XI Domingo do Tempo Comum, Ano B, São Marcos

 

*** Ano de São José (2020/2021) ***

 

Leituras: Ez 17,22-24; Sl 92(91); 2Cor 5,6-10; Mc 4,26-34

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

As Semente do Reino

Mc 4,26-34

 

Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal do XI Domingo do Tempo Comum nos motiva a contemplar a mística do crescimento do Reino de Deus através das parábolas da semente. E o Evangelho desta Liturgia está em Mc 4,26-34.

Nesta Liturgia, o evangelista nos apresenta duas parábolas: a primeira é a da semente que germina por si só (cf. Mc 4,26-29) e a segunda é a do grão de mostarda (cf. Mc 4,30-32). As parábolas, ou comparações, era uma maneira de Jesus usar no seu ministério, na sua pregação para chegar aos ouvidos e aos corações do povo.

“O Reino de Deus é como quando alguém espalha a semente na terra. Ele vai dormir e acorda, noite e dia, e a semente vai germinando e crescendo, mas ele não sabe como isso acontece” (Mc 4,27). É o próprio Deus quem faz crescer o Reino. Muitas vezes não temos paciência e queremos colher os frutos ou mesmo interferir no processo que não compete a nós. É a mística, o segredo da parábola da semente que germina só. O que nos compete é a semeadura, espalhando a semente ou cuidando do terreno que poderá acolher a semente. Num mundo de tantos barulhos, a parábola da semente que germina só nos motiva a contemplar a vida fluir segundo os desígnios de Deus.

“O Reino de Deus é como um grão de mostarda que, ao ser semeado na terra, é a menor de todas as sementes da terra” (Mc 4,27). Esse crescimento acontece na simplicidade e aos poucos se expande como resultado de uma minúscula semente, produzindo muitos frutos. A Igreja, na diversidade de ministérios e pastorais (inclusive na dimensão social), faz o Reino acontecer no meio de nós.

Parecem pequenos certos gestos de acolhimento e de escuta, mas é isso que significa o grão de mostarda. São as visitas aos doentes, o cuidado com os mais frágeis e a atenção aos que precisam de oração. Como reza uma letra da saudosa Ir. Míria Kolling (*1939+2017), inspirada no poema de São João da Cruz: “pois ao entardecer do meu mortal viver serei julgado pelo amor!”. Sim, nós seremos julgados pelas sementes que espalhamos. O amor simples e humilde, às vezes pequeno como um grão de mostarda, germinará e fará crescer a árvore da existência regada pela força que vem de Deus.

Na primeira leitura desta Liturgia, a profecia de Ezequiel nos é revelada através de uma alegoria. “Eu mesmo tirarei um galho da copa do cedro, do mais alto de seus ramos arrancarei um broto e o plantarei sobre um monte alto e elevado. Vou plantá-lo sobre o alto monte de Israel” (Ez 17,22-23). Apesar da opressão babilônica, Deus renova a promessa de replantar na Terra Prometida e escolhe da cepa de Davi uma rama para a encarnação do Autor da Vida e fazer surgir um novo povo de Deus, que é a Igreja, fonte de libertação definitiva das amarras do mundo.

Na segunda leitura, São Paulo nos exorta a querer fazer parte do Reino. Diz o Apóstolo: “Por isso, também nos empenhamos em ser agradáveis a ele, quer estejamos no corpo, quer já tenhamos deixado essa morada.” (2Cor 5,9). Ser agradável a Deus é fazer a vontade de Deus na morada terrestre em virtude do céu. Com o salmista busquemos esperança pois “o justo crescerá como a palmeira, florirá igual ao cedro que há no Líbano; na casa do Senhor estão plantados, nos átrios de meu Deus florescerão.” Busquemos o amor e a justiça de Deus e o resto acontecerá para o bem de todas as criaturas.

 

 

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⇒ POESIA ⇐

Deus Faz Germinar e Crescer o Reino

 

Palavra que vem de mansinho,
Semeada pela mão do amor,
Que fecunda entre a noite e o dia,
Crescendo com a luz e o vigor,
Que aos poucos vai se espalhando,
E o mundo vai transformando,
Como árvore em seu esplendor.

Palavra, semente do Reino,
Que alimenta a missão,
Dos tantos semeadores,
Que vivem em constante ação,
Deixando Deus sempre agir,
Pra Boa-Nova se expandir,
E crescer a forte união.

Palavra que treina a espera,
Que vem ensinar a paciência,
Fazendo vencer a ansiedade,
E distrai a prepotência,
Gerando em nós a bondade,
E a força da fraternidade,
E o amor divina ciência.

Pequenas sementes do amor,
Nos gestos mais simples da vida,
Nas tantas ações em comum,
E nas propostas assumidas,
Nascendo os tantos projetos,
Que fazem o amor ser concreto,
E a paz ser reassumida.

O Verbo de Deus nos ensina,
O semear a caridade,
Pelos campos deste mundo,
Pra quem tem necessidade,
A plantarmos nos corações,
E espalhar pelas nações,
O bem com gratuidade.

Novo Rebento da aliança,
Cristo que o Reino anuncia,
Que vem e que cuida da gente,
Trazendo a paz e a harmonia,
Que vem trazer a nova vida,
A todos fazendo acolhida,
E nos brindando com a alegria.

