XXX Domingo do Tempo Comum, Ano A, São Mateus

 

Leituras: Ex 22,20-26; Sl 18(17); 1Ts 1,5c-10; Mt 22,34-40

 

⇒ HOMILIA ⇐

O Amor ao Divino e ao Próximo

Mt 22,34-40

 

Meus irmãos e minhas irmãs, o mistério pascal da Liturgia do XXX Domingo nos motiva a amar a Deus e ao próximo. E o Evangelho para esta Liturgia está em Mateus 22,34-40.

“ ‘Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento!’ Amarás ao teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22,37.39). Eis o topo da hierarquia dos preceitos de Deus, quer Jesus apresenta, de uma forma simples, para as autoridades judaicas.

Havia, na época de Jesus, um esforço para determinar o mandamento mais importante entre os 613 preceitos[1]. A pergunta feita a Jesus é tendenciosa e tem o objetivo de pegá-lo em contradição. E Jesus, com base nas Escrituras, diz que há dois mandamentos que são maiores e que abrangem todos os outros: o primeiro é o amor total a Deus, com todo o nosso coração, com toda a nossa alma e com todas as nossas forças (cf. Dt 6,4-5); o segundo é o amor ao próximo, sem vingança e sem rancor (cf. Lv 19,18).

Com certeza os fariseus sabiam deste preceito, mas não o consideravam importante. Também a primeira leitura desta Liturgia faz referência ao amor ao próximo: “não oprimas nem maltrate o estrangeiro, pois fostes também estrangeiros na terra do Egito” (Ex 22,20). Um amor pelos sofredores e maltratados, os quais nem conhecemos e que precisamos acolhê-los como estrangeiros nas terras de nosso existir. Neste sentido, os judeus eram proibidos de desprezar um estrangeiro, uma viúva, um órfão.

E a resposta de Jesus é exatamente aquilo que ele vivia e nos testemunhou no alto da cruz. O amor a Deus e ao próximo tem uma dimensão que nos lembra exatamente a cruz: um amor máximo ao alto onde está o nosso Deus, o qual se expressa no culto verdadeiro e na escuta e obediência da Palavra, este amor vertical. O amor horizontal é o amor dirigido ao próximo que caminha conosco e é imagem de Deus que encontramos nele o próprio Cristo. Tudo isso estava escrito na Lei.

Amar a Deus e ao próximo é muito difícil nos dias de hoje, pois exige a experiência da prática caritativa de amor ao outro sem que ele nos ame. Jesus no ensina a transcender os sentimentos. Amar exige decisão. Esse amor que Jesus nos fala também é dirigido aos que não conhecemos pessoalmente, tais como os doentes nos hospitais, os presos, o povo da rua e os carentes. É neles que está escondido o Cristo crucificado pelos pecados humanos. Aqui, lembramos sobre o amor a Cristo no próximo, especialmente no faminto, no estrangeiro, no indigente, no doente, no prisioneiro (cf. Mt 25,35-36).

Que o Espírito Santo nos fortaleça para que amemos a Deus e também o próximo, como uma experiência profunda do amor total a Cristo, nossa rocha e Salvação.

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[1] Os 613 preceitos era uma lista de obrigações e proibições elaboradas pelos rabinos do tempo de Jesus a a partir da Sagrada Escritura. Eram 365 (como os dias do ano) proibições e 248 (como os membros do corpo) de ações a serem cumpridas (cf. ARMELINI, Fernando. Celebrando a Palavra: Ano A, Mateus. São Paulo: Ave-Maria, 2014, 9 ed. p. 366-371).

 

 

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⇒ POESIA ⇐

Amar a Deus e ao Próximo

Por que mentirmos,
Querendo amar a Deus que não vemos,
Deixando de lado os que conhecemos,
Numa atitude de bom cidadão,
Trazendo para si a ilusão,
E num culto vazio permanecemos?

Por que um agir pela metade?
Muitas vezes no ativismo afogado,
Deixando a Deus quase de lado,
Beirando assim o extremismo,
Caminhando quase no abismo.
Sem antes ter meditado?

O Senhor nos ensinará,
Que amar a Deus e ao irmão,
Não há erro nem contradição,
É o amor mais correto,
Verdadeiro e completo,
Que nos leva a salvação.

O Senhor também nos ensina,
Que seu amor é transcendente,
Para com o irmão diferente,
Sem nada descriminar,
Para poder lhe conquistar,
No agora, no presente.

 

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*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos motiva amar a Deus com toda a força e com toda a inteligência e ao próximo como a si mesmo, ilumine o seu caminho! ***