na casa e na vida de Zaqueu,
Que o acolhe e ele em muito se arrependeu,
Caminhará com o Mestre amoroso!
*
Mudará sua vida para sempre,
Dá-se conta que precisa partilhar,
Aos pobres em muito devolverá,
Proclama para Jesus sua conversão,
Reconhece seu pecado de corrupção,
Como discípulo agora quer caminhar!
*
Nosso Deus é um juiz compassivo,
Que acolhe todos sem distinção,
Ele escuta nosso louvor ou lamentação,
Muitas vezes quer nos visitar,
Entrar em nossa vida e operar,
Trazendo-nos a nossa salvação
*
Jesus vem procurar os pecadores,
Para lhes suscitar a conversão,
Transformar a vida e o coração,
Dos que se sentem perdidos,
Pelos os pecados corrompidos,
E assim opera a transformação!
*
Ó Senhor, Mestre querido e amado,
Nossa pequenez e fraqueza vem olhar,
Nossos olhos aos irmãos vêm purificar,
Tirai de nós, nossos julgamentos,
Transformai nossos pensamentos,
E o acolher vem nos ensinar!
*
Evita-nos fazer parte daquela multidão,
Que causa obstáculos para o pecador,
Que quer encontrar com o Senhor,
Sejamos seguidores da compaixão,
Como sinais de Deus para o irmão,
Alimentados do divino amor!
*
Ao banquete da Palavra e da Eucaristia,
Sejamos por Jesus todos convidados,
Em comunhão e também transformados,
Que o encontro santo gere confraternização,
Atitudes de paz, justiça e comunhão,
E por tua misericórdia sempre abraçados!

 

*   *   *

 

Obra: “Zacchaeus in the Sycamore Awaiting the Passage of Jesus”, por J. Tissot (1836-1902). In brooklynmuseum.org.

 

⇒ Que a Palavra e a Luz de Nosso Senhor Jesus Cristo, que veio procurar e salvar o que estava perdido, ilumine o seu caminho! 

 

 

30º Domingo do Tempo Comum, Ano C, São Lucas

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⇒ Dia Mundia das Missões e da Infância Missionária 

Leituras: Eclo 35,15b-17.20-22a (gr. 12-14.16-18); Sl 33(34),2-3.17-18.19.23 (R. 7a.23a); 2Tm 4,6-8.16-18; 2Cor 5,19; Lc 18,9-14

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

 

Modelo de Oração

Lc 18,9-14

 

Meus irmãos e minhas irmãs, estamos no 30º Domingo do Tempo Comum, o quarto Domingo do Mês do Rosário e também do Mês Missionário, que tem como tema “A Igreja é missão” e como lema “Sereis minhas testemunhas” (At 1,8). Também coloquemos em nossas orações as intenções do Santo Padre, que neste mês, e em consonância com o espírito da sinodalidade (ou da comunhão da Igreja), roga por uma Igreja aberta a todos.

A Liturgia do 30º Domingo do Tempo Comum nos motiva a contemplar a atitude de humildade do publicano no ato da oração. E o Evangelho desta Liturgia está em Lc 18,9-14, sequência do Domingo passado.

Na Liturgia da Palavra deste Domingo, a Igreja nos oferta mais uma parábola, hoje é a parábola do fariseu e do publicano, em que Nosso Senhor conta para alguns que confiam na própria justiça.

Assim, continuamos ainda no tema da oração e a Palavra de Deus nos coloca diante de duas posturas do homem orante diante do Altíssimo. A Liturgia nos apresenta dois modelos de oração para nos ensinar que o centro da oração não somos nós mesmos, mas, da parte de Deus, a gratuidade e a misericórdia e, da nossa parte, a humildade.

Neste sentido, mesmo cumprindo todos os mandamentos, jejuando duas vezes por semana, participando diariamente da Missa, rezando o Terço, novenas, fazendo momentos de adoração e louvor, não podemos nos colocar na posição e no direito de julgar o outro, dizendo: não somos como os outros … (cf. Lc 18,11).

Nosso Senhor não está pedindo que deixemos nossas práticas espirituais e nem está elogiando os que não vivem a vida cristã e por isso levam uma vida moralmente incoerente. Contudo, Ele quer mostrar que o centro da oração deve ser sempre Deus, com Sua misericórdia e não as culpas do outro e, ao mesmo tempo, o nosso autoelogio.

Deus nos ensina sobre a nossa oração humilde, como nos fala o Eclesiástico: “A prece do humilde atravessa as nuvens: enquanto não chegar não terá repouso; e não descansará até que o Altíssimo intervenha e faça justiça aos justos e execute o julgamento” (Eclo 35,21-22).

Devemos refletir que, mesmo quando somos fiéis aos nossos compromissos e práticas orantes, continuamos pecadores e necessitados da misericórdia de Deus. Será que muitas vezes nos comportamos como aquele fariseu citado no Evangelho de hoje? Uma atitude de quem se considera o mais responsável, o mais correto, honesto e cumpridor das leis morais e se dizendo que não é como aqueles outros…

Ter uma vida moral e religiosamente correta é nosso dever, pois somos chamados pelo Batismo a ser sal e luz do mundo, um mundo que precisa da nossa presença com uma vida reta, que tenha sentido e que possa ajudar os outros a caminharem em direção à vivência da Palavra, no cultivo da justiça, do amor e da paz.

A postura do fariseu nos lembra o início das nossas celebrações, quando somos convidados a fazer um exame de consciência para dignamente ouvirmos a Palavra e nos alimentarmos do Corpo e Sangue do Senhor. Neste constante olhar sobre nós, numa postura e espírito de humildade, vamos crescendo na experiência do amor misericordioso de Deus. A nossa verdadeira oração está numa vida de humildade, de não julgamento dos outros, de escuta do Senhor e de confiança em Deus.

Já a Segunda Leitura desta Liturgia nos diz que será nossa felicidade e nossa graça chegarmos ao final da nossa caminhada terrestre e dizermos como São Paulo: “Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé. Agora está reservada para mim a coroa da justiça, que o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos que esperam com amor a sua manifestação gloriosa.” (2Tm 4,7-8).

E hoje, Dia Mundial das Missões e da Infância Missionária, ainda no mês do Rosário, rezemos por todos os missionários, os que estão perto de casa e os que estão longe de sua terra, talvez em outra nação, fazendo a Igreja ser missão e sendo testemunhas de Cristo (cf. At 1,8). Amém.

 

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

Dignos da Mesa do Senhor

 

A mesa do Senhor,
Tira-nos a autossuficiência,
Nos coloca em humildade
Questiona nossa consciência,
Alivia também nosso sofrer,
Purifica-nos para o bem viver,
No fundamento do Seu amor.
*
A mesa do Senhor,
Ensina-nos por onde prosseguir,
Dela o encontro com o Caminho,
E os passos do nosso existir,
Alimenta-nos com a Sua caridade,
Com a Palavra da fraternidade,
Livrando-nos do nosso rancor.
*
A casa do Senhor,
Convida-nos para nos encontrar,
Encontro de perfeita igualdade
Para pedir perdão em vez de julgar,
Para a pequenez reconhecer,
Na humildade que faz crescer,
Para voltar ao nosso labor.
*
No altar do Senhor,
Nossa oração se faz escutar,
Do mais profundo do nosso coração,
Porque o Senhor quer nos encontrar,
Num clima livre e de humildade,
Além das regras e legalidades,
Deve o coração está no fervor.
*
Que essa mesa e esse altar,
Ensine-nos, a autêntica oração,
Um olhar para nós mesmos
Na graça de Deus que é doação.
Que desapeguemos da prepotência,
E olhemos o outro na nossa prudência,
Deixemos que o Senhor possa justificar.
*
Que o nosso discipulado,
Seja construído na humildade,
Sem fingimentos e ilusões
Num caminhar de santa irmandade,
Que o outro seja sempre nosso irmão,
Para nos encontrar na comunhão,
Para por Deus sermos justificados.
*
Do farisaísmo Senhor, livrai-nos
Que proclamemos em nós a verdade,
Nosso ser e nossa essência,
Aquilo que é nossa espiritualidade,
Que afastemos nosso egoísmo,
E também nosso individualismo,
Do autojulgamento purificai-nos.

