XXXIII Domingo do Tempo Comum, Ano A, São Mateus

 

Leituras: Pr 31,10-13.19-20.30-31; Sl 128(127); 1Ts 5,1-6; Mt 25,14-30

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Os Nossos Talentos e o nosso Encontro com o Senhor

Mt 25,14-30

 

Meus irmãos e minhas irmãs, o mistério pascal da Liturgia do XXXIII Domingo do Tempo Comum nos motiva a cuidar dos nossos talentos com vistas ao encontro com o Senhor. E o Evangelho desta Liturgia está em Mt 25,14-30.

Assim, neste penúltimo Domingo do Tempo Comum do ano A, a Igreja nos apresenta a parábola dos talentos, um texto que deve nos leva a pensar sobre o que o Senhor nos oferece, segundo a capacidade de cada um (cf. Mt 25,15).

Que comparação podemos fazer em relação a nossa vida de cristão no que se refere aos dons que Deus deixa sob os nossos cuidados? Não há imposição do que é deixado a cada empregado, porém cada um deve cultivar aquilo ficou aos seus cuidados, pois os resultados serão cobrados.

No retorno do patrão, tudo é prestado conta. Aos que fizeram render, são feitos elogios e o convite para participarem da alegria do Senhor. Ao empregado que, por medo, não produziu nada, este foi tratado como mau e preguiçoso e, ainda, foi-lhe tirado até o pouco que tinha.

Todos nós recebemos diversos talentos de Deus, habilidades a serem desenvolvidas e que deverão estar a serviço do próximo e da Igreja para que o bem seja semeado no mundo. São tantos os trabalhos pastorais e os serviços em favor da Igreja os quais o Senhor deixou a nossos cuidados. Ele voltará e irá nos alertar sobre a nossa preguiça, o nosso comodismo e a nossa indiferença. Pela atitude de não fazer nada, nós mesmos nos excluiremos das alegrias do Senhor.

Recebemos, pela Igreja, muitas graças: os sacramentos, a Palavra ofertada no ambão (o altar da Palavra), a promessa de salvação e os vários ministérios pelos quais participamos da Igreja do Senhor. No entanto, haverá um tempo em que o Senhor pedirá contas do que fizemos dos talentos que nos ofertou gratuitamente. Ele partiu após a ressurreição, mas continua presente nas ações litúrgicas, na Eucaristia (nas espécies eucarísticas e na pessoa do sacerdote) e também nos demais sacramentos, na Palavra proclamada, na assembleia orante (cf. SC, 7[1]).

Estamos à espera da volta do Senhor pois vivemos o tempo da Igreja. “Portanto, não durmamos, como os outros, mas sejamos vigilantes e sóbrios” (1Ts 5,6), nos alerta São Paulo. Ficar com nossos talentos escondidos sem que produza algo, terá como consequência a tristeza e a perda do pouco que temos.

O conselho do Senhor é que pelo menos coloque no banco aquilo que não fizermos render, ou seja, devolvermos à comunidade um ministério do qual somos incapazes de desenvolver e deixar que outros assumam para que a Igreja seja beneficiada com a dádiva de continuar crescendo o seu Reino já entre nós.

Coloquemo-nos diante de Deus como servos e acolhedores de seus talentos e peçamos o dom da sabedoria, para que possamos agir no temor do Senhor, como reza o salmo 128(127): “Felizes os que temem o Senhor e trilham os seus caminhos.” Sendo obedientes e fazendo render os dons que Deus nos confiou, evitaremos nos apresentar diante dele de mãos vazias.

***

[1] Sacrosanctum Concilium, Sobre a Sagrada Liturgia. Constituição do Concílio Vaticano II.

 

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⇒ POESIA ⇐

Os Talentos do Senhor

 

Os talentos do Senhor,
São a nós confiados,
Para o maior cultivo,
Pelo nosso incentivo,
No amor vivo e doado.

Os talentos do Senhor,
Quando são bem cultivados,
Brotam a fidelidade,
Também a santa bondade,
Dos servos compromissados.

Os talentos do Senhor,
Força do Reino na história,
Que se faz sempre crescer,
E também faz florescer,
A justiça e a glória.

Os talentos do Senhor,
Levam-nos a refletir,
Que o Senhor voltará,
E assim nos julgará,
Quando a todos reunir.

Os talentos do Senhor,
Levam-nos à caridade,
Faz fluir a alegria,
Que vem da sabedoria,
Da paz e da fraternidade.

E o Senhor vem reunir,
Não sabemos qual o dia,
Busquemos então cultivar,
Os dons que ele vem nos dar,
Na Palavra e na Eucaristia.

 

***

 

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos motiva a cultivar os nossos talentos dados gratuitamente por Deus, ilumine o seu caminho! ***

 

XXXII Domingo do Tempo Comum, Ano A, São Mateus

 

Leituras: Sb 6,12-16; Sl 63(62); 1Ts 4,13-18; Mt 25,1-13

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

Vigiar para o Encontro com o Senhor

Mt 25,1-13

 

Meus irmãos e minhas irmãs, o mistério pascal da Liturgia do XXXII Domingo do Tempo Comum nos motiva a estar vigilantes para o encontro com o Senhor. E o Evangelho desta Solenidade está em Mt 25,1-13.

“Ficai vigiando, pois não sabeis qual será o dia nem a hora” (Mt 25,13). O que se faz necessário para que sejamos vigilantes como nos fala Jesus? Será que a resposta ao chamado para a festa da vida, que se dá no culto e na missão, está alimentada pelo azeite, o amor, que alimenta a chama da fé para o encontro com o Senhor? Na realidade social podemos perceber comportamentos como as posturas das dez virgens no Evangelho desta Liturgia.

Esta Liturgia já nos encaminha para o final do Tempo Comum e nos reporta ao julgamento de Cristo, Rei do Universo. Por isso que o Evangelho nos motiva a refletirmos sobre o sentido da vigilância. E o que é ser prudente, ser vigilante, e carregar o azeite que mantem a acesa a chama da esperança para a chegada do Noivo? É exatamente viver alimentado pelo óleo do amor, da justiça e da presença do Espírito Santo.

Uns são mais prudentes na sua experiência de encontro com o Senhor pela oração e adoração. Outros vivem meio desligados do seu papel e mergulhados na desmotivação do sentido de sua existência em Cristo. Outros ainda estão alheios às exigências evangélicas. E um último grupo está centrado nas normas e no culto mais como uma obrigação do que como uma necessidade de encontrar com o Noivo e alimentar o sentido de sua vida.

