Sagrada Família, Jesus, Maria e José, Festa

Leituras: Eclo 3,3-7,14-17a; Sl 127; Cl 3,12-21; Lc 2,22-40

 

OS ENSINAMENTOS DA FAMÍLIA SANTA

 

Na obediência humana e divina,
Caminha a família santa a nos ensinar,
Carrega nos braços Deus Menino,
Que veio nos resgatar,
Ao Templo santo vem oferecer,
Aquela oferta que deve ser,
Sinal da simplicidade em tudo dar.

A família Santa nos ensina,
Que silêncio é a melhor atitude,
Para que o lar seja espaço santo,
Presença divina em plenitude,
Lugar de amor e oração,
Da escuta e da contemplação,
O céu na terra e a infinitude.

A família Santa ensina,
Sobre a vida familiar,
No convívio puro de esposo e esposa,
Que tanto tem a nos ensinar,
No respeito à vida na castidade,
Na obediência e fraternidade,
No carinho santo a se propagar.

A família santa também nos ensina,
Sobre o trabalho e seu valor,
Ação digna que nos faz bem,
Que fez também nosso criador,
Por que a vida é pra ser vivida,
E as nossas lutas bem assumidas,
Com paz, justiça e puro amor.

Que a mesa Santa traga o alimento,
Para o testemunho de alegria,
De um banquete cheio de união,
Na caminhada de cada dia,
Que o diálogo esteja presente,
E o perdão nunca ausente,
Que seja verdade, a harmonia.

Homilia

A Sagrada Família nos ensina a Santidade no lar

 

Neste Domingo da oitava do Natal celebramos a festa da Sagrada Família. Jesus, Maria e José vão ao Santuário de Deus para realizar os preceitos da Lei com a apresentação do menino Jesus ao Templo. Outros personagens entram na narração: o velho Simeão, que era justo e piedoso, e a profetisa Ana, que já era idosa e ficava dia e noite no Templo pela escuta do Senhor na oração.

Ao meditarmos sobre o evangelho de Lucas percebemos que Maria e José mantém em família, com obediência, a tradição do seu povo. Vivem o momento histórico como tantas famílias da sua época deviam fazer: apresentar o filho ao Templo para que seja consagrado a Deus.

Eles também trazem a oferta representada nos dois pombinhos. Trata-se da oferta mais simples que uma família judaica poderia apresentar ao altar do Senhor. Nisto também se confirma a oferta dos pobres a qual é a expressão da simplicidade da família de Nazaré.

Outro momento importante desta narração é a presença do velho Simeão que representa o povo de Israel, nação que tanto esperou pela chegado do Salvador. Nos braços deste ancião Jesus é acolhido, porque ele (Simeão) faz parte dos judeus que acolheram Jesus como o Cristo, aquele que veio trazer a redenção e a esperança a todos os povos.

O coração de Simeão fica alegre por ter visto o Redentor. Na sua profecia as consequências do anúncio que Jesus iria proclamar durante a sua vida terrena: “Este menino vai ser causa tanto de queda como de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição. Quanto a ti, uma espada te traspassará a alma.” (2,34-35).

A Palavra viva (Cristo) trará uma mensagem de amor, mas, ao mesmo tempo, denunciará pela sua força a divisão entre aqueles que aceitarão o Reino e aquele que a ignorarão sua presença e seu valor. A Pregação de Jesus denunciará a hipocrisia, a incoerência religiosa e a opressão contra os pobres que vem da parte das lideranças reais e tradicionais dentro do povo judeu.

A profetisa Ana também se alegrou com a presença do Menino Deus no Templo. Ela louvou e pregou sobre a realização da promessa de Deus a tanto tempo esperado pelo seu povo. Ambos, Maria, José, Simeão e Ana representam o povo de Israel que acolhem o Salvador concretamente nas suas vidas. A eles é dada a missão de proclamarem com a vida, com o testemunho e com as palavras, que o salvador está presente no mundo e que todos devem adorar e escutar a sua voz.

A experiência de sintonia e esperança em Deus fazem com que Simeão e Ana percebem que a criança apresentada não é um recém-nascido comum, mas o Verbo de Deus encarnado que veio morar entre nós. O testemunho destes dois personagens santos também nos lembram os padrinhos quando na hora do batismo colocam nos braços, seus afilhados, apresentando-os à comunidade de fé.

Quanto a família de Nazaré, mais especificamente, segundo o Beato Paulo VI[1], esta apresenta três lições para os cristão que querem aprender da escola do Evangelho: a primeira é sobre o silêncio o qual faz escutarmos Deus no recolhimento, na interioridade, na nossa preparação pelo estudo, da meditação e a oração silenciosa as sós com Deus; a segunda lição da casa de Nazaré é sobre a vida familiar. O respeito entre os cônjuges, com os filhos, o perdão e o amor misericordioso, a harmonia no lar, o zelo pela santidade do matrimônio. A primeira leitura desta liturgia fala, sobretudo, do respeito e o cuidado que o filho deve ter com os seus pais, principalmente na velhice. Jesus mesmo sendo Deus, foi obediente e cuidadoso com seus pais, vivendo a maior parte de sua vida junto a eles.; a última lição é sobre o trabalho. Os evangelhos apresentam como algo presente na casa de Maria e José. José, carpinteiro e artista,, vivia de seu trabalho juntamente com Maria e Jesus. O trabalho como dignidade e não como busca de acúmulo de riquezas inúteis ao homem. Naquela casa santa de Nazaré se viveu a experiência do trabalho humano, pois até neste sentido Jesus assumiu como homem, para nos mostrar que ele viveu dentro das realidades do povo.

A família santa nos ensina como construir um lar inspirado no exemplo da casa de Nazaré. Também esse é nosso chamamento. Peçamos ao Espírito Santo que ilumine todas as nossas famílias e para sejam verdadeiros lugares da presença de Cristo, na santidade e na alegria entre pai, mãe e filhos. Amém!

 

[1] Liturgia das horas, domingo dentro da oitava de Natal, Festa da Sagrada Família, p. 382, Vozes, 1999.