 

*   *   *

 

Obra: “The Pharisee and the Publican”, por J. Tissot (1836-1902). In brooklynmuseum.org

 

⇒ Que a Palavra e a Luz de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos ensina a contemplarmos a humildade na vida de oração, ilumine o seu caminho! 

 

 

29º Domingo do Tempo Comum, Ano C, São Lucas

Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Por uma Igreja aberta a todos ⇐
⇒ Ciclo das Rosas: 25º ano da atribuição do título de doutora da Igreja a Santa Teresinha, em 19 de outubro de 1997 
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Leituras: Ex 17,8-13; Sl 120(121),1-2.3-4.5-6.7-8 (R. cf. 2); 2Tm 3,14-4,2; Hb 4,12; Lc 18,1-8

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

 

Oração Perseverante

Lc 18,1-8

 

Meus irmãos e irmãs, estamos no 29º Domingo do Tempo Comum, o terceiro Domingo do Mês do Rosário e também do Mês Missionário, que tem como tema “A Igreja é missão” e como lema “Sereis minhas testemunhas” (At 1,8). Também coloquemos em nossas orações as intenções do Santo Padre, que neste mês, e em consonância com o espírito da sinodalidade (ou da comunhão da Igreja), roga por uma Igreja aberta a todos.

A Liturgia do 29º Domingo do Tempo Comum nos motiva a contemplar uma atitude de oração constante e de perseverança (cf. Lc 18,1). E o Evangelho desta Liturgia está em Lc 18,1-8.

Na Liturgia da Palavra deste Domingo, a Igreja nos oferta a parábola do juiz iníquo e da viúva inoportuna em que Nosso Senhor Jesus Cristo conta a seus discípulos “para mostrar-lhes a necessidade de rezar sempre, e nunca desistir” (Lc 18,1).

O sucesso na experiência de oração acontecerá exatamente quando houver a perseverança e a percepção da necessidade de sempre rezar. A oração, portanto, é este encontro com o Mistério, que é santo e infinito, o nosso Deus verdadeiro que está sempre pronto a nos encontrar e nos escutar.

Quando buscamos aprofundamento nos mestres espirituais, percebemos que rezar está muito além das petições, ou seja, dos pedidos, dos louvores, das fórmulas e dos textos decorados. Vemos que a oração é um diálogo com Deus, numa atitude filial, numa postura interior e de total confiança e entrega aos braços divinos. Claro que quando rezamos a Ave Maria ou o Pai-Nosso as palavras que proferimos são resultado de uma fórmula, mas o que Deus quer é que tomemos posse daquelas palavras e busquemos, no nosso coração orante, o fundamento e o sentido maior destas orações para nós cristãos.

A parábola do juiz iníquo e da viúva inoportuna nos ensina também que se deve orar suplicando a Deus sem cessar, porque Ele escuta o clamor dos seus filhos os quais confiam no seu amor, pois Ele fará justiça à todos que lhes suplicam dia e noite.

Na Primeira Leitura desta Liturgia, obtida no livro Êxodo (cf. 17,8-13), temos a experiência de Moisés na sua luta contra o inimigo, pois, para vencer, ele precisou ser forte e até mesmo necessitou do apoio do povo para manter seus braços erguidos na oração para que Israel vencesse os amalecitas.

Muitas vezes, também precisamos contar com a ajuda e as orações dos outros para nos mantermos firmes, perseverantes e obtermos a vitória. Portanto, irmãos e irmãs, temos um modelo de oração no sentido bíblico, para nos mostrar que é a fé no Deus verdadeiro, a perseverança e a força, também nossa, é que nos mantém na luta contra o mal.

Diante destas reflexões podemos nos perguntar: Como está a minha experiência de oração pessoal e comunitária? Qual a qualidade dos meus momentos de encontro com Deus? A nossa oração também suplica a justiça de Deus em favor dos irmãos que sofrem descriminação, desprezo, desemprego e muitos outros sofrimentos?

Como cristãos, discípulos do Senhor, devemos sempre nos perguntar se a nossa vida está marcada por uma atitude de oração pessoal e comunitária, tendo como base a Eucaristia, a meditação da Palavra do Senhor e a comunhão com os irmãos.

Devemos viver os momentos litúrgicos e eclesiais como combustíveis que nos alimentam e nos motivam em nossa caminhada diária, na nossa vida familiar, no nosso trabalho, nas interações sociais, na vida de comunidade e na nossa missão de ser sal e luz, em vista de um mundo mais fraterno e justo.

Recordamos que no próximo dia 23 de outubro a Igreja estará voltada para o Dia Mundial das Missões e da Infância Missionária e que nos dias 22 e 23 de outubro acontecerá a Coleta Missionária 2022-2023 e cada um de nós é responsável por propagar esse acontecimento, contribuindo assim para que a Igreja continue exercendo sua vocação missionária.

Que neste mês das missões possamos refletir que sem a oração verdadeira o discípulo não terá sucesso na evangelização, pois a oração fortalece o missionário e, ao mesmo tempo, o coloca consciente de sua caminhada em meio a tantos desafios a serem superados, sendo com amor e perseverança testemunhas do Senhor Jesus (cf. At 1,8). Amém.

 

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

Necessitados da Oração

 

Deixemos que o Senhor
Ensine-nos a rezar,
Com Sua santa Palavra viva,
Que ensina e incentiva,
Que anima a nossa vida,
Nas chegadas e partidas,
Com Sua força sem cessar.
*
Deixemos que o Senhor
Abra o nosso coração,
Com a força do Seu amor,
Com o Seu forte fervor,
Fazendo-nos perseverar,
Nossa vida iluminar,
Em profunda oração.
*
Façamos com o Senhor
Nossa forte oração,
Sem medo, sem desanimar,
Sempre e sempre a caminhar,
Na vida missionária,
Na vida também solidária,
Com e para os irmãos.
*
Fiquemos com o Senhor
A cada passo realizando,
Numa presença constante,
Caminheiro e caminhante,
Amigos em sinceridade,
Diálogo de lealdade,
Sempre, sempre retomando.
*
Sejamos com o Senhor,
Discípulos perseverantes,
Caminhando na esperança,
Em oração de confiança,
Nos braços do Deus amado,
Entregues e em nada reservados,
Totalmente confiantes.

 

*   *   *

 

Obras: (1) Fotos: © FreeBibleimages – CC BY-SA 4.0. In freebibleimages.org/photos/persistent-widow. (2) Imagem da Rosa: In gratispng.com/png-uj22en.

 

 

⇒ Que a Palavra e a Luz de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos ensina e nos motiva a contemplar uma atitude de oração constante e perseverante, ilumine o seu caminho! 

 

 

28º Domingo do Tempo Comum, Ano C, São Lucas

Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Por uma Igreja aberta a todos ⇐
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Leituras: 2Rs 5,14-17; Sl 97(98),1.2-3ab.3cd-4 (R. cf. 2b); 2Tm 2,8-13; 1Ts 5,18; Lc 17,11-19

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

 

Deus quer que Sejamos Colaboradores na Construção do Seu Reino

Lc 17,11-19

 

Meus irmãos e irmãs, estamos no 28º Domingo do Tempo Comum, o segundo Domingo do Mês do Rosário e também do Mês Missionário, que tem como tema “A Igreja é missão” e como lema “Sereis minhas testemunhas” (At 1,8). Também coloquemos em nossas orações as intenções do Santo Padre, que neste mês, e em consonância com o espírito da sinodalidade, roga por uma Igreja aberta a todos.

A Liturgia do 28º Domingo do Tempo Comum nos motiva a contemplar uma atitude de agradecimento a Deus pelas tantas graças que Ele realiza em nós e por nós. E o Evangelho desta Liturgia está em Lc 17,11-19, sequência do Domingo passado.