E a imprudência? Como se apresenta hoje na vida do Cristão? Está na atitude que se dá pelo abandono dos valores do Evangelho; quando se banaliza e se relativiza os valores do Reino. Está na incoerência da pregação quando se proclama a prosperidade na aquisição dos bens materiais e no acúmulo do dinheiro. Também quando se abandona a prática da justiça e da caridade e se prega a Palavra em favor das conveniências pessoais e dos interesses individualistas e de dominação.

A Palavra de Deus nos pede que se proclame o amor, a justiça, a vida, a esperança, a fraternidade e a paz. Este é o conteúdo das nossas lâmpadas em virtude do encontro com o esposo da Igreja, Jesus Cristo ressuscitado, que sempre nos convida para a festa da sua Palavra e do seu Corpo.

A cada Eucaristia que nós participamos, nós abastecemos a lâmpada da fé, da esperança e da caridade para o encontro com o Senhor. Preparamo-nos prudentemente para a chegada do Noivo a cada encontro na comunidade, onde se partilha a Palavra de Deus e se reflete sobre a fraternidade, a comunhão entre os irmãos e a busca da justiça.

A ação missionária que constrói o Reino de Deus é outra maneira de se viver em vigilância para a grande festa da vida e da salvação. Cristo espera que todos estejam preparados para a sua chegada e com a lâmpada abastecida e o coração alegre para o encontro.

Acolhamos os conselhos da primeira leitura que nos indica que a Sabedoria, que é o próprio Deus, se deixa encontrar pelos que querem (cf. Sb 6,12-16). Com a Sabedoria o homem pode buscar o sentido, o azeite, o azeite da sua existência no mundo, como filho do Deus vivo que é puro amor e quer encontra-lo sempre para festa da vida e da comunhão.

 

***

 

⇒ POESIA ⇐

A Sabedoria em Vigiar

Vigiar é sabedoria,
Para seguir o Caminho,
Da prudência e do bem,
Dos que não vivem sozinhos,
Que abastecem o coração,
Com azeite da oração,
Na entrega e no carinho.

Vigiar é atenção,
À Palavra do Senhor,
Que é o Verbo da vida,
Repleta do pleno amor,
É viver sempre atento,
Pela escuta e seguimento,
Ele, o Noivo, o Salvador.

Vigiar é caridade,
Que se dá em nossa missão,
Na doação e na ajuda,
Em favor do nosso irmão,
É ser luz e sal da terra,
Plantar paz em vez da guerra,
Em favor da união.

Vigiar é prontidão,
Para a festa prometida,
Que se dá pela presença,
De Cristo e sua acolhida,
Que vem a qualquer momento,
Precisamos estar atentos,
Para o encontro da vida.

Vigiar é oração,
Que vem nos abastecer,
Com a chama da alegria,
Que nos ajuda a viver,
Dando à vida um sentido,
Ao caminho percorrido,
Para o Reino acontecer.

Vigiar é movimento,
Na santa Sabedoria,
É a busca do encontro,
Rumo à Eucaristia,
É viver sendo prudente,
E o Senhor que está presente,
Com o Evangelho da alegria.

 

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*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos motiva a estar vigilantes para o encontro com Ele, ilumine o seu caminho! ***

 

Solenidade de Todos os Santos

 

Leituras: Ap 7,2-4.9-14; Sl 24(23); 1Jo 3,1-3; Mt 5,1-12a

 

⇒ HOMILIA ⇐

Bem-Aventurados São os que Procuram o Senhor

Mt 5,1-12a

 

Meus irmãos e minhas irmãs, o mistério pascal da Liturgia da Solenidade de Todos os Santos nos apresenta as bem-aventuranças como programa para alcançar a realidade celeste composta pelos santos e santas de Deus. E o Evangelho desta Solenidade está em Mt 5,1-12a.

O Evangelho de Mateus (cf. 5,1-12) nos apresenta Jesus que, vendo as multidões, sobe à montanha e senta para proclamar as bem-aventuranças aos seus discípulos. A montanha, para o Antigo Testamento, é o lugar da manifestação de Deus. É na montanha que Deus fala com Moisés e lhe entrega o decálogo.

As bem-aventuranças nos ensina que, primeiramente, a santidade nos pede que sejamos discípulos de Cristo, na simplicidade, na humildade, com o pé no chão da vida e, sobretudo, no olhar atento às diversas situações do mundo, sejam elas econômicas, políticas, sociais ou religiosas. Sendo discípulo atento no mundo, faz-se necessário a nossa mansidão, a nossa fome de amor, a nossa sede de justiça e a nossa preocupação com a paz entre as nações.

Podemos nos perguntar: o que tem a ver comigo os atentados terroristas ou os conflitos no oriente médio? A violência nas cidades e no campo? A intolerância religiosa nos diversos recantos do mundo? Ser santo é estar atento a tudo isso.

Jesus ainda apresenta uma última bem-aventurança e desta vez mais exigente do que simplesmente estar atento às realidades humanas do mundo: serão bem-aventurados (felizes) os que forem perseguidos por causa da justiça, também serão bem-aventurados os que forem injuriados e caluniados por causa de Jesus (cf. Mt 5,10-12). A busca pela justiça e a experiência das consequências desta busca nos fará santos e nos levará aos Céus.

Finalmente não podemos esquecer que a vivência da santidade deve ser testemunhada no aqui e agora. Devemos ser mansos, justos, puros de coração, promotores da paz no grupo onde participamos, no nosso ciclo de trabalho, nas relações sociais e nos nossos campos de atuação, do nosso lar também. Pois é na família, no meio dos filhos, irmãos, cônjuges que precisa-se de santos e santas. Também entre os ministros ordenados e religiosos, na missão cristã de cada dia, precisa-se de santos e santos.

Santos e santas, pessoas que sejam sal, luz e fermento na massa, para aumentar cada vez mais a multidão dos bem-aventurados. Santos e santas que leiam e vivam a Palavra, que rezem e que sejam livres nos caminhos do Senhor e que façam o bem a todos em vista do Reino de Deus.

Portanto, é sendo santos que podemos nos juntar a incontável “multidão imensa de gente de todas as nações, tribos povos e línguas” (Ap 7,9), como nos fala São João na primeira leitura desta Solenidade. Esta busca de santidade deve ser sempre no Senhor, como discípulos missionários. Assim podemos citar também o final da segunda leitura: “Todo o que espera nele purifica-se a si mesmo, como também ele é puro” (1Jo 3,3). E concluímos com o refrão do salmo desta Solenidade: “É assim a geração dos que procuram o Senhor” [Sl 24(23)]. Sejamos, no meio do mundo, esta geração que procura o Senhor e que semeia o Evangelho para a santidade e salvação de todos.