 

 

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*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que revela a mística do crescimento do Reino de Deus, ilumine o seu caminho! ***

 

X Domingo do Tempo Comum, Ano B, São Marcos

 

*** Ano de São José (2020/2021) ***

 

Leituras: Gn 3,9-15; Sl 130(129); 2Cor 4,13-5,1; Mc 3,20-35

 

 

⇒ HOMILIA ⇐

O Senhor Chama-nos para Dentro

Mc 3,20-35

 

Meus irmãos e irmãs, o mistério pascal do X Domingo do Tempo Comum, do Ano B, nos motiva a contemplar a formação da família de Jesus com os que fazem a vontade de Deus. E o Evangelho desta Liturgia está em Mc 3,20-35, passagem que compõe a segunda parte do Evangelho segundo São Marcos, intitulada “O ministério de Jesus na Galileia”.

E a adesão à família de Jesus deve ser livre, vencendo a indiferença e abraçando a Boa-Nova encarnada em Deus Filho. Nesta Liturgia, o evangelista Marcos nos apresenta dois grupos: os que estão dentro da casa (escutando Jesus) e os que estão fora (julgando Jesus).

O primeiro grupo é formado pelos discípulos e a adesão é livre e desejada. As chaves para a presença diante do Jovem Galileu é a escuta e querer fazer a vontade de Deus. Esse grupo caminhará com Jesus e muitos ficarão pelo caminho como sementes semeadas por entre pedras ou espinhos, mas outros estarão em Pentecostes; são eles que avisam sobre a presença ostensiva da família de Jesus.

O segundo grupo é formado pelos Doutores da Lei e pelos familiares (mãe e irmãos), sua presença não é livre e estão ali a mando de um superior ou preocupados com a reputação familiar; o julgamento é o motivo que os fazem estar próximos ao Galileu.

Um parêntese sobre essa incômoda presença da Virgem nesta Liturgia, a qual devemos considerar o tempo da Páscoa e o mês mariano. Recordamos que a Virgem encontrou graça diante de Deus, deu a luz em condições precárias num presépio, viveu exilada no Egito, percorreu o calvário com Jesus, esteve aos pés da cruz, recebeu o corpo morto de Jesus e, após a Ascensão de Cristo, perseverou em oração com os discípulos em Jerusalém até o Pentecostes, para o tempo da Igreja.

Na vida de cristão, estar dentro da família de Jesus significa abraçar plenamente a Boa-Nova estando consciente e sem julgar a realidade daqueles que estão fora das práticas religiosas. No entanto, significa também estar contra os projetos, as ideologias que agridem os pobres e a vida que Deus quer que seja plenamente e abundante. Ser da família de Jesus é estar inserido em ministérios e pastorais da Igreja, que tem como ponto de partida (e não de chegada) o Batismo e a Crisma.

Devemos nos perguntar: o meu testemunho está voltado para uma atitude de quem está dentro ou fora do grupo do Jovem Galileu? Pecar contra o Espírito Santo é ser indiferente ou duvidar da obra de amor e de libertação querida por Deus. As palavras de Jesus devem nos incomodar e também provocar as mudanças. O que nos incomoda quando as palavras do Senhor ardem em nosso coração?

Na primeira leitura desta Liturgia, a Revelação nos apresenta dois pecados: o primeiro é o pecado da desobediência a Deus (e no Pai Nosso o fiel se compromete a fazer a vontade de Deus) e o outro pecado é contra a fidelidade conjugal [pois Adão e Eva, enquanto esposos, foram incapazes de abraçar o erro querendo fugir das consequências (cf. Catecismo da Igreja Católica, n. 2364)]. Um pecado que não é assumido adequadamente não pode ser vencido definitivamente.

Fazer parte da família de Jesus é assumir nossos compromissos e a parte que nos cabe em favor da justiça no mundo. Lembremos que a corrupção na política e nas várias dimensões da vida só perdem força quando realizamos mudanças (pequenas e grandes) no cotidiano concreto do nosso dia a dia.

Que o Espírito Santo nos fortaleça no seguimento, na família de Cristo, para que possamos atuar no mundo a partir da alegria do Evangelho. Coloquemos nossa confiança e esperança nele, como reza o salmista: “No Senhor ponho a minha esperança, espero em sua palavra. A minha alma espera no Senhor mais que o vigia pela aurora”.

 

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⇒ POESIA ⇐

Palavra que Vence no Mal

 

Palavra do Senhor,
Que vem ao nosso encontro,
Vem para nos tirar do mal,
Vem para nos dá um sinal,
Que invade o nosso coração,
Que vem nos fazer irmãos,
Para a vitória final.

Palavra do Senhor,
Que nos faz família santa,
Contra todas as tentações,
Contra tantas invasões.
Que vence o tentador,
Que nos tira o desamor,
E habita em nossos corações.

Palavra do Senhor,
Que une em vez de dividir,
Que vem nos trazer a vitória,
Que caminha na nossa história,
Que nos faz ficar atentos,
Entre os tantos desalentos,
Purifica nossa memória.

Palavra do Senhor,
Que nos chama a nos unir
Na sua casa santa,
Que em nossas vidas planta,
Pelo Espírito a santidade,
O desejo de eternidade,
Que em todos nós encanta.

Palavra do Senhor,
Que nos faz irmãos, irmãs e mães,
Reunidos em torno do Senhor,
Para superarmos o desânimo e a dor.
Para sempre e sempre escutar,
A mensagem que nos vem transformar,
Fazendo-nos seguidores do vivo amor.

Palavra de Nosso Senhor,
Que nos envia em missão,
Para a paz e o amor distribuir,
Que une em vez de dividir,
Que no alimento do Pão,
Traz a alegria e a união,
Para no mundo expandir.

 

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*** Que a Palavra e a Luz de Jesus Cristo, que formou Sua família com os que fazem a vontade de Deus, ilumine o seu caminho! ***