Na Liturgia da Palavra deste Domingo, a Igreja nos apresenta uma passagem do Evangelho Segundo São Lucas conhecido como “Os dez leprosos”. E dentre as principais chaves desta Liturgia temos a fé e a gratidão.

O Evangelho nos fala dos dez leprosos que foram curados por Jesus e a atitude de apenas um deles que se coloca aos pés do Senhor para bendizê-lo pela cura. Este, por sua vez, era um samaritano. E os samaritanos e os judeus tinham uma história de inimizade muito forte, tendo em vista que os samaritanos receberam influência de outros povos e por isso os judeus os consideravam impuros.

Podemos ainda nos perguntar por que o evangelista Lucas nos apresenta figuras externas ao contexto judaico. Um possível indicativo é que talvez queira nos comunicar que a salvação é para toda a humanidade, desde que haja o reconhecimento e o acolhimento, pela fé, do poder e da ação salvadora de Deus em suas vidas. Isto aconteceu com aquele samaritano que, recebendo a cura, volta ao Senhor e, numa atitude de fé e gratidão, se prostra aos pés e agradece não somente a restauração física, mas também pela cura total do homem, que é a salvação.

Na Primeira Leitura desta Liturgia, extraída do Segundo Livro dos Reis, a Igreja nos apresenta uma prefiguração do Evangelho, pois Naamã, o sírio, numa atitude semelhante à do leproso samaritana, segue o conselho do profeta Eliseu e mergulha sete vezes no Jordão e fica curado. Ele volta ao profeta, mas não somente para agradecer, senão também para reconhecer que há um só Deus que atende ao pedido dos seus filhos: “Agora estou convencido de que não há outro Deus em toda a terra, senão o que há em Israel!” (2Rs 5,15). Para a Igreja, uma verdadeira profissão de fé.(1)

A atitude de voltar para agradecer a Deus pelo Seu imenso amor deve ser própria dos cristãos. Talvez não tenhamos noção do quanto Deus age em nosso favor, de quantos livramentos Ele nos oferta, dos alimentos que nos dá para a nossa caminhada. Enfim, como é grande a sua misericórdia por nós. Para isso, basta que queiramos receber suas graças e o perdão que vem ao nosso encontro com imenso abraço de Pai.

Gratidão é o que precisamos exercitar no nosso cotidiano. Gratidão pela vida de cada dia, pelo nascer do sol a cada manhã, pelo encontro com os irmãos em cada momento de nossa vida, por nossos familiares, pelos nossos amigos, pela comunidade que nos faz fraternos, pelo nosso trabalho, pela coragem de enfrentarmos as adversidades da nossa existência e pelo imenso amor de nosso Deus que nos faz irmãos e seus filhos.

Portanto, irmãos e irmãs, gratidão é o gesto de querer voltar a Deus, sempre para a ação de graças (a Missa), para a escuta da sua Palavra que nos orienta no nosso caminhar, para nos reconciliar com Aquele que nos cura e nos coloca no nosso processo de conversão e para a Mesa (a Eucaristia) que nos alimenta no dia-a-dia, rumo à eternidade. Assim, a Igreja nos leva a fazer com que “a fé se torna ação de graças”.(2)

Neste sentido podemos lembrar a Segunda Leitura quando São Paulo nos diz: “Se com ele ficamos firmes, com ele reinaremos. Se nós o negamos, também ele nos negará. Se lhe somos infiéis, ele permanece fiel, pois não pode negar-se a si mesmo.” (2Tm, 2,12-13).

E neste mês missionário e mês do rosário voltemo-nos para o Senhor que caminha conosco e quer nos curar das enfermidades, sejam espirituais ou não. Ele quer que façamos parte do Seu rebanho, quer a nossa colaboração na construção do seu Reino. Como canta o salmista, “ele fez conhecer a salvação e às nações revelou sua justiça” [Sl 97(98)], pois seu amor e seu Reino são para todos os homens. Ele nos chama para este projeto universal e santo a cada momento. Amém.

*   *   *
(1) Cf. título da Primeira Leitura no Lecionário: “Naamã voltou para junto do homem de Deus, e fez sua profissão de fé.”
(2) Título obtido no “Missal Dominical – Missal da Assembleia Cristã” e presente na página destinada ao 28º Domingo do Tempo Comum, do Ano C. KOLLING, Ir. Miria Therezinha (coord). “Cantando os salmos e aclamações: anos A – B – C”. 13 reimp. Paulus: São Paulo, 2018, p. 242.

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

A Fé e a Gratidão do Discípulo

 

A fé nos dá o retorno
Para o abraço do Senhor,
Quando muito agraciados,
Por seu imenso amor,
Pois a cura será completa,
Quando a vida for repleta,
Das graças do Salvador.
*
Um retorno agradecido,
Pela cura operada,
Quando as tantas feridas
Já estiverem fechadas,
E então levantaremos,
E firmes prosseguiremos,
Com a vida agraciada.
*
Nossa salvação completa,
É nossa cura total,
A alma purificada,
E o corpo sem o mal,
Uma vida santificada,
Pra seguir a caminhada,
Ao reino celestial
*
Para seguir o Senhor,
Devemos agradecer,
Pelas suas santas bênçãos,
Que estão a acontecer,
Pois não temos nem noção,
Das graças que nos virão,
Para nos fortalecer.
*
É bom sempre retornar,
Com gesto de gratidão,
Pelo Pão na mesa santa,
E a vida em comunhão,
Viver a gratuidade,
Construir a unidade,
Em Deus e com os irmãos.
*
A fé é a grande chave,
Que nos faz sempre voltar,
Para ouvir a Palavra santa.
E o pecado confessar,
E também a perceber,
Tantas curas acontecer,
Nesse nosso caminhar.
*
Obrigado, ó Senhor,
Por seu Corpo em alimento,
Pelos imensos milagres,
Sua Palavra, o sustento.
Pois sua santa caridade,
Sua paz, sua bondade,
Cura nossos ferimentos.

 

*   *   *

 

Obra: “A Cura do Leproso”, por Harold Copping (1863-1932). In wahooart.com: “The Healing Of The Leper”.

 

⇒ Que a Palavra e a Luz de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos ensina e nos motiva a contemplar uma atitude de agradecimento a Deus pelas tantas graças que Ele realiza em nós e por nós, ilumine o seu caminho! 

 

 

27º Domingo do Tempo Comum, Ano C, São Lucas

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Leituras: Hab 1,2-3.2,2-4; Sl 94(95),1-2.6-7.8-9 (R. 8); 2Tm 1,6-8.13-14; 1Pd 1,25; Lc 17,5-10

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

 

Aumentando a Fé na Caminhada

Lc 17,5-10

 

Meus irmãos e irmãs, estamos no 27º Domingo do Tempo Comum, do Ano C, o primeiro Domingo do Mês do Rosário e também do Mês Missionário, que tem como tema “A Igreja é missão” e como lema “Sereis minhas testemunhas” (At 1,8). Também coloquemos em nossas orações as intenções do Santo Padre, que neste mês, e em consonância com o espírito da sinodalidade, roga por uma Igreja aberta a todos.

A Liturgia do 27º Domingo do Tempo Comum nos motiva a contemplar Nosso Senhor Jesus Cristo diante da forte súplica dos Apóstolos, que pedem: “Aumenta a nossa fé!” (Lc 17,5). E o Evangelho desta Liturgia está em Lc 17,5-10. sequência do Domingo passado.

Neste Evangelho os apóstolos caminham com Jesus para Jerusalém e, depois de terem ouvido sobre a misericórdia, a pobreza e a riqueza, sentem o desafio e as possíveis barreiras a serem enfrentadas no apostolado. E Jesus, vendo aquela fé “infantil”(1) dos apóstolos, vinda da tradição do antigo povo de Israel, responde: “Se vós tivésseis fé, mesmo pequena como um grão de mostarda, poderíeis dizer a esta amoreira: ‘Arranca-te daqui e planta-te no mar’, e ela vos obedeceria.” (Lc 17,6).