 

 

***

 

⇒ POESIA ⇐

Quem é Santo…

 

Para buscar e viver a santidade
Deve-se trilhar nos caminhos do Senhor,
Estar atento à Palavra Sagrada,
Ser manso, justo e ter muito amor.
Deve-se viver as bem-aventuranças
Que Jesus nos deu como herança,
Que é centro do seu plano salvador.

A santidade não é coisa qualquer
Que a gente possa imaginar,
É caminhar no chão concreto da vida,
Não ter medo do que se possa encontrar,
Pois ser santo tem suas consequências,
Muitas vezes precisa-se paciência,
Para no mundo não desanimar.

No início da história dos cristãos,
Ser santo implicava muita ousadia,
Muitas vezes implicava ser devorado pelas feras,
Ou ser colocado em grelha com brasas que ardia,
Mas o santo em sua enorme dor,
Ainda carregava o senso de humor,
Quando o fogo em chama lhe consumia.

O ser santo é sempre destinado
Para toda pessoa que quiser,
Mas para isso é preciso requisito,
Pois, não se santifica de um jeito qualquer,
Pra isso é preciso ter vocação,
Não viver na fantasia e na ilusão,
Mas é possível para homem quanto para a mulher.

Tem que ter um coração de amor,
Ter muita paz e muita alegria,
Mesmo diante das tantas misérias,
Fazer da noite às vezes o dia,
Ser bondoso e de muita caridade,
Promover a paz e a unidade,
Onde há muitas vezes má sintonia.

Às vezes é também ser ignorado,
Não ser reconhecido ainda em vida,
Pois ser santo exige além do presente,
Vivendo o amor e uma paz refletida,
Carregar um coração aberto às ações divinas,
Acreditar noutra vida que não termina,
E em Jesus apostar o caminho e a lida.

Muitos viveram radicalmente a castidade,
Entregaram sua vida totalmente,
Sem de nada ter nem um apego,
Carregavam no corpo e em sua mente
Um coração entregue somente ao Senhor
Vivendo o trabalho na oração e no amor,
Vivendo no serviço às pessoas carentes.

Temos também que reconhecer
Que santos não são somente os do altar,
Temos tantos santos que não os conhecemos,
Por isso é preciso acreditar,
Que santo são todos os bem-aventurados,
Que viveram ou vivem o amor ao Bem-Amado,
Na esperança no céu e com Jesus morar.

 

***

 

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos motiva, com o auxílio das bem-aventuranças, a aspirar a corte celeste, ilumine o seu caminho! ***

 

XXX Domingo do Tempo Comum, Ano A, São Mateus

 

Leituras: Ex 22,20-26; Sl 18(17); 1Ts 1,5c-10; Mt 22,34-40

 

⇒ HOMILIA ⇐

O Amor ao Divino e ao Próximo

Mt 22,34-40

 

Meus irmãos e minhas irmãs, o mistério pascal da Liturgia do XXX Domingo nos motiva a amar a Deus e ao próximo. E o Evangelho para esta Liturgia está em Mateus 22,34-40.

“ ‘Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento!’ Amarás ao teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22,37.39). Eis o topo da hierarquia dos preceitos de Deus, quer Jesus apresenta, de uma forma simples, para as autoridades judaicas.

Havia, na época de Jesus, um esforço para determinar o mandamento mais importante entre os 613 preceitos[1]. A pergunta feita a Jesus é tendenciosa e tem o objetivo de pegá-lo em contradição. E Jesus, com base nas Escrituras, diz que há dois mandamentos que são maiores e que abrangem todos os outros: o primeiro é o amor total a Deus, com todo o nosso coração, com toda a nossa alma e com todas as nossas forças (cf. Dt 6,4-5); o segundo é o amor ao próximo, sem vingança e sem rancor (cf. Lv 19,18).

Com certeza os fariseus sabiam deste preceito, mas não o consideravam importante. Também a primeira leitura desta Liturgia faz referência ao amor ao próximo: “não oprimas nem maltrate o estrangeiro, pois fostes também estrangeiros na terra do Egito” (Ex 22,20). Um amor pelos sofredores e maltratados, os quais nem conhecemos e que precisamos acolhê-los como estrangeiros nas terras de nosso existir. Neste sentido, os judeus eram proibidos de desprezar um estrangeiro, uma viúva, um órfão.

E a resposta de Jesus é exatamente aquilo que ele vivia e nos testemunhou no alto da cruz. O amor a Deus e ao próximo tem uma dimensão que nos lembra exatamente a cruz: um amor máximo ao alto onde está o nosso Deus, o qual se expressa no culto verdadeiro e na escuta e obediência da Palavra, este amor vertical. O amor horizontal é o amor dirigido ao próximo que caminha conosco e é imagem de Deus que encontramos nele o próprio Cristo. Tudo isso estava escrito na Lei.

Amar a Deus e ao próximo é muito difícil nos dias de hoje, pois exige a experiência da prática caritativa de amor ao outro sem que ele nos ame. Jesus no ensina a transcender os sentimentos. Amar exige decisão. Esse amor que Jesus nos fala também é dirigido aos que não conhecemos pessoalmente, tais como os doentes nos hospitais, os presos, o povo da rua e os carentes. É neles que está escondido o Cristo crucificado pelos pecados humanos. Aqui, lembramos sobre o amor a Cristo no próximo, especialmente no faminto, no estrangeiro, no indigente, no doente, no prisioneiro (cf. Mt 25,35-36).

Que o Espírito Santo nos fortaleça para que amemos a Deus e também o próximo, como uma experiência profunda do amor total a Cristo, nossa rocha e Salvação.

***

[1] Os 613 preceitos era uma lista de obrigações e proibições elaboradas pelos rabinos do tempo de Jesus a a partir da Sagrada Escritura. Eram 365 (como os dias do ano) proibições e 248 (como os membros do corpo) de ações a serem cumpridas (cf. ARMELINI, Fernando. Celebrando a Palavra: Ano A, Mateus. São Paulo: Ave-Maria, 2014, 9 ed. p. 366-371).

