IV Domingo do Tempo do Advento, Ano C, São Lucas

 

Leituras: Mq 5,1-4a; Sl 80(79); Hb 10,5-10; Lc 1,39-45

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Maria: Exemplo de Caminheira, de Silêncio e de Espera

Lc 1,39-45

 

Meus irmãos e irmãs, a Liturgia do IV e último Domingo do Advento nos motiva a contemplar a Virgem Maria, a Mãe do Senhor, enquanto exemplo de peregrina e de espera ativa. E o Evangelho desta Liturgia está em Lc 1,39-45, passagem que está localizada na primeira parte do Evangelho segundo São Lucas intitulada “Nascimento e vida oculta de João Batista e de Jesus”.

Nesta Liturgia, Jesus, como fruto bendito, está no ventre da Virgem Maria (cf. Lc 1,42). E o evangelista Lucas nos apresenta duas mães e dois bebês fazendo uma ligação da Antiga com a Nova Aliança e com realidades cuja a esperança só faz sentido com a certeza do Anjo ao dizer que: “Para Deus, com efeito, nada é impossível.” (Lc 1,37).

É o caso da gravidez dessas duas mulheres: uma idosa e outra jovem, virgem. O ventre de Isabel guarda aquele que preparou os caminhos do Senhor, os caminhos de Jesus. Em Maria, sacrário santo e vivo!, Deus se encarna para recriar o homem à sua imagem e semelhança.

Depois, a Escolhida partiu, apressadamente, para visitar Isabel. No entanto, mais que uma visita, foi um ato missionário de quem está disponível a Deus, no silêncio e na escuta. Por isso, de uma forma ousada, podemos dizer que Maria é a poetisa de Deus, a mulher do alegra-te, pois o seu “sim” parte de uma íntima relação com o anúncio dos profetas. Não é fantasia de uma jovem, mas a consciência de que Deus, como declama no Magnificat, derruba os poderosos e exalta os humildes.

Quanto a Isabel, ela pode representar todas as mães e crianças que necessitam do cuidado de Deus para com os pobres. Já os pobres, como Isabel, são chamados a acolher a mãe de Deus e o Salvador em suas vidas.

A primeira leitura desta Liturgia nos recorda que o local do nascimento de Nosso Senhor seria em Belém. Diz a profecia de Miquéias: “E tu, Belém de Éfrata , pequena entre os clãs de Judá, de ti sairá para mim aquele que governará Israel.” (Mq 5,1). Já a segunda leitura, da Carta aos Hebreus, nos apresenta a ação, a missão e a identidade de Cristo, que veio para fazer a vontade do Pai. Diz o autor da Carta aos Hebreus: “E graças a esta vontade é que somos santificados pela oferenda do corpo de Jesus Cristo, realizada uma vez por todas.” (Hb 10,10).

A Liturgia de hoje, portanto, nos apresenta o exemplo de Maria, obediente ao chamado de Deus para colaborar com o Seu Plano de Salvação, mesmo que muitas situações não estejam tão claras. Entretanto, quando estamos cheios da Graça de Deus e de sua Palavra, nossa boca proclama naturalmente as maravilhas d’Ele, nossas ações são pautadas no amor e nossa vida é testemunho que quase sempre dispensam as palavras.

Chegando na metade do ciclo do Natal, que terminará no Batismo do Senhor, queremos recordar um fato da vida de Santa Teresinha, com quase 14 anos, e que marcou o início do terceiro período de sua vida, “o mais cheio de graças do Céu”, como disse a Florzinha de Lisieux.

Na noite do Natal de 1886(1), depois da Missa da meia-noite, estava ansiosa pelos presentes nos sapatos na lareira e ouviu, desavisadamente, de seu pai, que estava fatigado depois da Missa, um desabafo de que aquele seria o último ano das botas encantadas. Apesar de magoada e como que por um milagre, Teresinha terminou a noite alegre e aos pés de seu querido Rei, o seu pai, São Luís Martin (1823-1894) .

Peçamos, por fim, a intercessão de Nossa Senhora da Visitação, cultuada no dia 31 de maio, para que possamos receber o Espírito Santo, Espírito da caridade presente na viagem de Nazaré à casa de Isabel e fundamental para uma vida de oração e da caridade. Amém..

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(1) Esse episódio da vida de Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face está no livro História de uma Alma” (Manuscrito A, 45 r-v).

 

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⇒ POESIA ⇐

Mãe do Silêncio e da Escuta


No silêncio e na escuta do mensageiro,
Mas também questionando,
Entrega-se ao Senhor que forte lhe chama,
Coloca-se a disposição porquê muito ama,
Mãe de Deus e da humanidade,
Para Deus é toda gratuidade,
Como poetisa um poema exclama.
*
Apressada parte caminhando,
Nos caminhos longos das tantas montanhas,
Para viver a missão em caridade,
Sentindo o chamado em simplicidade.
Leva consigo o Deus criança,
Parte sem medo e com muita esperança,
Para servir com humildade.
*
Traz ao mundo o Verbo encarnado,
Na sua vida de exigente e de peregrina,
Carrega no colo com muita coragem,
Levando a sério a divina mensagem,
Por que será a mãe do Rei de amor,
Colaborando no Plano Salvador ,
Deus virá em carne, além da imagem.
*
Denuncia os tantos erros do mundo
Com o canto alegre de profecia,
Vê os poderes que machucam os humanos,
Percebe as riquezas do mundo como engano,
Quando são usados para oprimir,
Somente Deus poder corrigir,
A deficiência dos homens e os seus planos.
*
E nesta missão divina que recebeu,
É cheia de Graça em abundância,
Repleta da Palavra do Senhor,
Cantora dos pobres em sua dor,
Está consciente de sua missão,
Vive ativa e sem omissão,
É Mãe dos Apóstolos com pleno amor.

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Referência da (i) imagem principal: J. Tissot (1836-1902), In brooklynmuseum.org – “The Visitation” ; (ii) imagem da Coroa do Advento: In favpng.com/png_view/church-flags-clip-art-advent-wreath-advent-candle-png/GhCt00wb e (iii) Imagem das rosas: In <gratispng.com/png-uj22en>.


Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos motiva a contemplar a Virgem enquanto exemplo de peregrina e de espera ativa, ilumine o seu caminho!