Na caminhada com o Mestre, os apóstolos necessitavam de aumentar fé, pois a experiência de segui-Lo em missão exigia um compromisso maduro e mais concreto, fundamentado numa resposta consciente de cada seguidor, a cada dia, a cada desafio, a cada crise. Caminhar com Jesus não era mais como seguir a tradição dos mestres da lei, que muitas vezes impunham normas e preceitos sem adesão das pessoas.

Para seguir Jesus, exigia-se novas atitudes de vivência religiosa e desta vez concreta e encarnada na vida, no contato com os doentes, com os pobres e com os marginalizados, também no embate com as lideranças políticas e religiosas daquela época. Isso exigia que a fé, mesmo pequena como um grão de mostarda, precisaria crescer, ter força de transformação, de movimento e de mudanças consistentes na vida de cada apóstolo.

Estas palavras de Jesus devem nos levar a refletir sobre a nossa necessidade de suplicar uma fé que seja mais sólida e que tenha a força das palavras do Evangelho, maior do que a fé infantil absorvida (e mesmo necessária!) nos primeiros anos de nossa catequese. E então podemos pedir: Senhor, aumenta a nossa fé, qualifica a nossa fé, torna a nossa experiência com o Senhor cada vez mais autêntica, como aquela que transformou a vida dos primeiros seguidores do Caminho, mesmo que ela seja tão pequena quanto um grão de mostarda.

E Jesus ensina sobre a necessidades de servirmos com humildade. “Quando tiverdes feito tudo o que vos mandaram, dizei: ‘Somos servos inúteis; fizemos o que devíamos fazer’.” (Lc 17,10). Neste sentido, é o crescimento de nossa fé como discípulos do Senhor que nos faz nos reconhecermos como servos inúteis ou simples servos.
Crescer na fé é uma graça que vem de Deus, com a nossa colaboração. Servir ao Senhor não nos dar o direito aos merecimentos, às honrarias, mas acessamos às bem-aventuranças por fazermos um caminho de discipulado e assim nos convertermos e ganharmos o Céu.

Vivemos num mundo que estimula os méritos, mas ser discípulos é se colocar na contramão desta concepção de merecimentos humanos. Ser um simples servo é ser discípulo em gratuidade e agradecimento por caminhar com Jesus e colaborar com o seu Reino e no anúncio de sua boa notícia.

Na Primeira Leitura desta Liturgia temos um diálogo entre o profeta Habacuc e Deus, que poderá nos ajudar nesta compreensão da experiência da fé. O profeta se queixa de tantos sofrimentos e problemas sem soluções. E Deus lhe responde no final: “Quem não é correto, vai morrer, mas o justo viverá por sua fé.” (Hab 2,4). O justo viverá pela sua fé, este é o segredo.

Já a Segunda Leitura, da Segunda Carta a Timóteo, nos ensina a vivermos sem medo ou timidez na estrada do Senhor. E diz São Paulo: “Pois Deus não nos deu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de amor e sobriedade.” (2Tm 1,7). O discípulo do Senhor não pode caminhar na insegurança, nem no medo. Ele deve caminhar e carregar no coração a esperança e como servo inútil buscar viver a sua fé numa dinâmica de crescimento do mandato recebido.

E no início do mês missionário e do Santo Rosário, peçamos ao Senhor que aumente a nossa fé e o nosso entusiasmo na missão. Também o nosso compromisso na evangelização, caminhando com Ele na construção do Reino de Deus. Mesmo reconhecendo que a nossa fé seja menor que um grão de mostarda, supliquemos ao Senhor que qualifique a nossa confiança, pois somos servos inúteis e necessitamos sempre da graça de Deus e, ao mesmo tempo, somos incapazes de corresponder plenamente ao que o Senhor nos favorece, porque seu amor além de ser incalculável é gratuito. Amém.

*   *   *
(1) A expressão “infantil” nos remete à uma vivência de adoração a Deus anteriormente a encarnação do Filho. Essa noção pode ser lida em Pagola (O caminho aberto por Jesus: Lucas. Petrópolis: Vozes, 2012, pp. 279-285).

 

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

Os Caminhos da Fé

 

Em missão vão os discípulos,
Junto ao Senhor que tanto os ama,
Suplicam a fé em quantidade,
Para que não se apague o fervor da chama,
Que se acendeu quando Ele os chamou,
E continua acesa por onde Ele caminhou,
Mas que por um momento já não inflama.
*
Ao perceberem os desafios do caminhar,
Pedem a fé para perseverar,
A confiança na rocha firme que é o Senhor,
Para na missão com pés firmes continuar,
Sem medo, sem desconfiança,
Mas na obediência e na esperança,
Que com o Senhor não irão desandar.
*
Hoje somos nós os seguidores,
Que pedem o dom da esperança e da alegria,
Com o peito marcado pelo fervor
Nas noites escuras, mas também ao dia,
Buscando ouvir a Palavra como alimentação,
Querendo viver sem desolação,
E seguindo a Luz que sempre alumia.
*
O Senhor nos chama a sempre caminhar,
E nos dá o seu Corpo que nos fortalece,
Nos chama a viver na comunhão,
Acolher seu Amor que nos enternece,
E o Santo Espírito sempre acolher,
Que a nossa vida quer aquecer,
Numa firme busca que se oferece.
*
E nesta vida de peregrinação,
Como servos inúteis vamos andando,
Aos passos lentos procurando entender,
Tudo que o Senhor vai nos ensinando,
Como na fé a gente vai crescendo,
Mesmo que no momento não entendendo,
Por que a vida santa se faz caminhando.

 

*   *   *

 

Obras: (1) “Santa Teresinha Visitando a Sagrada Família”, (autor desconhecido). In thesacredartgallery.com: “St. Therese Visiting The Holy Family by Old Masters”. (2) Imagem da Rosa: In <gratispng.com/png-uj22en>.

 

⇒ Que a Palavra e a Luz de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos ensina sobre a necessidade de aumentar a nossa fé para vivermos a experiência do discipulado e da missão, ilumine o seu caminho! 

 

 

26º Domingo do Tempo Comum, Ano C, São Lucas

 

Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pela abolição da pena de morte ⇐
⇒ Ciclo das Rosas: Tomada de véu de Santa Teresinha do Menino Jesus e da Santa Face, em 24 de setembro de 1890 
Mês da Bíblia 2022“O SENHOR, teu Deus, estará contigo onde quer que vás” (Js 1,9) ⇐
⇒ 5a semana: A memória dos prodígios de Deus como suporte para manter-se fiel à Lei do Senhor. 
⇒ Encerramento do Mês da Bíblia: Deus sempre está com o seu povo
⇒ Dia Nacional da Bíblia ⇐

 

Leituras: Am 6,1a.4-7; Sl 145(146),7.8-9a.9bc-10 (R. 1); 1Tm 6,11-16; 2Cor 8,9; Lc 16,19-31

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

 

No Amor de Cristo, Vencemos os Abismos entre os Irmãos

Lc 16,19-31

 

Meus irmãos e irmãs, o 26º Domingo do Tempo Comum, o quarto e último Domingo do Mês da Bíblia, nos motiva a contemplar Jesus que ensina sobre os abismos entre os homens. E o Evangelho desta Liturgia está em Lc 16,19-31.

No Evangelho de hoje, a Liturgia nos apresenta Nosso Senhor Jesus Cristo contando outra parábola, desta vez, dirigida aos fariseus. Trata-se da parábola do rico avarento e do pobre Lázaro. Nosso Senhor fala sobre duas realidades que envolvem o homem: a riqueza negativa e a pobreza. Num extremo, um homem rico que, vaidosamente, se vestia com belas e caras roupas; no outro, o pobre Lázaro ao chão, ferido, faminto e esfarrapado, diante da porta do rico avarento (cf. Lc 16,19-21).

A segunda cena deste Evangelho já não é mais no plano terrestre. Lázaro encontra-se “junto de Abraão” (Lc 16,22) enquanto que o rico está na “a região dos mortos, no meio dos tormentos” (Lc 16,23).