 

 

***

 

⇒ POESIA ⇐

Amar a Deus e ao Próximo

Por que mentirmos,
Querendo amar a Deus que não vemos,
Deixando de lado os que conhecemos,
Numa atitude de bom cidadão,
Trazendo para si a ilusão,
E num culto vazio permanecemos?

Por que um agir pela metade?
Muitas vezes no ativismo afogado,
Deixando a Deus quase de lado,
Beirando assim o extremismo,
Caminhando quase no abismo.
Sem antes ter meditado?

O Senhor nos ensinará,
Que amar a Deus e ao irmão,
Não há erro nem contradição,
É o amor mais correto,
Verdadeiro e completo,
Que nos leva a salvação.

O Senhor também nos ensina,
Que seu amor é transcendente,
Para com o irmão diferente,
Sem nada descriminar,
Para poder lhe conquistar,
No agora, no presente.

 

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*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos motiva amar a Deus com toda a força e com toda a inteligência e ao próximo como a si mesmo, ilumine o seu caminho! ***

 

XXIX Domingo do Tempo Comum, Ano A, São Mateus

 

Leituras: Is 45,1.4-6; Sl 96(95); 1Ts 1,1-5b; Mt 22,15-21

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

O que é de César e o que é de Deus?

Mt 22,15-21

 

Meus irmãos e minhas irmãs, o mistério pascal da Liturgia do XXIX Domingo nos motiva a ofertar o melhor a Deus sem deixar de lado as obrigações terrestres. E o Evangelho para esta Liturgia está em Mateus 22,15-21, sequência do Domingo passado.

Nesta passagem, Mateus nos apresenta as autoridades judaicas tentando colocar Jesus em contradição (cf. Mt 22,16). Para isso, questionam a Jesus sobre a licitude do tributo a César. A resposta de Jesus se tornou como que um lema para os cristãos justificarem o papel da religião e o do poder político, ou seja, separar as coisas.

“Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus” (Mt 22,20). O que entendemos e como nos posicionamos sobre esta máxima evangélica? Podemos nos perguntar: o que pertence a Deus? A Deus pertence o ser humano e toda a Criação. Deus, que é amor, é fonte da justiça e da misericórdia. Por isso, Ele também é a fonte de tudo que o homem quer realizar de bom (para si, para o próximo e para mundo). Deus é único e só a Ele deve-se prestar culto (cf. Is 45,5). Os homens, mesmo os mais poderosos, serão sempre criaturas limitadas diante da grandeza de Deus. O homem, mesmo querendo ocupar o lugar de Deus, nunca agirá como Ele. Deus está acima de tudo o que é realização humana, com suas pretensões e motivações.

Agora, perguntemo-nos o que é de César? Podemos interpretar como sendo a administração das coisas deste mundo. Por exemplo, no tempo de Jesus, os impostos eram pagos ao imperador, que se considerava uma divindade. Os pobres viviam explorados pelos altos impostos (que também beneficiava os judeus ricos) e que não eram revertidos para a dignidade e a justiça social.

Hoje não é diferente. Há tantos “césares” que exploram nosso dinheiro. Por isso que os cristãos, sendo sal da terra e luz do mundo (cf. Mt 5,13), devem se posicionar na dinâmica política, a qual, na sua origem, tem o bem comum como objeto de trabalho. Deus quer que todos tenham vida digna. Compete ao poder político (e também aos ricos) acabar com a fome que atenta contra a digna das pessoas. Cabe aos cristãos pregarem a verdade, alertando e denunciando as injustiças cometidas pelos poderes políticos.

A Eucaristia tem a ver com o mundo além das paredes da Igreja. Nossa presença nas missas deve nos motivar a zelar por aquilo que é de Deus, para que o que é de “César” não tome o lugar das realidades divinas, ou ainda, para que não nos acomodemos e aceitemos as imposições dos poderes políticos que, de certa forma, fazemos parte.

Alimentemo-nos da mensagem de São Paulo aos tessalonicenses em que diz “diante de Deus, nosso Pai, recordemos sem cessar a atuação da vossa fé, o esforço da vossa caridade e a firmeza da vossa esperança em nosso Senhor Jesus Cristo” (1Ts 1,3). Que a alegria do Evangelho não seja abafada pelas injustiças e pelos discursos tendenciosos e enganosos. E que a fé, a esperança e a caridade estejam presentes nos corações humanos.

 

***

 

⇒ POESIA ⇐

Somos de Deus

A Deus toda nossa vida,
Porque somos todos Seu,
Não somos do poder do mundo,
Nem dos políticos “fariseus”,
Somos filhos muito amados,
Em Cristo todos banhados,
Vida nova Ele nos deu.

A Deus tudo o que existe,
Desde a sua Criação,
A natureza e o homem,
A justiça, a salvação,
A vida e a dignidade,
Amor e fraternidade,
Que geram a comunhão.

A Deus a Palavra santa,
Trazendo-nos o ensinamento,
Que alerta a cada filho,
A tê-la como alimento,
Pra o Evangelho anunciar,
Soltar a voz e denunciar,
Tudo que é sofrimento.

A César somente o que é seu,
Mas Deus sendo o primeiro,
Porque tudo Ele criou,
E nos faz os seus herdeiros,
Para os seus bens, o cuidado,
E os “césares” são subordinados,
Por isso são derradeiros.

São tantas as injustiças.
Dos governos atuais,
Dos recursos desviados,
Pelos esquemas mortais,
Surgem então os sofrimentos,
E o mundo em detrimento,
Padecendo sempre mais.

Somos todos convocados,
Para o Evangelho pregar,
Anunciando sempre a vida,
Que vem em primeiro lugar,
E sairmos em missão,
Vivendo a evangelização,
Com nosso profetizar.

Que a santa Eucaristia,
Venha nos dá a coragem,
De trilhar a santidade,
Buscando ser sua imagem,
E possamos oferecer,
Nossa fé, nosso viver,
Pregando a santa mensagem.

 

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*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos motiva a zelar por aquilo que é de Deus sem ignorar nossas obrigações com os “césares”, ilumine o seu caminho! ***

 

XXVIII Domingo do Tempo Comum, Ano A, São Mateus

 

Leituras: Is 25,6-10a; Sl 23(22); Fl 4,12-14.19-20; Mt 22,1-14

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

O Banquete Divino

Mt 22,1-14

 

Meus irmãos e minhas irmãs, o mistério pascal da Liturgia do XXVIII Domingo nos motiva a sermos dignos do convite do Senhor. E o Evangelho para esta Liturgia está em Mateus 22,1-14.

