XXVI DOMINGO DO TEMPO COMUM, ANO C – SÃO LUCAS

 

Leituras: Am 6,1a.4-7; Sl 145(146); 1Tm 6,11-16; Lc 16,19-31

 

(1) “O pobre Lázaro à porta do mau rico”; (2) “O mau rico no inferno” (1886-1894), obras de J. Tissot

 

Ouça o áudio preparado para esta liturgia (pode demorar alguns segundos)

 

⇒ HOMILIA ⇐

No amor de Cristo, vencemos os abismos entre os irmãos

Lc 16,19-31

 

O Evangelho do 26º domingo do tempo comum, que está em Lc 16,19-31, nos traz a parábola do rico avarento e do pobre Lázaro. Jesus fala sobre duas realidades que envolvem o homem: a riqueza e a pobreza. Um homem rico que se vestia de vaidade, com belas e caras roupas. Do outro lado, o pobre Lázaro ao chão, estava ferido, faminto e esfarrapado, diante da porta do rico (cf. Lc 16,19-21).

A segunda cena deste Evangelho já não é mais no plano terrestre. Lázaro encontra-se “junto de Abraão” (Lc 16,22) enquanto que o rico está na “a região dos mortos, no meio dos tormentos” (Lc 16,23).

As realidades se invertem: Lázaro que padeceu na terra, está agora gozando da paz e da harmonia, porque mesmo vivendo na extrema miséria, confiou totalmente na Graça divina. O rico, que não soube usar dos seus bens para se aproximar e ajudar os outros, pecou pela indiferença, agora está nos tormentos.

Vejamos que, de forma mesquinha, o rico pede uma gota de água para refrescar a sua língua, como que não acreditando na abundância da Graça divina, e ainda mais: pede não pelos os homens que estão na terra, mas de forma egoística, apela pelos cinco irmãos. No seu abismo não há mais possibilidades de criar uma ponte para junto de Abraão (cf. Lc 16,26).

A riqueza na antiga Aliança por muitas vezes foi vista como benção de Deus, como prosperidade ao homem fiel à promessa. Por outro lado, a pobreza era como uma maldição e falta de benção e de prosperidade. Os tempos passaram e as riquezas materiais foram se tornando mais obstáculos para o homem do que possibilidades para que o mesmo prepare o seu caminho rumo ao paraíso eterno.

Atualmente, não parece que mudou muito estas duas realidades, entre ricos e pobres. Há um abismo enorme, quase intransponível, entre os filhos do mesmo Pai Divino. Ainda há muitas mansões e palácios luxuosos, ainda há muita ostentação e esbanjamento das riquezas materiais.

O pior é que ainda persiste o pecado da indiferença e do desrespeito para com a necessidade dos pobres. Há nas calçadas, nas ruas, nas portas, os famintos, os doentes, os sofredores, os excluídos. Eles clamam por comida, por assistência médica e por justiça social. Em suas situações de sofrimento, eles nos revelam e denunciam as feridas de um sistema desigual e excludente, criado pelo capitalismo do mundo pós-moderno e seus interesses lucrativos.

Diante disso, podemos nos perguntar: Como está a nossa atenção aos irmãos que estão na miséria, nas calçadas, feridos e sem a assistência que os humanos merecem? Como está a nossa relação com os bens materiais? As riquezas são possibilidades de aproximação ou de abismos para com o Reino de Deus?

O cristão é chamado a ser o agente de transformação desta realidade. Jesus nos chama a romper as portas da indiferença de nosso coração para construímos pontes de solidariedade, de justiça e caridade no mundo.

Podemos concluir, lembrando-nos do salmo desta liturgia, o qual mostra como Deus deseja que o homem trilhe pelo caminho do bem e ao mesmo tempo como ele protege os sofredores, pobres materiais e espirituais guiando-os na sua vida, porque ele reina e sempre vence o mal. “O Senhor é fiel para sempre, faz justiça aos que são oprimidos; ele dá alimento aos famintos, é o Senhor quem liberta os cativos. Ele ampara a viúva e o órfão, mas confunde os caminhos dos maus. O Senhor reinará para sempre! (Sl 145/146). Amém.

 

 

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⇒ POESIA ⇐

Abismos entre irmãos

Mundo de tantos altares,
Onde o dinheiro é adorado,
Onde tantos estão focados,
Nas coisas materiais,
Tornando-se desiguais.
Como Deus será amado?

Jesus nosso Salvador,
É quem nos traz a lição:
Vivermos sem ambição,
As coisas não adorar,
Mas somente administrar,
Para o bem do nosso irmão.

Servir somente ao Senhor,
Como único e verdadeiro,
Não sendo interesseiro,
Sem o outro corromper,
Mas a ele oferecer,
O Amor como primeiro.

Ser fiel no que lhe cabe,
Saber administrar,
Sem ao outro enganar
Viver com muito cuidado,
Para não ser condenado,
Quando Deus vier cobrar

Deus de amor Ressuscitado,
Curai nosso coração,
Pra não viver a ilusão,
De uma vida enganada,
Guia-nos na tua estrada,
Que nos leva a salvação.

Abençoai todos aqueles,
Que estão sempre a servir,
Amando sem oprimir,
Que sabem administrar,
O que Senhor lhe confiar,
E os irmãos vivem a unir.

Espírito Santo de amor,
Iluminai nosso viver,
Faz-nos esclarecer,
Cada passo desta estrada,
Nessa nossa caminhada,
Pois, o Céu queremos ver.

 

 

*** Que a Palavra e a Luz do Bom Pastor ilumine o seu caminho ***