As realidades se invertem: Lázaro que padeceu na terra, está agora gozando da paz e da harmonia, porque mesmo vivendo na extrema miséria, confiou totalmente na graça divina. Já o rico, que não soube usar dos seus bens para ajudar o próximo, pecou pela indiferença e agora está nos tormentos.

Vejamos que, de forma mesquinha, o rico pede uma gota de água para refrescar a sua língua, como que não acreditando na abundância da graça divina, e ainda mais: pede não pelos os homens que estão na terra, mas, de forma egoística, apela pelos cinco irmãos. No seu abismo não há mais possibilidades de criar uma ponte para junto de Abraão (cf. Lc 16,26).

A riqueza no Antigo Testamento muitas vezes foi vista como se a benção de Deus se realizasse somente na dimensão da prosperidade ao homem fiel à promessa. Consequentemente, a pobreza era como uma maldição. Os tempos passaram e as riquezas materiais foram se tornando mais obstáculos do que acesso ao paraíso eterno.

Atualmente, parece que não mudou muito estas duas realidades, entre ricos avarentos e pobres. Diante disso, há sempre um abismo enorme, quase intransponível entre os filhos do mesmo Pai Divino. Ainda há muitas mansões e palácios luxuosos, ainda há muita ostentação e esbanjamento das riquezas materiais.

O pior é que ainda persiste o pecado da indiferença e do desrespeito para com a necessidade dos pobres. Há nas calçadas, nas ruas, nas portas, muitos famintos, doentes, sofredores e excluídos. Eles clamam por comida, por assistência médica e por justiça social. E é a realidade dos pobres que nos revelam e denunciam as feridas de um mundo desigual, excludente e opressor.

Diante disso, podemos nos perguntar: Como está a nossa atenção aos irmãos que estão na miséria, nas calçadas, feridos e sem a assistência que os humanos merecem? Como está a nossa relação com os bens materiais? As riquezas são possibilidades de aproximação ou de abismo em relação ao Reino de Deus?

O cristão é chamado a ser o agente de transformação desta realidade. Jesus nos chama a romper as portas da indiferença de nosso coração para construímos pontes de solidariedade, de justiça e de caridade no mundo.

E neste Dia Nacional da Bíblia, sejamos motivados pelo lema do Mês da Bíblia a abraçar a promessa que nos garante a presença de Deus conosco sempre. Diz o lema a parir do livro de Josué: “O SENHOR, teu Deus, estará contigo onde quer que vás” (Js 1,9). Também busquemos a intercessão de São Jerônimo, que viveu entre 347 e 420, para termos as Sagradas Escrituras presente em nossas circunstâncias, pois ele foi responsável por traduzir toda a Bíblia para o latim.

Podemos concluir, lembrando-nos do Salmo desta Liturgia, o qual mostra como Deus deseja que o homem trilhe pelo caminho do bem e, ao mesmo tempo, como Ele protege os sofredores, pobres materiais e espirituais, guiando-os na sua vida, porque ele reina e sempre vence o mal. “O Senhor é fiel para sempre, faz justiça aos que são oprimidos; ele dá alimento aos famintos, é o Senhor quem liberta os cativos. (…) Ele ampara a viúva e o órfão, mas confunde os caminhos dos maus. O Senhor reinará para sempre!” [Sl 145(146)]. Amém.

 

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

Abismos entre Irmãos

 

Há abismos angustiantes
Que nos separam do irmão,
Pelas nossas atitudes,
De egoísmo e de ilusão,
Este abismo é a indiferença,
Pelo orgulho e violência,
Contrárias à comunhão.
*
O que faz a nossa ponte,
Ao outro se ligar,
É o amor de nosso Deus,
Que nos faz ao Céu chegar,
Pois n’Ele somos irmãos,
Não depende a condição,
Em que cada um está.
*
Se andarmos na verdade,
Sem fraude e avareza,
Sem o contratestemunho,
Prepotência da riqueza,
Se a Cristo nos ligamos,
E firmes continuamos,
Ele chamará à mesa.
*
Quantos Lázaros a nossa espera,
Nas calçadas e portões,
Nas ruas e nas estradas,
Esperando nossas ações,
Esperando o grande amor,
Que vem de Nosso Senhor,
Pra quebrar as escravidões.
*
Em Deus está nossa paz,
Sua ponte é o amor,
Ele vence o nosso abismo,
Que nos causa tanta dor,
Sua graça é abundante,
Não só gota refrescante,
Ele é graça e esplendor.
*
Que a santa Palavra,
Alerte o nosso viver,
Sobre a ponte do amor,
Que precisamos erguer,
E atentos aos sofredores,
Sejamos os construtores,
Para o Reino acontecer.

 

*   *   *

 

Obras: (1) “The Poor Lazarus at the Rich Man’s Door” e (2) “The Bad Rich Man in Hell”, por J. Tissot (1836-1902), In brooklynmuseum.org. (3) Imagem da Rosa: In <gratispng.com/png-uj22en>.

 

⇒ Que a Palavra e a Luz de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos ensina e nos alerta sobre os abismos entre os homens, ilumine o seu caminho! 

 

 

25º Domingo do Tempo Comum, Ano C, São Lucas

 

Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pela abolição da pena de morte ⇐
Mês da Bíblia 2022“O SENHOR, teu Deus, estará contigo onde quer que vás” (Js 1,9) ⇐
⇒ 4a semana: Josué – exemplo de continuador da História da Salvação

 

Leituras: Am 8,4-7; Sl 112(113),1-2.4-6.7-8 (R. cf. 1a.7b); 1Tm 2,1-8; 2Cor 8,9; Lc 16,1-13 (mais longo) ou Lc 16,10-13 (mais breve)

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

 

Os Discípulos de Cristo são os Adoradores e Servidores do Único Deus

Lc 16,1-13 (mais longo) ou Lc 16,10-13 (mais breve)

 

Meus irmãos e irmãs, o 25º Domingo do Tempo Comum, o terceiro Domingo do Mês da Bíblia, nos motiva a contemplar Jesus que ensina aos seus discípulos a servir a Deus e não ao dinheiro. E o Evangelho desta Liturgia está em Lc 16,1-13.

No Evangelho de hoje, a Liturgia nos apresenta Nosso Senhor Jesus Cristo contando uma parábola que fala sobre o administrador infiel e esperto. Este administrador, refletindo sobre a sua demissão, usa uma estratégia para sair desta situação. Ele abre mão do seu lucro e desta forma consegue devolver o dinheiro que é do seu patrão (cf. Lc 16,5-7).

Jesus elogia a esperteza daquele administrador(1) e fala para seus discípulos: “Usai o dinheiro injusto para fazer amigos, pois, quando acabar, eles vos receberão nas moradas eternas” (Lc 16,9). Para Jesus, o dinheiro injusto poderia ser originado na exploração das pessoas. Porém, tal recurso também poderia ser usado a serviço da caridade e da vida dos pobres. Desta forma, os pobres, os bem-aventurados, poderiam acolher os ricos no Céu, porque estes colocaram suas riquezas a favor dos necessitados. Pois o Céu é daqueles que fizeram o bem e viveram a caridade na sua caminhada terrena (cf. Mt 25,34-40).

A parábola do administrador infiel é contada aos Seus discípulos (cf. Lc 16,1) mas tinha como ouvintes, também, alguns fariseus zombadores (cf. Lc 16,14). E o Senhor Jesus quer que eles, os discípulos, sejam fiéis no seguimento a Ele e na missão, pois eles serão administradores dos bens celestes e deverão carregar no coração a honestidade e a verdade da Palavra de Deus.

Na missão, os discípulos de Jesus deveriam também estar atentos com a mesma astúcia do administrador infiel, porém estando abertos à Sabedoria do Espírito Santo para administrarem os bens do Reino. Em nossa caminhada cristã, precisamos também da Sabedoria para sermos coerentes, em virtude do nosso testemunho e do serviço ao Evangelho.