“O Reino de Deus é como a história do rei que preparou a festa de casamento do seu filho…” (Mt 22,2). Deus prepara uma festa e todos são convidados. É a festa da nova aliança, são as núpcias entre Cristo e a Igreja. O Pai nos oferece um banquete a cada Eucaristia, sinal de alegria e de esperança, onde são enxugadas as lágrimas de todas as faces, como profetizado por Isaías (cf. Is 25,6-10).

A parábola deste Evangelho nos fala que nem todos aceitaram o convite, isso função de preocupações diversas (cf. Mt 22,5). Assim devemos nos perguntar: cada um de nós, ao ser convidado para o banquete do cordeiro, a missa, prioriza ou tem alguma desculpa para não participar? Cada missa é um uma festa que nos traz alegria e força, onde todos são convidados a participar da mesma mesa, com o rei da vida e do amor.

O salmo 23(22) nos diz do cuidado e do carinho, com o qual Deus prepara o encontro conosco: “Preparais à minha frente uma mesa, bem a vista do inimigo, e com o óleo vos ungis minha cabeça; o meu cálice transborda…” Trata-se do Banquete onde os participantes são ungidos para viverem a festa e o encontro fraterno que se derrama uma alegria verdadeira, infinita e completa.

No entanto, a parábola nos fala dos primeiros convidados que rejeitaram o convite do rei. São as autoridades judaicas, que não aceitaram o Nazareno e o crucificaram como resposta ao que ele pregou e viveu.

Eles foram os primeiros convidados para acolher a Boa-Nova. Mas diante da resposta violenta, outros recebem o convite, sem discriminação: maus e bons (cf. Mt 22,10). E Deus perceberá se os convidados estão com a veste adequada. Ele poderá perguntar: “Amigo, como entraste aqui…?” (Mt 22,12). E a veste adequada é se preparar com toda a força, com toda a alma e com toda a inteligência (cf. Lc 10,27) para, depois de convidado, ser escolhido para estar no banquete. Também é preciso abandonar as falsidades, as invejas e as maldades diante do irmão, amando o próximo como a si mesmo (cf. Lc 10,27).

A proposta de Deus é ver toda a humanidade participando dignamente do banquete da comunhão e da fraternidade. Mas os convidados devem aceitar o chamado e, ao mesmo tempo, vestirem o traje adequado, que é fazer a vontade de Deus, praticar a justiça e viver a caridade, como nos ensina as palavras santas do Evangelho.

Que o Espírito Santo ilumine todos os missionários que vão diversos lugares do mundo, convidando a todos para a experiência do encontro dos irmãos no banquete com o Senhor.

 

***

 

⇒ POESIA ⇐

Deixar Ecoar o Convite do Senhor

Deixas que venha ecoar,
O convite do amor,
Pra festa plena da vida,
Chamado de Nosso Senhor,
Que quer te fazer acolhida,
E não te faltará comida,
No banquete do amor.

Deixas que venha ecoar
O chamado da alegria,
A invadir teu coração,
Da mais perfeita harmonia,
Na mesa da comunhão,
Onde todos são irmãos,
E que nunca se esvazia.

Deixas que venha ecoar,
A voz dos mensageiros,
Que o Pai quis enviar,
Os missionários caminheiros,
Que estão a convidar,
Os alertas a proclamar,
Aos irmãos e companheiros.

Deixas que venha ecoar
Por todas as encruzilhadas,
A voz para os excluídos,
E aos que são maltratados,
Os pobres e esquecidos,
Muitas vezes agredidos,
Mas que são por Deus amados.

Deixas que venha ecoar
O recado universal,
Que faz todos inseridos,
No Reino Espiritual,
Dos que foram acolhidos,
À festa do noivo unidos,
E na comunhão total.

Deixas que venha ecoar
O divino ensinamento,
Da aliança renovada,
Em Cristo, seu casamento,
Com a Igreja, sua amada,
Na nova nação congregada,
Pelo novo mandamento.

 

***

 

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos motiva a termos dignidade para estar no Banquete do Cordeiro, ilumine o seu caminho! ***

 

XXVII Domingo do Tempo Comum, Ano A, São Mateus

 

Leituras: Is 5,1-7; Sl 80(79); Fl 4,6-9; Mt 21,33-43

⇒ HOMILIA ⇐

Nós Somos a Vinha do Senhor

Mt 21,33-43

Meus irmãos e minhas irmãs, o mistério pascal da Liturgia do XXVII Domingo nos motiva a sermos a vinha do Senhor e não somente os vinhateiros. E o Evangelho para esta Liturgia está em Mateus 21,33-43, sequência do Domingo passado.

“O Reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que produzirá frutos” (Mt 21,43). Jesus, dirigindo-se às autoridades judaicas, anuncia as consequências da violência (física e moral) daqueles que maltrataram os enviados de Deus, que cuidou do povo da antiga Aliança e alertou dos erros e perigos que poderiam passar.

Os profetas foram porta-vozes da sua Palavra anunciando a esperança e propagando a fidelidade ao projeto de Salvação. O profeta Isaías faz referência à vinha criada por Deus: “Um amigo meu possuía uma vinha em fértil encosta. Cercou-a, limpou-a de pedras, plantou videiras escolhidas, edificou uma torre no meio e construiu um lagar; esperava que ela produzisse uvas boas, mas produziu uvas selvagens” (Is 5,2).

Muitos não acolheram os profetas. Preferiram torturar e assassinar a escutar os alertas no trato com a vinha. Apesar de tantas desobediências, Deus continuou amando e cuidando de sua vinha. Mas a prepotência dos vinhateiros produziu frutos selvagens e amargos.

Fiel à sua Criação, Deus envia o Filho para redimir a vinha, mas os vinhateiros não aceitam e assassinam o enviado. Entretanto, com a morte e glorificação do Cristo de Deus nasce uma nova vinha, é a “Igreja Santa, Templo do Senhor (…), cidade dos cristãos”[1]. Novos vinhateiros são escolhidos, os quais devem cultivar e, ao mesmo tempo, serem cultivados.

Como dito anteriormente: “O Reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que produzirá frutos.” (Mt 21,43). Nós somos a nova vinha, que deve dar frutos dóceis e doces, como a misericórdia, a justiça, a paz. Ao imitar Cristo, cuidaremos da vinha, diferente dos vinhateiros homicidas que aspiravam tomar posse daquilo que é de Deus.

