XIX DOMINGO DO TEMPO COMUM, ANO C – SÃO LUCAS

 

Leituras: Sb 18,6-9; Sl 32(33); Hb 11,1-2.8-19; Lc 12,32-48

 

“A parábola do servo fiel e prudente”, por Jan Luyken (1649-1712)

 

Ouça o áudio preparado para esta liturgia (pode demorar alguns segundos)

 

⇒ HOMILIA ⇐

Vivendo a segurança e a vigilância no Senhor

Lc 12,32-48

 

Vencermos o medo, sermos caridosos, estarmos atentos, abraçarmos o desprendimento e vivermos a fé, é o que a liturgia da Palavra nos pede neste 19º Domingo do Tempo Comum, através do Evangelho de Lucas, do livro da Sabedoria e da Carta aos Hebreus.

Jesus está formando os seus discípulos, orientando-os para a experiência das realidades do Reino. E para que os seus seguidores estejam preparados, em primeiro lugar, devem perder o medo daquilo que os atrapalham no caminhar, pois o medo os desvia-os do foco, ou seja, do caminho e da missão.

Jesus os chama de pequeno rebanho, nome que lembra o povo de Israel. O grupo dos discípulos agora é o novo Israel que segue a caminho da libertação plena. Libertação que o Senhor realizou na ressurreição, quando venceu para sempre a morte, e nos presenteou com a vida nova… Vida banhada pelo seu sangue libertador, motivada pela paz, iluminada e conduzida pelo Espírito Santo.

Outro assunto refletido por Jesus é a esmola, pois segui-lo é viver a doação e a partilha, não somente dos ideais e projetos, mas também dos bens materiais, os quais são muitas vezes empecilhos para cultivarmos o bem maior que é o céu. Jesus agora pede aos discípulos essa atitude, porque percebe a dificuldade que ainda tinham em colocar no coração o desejo de construir tesouros eternos, santos, seguros e imperecíveis.

Em seguida, Jesus orienta para a vigilância: “Que vossos rins estejam cingidos e as lâmpadas acesas” (Lc 12,35). Esse é um dos maiores desafios para os que seguem o Senhor, pois parece que nunca estamos preparados para as situações que acontecem de repente na nossa vida.

Não estamos preparados porque colocamos nossa confiança e nossa segurança nas coisas contrárias ao Reino de Deus, apegando-nos àquilo que vamos adquirindo e amontoando nas nossas casas. Por isso, em certos momentos de nossa vida, o medo e a insegurança nos invadem, nos paralisam. E então nos perguntamos: em quem ou em que colocamos nossa segurança? Somente nas coisas terrenas ou nas realidades divinas?

Muitos serão os desafios que enfrentaremos na vida, muitos serão os desesperos que poderemos abraçar. E a nossa capacidade de encarar as barreiras e vencer as provações irão depender da nossa atenção às realidades essenciais que Jesus nos apresenta. Muitas vezes ainda iremos nos desviar do caminho verdadeiro até que coloquemos no nosso coração a atenção ao verdadeiro tesouro.

Assim como os discípulos que estiveram próximos a Jesus e caminharam com ele, demoraram em aprender sobre as verdades do Reino, assim também será conosco se não nos preparamos para quando chegar a nossa hora. Até porque não temos nenhuma mínima noção de quando este momento acontecerá.

A Carta aos Hebreus nos faz refletir sobre o belo e profundo significado da fé: “A fé é um modo de já possuir o que ainda se espera, a convicção acerca de realidades que não se veem” (Hb 11,1).Quem tem fé já possui aquilo que se espera, já tem a posse do tesouro que não se corrói. Que vive na fé já é convicto das coisas de Deus mesmo não enxergando com os olhos físicos, mesmo não apalpando ou usufruindo. Portanto, é preciso, ao mesmo tempo, ter fé – tomar posse – e viver a fé – se apropriar da fé em nosso dia a dia.

Já está mais do que provado que o apego às coisas materiais somente traz o vazio, a ansiedade, a depressão e a perda de sentido das realidades mais importantes para a nossa vida interior. Desenvolvemos e possuímos tantas tecnologias, temos acesso a tanta sofisticação e somos infelizes.

Precisamos então buscar em Deus as razões fundamentais para vivermos realizados como filhos dEle. Porque a nossa felicidade está dentro de nós e não nos arredores, nas coisas exteriores. Somos imagem e semelhança de Deus! Às vezes buscamos esta felicidade de forma egoísta, esquecendo que é na partilha, na comunidade que nos completamos e nos realizamos como irmãos, filhos do mesmo Pai.

Portanto, busquemos nossa realização no nosso “ser pessoa” (essência), também aprendamos a nos relacionar com o mundo e com as coisas, sem sermos escravos. Por fim, o mais importante: “o ser e o viver” com os outros, como comunidade de filhos que partilham e que se amam no Senhor.

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⇒ POESIA ⇐

Segurança e vigilância no Senhor

Porque termos medo
e insegurança desesperadora?
Diante do mundo,
Nesta vida, neste caminhar.
Se Deus é nossa segurança
e nosso tesouro,
Sentido maior
Que não nos deixa amedrontar.

Porque a displicência,
deixando a vida acontecer?
No egoísmo, na ganância,
a nos consumir.
Quando o amor
é o nosso bem maior,
Sentido principal
Deste nosso existir?

O Senhor nos orienta
sobre o essencial,
Que devemos buscar
sem afogamento no mar,
Para não sermos
surpreendidos naquele dia,
Quando Ele virá nos cobrar?

Por que precisamos
viver tanta fadiga?
Sabemos que nos bens
não está a segurança,
Somente vivendo a fé
de forma completa,
Pois em Deus
está a nossa esperança.

Alegremo-nos,
pois Ele sempre nos ama,
Devemos abraçá-Lo
como nosso fundamento,
Rocha firme
que nos faz perder o medo,
Ele, a nossa Paz,
o amor, nosso alimento.

 

*** Que a Palavra e a Luz do Rabí (Mestre) ilumine o seu caminho ***