Jesus também ensina que o seu discípulo é aquele que é fiel na administração das pequenas e das grandes coisas (cf. Lc 16,10). Também para ser discípulo é preciso que este ame a Deus como único Senhor (cf. Lc 16,13). O dinheiro pode ser cultuado como um deus (um ídolo) com muitos altares erguidos por todos os lugares deste mundo atual de um capitalismo tão selvagem. O dinheiro ser adorado e confundir o homem na busca do bem maior de sua existência, que é o sentido da sua vida e seu papel no mundo.

E através do profeta Amós, a Liturgia nos apresenta a situação de corrupção no séc. VIII a.C., durante o reinado de Jeroboão II na Samaria ou Reino do Norte. Amós denuncia principalmente o que a elite fazia no próprio Sábado, que era o dia sagrado, pois não tinham o menor escrúpulo em diminuir medidas, adulterar balanças, dominar os pobres com dinheiro e os humildes com pares de sandálias (cf. Am 5-6). Parece que o nosso mundo não mudou. Sempre existiu esta luta entre os filhos das trevas e os filhos da luz.

Hoje temos tantas situações parecidas com o que apresenta Amós, pois as fraudes comerciais, políticas e administrativas são visíveis. Nem sempre o dinheiro é usado a serviço das necessidades básicas e da concretização dos direitos os quais as leis nacionais e internacionais exigem que os governantes devam cumpri-las.

Também fiquemos atentos ao que nos ensina São Paulo na Primeira Carta a Timóteo: “Antes de tudo, recomendo que se façam preces e orações, súplicas e ações de graças, por todos os homens; pelos que governam e por todos que ocupam altos cargos, a fim de que possamos levar uma vida tranquila e serena, com toda piedade e dignidade. Isto é bom e agradável a Deus, nosso Salvador; ele quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade.” (1Tm 2,1-4).

Em tempos de campanha eleitoral e ainda o terceiro Domingo do Mês da Bíblia, rezemos pelos candidatos para que a disputa eleitoral não transforme o nosso país em uma terra arrasada, pois junto com o povo sempre esteve e sempre estará Deus, que é Senhor da História e como canta o Salmo nesta Liturgia “Louvai o Senhor, que eleva os pobres!”. Portanto, irmãos e irmãs, a nossa oração pelos que nos governam e o sincero propósito de crescermos na comunhão, na verdade e na honestidade, nos ajudará na construção do Reino de Deus, através do anúncio da Boa-Nova ao mundo. Amém.

*   *   *
(1) Cf. nota de rodapé referente a Lc 16,8 na Bíblia de Jerusalém.

 

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

Servir Somente ao Senhor

 

Mundo de tantos altares,
Onde o dinheiro é adorado,
Onde tantos estão focados,
Nas coisas materiais,
Tornando-se desiguais.
Como Deus será amado?
*
Jesus nosso Salvador,
É quem nos traz a lição:
Vivermos sem ambição,
As coisas não adorar,
Mas somente administrar,
Para o bem do nosso irmão.
*
Servir somente ao Senhor,
Como único e verdadeiro,
Não sendo interesseiro,
Sem o outro corromper,
Mas a ele oferecer,
O amor como primeiro.
*
Ser fiel no que lhe cabe,
Saber administrar,
Sem ao outro enganar
Viver com muito cuidado,
Para não ser condenado,
Quando Deus vier cobrar
*
Deus de amor Ressuscitado,
Curai nosso coração,
Pra não vivermos a ilusão,
De uma vida enganada,
Guia-nos na Tua estrada,
Que nos leva à salvação.
*
Abençoai todos aqueles,
Que estão sempre a servir,
Amando sem oprimir,
Que sabem administrar,
O que Senhor lhe confiar,
E os irmãos vivem a unir.
*
Espírito Santo de amor,
Iluminai nosso viver,
Faz-nos esclarecer,
Cada passo da estrada,
Nessa nossa caminhada,
Pois, o Céu queremos ver.

 

*   *   *

 

Obra: “Nosso Senhor Jesus Cristo”, de J. Tissot (1836-1902). In brooklynmuseum.org.

 

⇒ Que a Palavra e a Luz de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos ensina a servir a Deus e não ao dinheiro, ilumine o seu caminho! 

 

 

24º Domingo do Tempo Comum, Ano C, São Lucas

 

Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pela abolição da pena de morte ⇐
Mês da Bíblia 2022“O SENHOR, teu Deus, estará contigo onde quer que vás” (Js 1,9) ⇐
⇒ 3a semana: O cerco e a queda das muralhas de Jericó

 

Leituras: Ex 32,7-11.13-14; Sl 50(51),3-4.12-13.17.19 (R. Lc 15,18); 1Tm 1,12-17; 2Cor 5,19; Lc 15,1-32 (mais longo) ou Lc 15,1-10 (mais breve)

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

 

Deus Se Alegra, na Sua Misericórdia, com a nossa Volta para os Seus Braços

Lc 15,1-32 (mais longo) ou Lc 15,1-10 (mais breve)

 

Meus irmãos e irmãs, o 24º Domingo do Tempo Comum, o segundo Domingo do Mês da Bíblia, nos motiva a contemplar um pequenino aspecto da misericórdia de Deus: a Sua alegria com a conversão de um só pecador. E o Evangelho desta Liturgia está em Lc 15,1-32.

No Evangelho de hoje, a Igreja nos oferece todo o capítulo 15 do evangelho de Lucas, o qual nos apresenta a parábola da misericórdia, ou seja, a ovelha perdida, a moeda perdida e o filho perdido e o filho fiel.

As três narrativas, chamadas de parábolas da misericórdia, podem ser lidas como um todo. O pai, o pastor e a mulher, representam Deus. A ovelha perdida se relaciona com o filho perdido e achado. A moeda se relaciona com o filho mais velho. Estas narrações expressam a misericórdia de Deus para conosco.

O motivo pelo qual são contadas estas parábolas, está associado às críticas dos fariseus que diziam que Jesus fazia refeições nas casas de pecadores e, ao mesmo tempo, os acolhia.

Às vezes nos perdemos como a ovelha, outras vezes, sem que tenhamos muito domínio de nós, somos perdidos como a moeda. Isso em função dos caminhos de nossa existência. Considerando um contexto narrativo, a ovelha perdida pode ser sujeito ou objeto, mas a moeda perdida é um objeto. O pastor só encontra a ovelha quando esta se reconhece perdida, quando ela para de perambular e se afastar do redil. Já a moeda, que é objeto, só pode ser encontrada pela persistência da mulher.

Sendo ovelha (sujeito) ou moeda (objeto), precisamos da luz de Deus e da sua Palavra para nos reencontrarmos. E quando somos encontrados, haverá a alegria de outros, pois a experiência da volta para Deus é sempre uma alegria comunitária.

A ovelha perdida pode nos lembrar dos momentos em que, por um tempo, saímos da comunhão com o rebanho do Senhor e depois nos damos conta dos erros e queremos voltar porque o Senhor nos reencontrou e nos carregou nos seus ombros. Isso com imensa alegria e muito amor e Ele de volta ao encontro de seu rebanho.

Já a moeda nos remete aos momentos de noite escura, quando precisamos que Deus nos ache de qualquer forma, pois ficamos impotentes diante de uma crise de fé. Às vezes não conseguimos encontrar o sentido do caminho e nem nos encontrarmos mesmo estando na casa do Pai.

Na narrativa do Pai misericordioso, vemos o quanto é grande a alegria de Deus na volta do seu filho perdido. Assim Deus faz com cada um de nós quando retornamos aos seus braços. Somos sempre bem acolhidos no banquete da vida, na casa do Pai. Isto com cantos de alegria, com o anel da dignidade, vestes e sandálias novas e o abraço de Deus.