Como vinha ou como vinhateiros devemos conhecê-Lo, dar culto agradável, fazer Sua vontade e orar sempre. Estamos inseridos em pequenas vinhas: família, grupos, comunidades, missões. Devemos, com atenção, cuidar de nossa parte na grande Vinha, que é o Reino de Deus.

Ao redor do banquete, recebemos o pão e o vinho, frutos do trabalho humano e, depois de consagrados, fonte para a nossa salvação. Devemos nos perguntar: como está a nossa condição de vinhateiros do Senhor? Estamos cuidando do terreno e zelando pelo cultivo para que dê frutos dóceis e doces, como a misericórdia, a justiça, a paz? Se não cuidarmos, outros poderão receber esse encargo de Deus.

E neste mês missionário, o qual trás o tema “A vida é missão” e o lema “Eis-me aqui, envia-me” (Is 6,8), elevemos nossas orações ao Senhor através do salmo 80(79), pedindo a proteção em favor da obra missionária da Igreja, da nossa perseverança e de nossa fidelidade de bons vinhateiros do Senhor. Tudo isso a serviço da vida e da paz, reconhecendo que, independente dos vinhateiros, “a vinha do Senhor é a casa de Israel”.

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[1] Marcha da Igreja (Reunidos em Torno), de David Julien, D. Carlos A. Navarro e Pe. Josmar Braga.

 

 

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⇒ POESIA ⇐

A Vinha é do Senhor

O divino dono da vinha,
Buscou terreno apropriado,
Cultivou com imenso carinho,
Como um agricultor dedicado.
Tirou todas as pedras e os espinhos,
A plantou e a cercou de cuidados.

Todo o amor foi para a sua vinha,
Pelo zelo da bela plantação,
Pelo amor e a sua beleza,
Pela guarda e pela proteção,
Construiu ao redor fortaleza,
No cultivo de sua plantação.

Confiando aos vinhateiros,
Sua vinha, a eles entregou,
Para quando na sua colheita,
Fazer o que planejou,
E ter suas uvas perfeitas,
Que ele feliz esperou.

Mas não se cumpriu o esperado,
Houve morte e a crueldade,
Vinhateiros mal intencionados,
Com o egoísmo e muita maldade,
Torturam o Filho amado,
E se apossaram da propriedade.

O Senhor nos fez sua vinha,
De amor Ele vem nos cobrir,
Seus cuidados vêm nos cultivar,
Seu carinho a nos invadir,
Misericórdia que vem nos salvar,
Seu Espírito a nos consumir.

Os seus frutos, a bebida nos traz,
Quando vier a colheita devida,
Ele nos quer vinhateiros do bem,
Pra cuidar de sua vinha querida,
E nós seus herdeiros também,
Para a paz e a festa da Vida.

Que na vinha sejamos irmãos,
A vivermos a obediência e o amor,
A justiça possa acontecer,
A Comunhão seja o nosso esplendor
E o egoísmo possamos vencer,
Porque a vinha é do Senhor.

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*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos motiva a produzir frutos dóceis e doces na Vinha do Senhor, ilumine o seu caminho! ***

 

XXVI Domingo do Tempo Comum, Ano A, São Mateus

 

Leituras: Ez 18,25-28; Sl 25(24); Fl 2,1-11; Mt 21,28-32

⇒ HOMILIA ⇐

Chamado à Vinha do Senhor

Mt 21,28-32

Meus irmãos e minhas irmãs, celebramos hoje o mistério pascal apresentado pela Liturgia do XXVI Domingo do Tempo Comum, em que o Senhor nos motiva a fazer a vontade de Deus. E o Evangelho para está Liturgia está em Mateus 21,28-32.

“Em verdade vos digo, que os publicanos e as prostitutas vos precedem no Reino de Deus” (Mt 21,31). As palavras de Jesus deve provocar em nós a reflexão sobre as nossas atitudes de discípulos. Nossa experiência, obediência e coerência.

Contemplamos, no Evangelho deste Domingo, Jesus que se dirige aos sacerdotes e anciãos (cf. Mt 21,31) com seus ensinamentos sobre o Reino de Deus, a vinha. Para eles a salvação estava destinada ao povo da primeira Aliança, que ouviu os profetas, mas que nem sempre foi fiel e agora rejeita o projeto salvífico do Filho que semeia um novo Povo de Deus. Aquela Jerusalém é o segundo filho.

Há outro filho, o primeiro, o que disse não, mas que depois foi trabalhar na vinha. Este pode ser os pagãos [como centurião que recebeu o milagre da cura do servo (cf. Mt 8,5-17)] ou os pecadores [como Mateus que era publicano ao receber o chamado (cf. Mt 9,9) ou a prostituta (que era pagã) Raab, que no Antigo Testamento é acolhida no Povo de Deus (cf. Js 6,23-25) e está presente na linhagem de Jesus (cf. Mt, 1,5)]. Por terem uma segunda chance, se transformam em testemunho vivo no caminho do Senhor.

Muitas vezes dizemos “Senhor, Senhor” em nossas orações, mas não levamos a vontade de Deus para o nosso comportamento (cf. Lc 6,46). Poderemos falar de caridade, mas na prática somos insensíveis e hostis. Isso significa dizer sim, mas não comparecer à vinha. Por outro lado poderemos cair no pecado de recusar a vontade de Deus, mas se nos arrependermos podemos buscar, na reconciliação, fazer esta vontade. Muitas vezes, nós mesmos somos os dois filhos. Nossa resposta positiva se dá na caminhada com Cristo.

Jesus é o Filho coerente o qual devemos seguir, imitar e dar testemunho. Diz São Paulo: Ele “existindo em condição divina, não fez do ser igual a Deus uma usurpação, mas ele esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-se igual aos homens” (Fl 2,6-7). Cristo viveu a entrega total ao Pai quando se encarnou no meio de nós, sendo obediente até a morte e morte de cruz (cf. Fl 2,8).

Devemos imitar o Filho e deixar que a sua pessoa faça parte de nossa vida, por inteiro. As comunidades cristãs são chamadas a viver o sim coerente ao projeto de salvação. Pelo batismo, somos chamados à vinha do Senhor. O nosso sim é a missão de cuidar da semeadura do Evangelho, da vinha, que é do Senhor.

E quando estivermos sentindo que, pelos nossos pecados, o nosso sim estiver fraco, precisamos, como nos ensina a Igreja, buscar fortalecer a fé, acessar os sacramentos, vigiar nosso comportamento e perseverar nas orações.

