III DOMINGO DO TEMPO COMUM

ANO NACIONAL DO LAICATO

Leituras: Jn 3,1-5.10; Sl 24(25); 1Cor 7,29-31; Mc 1,14-20

POESIA

PESCADORES NO MUNDO

Dos mares e das redes pessoais,
Saem os discípulos com o Senhor,
Atendem o chamado sem protelação,
Abraçam o caminho com muito amor,
Suas vidas e seus atos se transformarão,
Estão a serviço com grande ardor,
Seguindo os caminhos da santa missão.

Serão pescadores no mundo dos homens,
Buscando a muitos para a conversão,
Aprendem com mestre como caminhar.
Pregando, curando e também a oração,
Para durante as jornadas não desanimar,
Porque desafios e tempestades enfrentarão,
Mas é preciso sempre e sempre continuar.

Mas uma coisa deverão aprender,
Que suas vidas primeiro precisam mudar,
Para o testemunho de homens eleitos,
Seus caminhos comuns precisam alterar,
Pelo contrário não viverão o preceito,
Que é viver o Reino e este implantar,
Tem que ter conversão não outro jeito.

E nós batizados também seus discípulos,
Queremos de nossas redes desapegar,
Seguir os caminhos para salvação,
Deixando que a Palavra venha nos moldar,
Não tendo medo da transformação,
Que o chamado venha nos causar,
Para seguir o Cristo e sua missão.

A missão é de Cristo por excelência,
Devemos apenas lhe obedecer,
Sendo discípulos no aqui e no agora,
Para sua obra deixarmos crescer,
Não fujamos e nem vamos embora
Porque ele chama a todos a se converter,
Porque o Reino chegou sua hora.

E na ceia, lugar do amor partilhado,
Todos os discípulos sempre reunidos,
Para o encontro da vida de união,
Alimenta-se na alegria e agradecidos,
Pois em Cristo, todos são irmãos,
Povo em missão e escolhido,
Vivendo na terra e no céu a comunhão.

 

HOMILIA

Pescadores no mundo da humanidade

Neste 3º domingo do tempo comum ouvimos do evangelista Marcos que Jesus segue em pleno movimento pregando a Boa-Nova do Reino tão esperado pelo povo de Israel. A Boa-Nova é: chegou o tempo do Reino, está próxima a realeza de Deus. Por isso todos devem se voltar para Deus através da conversão (cf. Mc 1,15).

E para que se expanda mais rapidamente o Reino, Jesus chama colaboradores para caminharem com ele na missão. Inicialmente ele compõe um quarteto de discípulos para ajudá-lo em sua obra salvadora: Pedro e André, Tiago e João. É interessante que estes primeiros quatro homens convocados por Jesus eram todos pescadores, estavam no mar, nas suas atividades profissionais (cf. Mc 1,16-19).

Imediatamente deixam seus afazeres e seguem o mestre… porque “é preciso pescar diferente e o povo já sente que o tempo chegou”[1]. De pescadores de peixe agora irão pescar pessoas para Deus, irão mudar suas vidas e a vida de tantos que abraçarem o caminho do Mestre. As relações familiares serão mudadas porque o caminhar com Jesus está acima dos apegos humanos.

Na primeira leitura, Jonas é o mensageiro de Deus para converter os moradores de Nínive e anuncia um prazo de 40 dias (cf. Jn 3). A mensagem de Jonas é forte e num dia de anúncio ele faz com que o povo mude de vida, evitando que a cidade seja destruída por causa do pecado.

Podemos refletir que quando se recebe uma mensagem da ação de Deus é necessário que logo venha à mudança de atitude, não dá para deixar para depois. Assim foi atitude dos ninivitas após a pregação de Jonas: “creram em Deus, convocaram um jejum e vestiram-se de panos de saco, desde o maior até o menor.” (Jn 3,5).

Abraçar o caminho do Senhor nos impele a mudarmos nossos hábitos, nossas ações e relações. Como os discípulos de Jesus, que deixaram a rotina das redes para serem seguidores, os ninivitas deixaram a rotina de pecado e transformaram a cidade em um lugar de paz e fraternidade, deixando que Deus conduzisse as suas vidas.

Nós cristãos também temos nossas redes particulares e que de diversas formas nos prendem ao nosso mundo pessoal, impedindo-nos de sair para caminhar na missão com Jesus. Mesmo sendo batizado, indo às celebrações semanais e praticando de certa forma a nossa religião, devemos nos perguntar se algo mais deva ser feito pelo Reino de Deus.

Paulo, na segunda leitura faz referência à brevidade do tempo dos homens. É preciso ficar atento porque as coisas terrenas passam e o amor de Deus precisa ser acolhido antes que seja tarde (cf. 1Cor 7,29-30). É urgente que aprofundemos nosso caminho com Cristo. Seja nossa vida matrimonial, celibatária ou de solteiros, faz-se necessário que o nosso olhar esteja em Deus, porque o tempo da graça de Deus chegou para vivermos com mais intensidade a experiência com Deus.

Peçamos ao Espírito Santo que nos fortaleça para que saiamos do nosso comodismo construído nas quatro paredes de nossas casas ou dos nossos templos. Faz-se necessário sairmos em movimento, escutando o chamado de Jesus e seguindo em missão, como os discípulos saíram e propagaram pelo mundo o Evangelho. Amém.

[1] Trecho da letra da música Há um barco esquecido na praia (Pe. Zezinho), Graça e paz, 1985, COMEP/Paulinas.