26º Domingo do Tempo Comum, Ano C, São Lucas

 

Intenções do Santo Padre, o Papa Francisco: Pela abolição da pena de morte ⇐
⇒ Ciclo das Rosas: Tomada de véu de Santa Teresinha do Menino Jesus e da Santa Face, em 24 de setembro de 1890 
Mês da Bíblia 2022“O SENHOR, teu Deus, estará contigo onde quer que vás” (Js 1,9) ⇐
⇒ 5a semana: A memória dos prodígios de Deus como suporte para manter-se fiel à Lei do Senhor. 
⇒ Encerramento do Mês da Bíblia: Deus sempre está com o seu povo
⇒ Dia Nacional da Bíblia ⇐

 

Leituras: Am 6,1a.4-7; Sl 145(146),7.8-9a.9bc-10 (R. 1); 1Tm 6,11-16; 2Cor 8,9; Lc 16,19-31

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

 

No Amor de Cristo, Vencemos os Abismos entre os Irmãos

Lc 16,19-31

 

Meus irmãos e irmãs, o 26º Domingo do Tempo Comum, o quarto e último Domingo do Mês da Bíblia, nos motiva a contemplar Jesus que ensina sobre os abismos entre os homens. E o Evangelho desta Liturgia está em Lc 16,19-31.

No Evangelho de hoje, a Liturgia nos apresenta Nosso Senhor Jesus Cristo contando outra parábola, desta vez, dirigida aos fariseus. Trata-se da parábola do rico avarento e do pobre Lázaro. Nosso Senhor fala sobre duas realidades que envolvem o homem: a riqueza negativa e a pobreza. Num extremo, um homem rico que, vaidosamente, se vestia com belas e caras roupas; no outro, o pobre Lázaro ao chão, ferido, faminto e esfarrapado, diante da porta do rico avarento (cf. Lc 16,19-21).

A segunda cena deste Evangelho já não é mais no plano terrestre. Lázaro encontra-se “junto de Abraão” (Lc 16,22) enquanto que o rico está na “a região dos mortos, no meio dos tormentos” (Lc 16,23).

As realidades se invertem: Lázaro que padeceu na terra, está agora gozando da paz e da harmonia, porque mesmo vivendo na extrema miséria, confiou totalmente na graça divina. Já o rico, que não soube usar dos seus bens para ajudar o próximo, pecou pela indiferença e agora está nos tormentos.

Vejamos que, de forma mesquinha, o rico pede uma gota de água para refrescar a sua língua, como que não acreditando na abundância da graça divina, e ainda mais: pede não pelos os homens que estão na terra, mas, de forma egoística, apela pelos cinco irmãos. No seu abismo não há mais possibilidades de criar uma ponte para junto de Abraão (cf. Lc 16,26).

A riqueza no Antigo Testamento muitas vezes foi vista como se a benção de Deus se realizasse somente na dimensão da prosperidade ao homem fiel à promessa. Consequentemente, a pobreza era como uma maldição. Os tempos passaram e as riquezas materiais foram se tornando mais obstáculos do que acesso ao paraíso eterno.

Atualmente, parece que não mudou muito estas duas realidades, entre ricos avarentos e pobres. Diante disso, há sempre um abismo enorme, quase intransponível entre os filhos do mesmo Pai Divino. Ainda há muitas mansões e palácios luxuosos, ainda há muita ostentação e esbanjamento das riquezas materiais.

O pior é que ainda persiste o pecado da indiferença e do desrespeito para com a necessidade dos pobres. Há nas calçadas, nas ruas, nas portas, muitos famintos, doentes, sofredores e excluídos. Eles clamam por comida, por assistência médica e por justiça social. E é a realidade dos pobres que nos revelam e denunciam as feridas de um mundo desigual, excludente e opressor.

Diante disso, podemos nos perguntar: Como está a nossa atenção aos irmãos que estão na miséria, nas calçadas, feridos e sem a assistência que os humanos merecem? Como está a nossa relação com os bens materiais? As riquezas são possibilidades de aproximação ou de abismo em relação ao Reino de Deus?

O cristão é chamado a ser o agente de transformação desta realidade. Jesus nos chama a romper as portas da indiferença de nosso coração para construímos pontes de solidariedade, de justiça e de caridade no mundo.

E neste Dia Nacional da Bíblia, sejamos motivados pelo lema do Mês da Bíblia a abraçar a promessa que nos garante a presença de Deus conosco sempre. Diz o lema a parir do livro de Josué: “O SENHOR, teu Deus, estará contigo onde quer que vás” (Js 1,9). Também busquemos a intercessão de São Jerônimo, que viveu entre 347 e 420, para termos as Sagradas Escrituras presente em nossas circunstâncias, pois ele foi responsável por traduzir toda a Bíblia para o latim.

Podemos concluir, lembrando-nos do Salmo desta Liturgia, o qual mostra como Deus deseja que o homem trilhe pelo caminho do bem e, ao mesmo tempo, como Ele protege os sofredores, pobres materiais e espirituais, guiando-os na sua vida, porque ele reina e sempre vence o mal. “O Senhor é fiel para sempre, faz justiça aos que são oprimidos; ele dá alimento aos famintos, é o Senhor quem liberta os cativos. (…) Ele ampara a viúva e o órfão, mas confunde os caminhos dos maus. O Senhor reinará para sempre!” [Sl 145(146)]. Amém.

 

*   *   *

 

⇒ POESIA ⇐

Abismos entre Irmãos

 

Há abismos angustiantes
Que nos separam do irmão,
Pelas nossas atitudes,
De egoísmo e de ilusão,
Este abismo é a indiferença,
Pelo orgulho e violência,
Contrárias à comunhão.
*
O que faz a nossa ponte,
Ao outro se ligar,
É o amor de nosso Deus,
Que nos faz ao Céu chegar,
Pois n’Ele somos irmãos,
Não depende a condição,
Em que cada um está.
*
Se andarmos na verdade,
Sem fraude e avareza,
Sem o contratestemunho,
Prepotência da riqueza,
Se a Cristo nos ligamos,
E firmes continuamos,
Ele chamará à mesa.
*
Quantos Lázaros a nossa espera,
Nas calçadas e portões,
Nas ruas e nas estradas,
Esperando nossas ações,
Esperando o grande amor,
Que vem de Nosso Senhor,
Pra quebrar as escravidões.
*
Em Deus está nossa paz,
Sua ponte é o amor,
Ele vence o nosso abismo,
Que nos causa tanta dor,
Sua graça é abundante,
Não só gota refrescante,
Ele é graça e esplendor.
*
Que a santa Palavra,
Alerte o nosso viver,
Sobre a ponte do amor,
Que precisamos erguer,
E atentos aos sofredores,
Sejamos os construtores,
Para o Reino acontecer.

 

*   *   *

 

Obras: (1) “The Poor Lazarus at the Rich Man’s Door” e (2) “The Bad Rich Man in Hell”, por J. Tissot (1836-1902), In brooklynmuseum.org. (3) Imagem da Rosa: In <gratispng.com/png-uj22en>.

 

⇒ Que a Palavra e a Luz de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos ensina e nos alerta sobre os abismos entre os homens, ilumine o seu caminho!