E neste último Domingo do mês da Bíblia peçamos a intercessão de São Jerônimo, presbítero e doutor da Igreja, o qual celebramos sua memória no próximo dia 30. Este santo traduziu toda a Bíblia das línguas originais para o latim. Que ele ajude a todos nós cristãos e aos estudiosos da Sagrada Escritura a sermos discípulos obedientes da Palavra. Palavra que se tornou carne e veio habitar no meio de nós, Jesus Cristo, nosso Deus e Senhor.

 

***

 

⇒ POESIA ⇐

Filhos do Não e do Sim

Está disponível para servir,
Ser coerente com o chamado,
De corpo e alma para vinha,
Como filho do Pai amado,
Dizer sim e confirmar,
Ao Evangelho semeado.

Buscar e viver o amor,
Prontos para anunciar,
Na vida da comunidade,
Vivendo prontos a partilhar,
Na vinha do nosso Deus,
Que está sempre a nos chamar.

Às vezes filhos dizendo não,
Quando o pecado vem a invadir,
E o coração querendo negar,
Por tantas coisas a infringir,
Fraquezas que vem e impedem,
A santa vinha querer servir.

Somos filhos que dizem sim,
Porque olhamos para o Senhor,
Que viveu a santa obediência,
Ao Pai Santo e vivo amor,
Porque a vinha veio cultivar,
Através do seu plano salvador.

A vinha precisa de trabalhadores,
Porque o dono os chama à colheita,
Para que se produza a alegria,
Que brota da fonte que é perfeita,
Jorrada da entrega do Santo fruto,
Que do Pai recebe a missão e aceita.

Busquemos em Cristo a obediência,
E aprendamos o sim e o servir,
Abraçando a missão confiada,
E a voz do Senhor sempre a ouvir,
Servindo à messe tão imensa,
Que o dono quer a todos reunir.

***

 

 

*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos motiva a fazer a vontade do Pai, ilumine o seu caminho! ***

 

XXV Domingo do Tempo Comum, Ano A, São Mateus

 

Leituras: Is 55,6-9; Sl 145(144); Fl 1,20c-24.27a; Mt 20,1-16a

⇒ HOMILIA ⇐

A Justiça de Deus

Mt 20,1-16a

 

Meus irmãos e minhas irmãs, celebramos hoje o mistério pascal apresentado pela Liturgia do XXV Domingo do Tempo Comum, em que o Senhor nos motiva a colocar a necessidade à frente do mérito. E o Evangelho para esta Liturgia está em Mateus 20,1-16.

Assim, os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos” (Mt 20,16a). Esta mensagem de Jesus nos conduz na contramão de uma sociedade que busca os interesses e o lucro acima de tudo. A justiça celeste vai além da justiça terrestre, pois é fruto do amor ilimitado de Deus. O agir de Deus com os filhos nos é apresentado na parábola dos operários da primeira e da última hora.

Para a inteligência humana (desordenada, manchada e empobrecida pelo pecado original[1]) é inadmissível que a remuneração daquele que trabalhou o dia inteiro seja a mesma do outro que trabalhou por apenas uma hora. Nesta parábola, em que Cristo descreve por analogia o Reino dos Céus, podemos tirar muitos ensinamentos.

Inicialmente, Mateus nos remete à palestina no tempo de Jesus, em que muitos marginalizados buscavam também a sua dignidade no trabalho. Contemplando a vida do povo, Jesus denuncia esta cruel realidade socioeconômica. Um segundo ponto nos é apresentado: a categoria dos trabalhadores da primeira hora, que se refere ao povo da primeira aliança, os judeus.

Jesus enfrentou muitas adversidades por ter acolhido pessoas que não faziam parte do grupo do povo considerado escolhido, o povo eleito. O novo Povo de Deus, pastoreado pelos Apóstolos e discípulos de Cristo, são os operários da última hora, os quais tem o mesmo direito ao Reino de Deus. São os que recebem o mesmo pagamento pela sua participação na vinha.

A atitude do patrão para com os empregados da última hora é de generosidade e de misericórdia e não de injustiça. Ele cuida de todos com amor. Isaías nos diz em seu texto: “meus caminhos tão acima dos vossos caminhos e meus pensamentos acima dos vossos pensamentos, quanto está o céu acima da terra” (Is 55,9).

Somente uma vida marcada pela adesão ao caminho de Jesus poderá nos colocar ao lado do patrão que paga a todos igualmente sem se importar com o tempo de cada um. O nosso serviço à Igreja é gratuito. Não podemos cobrar de Deus o tempo gasto na vida pastoral. Deve-se dar graça por todo tempo com o Senhor, seja por experiência ou por aprendizados na vida cristã.

Devemos acolher quem está iniciando um processo de encontro com Jesus, seja criança, jovem ou idoso. Eles também são os operários de última hora. Eles têm o mesmo direito às dádivas de Deus do que os que chegaram nas primeiras horas.

“Só uma coisa importa: vivei à altura do Evangelho de Cristo” diz São Paulo aos filipenses (Fl 1,27a). É o amor ao Evangelho que nos permite compreender os pensamentos de Deus. Viver a palavra de Jesus é, portanto, ter a postura justa e amável, pelo bem dos irmãos.

E neste terceiro Domingo do Mês da Bíblia rezemos por todos os operários que escutaram a Palavra do Senhor e foram convidados para trabalhar na Sua vinha. Que possamos abraçar cada vez mais aquilo que Deus nos ensina sobre a sua justiça e seu amor. Rezemos com o salmo: “É justo o Senhor em seus caminhos, é santo em toda obra que ele faz” [Sl 145(144)]. Busquemos a santidade do Senhor para sermos sinais do Reino dos Céus no nosso cotidiano.

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[1] Cf. Catecismo da Igreja Católica, números (i) 402-406 (consequências do pecado de Adão e Eva para a humanidade); (ii) 1250 (o Batismo de crianças), 1607 (o pecado como rompimento da comunhão original em Adão e Eva) e 1609 (o sacramento do Matrimônio como instrumento de misericórdia para restaurar a comunhão original) e (iii) 1707 (a mancha do pecado original na alma feita perfeitamente por Deus), 2259 (morte de Abel) e 2515 (definição e tipos de concupiscência). Disponível em: <http://www.vatican.va/archive/cathechism_po/index_new/prima-pagina-cic_po.html>.

 

 

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⇒ POESIA ⇐

Os Pensamentos do Senhor

Os pensamentos do Senhor,
Dos nossos estão distantes,
Porque são todos perfeitos,
Retos e também constantes,
Transformam a nossa existência,
São justiça e paciência,
Amáveis e fascinantes.