Outras vezes participamos do amor de Deus na realidade do filho mais velho. Este esteve sempre na casa do Pai, mas quis ficar distante da sua alegria. No retorno do seu irmão, o orgulho tomou conta do seu coração. Mesmo o Pai dizendo que ele estivera sempre na sua casa, mesmo tendo recebido o perdão constante de seu Pai o qual nunca o desprezou e nem o expulsou de sua casa, porque este filho também recebeu a herança.

Portanto, o Deus misericordioso que é apresentado nas três narrativas da parábola é o mesmo Deus que diante de Moisés desistiu da punição que havia ameaçado fazer ao povo de cerviz dura (cf. Ex 32,9.14), pois, pela sua misericórdia, permitiu a possibilidade do retorno dos seus filhos para o seu amor e sua graça.

Que neste mês da Bíblia possamos iluminar as nossas ações com a Santa Palavra que é luz para os nossos passos e guia na nossa vida de discípulos missionários do Senhor. Ele nos chama em cada Liturgia, em cada encontro com a sua Palavra, Ele nos chama para voltarmos sempre cada vez mais para sua Casa e para o Seu amor e por isso nos abraça na sua alegria de Pai misericordioso. Amém.

 

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

A Alegria da Volta

 

Quando na vida nos percebemos errantes,
E caminhamos por trilhas tão tortuosas,
Quando no abismo chegamos a cair,
Por atitudes e práticas faltosas.
Parar e procurar o que estava perdido,
Voltar um pouco o caminho percorrido,
É a ação mais necessária e corajosa.
*
Reencontrar o que no caminho se perdeu,
Com a luz que vem do eterno amor,
Limpar cada recanto para encontrar a pérola,
Que somente nos vem de Nosso Senhor,
Ele que na alegria nos quer voltando,
Nos acolhe e vai logo nos abraçando,
Por que é misericórdia e vê a nossa dor.
*
Como é bom sentir o abraço do supremo amor,
Que na alegria da volta nos dá o perdão,
Que até nos carrega nos seus ombros santos,
Para nos tirar dos males e da perdição,
E ainda faz festa na nossa chegada,
Porque nossa vida foi restaurada,
Livrou-se das correntes da escravidão.
*
E, agora como ovelhinhas reencontradas,
Ficaremos no rebanho que Ele colocou,
Partilhando a caminhada que Ele ofereceu,
Porque para a vida Ele nos retornou,
E o seu Corpo será nosso alimento,
Para não cairmos nos duros tormentos,
Que, por algum tempo, nos escravizou.
*
A alegria de Deus é nossa salvação,
Ele é Pai de misericórdia infinita,
Sua alegria maior é nos ver voltando,
Pois Ele corre, abre os braços e grita,
Porque vê seu filho que está chegando,
E sem explicações vai logo perdoando,
Oferecendo as joias e roupas mais bonitas.

 

*   *   *

 

Obras: (1) “The Good Shepherd” e (2) “The Lost Drachma”, por J. Tissot (1836-1902), In brooklynmuseum.org. (3) “O Retorno do Filho Pródigo”, por Rembrandt (1606-1669), In pt.wikipedia.org: “O_Retorno_do_Filho_Pródigo”.

 

⇒ Que a Palavra e a Luz de Nosso Senhor Jesus Cristo, que, com sua infinita misericórdia, nos ensina sobre a Alegria com a conversão de um só pecador, ilumine o seu caminho! 

 

 

23º Domingo do Tempo Comum, Ano C, São Lucas

 

Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pela abolição da pena de morte ⇐
Mês da Bíblia 2022“O SENHOR, teu Deus, estará contigo onde quer que vás” (Js 1,9) ⇐
⇒ 1a semana: Fidelidade à Lei recebida no deserto
⇒ 2a semana: Adesão ao povo de Deus pela fé ⇐

 

 Leituras: Sb 9,13-18 (gr. 13-18b); Sl 89(90),3-4.5-6.12-13.14.17 (R. 1); Fm 9b-10.12-17; Sl 118(119),135; Lc 14,25-33

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

 

O Cristão Diante do Amor e da Bondade do Mestre

Lc 14,25-33

 

Meus irmãos e irmãs, o 23º Domingo do Tempo Comum, do Ano C, o primeiro Domingo do Mês da Bíblia, nos motiva a contemplar mais uma dimensão do discipulado: o desprendimento assertivo em favor do Reino de Deus. E o Evangelho desta Liturgia está em Lc 14,25-33.

No Evangelho de hoje Jesus nos fala que o verdadeiro discípulo é aquele que responde ao Chamado com as seguintes prioridade: (i) prudência na resposta, (ii) desprendimento em relação à família e aos bens materiais e (iii) a atitude de abraçar a cruz no cotidiano, independente das circunstâncias e contingências. Tais prioridades são próprias do Chamado.

Ao aderir o Chamado de Jesus e interiorizar o espírito do Evangelho, cada um deve antes pensar, calcular nas exigências do seguimento. Por isso Jesus nos orienta: “…qual de vós, querendo construir uma torre, não se senta primeiro e calcula os gastos, para ver se tem o suficiente para terminar?” (Lc 14,28). O discípulo também precisa refletir sobre as condições de sua resposta, precisa ser prudente, ter consciência do que assume! O cristão não pode seguir o exemplo do construtor imprudente, do qual nos fala o Evangelho de Lucas. O cristão precisa refletir sobre sua escolha e decisão, para ver se dá conta naquilo que assumiu como vocação, como chamado e para viver isto como missão!

Outro tema deste Evangelho é o desprendimento: quando nos desapegamos das pessoas por amor ao Senhor, nos tornamos mais coerentes com o próximo, pois amar a Deus é também amar o irmão, é fazer o bem e evitar o mal, seja em relação ao próximo, seja em relação ao à natureza, na expressão do Papa Francisco, a “casa comum”, é estarmos a serviço por amor e não por carência afetiva ou por imposição. Quando nos apegamos a pessoas, alimentamos uma relação de idolatria, pois colocamos as pessoas no lugar de Deus.

Em sua natureza, o cristão deve ter o seu coração livre. Livre dos excessos de coisas que sufocam e desviam do caminho do amor. É claro que sempre precisaremos servir-nos de vários meios para os nossos compromissos de trabalho e de estudo, também para o lazer na nossa vida, porém, nunca estes deverão ser um obstáculo na experiência espiritual e na convivência humana. O Evangelho sempre nos pedirá que o nosso coração esteja livre para Deus, pois é neste sentido que somos livres para nos colocamos de braços abertos diante de nossas escolhas, como sentido e missão para a nossa existência.

Também é oportuno refletir que na vida pastoral, na vida eclesial podemos nos apegar ao serviço (ou ministério) como se fossem cargos de nossa propriedade e não da Igreja. Agindo assim haverá o grande perigo de tornarmos a Igreja estéril no crescimento do seu rebanho.

Portanto, coloquemos em nossos corações o apelo que o Senhor nos faz para nos esvaziarmos de nós mesmos e seguirmos com o coração livre para ouvir a sua Palavra e acolher o seu Amor. Tenhamos também a consciência e a sabedoria de que desapego faz parte de todos os ministérios da Igreja, pois todos são chamados a abrirem o coração para a experiência do desprendimento, pela pregação do Evangelho.

Que neste Mês da Bíblia possamos fortalecer cada vez mais o amor à Sagrada Escritura, através da leitura orante e constante, em vista de nossa permanente conversão e levando ao próximo a alegria dos que seguem o Senhor. Que a nossa alegria brote da Palavra de Deus, pela iluminação do Espírito Santo, como nos ensina o livro da Sabedoria: “Acaso alguém teria conhecido o teu desígnio, sem que lhe desses Sabedoria e do alto lhe enviasses teu santo espírito?” (Sb 9,17). Amém, amém, amém.

