Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, Solenidade

 

Leituras: 2Sm 5,1-3; Sl 121(122); Cl 1,12-20; Lc 23,35-43

 

Ouça o áudio preparado para esta liturgia (pode demorar alguns segundos)

 

⇒ HOMILIA ⇐

Rei, reino e trono diferente dos “reinos” deste mundo

Lc 23,35-43

 

Chegamos ao último domingo deste ano litúrgico, ano C. E neste encerramento celebramos Cristo, Rei do Universo. A festa de Cristo Rei foi instituída como celebração litúrgica pelo Papa Pio XI em 1925. Inicialmente era celebrada no último domingo de outubro, o qual era próximo do dia de Todos os Santos, “a fim de que se proclamasse abertamente a glória daquele que triunfa em todos os santos eleitos”. Com a reforma do Concílio Vaticano II, esta festa foi transferida para o último domingo do Tempo Comum, concedendo um significado mais amplo, sublinhando a dimensão escatológica do reino em sua consumação final[1].

Olhando todo este percurso queremos também olhar para o Senhor e para nós no intuito de fazermos uma retrospectiva de tantos passos dados. A cada Eucaristia celebrada, aliada à dimensão da Palavra, nos fortalecemos de nossos desânimos e cansaços da vida. Por isso, essa ação precisa ser constante. Mas essa rotina é, como prometido por Jesus, suave e leve.

O Evangelho desta liturgia nos apresenta Jesus, o nosso Rei, num trono diferente, a cruz, de pernas e braços presos ao madeiro, porém a boca e o coração estão livres para anunciar e oferecer o seu Reino de amor e salvação aos que acolherem ou suplicarem.

Contemplamos ainda a sua coroa de espinhos e os ladrões ao seu lado. Um deles quis e soube fazer sua súplica, ele pediu que aquele Rei não se esquecesse dele no Paraíso e por isso conseguiu um lugar no Reino Celestial, pois a resposta de Jesus nos assegura esta afirmação: “Em verdade eu te digo: ainda hoje estarás comigo no Paraíso” (Lc 23,43)

A promessa que os profetas anunciaram sobre o Reino de justiça, de amor e de paz se cumpre plenamente em Jesus. Ele é da descendência de Davi, aquele rei que foi ungido em Israel para apascentar, conduzir, zelar e cuidar do povo, como rebanho que é do Senhor e não propriedade do rei terreno (cf. 2Sm 5,1-3).

Jesus é rei diferente, ele é o Bom Pastor, pois não somente conduz, mas se possível e necessário carrega as ovelhas nos seus braços, para que retornem ao rebanho. Sua autoridade é o serviço aos que estão perdidos, e carregados de fardos pesados, de cruzes que a vida terrena vai apresentando durante a caminhada. A comida para as suas ovelhas é seu próprio corpo doado gratuitamente, a bebida é seu próprio sangue derramado para purificar, para matar a sede de amor e fortalecer seus membros, os bem-aventurados que desejam inserir-se na multidão dos santos na glória celeste.

São Paulo, na segunda leitura, nos leva a contemplar a figura do nosso Rei o qual devemos sempre reconhecer como o verdadeiro: “Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação, pois por causa dele foram criadas todas as coisas no céu e na terra, as visíveis e invisíveis, tronos e dominações, soberanias e poderes” (Cl 1,15-16).

Muitas vezes queremos incutir em nossas ações e posturas o anúncio distorcido sobre o poder de Deus e seu reino. Esquecemos que quando pedimos “venha a nós o vosso reino”, estamos suplicando a presença de uma realidade divina em nossas vidas. A presença de Cristo em nosso meio é a presença da imagem do Pai Nosso, que nos congrega como irmãos, para formamos um Reino diferente do reino que o mundo dos homens concebe.

Portanto, a mensagem que a liturgia nos apresenta hoje é que possamos pensar naquilo que é a vontade e plano do reino de Deus. Enquanto existirem as tantas injustiças e dominações das pessoas sobre elas próprias, podemos dizer que está ausente e, ao mesmo tempo, há a necessidade do Reino de Deus. Quando há partilha, doação, fraternidade e a caridade entre as pessoas e para as pessoas, haverá um sinal concreto de que o reino de Deus está acontecendo já neste mundo.

Que a Eucaristia nos alimente na busca da construção do Reino de Jesus sobre o mundo e que a Palavra nos oriente na realização de nosso ministério como discípulos missionários na busca de contribuir e concretizar a Igreja como ambiente de expressão do reinado santo de Deus. Encerremos esta reflexão rezando alguns versículos do salmo responsorial desta liturgia: “Quanta alegria e quando ouvi que me disseram: vamos à casa do Senhor… A sede da justiça lá está e o trono de Davi.” Amém.

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[1] Cf. Roteiros Homiléticos do Tempo Comum – Ano B – São Marcos. Brasília, Edições CNBB, 2012.

 

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⇒ POESIA ⇐

Um Rei que nos quer no seu trono

 

Olho para ti Senhor,
Entregando-se na Cruz em liberdade,
Sendo em nossas dores solidariedade,
E vejo o teu amor se derramar por nós,
Querendo que ao seu trono cheguemos,
E por isso com medo não fiquemos,
Por que caminhamos perto de Vós.

Olho para ti Senhor,
Reconhecendo tua justiça e teu perdão,
Ansiando teu presente, à salvação,
Como aquele ladrão suplicando ao teu lado,
Levaste à Glória aquele que se compadeceu,
Porque tuas palavras no coração ele acolheu,
E por isso foi participar do teu santo reinado.

Olho para Ti, Senhor,
Caminhamos tanto, mas precisamos aprender,
Que o teu Reino ainda está a estabelecer,
Porque nos desviamos do teu caminho,
E assim precisamos muito pedir-te perdão,
E reconhecer que teu amor é imensidão,
E que não nos salvamos nunca sozinhos.

Olho para Ti, Senhor,
Neste trono, braços abertos para todas as nações,
Quer reinar fortemente em nossos corações,
E vejo o teu trono, acima do nosso olhar,
Quer nos conduzir ao “hoje” do teu paraíso,
Apenas o nosso querer e pedido é preciso,
Para nos conduzir a teu santo lugar.

Olho para Ti, Senhor,
Vejo o poder que vem do teu infinito amor,
O teu corpo que é alimento salvador,
Peço-te que nos ensine o teu jeito de reinar,
Tua palavra nos ensina por onde prosseguir,
Teu reinado é somente amar e servir,
E nada mais que se possa acrescentar.

Olho para Ti, Senhor,
E penso quando nos encontrar em fraternidade,
Quando o nosso apostolado se faz na caridade,
E assim vejo que teu Reino em nosso meio já está,
E a paz é em definitivo anunciada,
Nossa vida em comunhão concretizada,
Tendo em nós a certeza que tu nos salvará.

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*** Que a Palavra e a Luz de Cristo, Rei do Universo, ilumine o seu caminho ***