A justiça do Senhor,
Nasce da sua bondade,
Das ações do acolhimento,
Nas tantas realidades,
Acolhe quem está chegando,
A todos o amor doando,
Além das nossas verdades.

O agir do nosso Deus,
Quer a todos converter,
Sendo bom e generoso,
Para o seu reino crescer.
Assim são seus pensamentos,
Não importa o momento,
Quer sua vinha colher.

O amor de nosso Deus,
Nos chama pra sua a missão,
Trabalhar na grande messe,
Pela evangelização,
A Sua justiça pregar,
Seu amor testemunhar,
Em favor da salvação.

Somos todos operários,
Qualquer hora convocados,
Não importa quem nós somos,
Nem quando somos chamados,
O importante é atender,
O caminho percorrer,
Para ser recompensado.

Que a Santa Eucaristia,
Tire nossa ambição,
Nossa inveja e ciúme,
Que nos leva a perdição,
E que na comunidade,
Se viva a fraternidade,
Amor, vida e união.

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*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos ensina como é o Reino dos Céus, ilumine o seu caminho! ***

 

XXIV Domingo do Tempo Comum, Ano A, São Mateus

 

Leituras: Eclo 27,33-28,9; Sl 103(102); Rm 14,7-9; Mt 18,21-35

 

⇒ HOMILIA ⇐

Perdoar sem Limites

Mt 18,21-35

Meus irmãos e minhas irmãs, celebramos hoje o mistério pascal apresentado pela Liturgia do XXIV Domingo do Tempo Comum, em que o Senhor nos motiva a perdoar ilimitadamente. E o Evangelho para esta Liturgia está em Mateus 18,21-35, uma sequência ao Evangelho do Domingo passado.

“Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim?” (Mt 18,21). Esta é a pergunta do discípulo que quer acertar na caminhada com Jesus. Porém, a pergunta de Pedro expressa ainda a limitação do quanto deve-se perdoar o irmão. E a resposta de Jesus [“Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete” (Mt 18, 22)] vem carregada de sentido, pois, o número sete, na Bíblia, quer dizer completude, perfeição. Portanto, Jesus nos motiva a praticar 0o perdão perfeito.

O que seria do mundo, se não houvesse o perdão entre os humanos? O que seria da comunidade cristã, se a vida de cada membro não tivesse o precioso sacramento da confissão? E se Deus colocasse limites, quando durante a nossa vida, fôssemos pedir o perdão ou a confissão ao sacerdote? O amor de Deus por nós é insuperável e infinito. Ele não leva em conta as nossas imperfeições e limitações. O amor de Deus é incondicional.

Em nossa vida fraterna em Cristo há falhas e misérias, mas a convivência (interna e externa) é sustentada pelo perdão. Deus é esse Pai (o patrão da parábola que nós ouvimos no Evangelho), esse patrão que perdoa as nossas dívidas e nos liberta da escravidão, para prosseguirmos a vida (cf. Mt 18,27). Ao sairmos do confessionário, não devemos fazer como aquele empregado da parábola, que ao ser perdoado e libertado ele foi incapaz de perdoar o seu irmão (cf. Mt 18,30). A sua insensibilidade o cegou e o encaminhou de volta a escravidão.

O perdão será sempre a atitude que vencerá a vingança, a violência e os ressentimentos contra o irmão. Neste sentido o livro do Eclesiástico nos dirá: “Perdoa a injustiça cometida por teu próximo: assim, quando orares, teus pecados serão perdoados” (Eclo 28,2). A vida em santidade será sempre esse empenho na busca do perdão. Perdão de mim, do outro e de Deus, como também perdoar quando necessário, numa atitude de dentro para fora. Esta é a exigência do ser cristão, como nos fala São Paulo: “… vivos ou mortos, pertencemos ao Senhor. Cristo morreu e ressuscitou exatamente para isto, para ser o Senhor dos mortos e dos vivos” (Rm 14,9). Viver em Cristo e para Cristo é colocar em prática a oração que ele nos ensinou: “Perdoai a nossas dívidas [nossas ofensas], assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido” (Mt 6, 12).

Portanto, o perdão é que nos impulsiona a seguirmos na nossa experiência, seja na família, na pastoral ou na sociedade, a responder ao nosso chamado vocacional, como rocha e não como pedra de tropeço. O perdão não significa ser conivente com as injustiças, mas indica a possibilidade de ressignificação da nossa vida. O perdão fortalece a conversão, o levantar e o recomeçar da nossa existência.

E neste segundo Domingo do Mês da Bíblia peçamos as luzes ao Espírito Santo, para que a sabedoria do Evangelho seja nossa força motriz na vivência do perdão, por que ele “é bondoso, compassivo e carinhoso. Pois ele te perdoa toda culpa, e cura toda a tua enfermidade; da sepultura ele salva a tua vida e te cerca de carinho e compaixão” (Sl 102/103).

 

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⇒ POESIA ⇐

O Perdão Total

 

Perdão de Deus sem se limitar,
Que na prática não quer se enumerar,
E quantos retornos é preciso fazer,
Quando as quedas vêm a acontecer.
Porque o importante é a conversão,
Que tira o filho da confusão,
Para o seu caminho de novo fazer.

Perdão de Deus que se dá no amor,
É o perdão que não guarda rancor,
Que se dá pela santa e forte acolhida,
Na misericórdia sempre vivida,
Na história ativa de um caminheiro,
Deus presente como um companheiro,
Que abraça no retorno que traz à vida.

Perdão de Deus que vem nos reconstruir,
Para que o caminho possa-se prosseguir,
Buscando na trilha de santidade,
Que se faz na vida de humildade,
Perdoando sempre e sempre perdoando,
Abraçando e também abraçado,
Para retomar a fraternidade.

Perdão de Deus que promove a paz,
Na busca do Reino que se refaz,
Quando a violência quer sufocar,
E o ser humano quer escravizar,
Impedindo a vida de comunhão,
Que se faz viva no vinho e no Pão,
E a comunidade a sustentar.

Perdão de Deus para a humanidade,
Que vence as guerras e atrocidades,
Lição divina para o mundo ver,
Para as nações a paz promover,
E as injustiças e opressões,
Sejam vencidas nos corações,
Para o Reino de Deus acontecer.

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*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que nos propicia acesso à Sabedoria para perdoar ilimitadamentea, ilumine o seu caminho! ***