 

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⇒ POESIA ⇐

Ser Cristão, Ser Missionário

 

Ser cristão é ser discípulo,
Livre e desapegado,
De tudo que o aprisiona,
Não sendo escravizado,
É abraçar também a cruz,
Caminhar na santa Luz,
De Jesus, Ressuscitado.
*
Ser cristão é ir aos outros,
Levando a alegria,
Dos que seguem o Senhor,
Na vida de cada dia,
Deixando um pouco o seu lar,
Firme, sem desanimar,
Na paz e na harmonia.
*
Ser cristão é caminhar,
Com o amor no coração,
Enfrentando desafios,
No trabalho e na missão,
É estar também rezando,
E aos irmãos sempre ajudando,
Num gesto de gratidão.
*
Ser cristão é prosseguir,
Sempre a Palavra escutar,
Para crescer sempre mais,
No seguir, no caminhar,
É crescer na comunhão,
Na alegria com os irmãos,
Sempre, sempre a perseverar.

 

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Obra: “Ele passou pelas aldeias no caminho para Jerusalém”, de J. Tissot (1836-1902). In brooklynmuseum.org.

 

⇒ Que a Palavra e a Luz de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos ensina sobre o desprendimento assertivo em favor do Reino de Deus, ilumine o seu caminho! 

 

 

22º Domingo do Tempo Comum, Ano C, São Lucas

 

Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pelos pequenos e médios empreendedores ⇐
⇒ Mês Vocacional – 4º Domingo: pela vocação para os ministérios e serviços na comunidade ⇐
⇒ Dia Nacional dos Catequistas ⇐

 

Leituras: Eclo 3,19-21.30-31 (gr. 17-18.20.28-29); Sl 67(68),4-5ac.6-7ab.10-11 (R. cf. 11b); Hb 12,18-19; Mt 11,29ab; Lc 14,1.7-14

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

 

A humildade é a virtude que nos leva à Mesa do Reino

Lc 14,1,7-14

 

Meus irmãos e irmãs, no 22º Domingo do Tempo Comum vivenciamos o quarto Domingo do mês vocacional em que refletimos e rezamos pela vocação para os ministérios e serviços na comunidade e também Dia Nacional dos Catequistas. E neste Domingo, a Liturgia nos motiva a contemplar o ensino sobre a humildade nas palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo. E o Evangelho desta Liturgia está em Lc 14,1.7-14.

No Evangelho de hoje, o Senhor Jesus está na casa de um importante fariseu para fazer uma refeição, em dia de Sábado. A mesa está pronta, muitos convidados chegam e Jesus observa lugares não ocupados. Observa também os convidados. É de se supor a presença de outros fariseus e autoridades religiosas naquela casa, os quais ocupavam os lugares principais.

Há um ensinamento de Nosso Senhor diante daquela refeição no que se refere aos lugares à mesa e também aos convidados. Ele ensina sobre a humildade numa relação não somente do homem para com o seu semelhante, mas também do homem para com Deus. Na História da Salvação, a tradição valoriza a humildade como uma virtude cristã, pois é concretizada por Deus em seu próprio Filho, Jesus, que desceu à nossa miséria e caminhou conosco, não só nos ensinando, mas também sentido as dores do nosso pecado.

“Quem se eleva, será humilhado e quem se humilha, será elevado” (Lc 14,11). Este ensinamento, contido no texto de Lucas é de uma profundidade esplêndida. Pois humildade é se abaixar. Jesus desceu à terra (se abaixou), se igualou em natureza aos homens, menos no pecado, e foi mais longe: desceu à sepultura, viveu a experiência da morte, mas foi exaltado para vida infinita a fim de oferecer à humanidade a possibilidade da redenção eterna.

Jesus, Deus e homem, viveu a humildade como servo, lavou os pés dos discípulos para nos ensinar que precisamos também nos abaixar com o avental da humildade aos outros para servir. Parou para conversar com as crianças ficando no mesmo nível (físico) delas para acolhê-las e para nos dizer que é necessário viver como elas para participarmos da mesa do Reino.

Para nós, cristãos, faz-se necessário olharmos para a humildade de Deus, a humildade de Jesus, e nos enchermos dessa virtude cristã, pois o mundo do capital, da política e até das profissões parecem andar na contramão dessa força. Podemos nos perguntar: Como viver, neste mundo, a humildade a caminho do banquete do Reino? Como construirmos a fraternidade e inundar os corações das pessoas com os valores cristãos, sem que deixemos de ser eficientes, humanos e úteis no mundo do nosso trabalho?

A humildade verdadeira agrada a todos e leva a cada pessoa a meditar nesse valor. Quem é humilde coloca a sua função e eficácia a serviço dos outros. O motivo de alguém se tornar responsável por uma instituição, por um ministério, empresa ou outras responsabilidades na linha de frente, será de qualidade na medida em que esta se torna coerente. E deve ser construída na humildade, ou seja, na contramão da prepotência, abuso de poder e interesses egoístas.

Na escola da vida cristã, há muitos meios de aprendermos e aperfeiçoarmos no caminho da humildade, dependendo da opção que vamos fazendo pela vida. Por exemplo: na família, os cônjuges são chamados a se completarem e se construírem através da aceitação do outro, pelo diálogo, pelo perdão diário e de muitas vezes se abaixarem (pela humildade) um ao outro, para que o lar seja um ambiente de amor, de paz e de comunhão.

Não podemos esquecer o testemunho do clero, dos sacerdotes e diáconos, religiosos e leigos que, pela missão de levar o Evangelho aos outros, caminham junto com os injustiçados, os pobres, muitas vezes lavando os seus pés pela doação e defesa da justiça, da verdade, pela caridade e também pelo amor incondicional.

São tantos os exemplos concretos os quais podemos contemplar e seguir em frente para vivermos a humildade a caminho da mesa do Reino. Pois os últimos lugares são dos que querem viver com os mesmos sentimentos de Jesus, não somente para serem percebidos pelo dono da casa, mas porque esta postura indica o serviço e a doação cristã e não o egoísmo, prepotência e os interesses individuais.

E neste quarto Domingo do Mês Vocacional, e também na semana que o segue, devemos rezar para que os leigos que se dedicam, sobretudo com as verdadeiras virtudes heroicas, ao serviço da Igreja sem se descuidar de seus compromissos no mundo secular ou mesmo domésticos, sendo testemunhas como desejou Nosso Senhor quando instituiu Sua Igreja não para condenar, mas para salvar o mundo (cf. Jo 3,17;12,47). Rezemos ainda pelos catequistas, para que, neste Dia Nacional dos Catequistas e segundo ano da Carta Apostólica Antiquum Ministerium(1) que instituiu o Ministério laical dos Catequistas, eles possam ser edificadores da Igreja como exorta São Paulo na Primeira Carta aos Coríntios (cf. 12,28-31).

E os nossos parabéns e oração a todos os irmãos e irmãs leigos e leigas, que dedicam a algum serviço à nossa Igreja, que Deus vos abençoe. Amém.

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(1) Disponível em: <https://www.vatican.va/content/francesco/pt/motu_proprio/documents/papa-francesco-motu-proprio-20210510_antiquum-ministerium.html>. Acesso em: 27 ago. 2022.

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⇒ POESIA ⇐

Buscar a Mesa do Reino

 

Buscar a mesa do Reino,
É viver a humildade,
Caminhar na caridade,
Sem orgulho e sem rancor,
É viver primeiro o amor,
Que nos leva à santidade.
*
Buscar a mesa do Reino,
É olhar para o Senhor,
É viver o Seu amor,
Sem ser um interesseiro,
Não querer ser o primeiro,
E nem ser dominador.
*
Buscar a mesa do Reino,
É procurar sempre servir,
É a Jesus aderir,
Sem orgulho e prepotência,
É esperar na paciência,
O Reino que há de vir.
*
Buscar a mesa do Reino,
É viver a oração,
Sem esquecer a ação,
Mas na paz e na harmonia,
Cultivar a alegria,
Que é própria do cristão.
*
Busquemos esta Mesa Santa,
Que Jesus nos oferece,
Façamos a nossa prece,
Para sermos o sinal,
Do Seu amor filial,
Que nossa vida enternece.

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Imagem: “The Great Banquet” de E. Burnand (1850-1921).

 

⇒ Que a Palavra e a Luz de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos ensina servir na humildade, ilumine o seu caminho!