ANO NACIONAL DO LAICATO
Leituras: At 10,25-26.34-35.44-48; Sl 97(98); 1Jo 4,7-10; Jo 15,9-17
POESIA
UM AMOR QUE VEM PRIMEIRO
Olho para o Senhor,
E vejo que ele me escolheu,
Para ser seu amigo,
Para permanecer no seu amor,
E viver todo o esplendor,
E por isso no seu caminho eu sigo.
Olho para o Senhor,
E vejo o seu mandamento,
Que é um amor perfeito,
Que está além dos meus desejos,
Dos interesses que tenho e vejo,
Grande, abrangente e sem defeito.
Olho para o Senhor,
E vejo que a sua alegria é plena,
Porque traz vida e esperança,
Que não deixa nossas forças cair,
Nem no caminho a gente desistir,
Por que com Senhor ninguém se cansa.
Olho para o Senhor,
E vejo que ele nos quer amando,
Entre todos como irmãos,
Sem o rancor de outro dominar,
Nem na sua frente passar,
Querendo ser o seu patrão.
E vejo ainda que o Senhor,
Tem um amor de Pai e Mãe,
Ele está no início do meu existir,
Por primeiro nos amando,
Por isso está nos chamando,
Para com ele prosseguir.
Olho e vejo o seu banquete,
Que nos chama para festa,
Repleta de forte alegria,
Que chama para partir o pão,
Que mata a fome e a solidão,
Restaurando a vida em harmonia!
HOMILIA
O amor e a alegria no Senhor
A liturgia do 6º Domingo da Páscoa apresenta-nos, no evangelho de João, as temáticas do amor de Deus pelo Filho, o amor do Filho por nós e o conselho para que entre nós cristãos possa existir este amor a fim de que a nossa alegria seja completa.
Podemos nos perguntar: até que ponto a nossa compreensão do conceito e da prática do amor alcança o sentido mais próximo do amor de Deus? Podemos olhar para o amor do Pai pelo Filho, que se manifesta desde o início da Criação. Um amor que abraça por completo todas as criaturas não humanas e todos os homens e mulheres do mundo. Deus nos amou primeiro, nos quis semelhante a Ele, nos fez filhos através do seu Filho.
O amor de Jesus por todos nós se dá numa proximidade de amigos, pois nos revelar o seu plano de amor para o mundo e assim ele nos diz: “Eu vos chamo amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai” (Jo 15,15b). E assim formamos a comunidade dos amigos de Jesus onde participamos das mesas da sua Palavra e da Eucaristia, comemos e bebemos com Cristo e em Cristo como irmãos e amigos seus. E vivemos na alegria, o que nos motiva a sermos irmãos na mesma mesa. Da mesma bebida, da mesma palavra que ressoa em todos os lugares do mundo, sem barreira de idiomas e culturas.
Nesta experiência de caminharmos com Jesus sendo amigos dele, devemos nos amar e viver este testemunho para que o mundo veja a beleza do amor que existia entre os primeiros cristãos. Eles mostraram para o mundo a experiência da partilha e da caridade colocando tudo em comum (cf. At 2,44). Como vivemos este amor entre nós? Como percebemos nossa relação de comunidade cristã, amigos do Senhor? Como está a partilha do nosso pão e da nossa vida cotidiana?
São reflexões necessárias no mundo de hoje, onde o amor é tão cantado e tão falado em palavras, mas que na prática é vazio de sentido. Às vezes, determinadas expressões de amor se apresentam com uma aparente tristeza ingênua, mas que, na verdade, buscam algum tipo de recompensa, de retribuição.
O amor da mãe pelos seus filhos é a expressão mais concreta deste amor que Jesus nos fala hoje na liturgia: um amor além dos sentimentos e dos afetos. Uma experiência da entrega e da consciência da missão de mãe. As mães amam os seus filhos, independentes das respostas que eles lhes dão. Assim é o amor de Deus por nós: um amor que vem antes de sermos gerados e que não espera retribuição nossa para que seu nome seja engrandecido.
O Senhor nos pede para guardar o seu mandamento e persistir no seu amor (cf. Jo 15,10). Permanecer no amor, perseverar nesta experiência do amor de Deus é a nossa tarefa de amigos de Jesus, para que a nossa alegria seja plena da presença da vida. Permanecer no amor… Até que ponto conseguimos permanecer nos nossos propósitos de caridade, de doação de nossa vida, de projetos a favor dos que precisam, como fez Jesus?
O Senhor deseja que permaneçamos no seu amor. Porque é isso que faz o Reino de Deus acontecer: manter o projeto de amor que Cristo pregou e viveu entre nós. Ele passou a vida fazendo o bem, disse o apóstolo Pedro (cf. At 10,38), que compreendeu que o amor de Cristo Ressuscitado também está para todos os homens e mulheres. “De fato, estou compreendendo que deus não faz distinção entre as pessoas”(At 10,34).
Que neste mês de maio, Nossa Senhora, a mãe de todas as mães e mãe de todos os homens, nos ensine o valor do amor de Deus em nossas vidas. O Senhor que nos escolheu para sermos seus amigos nos ajude a permanecermos no seu amor e na sua alegria, como nos fala o salmista: “Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira, alegrai-vos e exultai”. Busquemos e vivamos a alegria do Evangelho no lugar da tristeza das guerras, do medo, do ódio e das desesperanças. Amém.